Vinte e Zinco
Mia Couto
1999
Novela
Este livro aparece na sequência de uma colecção temática da Editorial Caminho, com o mote do "25 de Abril", em 1999. Esta é a perspectiva de Mia Couto sobre a data em causa. Ora, eu por norma não gosto do Mia Couto. Sempre o achei um pedante que se acha muito especial por inventar palavras novas. Mas este livro foi, de certa forma, uma experiência diferente, porque tudo o que eu tinha por defeito do autor se dilui nesta narrativa.
Nos dias imediatamente antes e após o 25 de Abril em Lisboa, um grupo de habitantes de uma pequena aldeia africana não sabe o que fazer. Ora, um deles é agente da PIDE e tem muitos traumas sobre os quais se podem falar. É na relação destes personagens, as revelações sobre a realidade em oposição às sequências mágicas e feiticeiras dos hábitos locais, que o autor se baseia para nos mostrar a consequência imediata da revolução.
A caracterização dos personagens é curta mas essencial, sendo que poderiam todos ter sido um pouco mais explorados se houvesse mais "tempo". A forma como tudo está descrito é muito simples, quase infantil, apesar da brutalidade de algumas das situações. E quanto às palavras inventadas, elas fluem com toda a naturalidade, assemelhando-se em tudo às suas partes que figuram realmente no dicionário.
Será este o primeiro passo para fazer as pazes com o autor? Quem sabe... ;)
Sem comentários:
Enviar um comentário