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28.2.17

O Livro dos Espíritos

O Livro dos Espíritos
Allan Kardec
1860
Doutrina Religiosa
Este livro veio-me parar às mãos de uma forma um pouco estranha... A min ha mãe estava nos Açores e, lá, ela tem um amigo que faz parte da sociedade espírita. Quando lhe telefonei, ele estava ao lado e eu perguntei "mas é o teu amigo dos espiritos?". Ouvi-os a rirem-se imenso e tive medo de o ter ofendido. Quando a minha mãe voltou, trazia este livro com uma extensa dedicatória que referia que talvez a obra me desse as respostas para o sentido da vida. No entanto, fiquei ainda com mais dúvidas.

A minha principal fonte de prazer ao ler este livro é, precisamente, a forma como está escrito. é claro, educativo, simples e directo, referindo muitos elementos de dúvida para vários factores inerentes à nossa vida e que (supostamente) os espíritos responderam. Adoro ler livros bem escritos e este é um desses casos!
 
No entanto, em termos de doutrina filosófica e religiosa, este livro parece estar muito desactualizado,  pois os espíritos - embora possam ter alguma perspectiva sobre o futuro - estavam apenas adaptados ao século XIX. Assim, tomam a doutrina cristã como a adequada a ser adaptada para a existência de um mundo espiritual, preterindo todas as outras leituras, mesmo aquelas que têm um deus único e omnipotente.
 
De todos os modos, fiquei com certas dúvidas que não foram esclarecidas ao longo do livro e que gostaria de ver respondidas não por um crente e praticante da obra espírita mas... Por um espírito. Um dos espíritos mais esclarecidos, de preferência. Certamente irei contactar a sociedade que organiza os encontros com os ditos para que possa comunicar com um e esclarecer estas dúvidas (e já agora, saber como estão as pessoas da minha família que já se livraram do seu invólucro corporal).
 
Não digo isto com troça ou denegrindo as ideias, pois eu própria já contactei com espíritos diversos. Infelizmente, nenhum deles era especialmente simpático ou bondoso.
 
Tenho curiosidade, agora, em ler O Livro dos Mediuns. :)

Gato Preto, Gato Branco

Gato Preto, Gato Branco
Emir Kusturica
1998
Filme
6 em 10
Vimos este filme antes de voltar para Lisboa. Já conhecia toda a banda sonora e diversas versões, pois tenho-as na minha playlist no computador. Portanto,m foi um pouco estranho ver este filme com as músicas que eu já conhecia, sobretudo porque a maior parte delas nem é utilizada até ao fim.

Um filme de ciganos para ciganos, na verdadeira acepção da palavra. Um exagero sobre este diferente cultura, com um efeito muito engraçado. Toda a gente meio maluca, um pouco debilitada, sempre pronta a fazer falcatruas diversas para que se psosa honrar a família e os mais velhos. Podia ser um estereotipo horrível, mas é tudo tratado com o carinho de quem faz parte desta vida.

A história está cheia de reviravoltas e pequenas aventuras e tudo acaba por correr da melhor maneira. Os actores fazem um excelente trabalho fisico e os cenários são estranhamente originais.

É um filme divertido e muito agitado, mas pode tornar-se um pouco cansativo.

OMG, I'm a robot!

OMG, I'm a robot!
Tal Goldberg & Gal Zelezniak
Filme
2015
5 em 10
Este foi o filme que fomos ver no Fantasporto!

Ora bem, existem filmes de acção. Depois existem filmes de acção de série B. Depois existe o Ninja das Caldas. E existe também a versão disso, mas israelita. O que podia correr mal? Ora bem... Tudo! =D
 
Um fulano altamente sensível descobre, quando está prestes a suicidar-se por a namorada o ter abandonado, que é - nada mais nada menos - um robot! Depois, descobre que as forças do mal raptaram a namorada dele. E depois vai salvá-la, mas o que pode fazer se os seus poderes apenas incluem lançar lasers das mãos e transformar-se numa chaleira?
 
Pleno de erros de edição e um argumento que não faz sentido, este filme é uma viagem absolutamente hilariante. Porque se temos filmes que usam elementos clássicos, este usa TODOS os elementos clássicos. E lasers. Diga-se de passagem que, considerando o valor de produção, os efeitos especiais não estão nada maus. Até temos uma menorah com raios laser! E um robot religioso!
 
Um filme péssimo, mas com o qual me fartei de rir.

Fantasporto 2017

Fantasporto 2017
Festival de Cinema

Pois é, pois é... Fomos ao Porto de novo! Desta feita, fomos de viagem ao Fantasporto, o m+itico festival de cinema de terror, fantasia e outras secções alternativas. Porquê? Porque, inusitadamente, a eliminatória do Eurocosplay portuguesa foi feita neste evento. E eu, por mim, queria imenso paticipar.

Devo dizer que a minha participação não era, de todo, motivada pelo prémio de ir (mais uma vez) a Inglaterra representar este quintal à beira mar plantado. Na verdade, eu queria unicamente receber algum feedback sobre o meu fato de Holo (de Spice and Wolf), que deu um trabalho medonho a fazer.

Pela primeira vez, atravessámos o país de avião. é muito barato e conveniente, desde que não se tenha bagagem para despachar. Era o meu caso. Descobrimos da pior maneira que a minha mala tinha excesso de peso, pelo que tivemos de transferir coisas de um lado para o outro e levar um saco grande do continente como bagagem de mão... Muito chato. Acabei por perder, na segurança do aeroporto, um creme de corpo, uma tesoura e um x-acto... Ficámos no mesmo alojamento local onde havíamos estado pela ocasião da Comic Con, que se revelou muito confortáve, sobretudo porque éramos só duas pessoas.

No nosso primeiro dia de estadia, fomos dar um passeio pelo Bolhão e comemos uma francesinha (para mim vegetariana) num bar onde já estivemos várias vezes. Deitámos cedo, depois de ver um filme (do qual já falei anteriormente) e acordei plenamente energizada e descansada para fazer o meu skit.

Portanto, lá fomos nós a caminho do Rivoli, dez a vinte minutos a pé do sítio onde estávamos alojados. :)

La chegados, encontrei imediatamente outra concorrente e uma pessoa da organização, que nos fez passar por múltiplas portas cheias de códigos e seguranças até chegarmos aos camarins. Estes, tinham excelentes condições, embora fizesse falta uma sanita para os meus xixis. Tinham espelhos, umja boa iluminação, lugar para toda a gente se sentar e, sobretudo, estava tudo muito limpo.

Depois de me vestir buscámos um lugar para tomar café e um espaço e terior para jos esfumaçarmos. Abrimos uma porta. Imediatamente, aparece um rapaz que nos diz que trabalha ali e não podemos abrir aquela porta. Com toda a simpatia e disponiboilidade, levou-nos até à porta da segurança, passando pelo backstage do auditório. Por dentro, o Rivoli é absolutamente gigantesco! Uma maravilhosa sala de espectáculos. Conseguem imaginar a minha excitação e orgulho por fazer um skit, bem, por fazer o que quer que seja, num palco desta categoria? Isto não acontece todos os dias!! :o

Depois foi a parte que eu realmente queria: a avaliação. Foi muito bom, tirei apontamentos e tudo, pois recebi exactamente o feedback que queria. Fiquei a saber os pontos fortes do meu fato e as partes que não funcionaram exactamente bem, nomeadamente alguns acabementos (poucos, em comparaão com os meus fatos do passado!) e as orelhas, que foi uma experiência que tentei e acabou por não correr muito bem. Após o skit, recebi mais feedback, mas não consegui esclarecer que dois pontos que foram considerados a melhorar eram propositados. Nomeadamente: a cor da camisola (escolhi um azul mais claro para ser exacto historicamente) e o retirar a saia no skit (não era uma mudança de roupa, era suposto ser demorado e difícil, pois a personagem é um lobo e não usava roupa até há bem pouco tempo, lol) Conheci também a organizador ado Fantasporto, coisa que me fascinou porque ainda no outro dia a tinha ouvido na rádio! Queria ter ficado a falar com ela mas, naturalmente, estava cheia de ocupações em que pensar e não deu para conversar sobre coisas. :p

O ambiente no backstage e camarins foi perfeito, toda a gente muito simpática, disponível e sempre pronta a atrofiar! Assim é que eu gosto: a carga competitiva praticamente desapareceu e ficámos todos muito mais relaxados com a converseta. :) Depois fomos para fazer os nossos skits. Um rapaz simpático estava encarregado de colocar as minhas coisas no palco e esforçou-se bastante por colocar tudo bem. Apesar de tudo, tem sempre de haver melhorias nestes aspectos (ou deixarem-me ser eu a por as coisas), pois um dos meus cenarios ficou muito longe e cortou com o ritmo do skit. Tudo bem, dá para improvisar na mesma, mas começo a ficar cansada de ter de improvisar em *todos* os skits por haver sempre um problema qualquer. A culpa não é do rapaz, diga-se. A culpa não é de ninguém! Isto devia era estar organizado de maneira diferente. Crítica válida para todos os eventos!

Fora isso, o meu skit correu lindamente. Pedi ao Qui que gravasse na parte lateral do palco, já que não o deixaram ir para o público. Eu tinha pedido que o deixassem para que pudesse gravar todos osm skits, sendo que me informaram que todos seriam gravados por uma voluntária. Qual o meu espanto quando chego a casa e vejo no facebook do evento que houve um problema (não sei qual) e que só deu para gravar os três primeiros skits! Por um lado... Eu era a terceira. Calhou mesmo bem. Por outro lado, queria ter gravado os skits de toda a gente... :(

Deixo-vos, então, a gravação que fizeram. O skit? Bem, cada uma das secções e objectos representava uma estação do ano. A Primavera, em que celebramos as flores, o Verão, onde comemos e bebemos em festa, o Outrono, em que celebramos o desaparecimento das coisas e o Inverno, onde está frio. Chegados ao Inverno, Holo poderá (talvez) encontrar a sua família e os seus amigos lupinos. Ainda não cheguei a essa parte da novel, portanto é só uma suposição. :p De todos os modos, espero que tenha uivado correctamente! =D


Queríamos ter ido ver um filme às seis horas, mas as juradas demoraram sete mil milhões de anos a tomar a sua decisão, pelo que não deu tempo. Essa parte foi a mais aborrecida, porque não havia lugar onde sentar Depois, fomos ao exterior tirar umas fotografias. O Qui ficou retido no backstage, não se sabe porque razão. Porque não deixaram os nossos helpers vir com a gente? Eu pensava que ele tinha sido assassinado! Estava muito preocupada! D:

Enquanto esperávamos pela decisão, tirei fotos às pessoas. São elas:






Os prémios foram excelentemente atribuídos e muito merecidos. Todos os fatos estavam maravilhosos, embora tenha pena de não ter visto os skits! Fique a nota que a grande vencedora merecia realmente o prémio e perdeu uma aposta. :) Fiquei mesmo feliz por todos e espero que façam um excelente trabalho no futuro (sem pressãaaao xD ) Aliás, qualquer coisa que eu saiba e em que possa ajudar, é só gritarem que eu venho logo! =D

Depois fomos por as coisas a casa, fomos jantar num tourist trap (o café Tupi, onde queríamos ir, fechava às oito) e vimos um filme.

No dia seguinte fomos embora, quase sem souvenires.

Em resumo: amei a experiência e para o ano quero voltar! Faz-me bem ir a estes concursos sem competir, só receber críticas e aprender coisas. :) Faz-me bem ir a concursos onde está toda a gente na boa. E estou absolutamente fascinada com o facto de ter feito um skit... no Rivoli! Obrigada! Obrigada!

Sou eu! =D

Os Olhos Amarelos dos Crocodilos

Os Olhos Amarelos dos Crocodilos
Katherine Pancol
2006
Romance
Há muito tempo que tinha visto este livro numa loja e, na altura, queria imenso lê-lo. No entanto, a oportunidade passou. Há pouco tempo, vi-o num bar que também é livraria onde costumo ir. Portanto, comprei-o! =D No entanto, não posso dizer que o livro me tenha enchido as medidas completamente.

Um romance um pouco rosado, dirigido sobretudo ao publico feminino, fala da oposição entre duas irmãs. Uma delas é muito rica, a outra é muito pobre. É nesse campo que o livro se demora mais. Existem descrições detalhadas das dificuldades económicas de umja contra a vida altamente luxuosa da outra. Na verdade, o livro foca-se muito na questão de "temos de ter muito dinheiro", como se tudo isso fosse o mais importante na vida de uma pessoa.

Assim, o livro começa a tornar-se cada vez mais aborrecido, até ao momento em que se começa a escrever um romance histórico. É essa a discussão principal entre as duas irmãs e, a partir daqui, o livro torna-se exponencialmente mais interessante. As descrições do livro que elas estão a escrever estão muito bem documentadas e a narrativa começa a ganhar um tom muito motivador e inspirador.

Evidentemente que há algumas coisas que não fazem qualquer tipo de sentido e que parecem estar ali sók para dar um pouco de mais cor casual ao livro, mas a verdade é que depois da leitura fiquei cheia vontade de fazer coisas. Assim, acabou por cumprir o seu objectivo. :)

Moonlight

Moonlight
Barry Jenkins
Filme
2016
7 em 10

Durante este fim de semana estivemos no Porto, mas logo falarei sobre isso neste espaço. Começarei por escrever um pouco sobre este filme que vimos no nosso primeiro dia de estadia.

Normalmente, quando falamos de dreads e traficantes de droga, nunca associamos essas ideias com pessoas ligadas ao ovimento LGBT. Quando um miúdo se vê na situação de descobrir a sua própria identidade sexual, como o poderá fazer num meio tão agressivo?

Este filme estádividido em três partes distintas, representando a infância, adolescência e vida adulta do personagem. A primeira parte tem uma grande influência de um personagem que toma a figura paterna, há muito abandonada pelo rapaz, que - apesar de não ser a pessoa mais recomendável do mundo - parece ser a única com a qual se pode ter algum tipo de intimidade e confiança.

A partir daí, o processo de identificação com o género tem duas vertentes: uma ligada à agressividade inerente ao ambiente social em que nos encontramos e outra ligada à sensibilidade da personagem em si, que não poderá ser aceite pelo primeiro componente. é esta dicotomia que dá o maior interesse qao filme, que para mais está filmado de maneira extremamente intimista e, muitas vezes, um pouco desconfortável para o espectador (sobretudo nas situações da infância). Há também uma forte carga simbólica relacionada com a luz da lua: todos os eventos passados nesse ambiente acabam por ter um reflexo positivo no personagem enquanto ser humano, apesar da negatividade inerente à sociologia que o rodeia.

Apenasão gostei muito da parte final, em que me pareceu que o personagem adulto não foi suficientmente caracterizado para que se pudesse tirar uma conclusão adequada às suas acções. Gostaria de ter sabido maissobre a sua actividade actual e a forma que ele teria de lidar com os outros.

Soube ontem (portanto, mais tarde) que este filme foi o vencedor do óscaqr de melhor filme. Como não vi os outros, não sei e é merecido... Mas talvez sim.. Pelo menos, é sobre um tema um pouco diferente. :)

21.2.17

Joukamachi no Dandelion

Joukamachi no Dandelion
Akitaya Noriyaki - Production IMS
Anime - 12 Episódios
2015
6 em 10

Inspirado num 4-koma, este é um anime engraçado que fala da vida diária de nove irmãos. Que por sinal são todos da realeza, apesar de tentarem fazer uma vida normal. E que... Têm super-poderes! Neste momento estão em campanha para que seja eleito o novo rei e, por isso, são constantemente finlmados. I nfelizmente, Akane (uma das irmãs do meio) não gosta nada disso... Qual será o resultado?

Uma série colorida, simpática, com os seus momentos de piada e um conjunto de personagtens que tem o seu interesse relativo, na medida em que não sofrem nenhum desenvolvimento em especial. Claro que isso seria bastante difícil, já que temos 12 episódios para 9 irmãos. Também os poderes são muito variáveis entre todos, se ndo que alguns estão muito bem pensados e outros são demasiado vulgares. Por exemplo, adorei o poder da menina mais nova, que pode falar com todas as coisas, animais, plantas, objectos, enfim, todas as coisas que não falam! Que jeitaço me daria este poder para o meu trabalho, hahaha.

A animação está bastante satisfatória, apesar de ser mais utilizada quando os poderes estão em acão e isso não acontecer muitas vezes. Por um lado, até é bom, porque não cansa demasiado.

A música é um pouco açucarada demais para o contexto da série, mas é aceitável.

Um anime simpático e curto. Afinal, vi-o todo hoje. :3

Mahoraba: Heartful Days

Mahoraba: Heartful Days
Kimura Shinichiro - J.C. Staff
Anime - 26 Episódios
2005
5 em 10

Um fatia-de-vida incapaz, horroroso e pleno de sentimentos maus. Mahoraba é um exercício à paciência de qualquer pessoa que tenha no mínimo duas pontes sinápticas.

Um rapaz com voz de rapariga e aspecto de rapariga, vai viver para uma casa onde só vivem raparigas e um homem que tem uma marioneta com voz de rapariga. Supostamente são quase todos adultos, mas todos têm um ar infantil e não têm dedos dos pés. O anime mostra as suas aventuras diárias enquanto elementos decorativos de uma caixa de papelão, já que nenhum deles apresenta qualquer tipo de personalidade palpável para além da única e una característica que, para além da or do cabelo, faz com que se distingam os dos outros.

As aventuras, supostamente muito cândidas e engraçadas, são irritantes o suficiente para fazer espumar qualquer um. Para mais, não temos uma arte a que se possa chamar arte, pois tanto os designs são básicos, como os cenários são básicos, como a animação é simplesmente inexistente.

A música é pop e pouco mais. As vozes são gritantemente histéricas e é impossível ver isto com colunas ligadas muito alto.

Enfim, um falhanço completo.

O Meu Irmão

O Meu Irmão
Afonso Reis Cabral
2014
Romance

Dizia eu ainda há pouco qe já não confiava no prémio Leya. Assim, quando me enviaram este livro na Troca de Natal do BookCrossing, fiquei de pé atrás. Para mais, o autor esreveu-o aos 24 anos. E pela descrição na aba do livro, parece um belíssimo cromo. No entanto, temos de admitir: este cromo escreve bem para cacete!

Este livro fala de sobre muito mais do que pensaríamos inicialmente. Um homem, professor na faculdade de letras, tem quatro irmãs mais velhas e um irmão mais novo. Este, tem síndrome de Down. Quando os pais morrem, ele decide - contra todas as expetativas - ficar com a guarda de Miguel, o rapaz deficiente (que, por esta altura, já tem quarenta anos). A história começa quando eles vão para a pequena aldeia do Tojal passar uma semana, tendo apenas uma única amília, ela própria com seus problemas, como vizinhos.

Poderíamos pensar que este livro se completaria como uma comiseração do problema da deficiência. No entanto, o autor trata-a de forma crua e, precisamente por isso, muito realista. Ter um "mongolóide" à sua guarda não é tarefa fácil, por mais que nos esforcemos por provocar o amor, e o autor consegue fazer com que essa questão se reflicta nos seus personagens.

Também não é um livro que fale do isolamento das aldeias portuguesas (tema recorrente na nossa literatura), sendo que esta aparece mais como pano de fundo para o desenvolvimento do personagem do que outra coisa.

e é esse o ponto que roça a genialidade deste livro. A história não é sobre o deficiente. A história não é, de todo, sobre os problemas que estas pessoas enfrentam no dia a dia. Aliás, todos eles são frequentemente referidos como seres inferiores que podem aser troçados e abusados pelos elementos mais fortes, contra todas as expectativas do políticamente correcto. Este livro, na verdade, fala sobre a incapacidade de um homem em sentir uma ligação emocional com os outros. Sendo que, neste momento, o foco é o irmão deficiente.

Por isso a sua luta constante contra o sujeito de afecto do irmão. Por isso o forçar constante por regr4as, por obediência, por uma estabilidade que seria impossível, devido aos problemas físicos e mentais do rapaz. Este é um livro que fala sobre uma pessoa horrível. E a forma como o autor nos demonstra isso, a nos que até nos identificávamos com o narrador e compreendíamos a sua dor, é feita com uma subtileza e mestria arrepiantes.

Por isso, gostaria de mandar um mail a este rapaz dizendo: sois um cromo, mas escreves pra caralho.

The Edge of Seventeen

The Edge of Seventeen
Kelly Fremon Craig
2016
Filme
6 em 10

O Qui tinha visto este filme na noite anterior, enquanto eu estava a dormir, e achou bem mostrar-mo enquanto estávamos a jantar. Fiquei logo colada e tive de o ver até ao fim! Desculpa Qui! <3

Um filme adolescente que fala sobre problemas adolescentes, com uma perspectiva moderna e bastante realista. Nadine sempre foi uma miúda um pouco deslocada, sempre ofuscada pelo permanente brilho do irmão, que tem sucesso em tudo. Mas tem uma amiga, Krista. Quando esta e o irmao começam anamorar, a vida de Nadine começa a andar sobre si própria e ela fica perdida sem saber o que fazer, contemplando a ideia de suicídio e procurando fazer novos amigos sem sucesso.

De certa forma, identifiquei-me bastante com Nadine. O seu diálogo está escrito de forma a transmitir uma completa inadaptação, isto é, uma incapacidade para escolher as palavras certas no momento certo. Ainda assim, o discurso é muito real e mostra-nos um pouco de como os adolescentes são nos dias de hoje: a vida contiua a ser igualmente difícil para todos, tal como o era no meu tempo. :p

Apreciei também a escolha de vestuário e guarda-roupa, mas relativamente a técnicas e cenários o filme pareceu-me muito simples.

Para além disso, achei desnecessário que acabasse tudo em bem, com toda a gente plenamente adaptada e feliz. Para um problema como o desta miúda, acho que tudo deveria ter sido um pouco mais complicad. Por outro lado, se assim fosse já não caberia numa longa-metragem.

De todos os modos, recomendo este filme para quem quiser ter um blast to the past com memórias dos nossos próprios acontecimentos.

Aventuras do Barão de Münchausen

Aventuras d Barão de Münchausen
Rudolph Erich Raspe
1785
Contos

Depois de ter visto o filme, manifestei o meu interesse em ler o livro que lhe havia dado origem. Imediatamente, um amigo do BookCrossing disponibilizou-se para mo enviar, pelo que aqui está ele. :)

É um livro muito juvenil, mas ainda assim bastante engraçado. Conta as peripécias deste Barão, que fez de tudo um pouco, desde participar na guerra na Rússia, a lutar contra os misteriosos "turcos", sendo que depois se torna amigo deles. Para mais, faz viagens à lua e tem diversas aventuras marítimas, por vezes ajudado por um grupo de companheiros com talentos altamente especializados.

As histórias são inusitadas, sendo que é precisamente aí que reside toda a piada do livro. Está tudo narrado como se fosse perfeitamente plausível uma pessoa fazer todas estas coisas, com descrições muito vivas do que poderia ter motivado os acontecimentos. Cada história e seus intervenientes são a mais pura delícia.

Gostaria de manter este livro a circular, portanto, quem o quer eceber agora? :)

Lady MacBeth Não Morreu

Lady MacBeth Não Morreu
O Grito
Teatro

Fomos ao teatro! Queria ter visto esta peça quando este integrada na Mostra de Teatro de Almada, mas não houve oportunidade. Assim, aproveitámos a reposição, no Teatro Esúdio António-Assunção (Teatro Extremo).

Um texto trabalhado sobre o origina de Shakespeare, acaba por perder - progressivamente - as sua força, à medida em que a personagem e as varias personalidades dentro dela se manifestam em assuntos cada vez mais próximos da nossa realidade. Seria realmente necessário falar dos refugiados? Quem sabe.

No entanto, temos uma interpretação fortíssima, absolutamente cortante, com uma actriz extraordinária que faz um trabalho muito difícil mas, mesmo assim, exacto. A encenação estava montada de forma a que o público se mantivesse em círculo de volta da personagem e do ceu diminuto cenário, sendo que ela olhava directamente para nós (tanto que uma vez olhou para mim se se tropeçou, mas resolveu-se tudo :p ). Talvez o único defeito deste método é que ela esteve a maior parte do tempo virada de costas para grande parte de nós, sendo que poderiam ter optado por posições um pouco diferentes.

Também gostei muito do jogo de luzes, que alterava completamente a perspectiva de cada uma das visões da personagem.

Conclusão: temos de ir mais ao teatro!

Batman (1989)

Batman (1989)
Tim Burton
Filme
1989
6 em 10

Ignorem a minha classificação, pois a um nível puramente pessoal adorei este filme, que é um dos preferidos do Qui (que foi quem mo mostrou). =D

Realizado por Tim Burto, este foi um dos primeiros filmes de Batman e o primeiro a introduzir alguns elementos icónicos (como o símbolo sobre amarelo). Também introduziu a famosa música que depois veio a ser a abertura dos famosos desenhos animados que, penso, todos conhecemos.

Este filme recorda-me a banda desenhada clássica, quer pela sua estética quer pela sua leveza em termos narrativos. é um filme que, ao contrário do que fazem hoje em dia, mostra os heróis como verdadeiros heróis, sem falha e sem mácula, e os vilões verdadeiramente maléficos. Existem alguns elementos que podem ser criticados, como a origem do Joker e tudo o mais, assim como a própria atitude de Bruce Wayne, que aparece ligeiramente fragilizado e pronto para se apaixonar, mas tudo isto faz sentido dentro do contesxto deste filme, já que na altura era uma raridade que as sequelas fossem planeadas desde o início.

Terei de deixar uma nota de excelência para Jack Nicholson, que faz um Joker absolutamente pérfido e apaixonante, abordando o personagem com uma loucura quasi abstracta que só seria possível com um excelente trabalho de actor.

Portanto, ignorem o mediano e curtam simplesmente do filme. Dei esta nota porque os efeitos especiais são um pouco terríveis.

Obra Essencial de Mário de Sá-Carneiro

Obra Essencial de Mário de Sá-Carneiro
Mário de Sá-Carneiro
Anos 10
Vários

Este livro foi-me oferecido pelo Natal. :)

Mário de Sá-Carneiro ficou melhor conhecido por ser amigo de Fernando Pessoa. No entanto, a sua dimensão literária ultrapassa em muito esta limitação. Neste livro se revela que este autor foi muito mais do que uma pessoa desesperadamente triste, que se matou tal e qual uma rock-star em meados dos seus 20 anos.

Nesta compilação de obras, temos duas secções essenciais: poesia e prosa.

Na poesia, temos versos muito bem pensados, com constatações reais e sofridas de uma vida dedicada ao hedonismo, ao mulherio e não só, havendo uma clarificação da duvidosa sexualidade do autor e, também, revelando muito do desespero que o consumia, mas sem nunca ser preponderantemente evidente. É uma poesia subtil, sendo que aí reside a sua maior força.

Mas a parte que goste mais foi a prosa. Mário de Sá-Carneiro escreve contos que, se os pudermos classificar, enquadraria numa categoria de um pós-gótico. Os temas envolvem sempre mistérios, sendo que muitas vezes há revelações sobre pessoas que não existem, mortos, espíritos e outras malevolências. A escrita é firme, mas sem nunca ser demasiado pesada, sendo que também se faz aqui um retrato muito fiel e curioso sobre a época e ambiente em que o autor vivia. As descrições são puras, embora muitas vezes haja palavras recorrentes (por exemplo, "estrambótico") que poderiam ter beneficiado de melhor edição.

Este homem foi um génio na sua época, embora não tão reconhecido como os seus pares. Este é um excelente livro para se ter numa prateleira e para se pegar frequentemente em busca de qualquer citação agradável, se quisermos ser um bocadinho negativistas.

Esta é a obra essencial, mas fiquei com pena de não termos aqui um autor mais prolífero, pois fiquei com vontade de ler TUDO!

Air Gear

Air Gear
Kamegaki Hajime - Toei Animation
Anime . 25 Episódios
2006
6 em 10

Fazia falta ver um anime de desporto. Sobretudo quando o desporto em causa não existe e consiste, essencialmente, em pessoal a subir paredes de patins!

Trata-de de um anime muito divertido, um shounen clássico bem estruturado que nos faz seguir o crescimento enquanto "air master" de um personagem principal e de seus amigos, sendo que cada episódio nos mostra uma diferente "batalha" para decidir quem fica com qual beco sem saída na rua ou quem se tonrará o grande rei dos patins.

No fundo, é uma história inconsequente, mas é bastante divertida.

Os personagens estão muito simplificados, bastante colados aos seus estereótipos, sendo que o nosso principal é mais um desses rapazes que ri e caga em público mas que tem o poder fantástico da força de vontade, o grande talento latente e todas essas coisas. No entanto, estes personagens pouco complexos são compensados pela sua capacidade de nos fazer rir de vez em quando.

Os designs são um pavor e a animação, para 2006, é infeliz. As cenas de acção estão mal coreografadas na sua maior parte e há um exagero nas linhas cinéticas e em outras técnicas básicas. Para um anime que, essencialmente, é de acção, isto acaba por não funcionar muito bem.

Musicalmente, temos OP e ED bastante originais e que remetem para um estilo dos anos 90, em que andar de patins ainda era fixe.

É um anime regular, mas posso dizer que me diverti bastante a vê-lo. :)

Daytripper

Daytripper
Fábio Moon & Gabriel Bá
2011
Banda Desenhada
 
élbum de BD que me foi oferecido pelo meu pai. Trata-se de uma BD de dois irmãos brasileiros que foi inicialmente publicada em Inglês, de forma episódica, nos EUA. Agora apresenta-se uma versão portuguesa, em português de Portugal, o que soa sem dúvida um pouco estranho. ;)
 
Brás é um homem simples, com uma vida simples, cujo emprego é esceve obituários num jornal. No entanto, a cada capítulo que passa ele morre de forma inusitada, numa espécie de metáfora para a própria fragilidade da vida. As mortes são progressivamente mais improváveis, mas os acontecimentos da vida de Brás são perfeitamente normais e regulares, sendo que acompanhamos, de forma um pouco quebrada, a sua vida pessoal e familiar até ao final, que poderá vir a ser (ou não) uma fatalidade.
 
É um livro que contempla a normalidade da vida, sempre demonstrando que tudo pode ser efémero: a qualquer momento qualquer coisa de estranho pode vir a acontecer e acabar com tudo.

A arte é lindíssima, com designs e cenários exactos e um conjunto de cores muito agradável e progressivamente mais emocionante, trabalhando cada um dos momentos com um detalhe superior.

Fiquei muito contente de adicionar este livro à minha colecção. Entretanto emprestei-o ao meu pai, que espero que goste de variar um pouco das suas leituras. :)
 

Tokyo Godfathers

Tokyo Godfathers
Satoshi Kon - Madhouse Studios
Anime - Filme
2003
6 em 10
Este é um filme de Natal, mas revi-o no outro dia com o Qui, que tem muito interesse neste realizador de anime (Satoshi Kon). Tokyo Godfathers é uma obra ligeiramente diferente, na medida em que se trata de um filme leve e muito cómico, que servirá para aquecer um pouco vossos coraçõezinhos numa fria noite de Fevereiro.

Uma traveca, um bêbado e uma miúda são três sem abrigo que encontram um bebé abandonado. Motivados pelas ideias do seu passado, decidem encontrar a mãe da criança. No processo, vivem diversas aventuras e acabam por realizar que têm muito mais força de vida do que aquilo que supunham. Talvez a melhor parte destes personagens seja a sua caracterização, embora se perceba pouco como a miúda chegou ao ponto em que se encontra.
 
É um filme bem disposto, apesar de no final haver uma secção dramática muito forte e que só compreendi na totalidade neste segundo visionamento. No entanto, a história não nutre grande interesse, sendo que o elemento principal aqui será a sua concretização, em termos técnicos e de edição.
 
A banda sonora, também  só reparei nela agora, é muito divertida e bastante ilógica, sendo que se conjuga perfeitamente com o ambiente.
 
Um bom filme, mas para mim não o melhor do autor.

Homens Imprudentemente Poéticos

Homens Imprudentemente Poéticos
Valter Hugo Mãe
2016
Romance
Como sabem, VHM foi um dos meus autores portugueses preferidos da actualidade. Infelizmente, ele parece ter enlouquecido e este novo livro é apenas mais uma prova disso.

Dedicado a Miyazaki, da Ghibli, esta é como se fosse uma história desse estúdio relatada por alguém que não tem o mínimo conhecimento sobre hábitos e cultura japoneses. Esta narrativa parece mais ser passada numa qualquer aldeia do Minho em que as pessoas têm nomes asiáticos. Parece não ter havido qualquer pesquisa, sendo que mesmo os epítetos associados às pessoas estão errados no contexto cultural (uma criada nunca chamaria a sua patroa de "musume", por favor)
 
A história, em si, está cheia de pontos em que a lógica falha, sendo que o livro parece ter sido escrito numa tarde no jardim, em cima do joelho, num bloco de notas. Por exemplo, a que propósito é que uma cega perdida na floresta tem um vestido de casamento feito pela sua mãe?
 
A ecrita é infantil, mas não de uma forma agradável ou amorosa. É simplesmente estupidificante.
 
Este livro assinala, talvez, a minha separação deste autor.

7.2.17

Lisboa Triunfante

Lisboa Triunfante
David Soares
2008
Romance

Mais uma vez, David Soares conquista o meu coração. <3

Com uma muito detalhada pesquisa histórica, este livro discorre sobre misteriosos acontecimentos na cidade de Lisboa, deste a pré-história até à actualidade, protagonizados por uma misteriosa raposa e por um misterioso lagarto.

Tudo começa com um momento absolutamente fascinante de uma era primitiva (não existem, de todo, muitos romances sobre isto). É explicada a sua "religião" e crenças em geral e a forma como estas são inicialmente destruídas. Depois, passamos por diferentes épocas, em que existe sempre uma estranha raposa que influencia os acontecimentos. O livro fala de vários elementos históricos de todos nós conhecidos, mas com um twist ligeiramente aterrorizante tão característico da obra deste autor. Mas considere-se que as épocas estão tão bem definidas, quer a nível de descrições e personagens como mesmo a nível da linguagem, que parece que estamos a ler histórias completamente diferentes.

Aliás, tudo faz sentido apenas no final, em que se desenvolve uma fantasiosa teoria sobre o universo que, mais ficção científica do que outra coisa, tudo termina com um banho de água fria cheio de humor negro.

Fiquei cheia de vontade de ler um complemento a este livro que explica a inspiração e os dados his´toricos presentes ("Um Passeio por Lisboa Triunfante"). 

Li este livro em duas tardes: absolutamente viciante. Vou já emprestá-lo ao meu pai e depois partilhá-lo com toda a gente. :>

Apanha-me se Puderes

Apanha-me se Puderes
Steven Spielberg
2002
Filme
6 em 10

Inspirado numa história real, este filme fala de um jovem vigarista que, passando cheques falsos a torto e a direito, consegue roubar milhões de dólares a toda a gente. Também fala do polícia que o persegue e da forma como ele é apanhado.

É um filme curioso na medida em que esta pessoa existiu mesmo. É fascinante ver como ele falsifica os cheques e a forma como a sua lábia de mentiroso consegue dar a volta a (quase) toda a gente. Um filme que revela o talento latente de DiCaprio, ainda muito traumatizado pelo fado de lindo menino de Hollywood (vede Titanic).

A narrativa move-se rapidamente, sem momentos mortos, e cheio de pequenas coisas deliciosas: estamos sempre à espera da próxima trafulhice deste rapaz e de como é que ele vai fugir desta vez.

Talvez a parte que me tenha agradado menos seja a relação polícia-criminoso, em que o primeiro parece nutrir uma obsessão pouco saudável pelo segundo.

De resto, um filme muito divertido para ver antes de uma festa. :)

Que Importa a Fúria do Mar

Que Importa a Fúria do Mar
Ana Margarida de Carvalho
2013
Romance

 Recebi este livro pelo BookCrossing, num Ring. 

Existem alguns livros que se podem definir numa única palavra. A deste é: petulante. Cada vez mais me convenço que para um livro ter sucesso em Portugal e ganhar prémios em geral tem de falar sempre de temas relacionados com a ditadura ou a guerra colonial. Mas neste caso em específico, a autora não faz de todo um bom trabalho.

Duas histórias se misturam aqui: a do homem que esteve preso no Tarrafal e a da jornalista que o está a entrevistar. Existe uma obsessão com uma mulher perdida a quem o homem enviou umas cartas. E descrições altamente detalhadas dos horrores horríveis e horrendos da dita prisão.

No entanto, passa-se aqui uma coisa que não funciona de todo: a escrita. A autora mistura os seus conceitos altamente modernos e plenos de "piada" com coisas que não estão adequadas à época. Por exemplo, porque é que uma pessoa nos anos 40-50 faria "um link entre sinapses"?

Para além disso, a autora faz questão de dizer frequentemente que este livro é um livro. Uma espécie de quebra da quarta parede, mas que apenas dá toda uma aura de auto-glorificação à escrita.

Um livro que me irritou pela personalidade que transmite. Cada vez mais desisto do Prémio Leya.

Mai Mai Miracle

Mai Mai Miracle
Katabuchi Sunao - Madhouse Studios
Anime - Filme
2009
6 em 10

Raramente se vê um filme deste estúdio que seja inteiramente dirigido a um público mais infantil. Este é um desses casos.

Shinko é uma miúda do campo, num Japão pós-guerra, que vive fascinada com as suas próprias fantasias. Um dia, faz uma nova amiga: uma menina que veio de Tóquio e que está a ter algumas dificuldades de adaptação. Assim, o filme fala essencialmente da relação entre os vários personagens e da forma como as suas amizades se desenvolvem, tendo como ligação a fantasia inicial.

Apesar das personagens serem encantadoras e formarem rapidamente uma ligação com o espectador, existem alguns elementos narrativos que me pareceram plenamente escusados. Por exemplo, a história da princesa de "há mil anos atrás" é tão desnecessária para o desenvolvimento da narrativa como altamente incorrecta em termos históricos. Para além disso, o drama final com os yakuzan aparece sem qualquer contexto e seria altamente improvável.

De resto, temos uma arte brilhante, plena de luz e cor, com cenários altamente detalhados e muito cuidados. É o tipo de filme que vale a pena ver em qualidade superior. As cenas de animação mais prementes estão muito bem feitas e, no geral, é um prazer visual.

Musicalmente, temos um conjunto de peças dirigidas a um público muito pequenino, mas que se enquadram muito bem com o filme e acabam por ficar na cabeça.

É um trabalho divertido e tecnicamente correcto, mas com alguns elementos que poderiam ser melhorados. Ainda assim, sugiro a quem tenha pequeninos em casa que lhes mostre esta obra.

1.2.17

Regresso a Peyton Place

Regresso a Peyton Place
Grace Metallious
1959
Romance

Comprei este livro no Porto, numa feira de rua, por um imenso euro, pois precisava de um livro para ser o prop da minha photoshoot de Bela (da Bela e o Monstro), que um dia haverei de publicar. Quando tiver paciência para organizar as fotos. E tempo. Coisa que ainda não ocorreu, desculpem todos :( Enfim, já que tinha o livro nas mãos, pensei... Porque não lê-lo? Mas à primeira página arrependi-me logo. É uma sequela a um outro livro, mas de todos os modos é absolutamente terrível.

Esta sequela continua eventos anteriores que, por um lado ainda bem, até estão bem explicdos para quem chega aqui de frente e sem saber nada, tal como eu. Mas é um livro que fala, ele próprio, da publicação de um livro sobre mexericos de uma cidade pequena. Assim, pode resumir-se como a mesma coisa, só que existe realmente.

Fala das vidas corriqueiras de um grupo de pessoas, como a escritora que se tornou super famosa com o seu primeiro romance e se envolve com o editor num universo de jóias e hotéis luxuosos, ou como a amiga da dita que tinha morto o padrasto que a violava e agora luta para encontrar um lugar na vida. Também fala de um rapaz que se casou com uma maluca e de uma tipa que teve um filho.

Mas será que isto interessa alguma coisa a alguém? Estes personagens não têm qualquer tipo de caracterização, embora a autora faça demorados flashbacks a toda a gente, até pessoas que aparecem apenas durante um parágrafo para depois se verem reduzidas à invisibilidade.

Para além disso, a edição do livro é terrível, cheia de erros gramaticais e de tipografia. Um que me marcou foi: "... confiava nela cagamente."

Um livro tão mau que nem para prop serviu correctamente.

Aquarion Evol

Aquarion Evol
Kawamori Shoji - Satelight
Anime - 26 Episódios
2012
4 em 10

Para compensar todas as vezes em que o meu clube acerta em cheio, temos exemplos como este, em que sugerem coisas que não cabem na cabeça de ninguém.

Mechas divididos por géneros, com magias, com aliens, com mamocas pululantes, o que poderia dar errado? Ou a pergunta seria... O que poderia dar certo? Este anime é uma amálgama de inspirações provenientes de mechas clássicos, que funcionam apenas como pálida imitação destes. Uma narrativa vulgar, com uma conclusão totalmente esperada. Personagens estereotipados com relações pessoais exageradas que caminham para uma resolução desnecessariamente melodramática. 

A animação também não ajuda. Os designs tanto dos personagens como dos robots são completamente absurdos, reminiscente de uns anos 80 que nunca aconteceram (e ainda bem). Existe uma utilização de CG precária, mal integrada e arcaica, sem qualquer tipo de fluidez e com um nível de produção aquém das expectativas. As cenas de acção tornam-se ridículas devido à má utilização da técnica, sendo que o uso de cores é muito desequilibrado nos cenários. Estes poderiam ser mais interessantes se tivessem sido melhor utilizados, já que o setting (uma espécie de neo-Veneza) é bastante curioso. De todos os modos, a qualquer momento podem aparecer umas maminhas saltitantes, portanto nem tudo está perdido.

A banda sonora é longa e completa, mas as peças que a compõem são de um pop azeite que já foi ultrapassado há uma década. Nas situações mais intensas podemos contar sempre com um power-pop altamente épico que pode ou não envolver corais. Funciona? Nem por isso.

Um anime que me deixa enraivecida.