Filho de Saul
Lászlo Nemes
Filme
2015
7 em 10
É verdade que ando muito desnaturada com este espaço. A realidade é que esta última semana foi de loucos e mal tive tempo para vir aqui, sendo que dediquei todo ele a escrever o portentoso comentário do Anicomics. E este filme foi visto precisamente na noite anterior, por sugestão do Qui. Trta.se de um filme húngaro (o meu primeiro filme húngaro, penso eu), que ganhou o Óscar de Melhor Filme Estrangeiro.
É um filme curioso e tem um interesse abertamente evidente, já que relata a partir de outra perspectiva a vida dos reclusos de um campo de concentração nazi. Mas, desta feita, analisamos os reclusos que "trabalham" no campo de concentração, tendo por tarefa a eliminação dos outros prisioneiros.
O tema tratado é forte e vem com o acrescento do desespero destas pessoas. O personagem principal é Saul, um homem que encontra uma criança morta e vê nela o seu filho (nunca é clarificado se ele realmente tem um filho). Perante isto, ele promete a si próprio que irá enterrar a criança devidamente, com a oração propícia dita por um rabino. Mas onde encontrar um rabino?
Está tudo filmado da perspectiva deste homem, sendo que a imagem nunca se afasta muito dele. Assim, todos os horrores do campo de concentração passam em pano de fundo, como se se tratasse de algo puramente normal dentro desse contexto. Isto impressionaria muito, não fosse o azar de eu ter lido "As Benevolentes" há pouquíssimo tempo. Quero dizer que, comparado com este livro, o filme que vimos é um passeio no parque. Assim, o efeito saiu um pouco frustrado pela minha parte.
No entanto, é extraordinário o trabalho de actor e de caracterização do cenário, que aparece claustrofóbico e horrendo, quase podemos sentir o cheiro nauseabundo. Ainda assim, achei a narrativa um pouco romanceada, pela forma como o personagem se safa sempre por golpes de sorte seguidos uns aos outros (que, felizmente, terminam num final espectacular).
Assim, acabou por ser um filme que não pode ultrapassar a imagem que agora mantenho sobre os horrores da grande guerra. No entanto, acredito que o posso recomendar.
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