Categorias

Explore this Blog!

Em Português: Anime | Manga | Cosplay | Livros| Banda Desenhada | Filmes | Teatro | Eventos

In English: Cosplay Portfolio (Updating) | SALES

25.8.17

Lord of Lords Ryuu Knight

Lord of Lords Ryuu Knight
Kase Mitsuko - Sunrise
Anime - 52 Episódios
1994
4 em 10

É possível haver um anime tão genérico que fiquei convencida durante todo o tempo que já o tinha visto na televisão? Será que vi mesmo? Não faço ideia.

Num mundo de fantasia um cavaleiro pateta encontra outros patetas e menos patetas e vão por aí a lutar contra as forças do mal. No meio disto tudo têm cartas mágicas que lhes dão acesso aos robots mágicos da magia mágica. Portanto, é um anime de fantasia medieval onde há robots. Em cada episódio se luta contra o mal e por cima disto tudo têm de encontrar um objecto poderoso que os irá salvar a todos. 

Se a história é a coisa mais simples de sempre, os personagens também não lhe ficam atrás. Temos personagens de todas as categorias, do genki personagem principal, à inteligente princesa, passando pelo ninja irritável e ao protector calmo. Também temos umas maminhas idiotas.

Mas está tudo tão mal desenhado! O valor de produção deste anime devem ter sido 500 paus, porque não existe uma única cena que esteja bem animada. Só no final é que parecem ter dado um pouco mais de atenção às cenas de acção, que estão ligeiramente mais interessantes.

E a música, tenho a sensação que já a ouvi milhões de vezes!

Um anime que se resume a ser igual a todos os outros.

Amor no Feno e Outros Contos

Amor no Feno e Outros Contos
D.H. Lawrence
1926
Contos

Durante o início da leitura, tive quase a certeza que este livro já me havia passado pelas mãos. Mas à medida que fui lendo cheguei à conclusão de que não me lembrava de nada, pelo que talvez não. :p

Este livro compreende seis contos, alguns deles bastante longos, em que o autor nos fala da vida rural e burguesa de uma Inglaterra perdida na sua própria magnificência. Com estes contos há uma caracterização simples, directa e plena de sarcasmo dos vários tipos de pessoa que habitam esa biosfera de muito trabalho e pouco recompensa em oposição a pouco trabalho que gera pobreza. Os personagens têm uma caracterização aguda, no ponto certo, simples mas perfeitamente adequada para o contexto.

O meu conto preferido foi "O Homem que Amava Ilhas". A sua estrutura é perfeita e a forma como o personagem se vai afastando cada vez mais da realidade humana para ser absorvido pela realidade do isolamento é absolutamente viciante.

O que gostei menos foi, talvez, o último "O Homem que Morreu", porque o tema religioso e cristão - apesar das alterações inerentes e quase heréticas do conto - nunca me agradou especialmente.

De todos os modos, recomendo bastante para quem quiser variar um pouco. :)

Dor

Dor [A Grief Observed]
C.S. Lewis
1960
Ensaio

C.S. Lewis é um autor de que gosto muito, embora apenas tenha lido as Crónicas de Nárnia (um dos meus livros preferidos, diga-se de passagem). Neste livro ele aborda a questão da dor, partindo de um momento de grande sofrimento na sua vida pessoal: a morte da sua esposa.

O autor analisa as várias vertentes da dor emocional, sem tocar na dor física. Questiona-se se conseguirá ultrapassar a dor, de que forma o conseguirá fazer. Questiona-se se depois de ultrapassada, irá esquecer tudo sobre a pessoa amada e tornar-se indiferente em relação a ela. E, muito importante, questiona-se o porquê de deus, existindo, permitir este tipo de sentimento destrutivo e contundente.

Depois de ler este livro, uma pessoa fica com estas questões dentro de si. Se as pessoas que amo desaparecessem, como um dia irão desaparecer (tal como eu própria) qual seria a minha reacção. Qual seria o meu sentimento? Qual seria a minha atitude?

Será que conseguiria escrever sobre isso, como o fez Lewis? Espero que sim.

Amor Portátil

Amor Portátil
Pedro Paixão
1999
Contos

Conjunto de contos e micro-contos sobre o sofrimento do amor.

Não conhecia nada deste autor, sendo que o meu pai me havia dito que gostava bastante dele. Estava muito curiosa por experimentar. Foi uma leitura um pouco estranha.

Nestes contos curtíssimos o autor parece desenvolver uma certa obsessão pelo tema do abandono e do amor enquanto decepção. Em todos os contos se nos apresenta um narrador fragilizado, infeliz e muito paranóico, enquanto que ao mesmo tempo se apresenta completamente indiferente em relação à vida e ao mundo que o rodeia. Será este narrador um reflexo do autor. Se assim for, pobre triste!

Sendo que o tema é recorrente e constantemente abordado em várias perspectivas, o livro acaba por se tornar ligeiramente cansativo, sendo que muitas vezes desejei que os contos fossem ainda mais curtos.

Ainda assim gostaria de experimentar outros livros do autor, só para tirar as teimas. :)

6º Manga and Comic Event (2017)

6º Manga and Comic Event (2017)
Evento

MCE. Manga and Comic Event. Um evento a que eu sempre quis ir e que nunca tinha ido. Entretanto os anos foram passando e já vai na sexta edição! E eu nunca tinha ido... Desta feita, calhou mesmo junto ao aniversário da minha mãe. Aliás, costuma calhar, mas por várias razões que envolvem sempre trabalho nunca tinha conseguido ir. Mas este ano... Ai este ano! Marquei férias e ala para o Algarve! =D

Sexta feira, oito e um quarto da manhã. Estávamos nós no autocarro EVA, no máximo conforto, bem fornecidos com uma hospedeira (que não pode ser aeromoça. No caso uma terromoça?), para viajar até ao nosso destino: Monte Gordo. Devido ao filme que havíamos visto na noite anterior, as horas de sono não eram muitas, de todo. Portanto, adormeci profundamente durante todas as quatro horas e meia de viagem. Na bagagem? Fatos de banho, o meu cosplay e um desejo tremendo de me afastar em absoluto das preocupações. O meu prop havia ido para o Algarve de carro com a minha mãe, que já estava instalada na casinha de Monte Gordo há uns dias.

À chegada, alimentámo-nos com a única refeição que a minha mãe sabe fazer no Verão: bifes de atum de cebolada. Eu, que nem gosto de bifes de atum, fiquei maravilhada com a sua frescura. E depois....? PRAIA.

Assar, grelhar, derreter, chamem o que quiserem. Depois, mergulhar na água morninha, uma água vegan cheia de pequenos vegetais alguíferos. Causam-me grande horror, mas o Qui ajudou-me a ultrapassá-los para as zonas mais profundas da água. Água profunda e eternamente azul mortífero, água profunda que nos chegou sempre pela cintura. Ah, como eu gosto da praia de Monte Gordo!

Nessa noite comemos hambúrgueres no recentemente estreado Burger Ranch da cidade, sendo que depois fomos ver o centro. Este ano apareceu uma coisa nova: uma passadeira de madeira que atravessa toda a praia, desde o parque de campismo até à Praia Verde, permitindo que nos transportemos de um lado para o outro sem nunca tocar na areia.


Dia seguinte fizemos actividades totalmente diferentes. Após um café, uma cerveja e umas compras, dividimos todas as opiniões dos presentes e decidimos... IR À PRAIA. E derretemos e assámos e grelhámos mais e mergulhámos mais nas algas. Uma delas picou-me e fiquei com uma borbulha. Mosquitos aquáticos? Alforreca camuflada?

Pelo jantar, o Qui fez bolonhesa e todos adorámos. Depois, encontrámo-nos com outros visitantes ao monte obeso: The Forge Cosplay, um fantástico duo dinâmico, estavam instalados na mesma cidade e decidimos ir beber um copo e falar um pouco sobre todas as coisas. Foi uma conversa muito surpreendente e agradável em que trocámos montes de ideias úteis e ficámos a saber muitas coisas que não sabíamos. Confesso que eu fiquei a saber mais coisas, haha Foi uma conversa inspiradora e esclarecedora e deram-me muitas ideias para um projecto que estou a desenvolver! Fica aqui o meu agradecimento público por me terem deixado estar perto de vocês e falar de coisas. :) Teremos de repetir numa outra ocasião!

E, assim, chegou o momento pelo qual os presentes estão a ler esta postificação neste belogue:

Manga and Comic Event 

Vamos estabelecer desde já uma coisa: um dos factores que mais contribuiu para a minha vontade de visitar este evento foram os vários relatos de que era o evento mais relaxante do Verão em que toda a gente era boa onda e na generalidade todos estavam felizes. Enganei-me? Enganaram-me? Vamos ver.

A minha mãe transportou-nos de Monte Gordo a Faro logo depois do almoço. Devido aos seus planos de praia, não nos era possível ir mais cedo. Devido ao facto de estarmos todos de férias e com o íntimo desejo de não nos preocuparmos, não nos preocupámos com isso. Lá chegada, já com o fato vestido e o meu prop enorme todo embrulhado em sacos do lixo, fomos simpaticamente recebidos por uma voluntária que me deu duas fitas para o pulso e um dístico de "Convidado" ao Qui. Enquanto esperávamos, muitas foram as pessoas que me tiraram fotos, ainda toda cheia de sacos e saquítulos. Nesse momento descobriu-se que a cola que usei para o meu botão, assim como a outra cola de alguns componentes do facto, não era especialmente resistente ao calor. O botão caiu para o chão a rebolar enquanto um senhor me tirava uma foto, para minha grande vergonha!

Implorei por um pouco de cola, que me foi simpaticamente fornecida pela Associação de Cosplay, presente com o seu SOS e com os seus serviços voluntariosos. Depois, fomos ver o evento. Fomos à parte de fora, onde se iria iniciar uma das imensas actividades disponíveis, o "This is Sparta". Pelo que entendi consistia numa guerra entre armas de cartão e parecia muito divertido, embora o calor não ajudasse. Depois, vimos um pouco as lojas disponíveis. E nisto estávamos quando aparece um rapaz que me informa que tenho de, necessariamente, ir para o backstage para uma "reunião".

Então fui.

Pensei que fosse apenas algo para mostrar aos voluntários onde ficariam as nossas coisas em palco. Nunca pensei que se tornasse num pesadelo de espera infinita de que o concurso começasse e terminasse. Acabei por ficar as três horas seguintes dentro do backstage (que, felizmente, estava bem mais fresco que o resto do evento). E o concurso que eu pensava que ia ser alegre e calmo revelou-se um dos concursos mais competitivos em que estive nos últimos tempos. Os nervos eram palpáveis no ar. A ansiedade era generalizada. Pouca conversa houve entre os concorrentes. Comigo, a conversa limitou-se ao meu tema preferido de férias, que é trabalho (peço que detectem a ironia). Os voluntários, mal preparados e aparentemente mais importados com os seus desejos pessoais do que com o auxílio aos cosplayers. Deram-nos água, mas depois ignoraram-nos para sempre. Toda a gente muito simpática, o Algarve é amigo, mas toda a gente muito ocupada. E, no meio disto tudo, uma aura de stress que me deixou simplesmente estupefacta.

Quanto ao concurso em si, pouco vi. Não nos deixavam ir para as bandolinas. A minha parte não correu especialmente bem, admita-se: percebi logo aos primeiros segundos que o meu skit era demasiado longo. As pessoas do público pareciam pouco motivadas e não engataram com os Gipsy Kings durante os dois minutos completos. Peço desculpa por este skit que acabou por se tornar aborrecido. No entanto, queria fazê-lo desde há muito tempo com esta personagem, portanto perdoem-me a prepotência. :< Ainda assim, fiquei bastante sentida quando o júri nem sequer quis ver o meu prop de perto, que deu muito, mas mesmo muito trabalho a fazer.

Vencedores merecidos, previsíveis desde o momento em que entrei no backstage e os vi. Nesse campo, visionamento de coisas que talvez não devessem ter sido vistas, quem sabe o quê (pilinhas? =D) Parabéns às três e que continuem o bom trabalho! :)

E depois....? Depois o evento acabou. Um rapaz muito simpático que gosta de Aria pediu-me para tirar algumas fotos com ele no exterior, o que foi uma coisa muito positiva para mim, que já me sentia exausta. Só aí é que vi como o espaço era engraçado: a Escola de Hotelaria e Turismo é um quartel convertido, com espaços muito amplos, limpos e bastante frescos, com áreas no exterior muito agradáveis. Fiquei com muita pena de não ter podido apreciar nada disso. Fiquei com muita pena de não ter ido ao refeitório comer, pois estava esfaimada.

Queria ter muito visto a Artist Alley. Queria muito ter participado em outras actividades. Queria muito ter encontrado todas as pessoas conhecidas e dar um oi e tirar uma foto. Bem, queria ter tirado fotos às pessoas no geral. Mas não foi de todo possível.

Devia ter ido mais cedo? Sim. Devia ter ido no Sábado? Sim. Mas este evento foi-me descrito como algo que se poderia fazer numa estadia no Algarve. Eu fui de férias, aproveitei e fui ao evento. Mas parece que o que queriam era que eu fosse ao evento, aproveitar e ir de férias.

Tudo isto me deixa triste e um pouco revoltada, mas agora aprendi a lição. Vamos mas é ver...


FOTOS
(poucas)


 Ai que coisa fofa!



 O espaço!

 Bem giro, não? :)



 O backstage, que tinha este objecto estranho
 Chamo-me António




 E o palco? Jeitosinho também :)

 Esta foi a foto que tirei durante o sukito =D
 Esta foi a selfie que tirei durante o sukito! =D


Portanto, em conclusão: voltarei a este evento com todo o gosto, até porque não vi nada e gostava de ver. Levarei fatos simples sem nada que saber e perontes. Fresquinhos, sobretudo (se bem que o fato da Akari é muito fresco e muito confortável!). Peço apenas à organização que atente nos detalhes referidos e não faça do concurso uma espera permanente... Tudo de boa, ok? :)

Depois fomos jantar: estava a morrer com fome. Foi mesmo lá ao pé. A minha mãe ainda entrou no evento invocando que fazia parte dos acompanhantes de uma convidada (a minha mãe é estranha, desculpem). Achou tudo muito bizarro, como sempre. Comi um bife caríssimo e adormeci na viagem de volta. Depois, fomos para o boardwalk, onde no dia anterior havíamos visto uma estrela cadente. :)

Segunda feira foi o dia de aniversário da minha mãe. Para o celebrarmos fomos à PRAIA. Desta vez a maré estava cheia, com ondas poderosíssimas que me teriam arrastado para os confins do mundo observável não fossem os meus incríveis e caninos dotes natatórios.

Jantámos no restaurante "Vicius" de Monte Gordo, onde comemos muito bem e nos divertimos com minha mãe e seus primos que vieram de propósito ao aniversário. Depois fomos para o nosso bbar habitual, para nos despedirmos. Afinal, no dia seguinte seria dia de viagem.


O último dia passou-se a comprar alguns souvenires e a chorar por dentro. A perspectiva de voltar ao trabalho enchia-me o coração da mais pura infelicidade. Mas lá teve de ser. E agora, aqui estou eu.

Portanto, apesar de o evento não ter sido a coisa mais fascinante das minhas férias, foi uma boa experiência para saber como proceder numa próxima vez. Espero que todos se tenham divertido e feito novos amigos. Que tenham passado noites quentes e dias ferventes. Eu, por mim, tinha ficado mais umas três semanas! ;p

 ARRIVERDERCHI
<3

A Velocidade do Amor

A Velocidade do Amor
Antonio Skármeta
1989
Romance

Entretanto fomos viajar (irei falar sobre isso daqui a nada) e li este livro na praia. Sempre interessante ler um livro erótico na praia, não é?

Fala de uma paixão entre um médico de meia idade e uma tenista adolescente. Isto é narrado pelo médico e acabamos por nunca saber o que realmente pensam as pessoas à volta dele. O personagem tem uma vida conveniente, plena de luxo e sucesso. E o livro acaba por se assemelhar a uma cópia restaurada do "Lolita" de Nabokov, excepto que não foi o Nabokov a escrevê-lo.

O autor torna-se irritante e impossível de se aturar logo às primeiras páginas. Porque todo o livro e todas as falas e tudo o que os personagens pensam é baseado em citações de ouros autores, de músicas e de filmes. É sempre giro apanhar uma referência, mas quando o livro é feito apenas de referências...?

As cenas eróticas são absurdas, muito pouco claras apesar da definição anatómica constante e  muito aborrecidas: não conseguimos percepcionar os sentimentos dos personagens, apenas o sítio onde colocaram outras partes do seu corpo.

Um livro desapontante e que muito me chateou. Definitivamente, fiquei sem vontade de repetir outro prato do autor.

One from the Heart

One from the Heart
Francis Ford Copolla
1981
Filme
6 em 10

Pois que íamos partir de viagem e fomos para Lisboa para ser mais fácil apanhar o autocarro. Lá, encontrámos o DVD deste filme e decidimos vê-lo. Fique a nota que agora que tenho uma televisão super especial cheia de coisas especiais, ver um DVD numa televisão normal parece-se muito com ver uma gravação de VHS de um anima dos anos 80. :p

Este é um filme sobre um casal que discute. Ele quer estabilidade. Ela quer algo diferente. Perdidos na noite de uma Las Vegas delirante, encontram outras coisas e acabam por se reencontrar.

O filme tem algo de especial e extraordinário que não se pode ignorar. Todo ele foi feito em estúdio, com utilização de muito poucos recursos. Seguem-se quartos e salas que evidentemente são o mesmo espaço mas manipulado de tal forma que parecem sempre lugares diferentes. A rua também é um palco. As transições entre as cenas e entre os lugares são feitos com a máxima atenção ao detalhe, sendo que o efeito visual final é algo de muito cativante. Também a banda sonora contribui para este efeito multidimensional, remetendo-nos para um lugar de fantasia e sonho em que a realidade acaba por ser muito difusa.

O problema deste filme encontra-se, essencialmente, nos personagens. A sua caracterização é muito limitativa, sendo que o desenvolvimento se revela injusto e bastante machista em termos morais. Para além disso, os personagens secundários são muito pouco explorados: todos queríamos saber muito mais sobre a rapariga do circo.

No entanto, adorei os cenários e a forma como tudo está filmado. Precisávamos apenas de uma história melhor.

O Carteiro de Pablo Neruda

O Carteiro de Pablo Neruda (Ardente Paciência)
Antonio Skármeta
1986
Romance

Já tinha ouvido falar muito deste romance e do filme a que deu origem. No entanto, depois de ter feito aquela pequena maratona sobre Neruda, este livro empalidece perante a grandeza da sua inspiração.

Neruda viveu, como se sabe, isolado no topo de uma ilha. Esta é a história do carteiro que lhe levava as cartas. Carteiro esse que não tinha mais ninguém a quem as levar. Assim se forma uma história de cândida amizade em que o carteiro tenta imitar o poeta e começa a compreender um pouco a poesia e tudo o que está dentro dela.

Infelizmente, o livro faz recurso a diversos elementos históricos que, na realidade, não aparentam ter existido. A cronologia dos eventos não corresponde à realidade e, por isso, este livro passa de romance "histórico" a invenção absoluta.

A escrita é muito simples, mas pouco convidativa de qualquer forma.

Fiquei à espera de outros livros do autor para poder tirar uma conclusão.

Bem Julgar

Bem Julgar - Ensaio sobre o Ritual Judiciário
Antoine Garapon
1997
Filosofia de Direito

Este livro estava, casualmente, sentado na estante da nova TBR que estou a enfrentar. Parecia ser uma coisa horrível e fora da minha compreensão, mas muni-me de coragem e... Porque não?

Surpreendentemente, este livro não é uma seca. Tendo por base a premissa de "bem julgar" o autor olha para os elementos de um tribunal e de um julgamento como figuras normativas de estética, que poderão ou não influenciar o próprio processo decisivo do julgamento propriamente dito.

Assim, o autor analisa a forma e distribuição de funções no espaço da justiça enquanto "templo", fazendo uso de uma perspectiva histórica dos símbolos comummente utilizados. Analisa também as roupas dos intervenientes e as suas significações e a organização do espaço em que estes se encontram.

Também faz uma comparação do modelo francês e americano, que conheço apenas de ver na televisão.

O autor propõe o debate: será que o espectáculo judiciário é essencial para a tomada da decisão legal? A mim parece-me desnecessário, mas coloca-se neste livro a perspectiva de que não se pode viver sem esse elemento.

15.8.17

A Rede Social

A Rede Social
David Fincher
2010
Filme
6 em 10

Este filme estava a dar na televisão e, como é um dos filmes preferidos do Qui, ficámos a vê-lo.

É uma biografia sobre o Facebook. Sobre os seus primórdios e a sua criação. Mark Zuckerberg é um pequeno génio da informática que, devido à sua incapacidade social, decide criar uma rede social inspirada nas redes sociais das faculdades americanas, a que dá o nome de TheFacebook. Para isso conta com a ajuda e inspiração de alguns amigos. Mas quando os lucros e o sucesso saem do seu controlo, revela-se que este jovem afinal é menos simpático do que parecia e, agora, está prestea  a enfrentar uma série de processos judiciais por razões que ele próprio desconhece.

Dou uma classificação mediana a este filme porque, na verdade, não lhe encontrei grande interesse técnico em termos narrativos. No entanto, é o tipo de filme que nos deixa a pensar sobre a nossa própria situação actual. Hoje em dia, é rara a pessoa que não tem uma completa dependência pelo facebook (eu inclusa). O vício da popularidade, em ter amigos, em ter feedback, tudo isso é caracterizado neste filme desde a sua origem: porque, afinal, toda a rede social foi criada no desespero de se ter uma rede social. E, no fundo, tudo isso é falso.

É um filme que nos deixa a pensar sobre nós próprios e na nossa maneira de interagir com a internet.

Glass Mask

Glass Mask
Hamatsu Mamoru - Tokyo Movie Shinsha
Anime - 51 Episódios
2005
7 em 10

De vez em quando, muito raramente, existe um anime que eu gosto realmente, mas realmente mesmo muito, de ver. Este foi um deles!

Remake de um dos meus animes preferidos dos anos 70, Glass Mask, do qual cheguei a fazer cosplay da personagem principal, Maya Kitajima, é um anime que nos conta a história de uma rapariga que ama o teatro e tem o sonho de o fazer para o resto da vida. Seguimos o seu crescimento enquanto actriz e enquanto pessoa, fazendo papéis cada vez mais difíceis e explorando cada vez mais novas técnicas que lhe irão permitir cumprir com o mais complicado: tornar-se a actriz escolhida para interpretar uma peça perdida e lendária.

Para mim, o mais importante deste anime são as personagens. Os seus dramas pessoais são perfeitamente realistas e a forma como estes são usados para a interpretação das peças é feito com grande mestria. A exploração dos exercícios de teatro e da forma como cada personagem os ultrapassa é inspirador e muito motivador para qualquer pessoa que deseje envolver-se no meio artístico.

Infelizmente, não se trata de um anime perfeito. O seu principal problema encontra-se no ritmo. Muitas vezes, na transição dos episódios, há muitos detalhes que se perdem e que nos deixam  desorientados no seguimento da narrativa. Existem também falhas dentro dos próprios episódios, em que certas acções são ignoradas. Também a arte não é nada de extraordinário, com designs pouco detalhados, cenários mal cuidados e uma animação abaixo da média.

Fica a nota para a brilhante actuação das actrizes de voz, que a deram a tantos personagens como as intervenientes do anime.

Recomendo bastante, sobretudo a fãs do mundo do teatro!

A Festa do Chibo

A Festa do Chibo
Mario Vargas Llosa
2000
Romance

Um romance político do meu querido Vargalhosa, mas que não apreciei muito. Afinal, sendo o Vargalhosa peruano, será que pode apresentar-se como crítico de um regime de um país que não é o dele? É que este livro é sobre o regime ditatorial da Rapública Dominicana (que eu nem sabia que tinha tido um regime ditatorial)

Seguindo três linhas narrativas, conta a história da ascensão e queda de Trujillo, o ditador, com as consequências para aqueles que perpretaram o crime. O livro fala-nos dos horrores do regime, do medo da população, dos apetites sexuais dos seus intervenientes e, no fundo, do pavor que é viver neste tipo de situação.

Depois do atentado, seguimos os horrores da tortura para aqueles que o cometeram e também as consequências políticas do acto, em que as pessoas que pareciam mais inocentes se revelam com uma fibra moral inabalável.

Não é que seja um livro mau, mal escrito ou algo do género. Apenas não sinto que o tema tenha a importância devida para o autor e que, por causa disso, exista um exagero na revelação das situações por mera antipatia.

Kimi no Na wa.

Kimi no Na wa.
Shinkai Makoto - CoMix Wave Films
Anime - Filme
2016
6 em 10 

O Qui estava curioso com este filme, pois foi o filme mais visto no Japão do último ano e, para além disso, está com classificações superiores a 80% em todos os sites de referência. Queríamos, sem dúvida, saber a razão deste estrondoso sucesso. Agora, depois de ver o filme, compreendo a causa da popularidade, mas devo dizer que discordo.

Shinkai Makoto é um dos meus realizadores de anime preferidos, sendo que vi praticamente toda a sua obra desde os seus tempos de estudante. Os seus temas envolvem sempre encontros e desencontros separados por um espaço-tempo inultrapassável, sendo que tudo isto é coroado por uma arte quasi-divina e uma animação superior em todos os aspectos, o que se torna ainda mais extraordinário pelo facto de Shinkai fazer praticamente tudo sozinho no seu apartamento.

Kimi no na wa. (Your Name) aparece como uma das suas primeiras grandes produções: finalmente foi dado um orçamento ao autor conforme ele merecia. E Shinkai não fez por menos.

Ora, aqui a questão prende-se, talvez, com o meu conhecimento da obra do autor. Este filme acaba por não trazer nada de novo ao panorama, quer em termos narrativos quer em termos de tema. Um rapaz da cidade e uma rapariga do campo trocam de corpo, apenas para descobrir mais tarde que nunca poderão vir a conhecer-se por razões que depois serão explicadas. Se ao início esta troca é engraçada e cândida, rapidamente cai no esquecimento narrativo, a partir do momento em que se revela que as causas são históricas e sobrenaturais, numa espécie de golpe publicitário a uma região pouco conhecida e ao seu folclore (repare-se que os últimos trabalhos do autor são todos spots de publicidade). A apoteose final é exagerada e a conclusão melodramática e desnecessária.

As personagens também não têm uma caracterização suficientemente sólida para que as suas trocas façam sentido em termos sociais. Nenhum dos intervenientes tem uma personalidade marcada e os seus desejos estão reduzidos a "eu gostava de ter uma vida diferente". Isto no caso da rapariga, pois o rapaz não aparenta ter qualquer tipo de sonhos futuros.

Sem dúvida que a arte é espectacular, mas isso é apenas o que se espera de um Shinkai cheio de dinheiro. No entanto, existe aqui um facilitismo nos cenários: muito detalhados, mas com técnicas de rotoscópio isso não é assim tão complicado. No fundo, trata-se da cópia de uma fotografia com uma animação veloz. Existem nuvens, o principal talento do autor, existem meteoros brilhantes. Mas, para mim, a única parte verdadeiramente interessante da animação foi a sequência de flashback.

Também a música sabe a pouco: temos um conjunto de peças muito pop em que o autor parece tentar remeter-nos para uma espécie de videoclip, em contraposição a situações instrumentais muito dramáticas que não são nada mais do que o vulgar neste tipo de anime.

Enquanto peça individual, trata-se de um filme acima da média, claro. Mas penso que as classificações exageradas se devem ao facto de o espectador comum não estar de todo habituado a este tipo de animação. Assim, dentro do contexto do autor e do anime desse ano, trata-se de um filme dentro da normalidade.

Timbuktu

Timbuktu
Paul Auster
1999
Romance

em princípio, deveria gostar deste livro, já que é sobre um cão. Mas foi uma experiência algo desapontante.

Mr. Bones é o companheiro canino de Christmas, um poeta sem-abrigo que se encon tra às portas da morte. Mr. Bones reflecte no seu passado com o adorado dono e no destino que terá após a sua morte. Depois, procura uma nova vida, sem grande sucesso, sempre interrompido por estranhos sonhos em que o dono lhe diz sábias palavras e o tenta orientar para o sucesso e conforto.

O problema principal deste livro está na caracterização de Mr. Bones enquanto cão. Os seus pensamentos e reflexões estão demasiado humanizados, de forma a que o cão, um animal, tem conhecimento de coisas que seriam impossíveis para o seu pequenino cérebro irracional. As imagens de desejos de futuro, a contemplação de Timbuktu enquanto paraíso de reencontro, tudo isso são conceitos que seriam alienígenas para um canídeo.

O autor esforça-se também por caracterizar um pouco a forma de vida do sem-abrigo no contexto da época, mas o facto de não existirem muitos pontos de referência geográficos torna tudo um pouco difuso.

Não recomendaria.

4.8.17

Vinte e Zinco

Vinte e Zinco
Mia Couto
1999
Novela

Este livro aparece na sequência de uma colecção temática da Editorial Caminho, com o mote do "25 de Abril", em 1999. Esta é a perspectiva de Mia Couto sobre a data em causa. Ora, eu por norma não gosto do Mia Couto. Sempre o achei um pedante que se acha muito especial por inventar palavras novas. Mas este livro foi, de certa forma, uma experiência diferente, porque tudo o que eu tinha por defeito do autor se dilui nesta narrativa.

Nos dias imediatamente antes e após o 25 de Abril em Lisboa, um grupo de habitantes de uma pequena aldeia africana não sabe o que fazer. Ora, um deles é agente da PIDE e tem muitos traumas sobre os quais se podem falar. É na relação destes personagens, as revelações sobre a realidade em oposição às sequências mágicas e feiticeiras dos hábitos locais, que o autor se baseia para nos mostrar a consequência imediata da revolução.

A caracterização dos personagens é curta mas essencial, sendo que poderiam todos ter sido um pouco mais explorados se houvesse mais "tempo". A forma como tudo está descrito é muito simples, quase infantil, apesar da brutalidade de algumas das situações. E quanto às palavras inventadas, elas fluem com toda a naturalidade, assemelhando-se em tudo às suas partes que figuram realmente no dicionário.

Será este o primeiro passo para fazer as pazes com o autor? Quem sabe... ;)

Federico García Lorca - Antologia

Federido García Lorca - Antologia
Federico García Lorca
Anos 20
Poesia

Esta é uma antologia poética do autor espanhol que compreende três dos seus livros: "Romancero Gitano", "Poeta En Nueva York" e "Llanto por Ignacio Sánchez Mejías". É uma edição espanhola, o que torna a leitura um pouco mais difícil para mim, mas ainda assim é perfeitamente compreensível na generalidade.

E, devo dizer, foram dos poemas mais extraordinários que li ultimamente. Lorca mostra-nos nas suas palavras uma Espanha rural, perdida, violenta e quente, muito sensual mas ao mesmo tempo brutalmente destrutiva. Cada poema tem uma densidade própria, sendo que algumas das palavras, alguns versos, alguns conceitos, nos caem no estômago como um soco, uma pedra atirada directamente até à nossa consciência.

Tendo sempre presente a ideia da morte trágica protagonizada por este poeta, a sua poesia justifica plenamente o que poderia ter acontecido, a injustiça, o horror de se viver num regime em que até um simples poema pode ser considerado subsersivo e contra os ideais do sistema. E a verdade é que Lorca denuncia as injustiças uma e outra vez, sem nunca pensar por um momento que ele próprio poderia vir a ser vítima das mesmas.

O meu preferido foi, realmente, o "Romancero Gitano", sendo que "Poeta En Nueva York" nos mostra uma poesia um pouco mais directa e menos metafórica, com mais realidade vista de outra perspectiva do que o universo fantasioso e mágica da lua cigana.

De todos os modos, é uma poesia descorçoada e absolutamente fascinante. Recomendo vivamente!

2.8.17

O Hotel New Hampshire

O Hotel New Hampshire
John Irving
1981
Romance

Este é um romance sobre uma família em crescimento, em que vemos a perspectiva de um dos irmãos do meio perante as coisas estranhas que acontecem a todos.

Se ao início este livro estava a ser muito interessante, a partir da brutalíssima cena de violação ele vai por água abaixo numa corrida. O autor confunde-se consigo próprio e com as suas ambições, escolhendo para os seus personagens as opções convenientes para estas, tão convenientes que nunca poderiam ser fruto do acaso.

Ora bem, tudo nesta história tem uma ligação: hotéis, ursos e cães. Há o tema recorrente da violação enquanto violência para o feminino, mas a abordagem é pouco correcta na medida em que os problemas de sexualidade são resolvidos também de formas sexuais, sendo que toda a gente desta história é mais ou menos tarada. É especialmente prático para o personagem principal, apaixonado pela sua própria irmã, que toda a competição em volta dele desapareça: matam-se todos os personagens que poderiam competir pela atenção da irmã.

A resolução é também estranhamente conveniente ("e então ficámos todos ricos"), juntando as pontas de uma forma por demais evidente.

Um livro longo, por vezes aborrecido, que se pensa mais do que é realmente.

Dunkirk

Dunkirk
Christopher Nolan
2017
Filme
6 em 10

Fomos ao cinema ver este filme, para manter a tradição de ver todos os filmes deste realizador nas grandes salas. Infelizmente, este título em específico foi tão ruidoso como desapontante.

Baseado numa história verídica, conta o resgate de 400.000 soldados ingleses que estavam cercados na praia de Dunquerque, perto do canal da mancha, pelo exército alemão. Com três linhas temporais distintas, mostra-nos a perspectiva dos soldados desesperados por entrar num barco para atravessarem o canal e voltar para casa; a visão dos marinheiros amadores e não militares que entram no jogo para os salvar; e o pessoal que está nos aviões a tentar protegê-los.

O grande problema deste filme é que, apesar de termos uma história em potencial muito boa, não faz uso dela. Os personagens são insuficientemente caracterizados (quer no plano individual como no plano físico), pelo o que lhes acontece se torna absurdamente indiferente, a menos que tenhamos uma costela nacionalista a desejar que sim, que se salvem todos. Tendo em conta que se torna irrelevante o que acontece aos personagens ao longo do filme, o interesse nos trinta por uma linha que fazem para se salvar torna-se um impeditivo à narrativa.

É certo que temos uma técnica de filmagem soberba, com um excelente uso de modelos em mix com o digital, abusando de forma muito positiva de todos os truques de perspectiva que as situações nos oferecem. Achei apenas que as cenas nocturnas eram demasiado escuras e, assim, muito pouco claras, sobretudo considerando que a maior parte se passa dentro de água.
 
A banda sonora é muito boa individualmente, mas dentro do contexto do filme dá-nos sempre uma sensação introdutória, como se tudo o que estamos a ver fosse apenas um prólogo para a verdadeira acção, que nunca chega a acontecer (fora o momento épico do salvamento final, que me pareceu de um mau gosto terrível)

Assim, é um filme que se valoriza pela acção e pela técnica, mas que em termos de conteúdo não se ultrapassa.

Memória de Peixe

Memória de Peixe
Concerto
Inserido no projecto "Concertos ao Pôr do Sol", da Casa da Cerca aqui em Almada, fomos ver mais um concerto de uma dupla portuguesa. Desta vez era uma banda que eu não conhecia, mas de que gostei do nome: "Memória de Peixe". Como o Qui já tinha ouvido o seu álbum de estúdio, havia a previsão de que seria uma coisa boa.
 
Foi uma coisa surpreendentemente boa!
 
Um som de post-rock, mas um post-rock bem disposto. Estes dois passaram o concerto todo a levar-nos para um mundo de histórias maravilhosas, apenas com uma bateria marcando ritmo e uma guitarra cheia de sons diferentes a servir de palavras. Talento inegável, foi com toda a fluidez que passeámos de acordes para samples e de samples para outros samples, de forma a criar uma música colorida e cheia de texturas, como um arco-íris todo às bolas.
 
É uma música reminiscente de uma alegria perdida, mas também com um sentimento aquático que apenas encontramos na pura electrónica.
 
Gostei muito e fiquei muito curiosa para ouvir os álbuns com mais atenção!

Os Comedores de Pérolas

Os Comedores de Pérolas
João Aguiar
1992
Policial

Este é um policial muito viciante e divertido (mas não exactamente engraçado), passado no Macau que olhava o mundo antes da sua anexação pela China.

Um jornalista e escritor é convidado a ir para essa região para organizar os documentos de um nobre Chinês, avô de um poderoso magnata industrial. à medida que se vão revelando os documentos, Adriano - o jornalista - começa a descobrir coisas que não devia, tornando-se o ponto central de uma trama de muito mistério e espionagem.

O livro está muito bem escrito porque se torna absolutamente necessário lê-lo todo de sguida logo Às primeiras frases, apesar de a história não ser nada de extraordinário e, muito menos, nada de realista. No entanto, é muito giro ver como há problemas de comunicação entre chineses, macaenses e portugueses, sendo que isso dá azo a muitas coisas que fazem a progressão da narrativa.

O personagem principal também é um ponto de interesse, pois a sua caracterização está bastante bem detalhada, embora rapidamente ele se torne num típico "herói improvável".

De todos os modos, gostei bastante!

Kite Liberator

Kite Liberator
Umetso Yasuomi - Arms
Anime OVA - 1 Episódio
 2007
6 em 10

Este filme, lançado directamente para a venda ao público, aparece como uma sequela directa no universo de Kite, hentai dos anos 90 que ficou muito conhecido enquanto filme de culto. Esta sequela não faz uso de quase nenhum dos conceitos do original, sendo até bastante diferente.

Tudo começa no espaço, o que torna tudo logo mais estranho. Enquanto isso, uma rapariga tímida e mal-jeitosa revela ser uma assassina contratada com muito jeito para o negócio. Quando vêm do espaço umas criaturas monstruosas, será sua função destruí-las.

Este filme não tem muito desenvolvimento de narrativa e personagens, sendo que existem muitos pontos que poderiam e deveriam ter sido explorados, como a definição do papel de alguns intervenientes e qual a sua relação com a história anterior. Para além disso, os elementos de ficção científica calham muito mal, como se alguém tivesse ficado sem ideias coerentes para fazer uma história sobre uma assassina.

A animação está bastante bem feita, apesar dos frequentes momentos digitais muito primitivos. Ainda assim, as cenas de acção são muito envolventes e temos coreografias agradáveis aos olhos. Musicalmente não há nada a apontar.

Se quiserem entrar no universo de Kite e não vos apeteça ver hentai, sugiro esta sequela. Supõe-se que farão a sua continuação algures em 2018, mas quem sabe...

A História do Senhor Sommer

A História do Senhor Sommer
Patrick Süskind
2003
Novela

Um livro muito curtinho que se lê numa hora que é absolutamente pleno de encanto.

O autor revela as suas reminiscências de infância através de uma série de aventuras protagonizadas por um rapazinho (que poderá, ou não, ser o próprio autor) numa pequena vila germânica no pós-guerra. Sempre presente está uma curiosa figura: o Senhor Sommer. Este homem acaba por representar as várias fases de desenvolvimento pessoal e emocional do narrador, que passa por muitas coisas divertidas mas nem sempre prazerosas.

É um livro com que é fácil de nos identificarmos, já que a infância de uns pode ser gheneralizada a todos. Pessoalmente, envolvi-me muito na pequena história da aula de piano, porque as minhas aulas de piano às vezes também eram assim. :p

Esta edição também tem ilustrações muito suaves que ajudam a caracterizar muito bem o ambiente.

Um livro giro para miúdos mas de que todos iriam gostar!

Pelo Bem Comum

Pelo Bem Comum
Arundhati Roy
2001
Ensaio

Este é um livro de não-ficção da famosíssima autora do "Deus das Pequenas Coisas". Livro que, por sinal, não gostei. De todos os modos, não me impedi de experimentar este livrinho, que se lê num par de horas.

Nesta obra a autora esforça-se por denunciar a injustiça decorrente à construção de uma série de barragens de grandes dimensões por todo o território indiano, mostrando-nos a corrupção que está por dentro dos relatórios do estado relativamente às condições em que estas são construídas e às consequências para os povos que vivem nas suas imediações.

Infelizmente, a autora não se mantém de todo neutra na sua exposição. O seu tom é de revoltya e o discurso é de ódio. Considerando que este livro é uma enumeração de factos e números, tal qual uma reportagem, este tom soa muito mal e parece mostrar apenas um lado da questão.

Para além disso, para quem afirma ter feito tanta pesquisa no terreno, o livro não nos dá as vozes das pessoas afectadas.

Não gostei, definitivamente.