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15.8.17

Kimi no Na wa.

Kimi no Na wa.
Shinkai Makoto - CoMix Wave Films
Anime - Filme
2016
6 em 10 

O Qui estava curioso com este filme, pois foi o filme mais visto no Japão do último ano e, para além disso, está com classificações superiores a 80% em todos os sites de referência. Queríamos, sem dúvida, saber a razão deste estrondoso sucesso. Agora, depois de ver o filme, compreendo a causa da popularidade, mas devo dizer que discordo.

Shinkai Makoto é um dos meus realizadores de anime preferidos, sendo que vi praticamente toda a sua obra desde os seus tempos de estudante. Os seus temas envolvem sempre encontros e desencontros separados por um espaço-tempo inultrapassável, sendo que tudo isto é coroado por uma arte quasi-divina e uma animação superior em todos os aspectos, o que se torna ainda mais extraordinário pelo facto de Shinkai fazer praticamente tudo sozinho no seu apartamento.

Kimi no na wa. (Your Name) aparece como uma das suas primeiras grandes produções: finalmente foi dado um orçamento ao autor conforme ele merecia. E Shinkai não fez por menos.

Ora, aqui a questão prende-se, talvez, com o meu conhecimento da obra do autor. Este filme acaba por não trazer nada de novo ao panorama, quer em termos narrativos quer em termos de tema. Um rapaz da cidade e uma rapariga do campo trocam de corpo, apenas para descobrir mais tarde que nunca poderão vir a conhecer-se por razões que depois serão explicadas. Se ao início esta troca é engraçada e cândida, rapidamente cai no esquecimento narrativo, a partir do momento em que se revela que as causas são históricas e sobrenaturais, numa espécie de golpe publicitário a uma região pouco conhecida e ao seu folclore (repare-se que os últimos trabalhos do autor são todos spots de publicidade). A apoteose final é exagerada e a conclusão melodramática e desnecessária.

As personagens também não têm uma caracterização suficientemente sólida para que as suas trocas façam sentido em termos sociais. Nenhum dos intervenientes tem uma personalidade marcada e os seus desejos estão reduzidos a "eu gostava de ter uma vida diferente". Isto no caso da rapariga, pois o rapaz não aparenta ter qualquer tipo de sonhos futuros.

Sem dúvida que a arte é espectacular, mas isso é apenas o que se espera de um Shinkai cheio de dinheiro. No entanto, existe aqui um facilitismo nos cenários: muito detalhados, mas com técnicas de rotoscópio isso não é assim tão complicado. No fundo, trata-se da cópia de uma fotografia com uma animação veloz. Existem nuvens, o principal talento do autor, existem meteoros brilhantes. Mas, para mim, a única parte verdadeiramente interessante da animação foi a sequência de flashback.

Também a música sabe a pouco: temos um conjunto de peças muito pop em que o autor parece tentar remeter-nos para uma espécie de videoclip, em contraposição a situações instrumentais muito dramáticas que não são nada mais do que o vulgar neste tipo de anime.

Enquanto peça individual, trata-se de um filme acima da média, claro. Mas penso que as classificações exageradas se devem ao facto de o espectador comum não estar de todo habituado a este tipo de animação. Assim, dentro do contexto do autor e do anime desse ano, trata-se de um filme dentro da normalidade.

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