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19.3.21

Nona Florescente

 

Nona Florescente
Iny Cristy Lima
2020
Poesia

A autora deste livro ofereceu-nos lá na clínica e, obviamente, fui eu quem ficou com ele. A capa é giríssima, mas atentando melhor vemos "Chiado Editores" ali no canto, portanto não tinha grandes expectativas.

Tinha razão.

A imagética é muito contemporânea e interessante, com alguns elementos curiosos e surrealistas. Mas as rimas... São tão... Más. Poemas inteiros terminam na mesma sílaba, a autora rima coisas que não fazem sentido, o livro está cheio de gralhas.

Enfim, é uma experiência curiosa e recomendaria a algum fã de poesia, mas não me caiu no goto.

Tempos Duros

 

Tempos Duros
Mario Vargas Llosa
2019
Romance

 Começo a convencer-me que o objectivo de vida do meu querido Vargalhosa é escrever um romance sobre cada uma das ditaduras da América Latina. Isto é um tema que é interessante ao início mas, após várias leituras sobre o mesmo assunto, acaba por fartar um pouco.

Não é que o livro seja mau: não é. Está muito bem escrito, tem um ritmo fantástico e fala de assuntos difíceis mas de uma forma directa e bem-humorada. Apenas o tema podia ser outro completamente diferente. A escrita seria a mesma.

Aprendi muitas coisas sobre a Guatemala e a República Dominicana, mas isto é um conhecimento que - no contexto deste livro - não nos ajuda a compreender a realidade actual. Assim, senti este livro como desnecessário e mais um a adicionar a esse tal projecto bizarro.


Never Rarely Sometimes Always

 

Never Rarely Sometimes Always
Eliza Hittman
2020
Filme
6 em 10

Uma rapariga de um estado interior descobre que está grávida. Não lhe permitem fazer um aborto no seu estado então, juntamente com a sua prima, viaja até Nova Yorque. Este filme mostra a sua aventura de poucos dias nesse estado, e como se processa este procedimento de aborto.

O filme quase não tem diálogo, sendo que os elementos de caracterização e de narrativa passada são dados de forma muito discreta. Ainda assim, é um filme bastante forte e agressivo, que expõe a situação pela qual muitas raparigas têm de passar, assim como a culpabilização e emoções dolorosas.

Como progride de forma lenta, sendo que a maior parte dos intervenientes são homens que assediam e abusam, o filme talvez peque por exagero. Apesar de a segurança das raparigas e mulheres ser muito relativa, este filme faz crer que todo o homem é um abusador, o que não corresponde totalmente à verdade. Talvez fosse importante ter um elemento apaziguador dentro deste contexto.

Ainda assim, um filme importante nestes tempos em que vivemos.


A Sun

 

A Sun
Chung Mong-Hong
2019
Filme
4 em 10

Uma saga familiar passada em Taiwan.

Um jovem vai para o reformatório depois de participar numa amputação do membro de um conhecido. O seu pai despreza-o e considera-se como parente apenas de um dos irmãos, o bem sucedido aplicante a estudante de medicina que faz tudo bem. Entretanto, surge uma rapariga grávida. A família tem de se unir, mas o pai mantém-se firme na sua posição. E depois, a primeira das tragédias.

Talvez este filme tivesse funcionado melhor se fosse uma série, pois cada um dos arcos se demora em muitos detalhes, tornando a narrativa extremamente longa e, assim, extremamente aborrecida. A qualquer momento, no final de cada arco, eu esperava que o filme terminasse.

Apesar de termos uma mensagem bela, acerca do "sol" enquanto elemento físico e humano, esta acaba por se perder na narrativa extremamente detalhada que nos apresentam, com muitos elementos que me pareceram inúteis e indesejáveis.

Não recomendo.

Os Marginais

 

Os Marginais
S. E. Hinton
1967
Romance

Este foi o outro livro resgatado e, por razões cronológicas, talvez o tivesse lido primeiro. Mas bem, não me fez diferença.

Um grupo de jovens entre os 13 e os 20 anos tenta viver a sua vida sem problemas, mas estão constantemente marginalizados. Eles sabem que não são "normais", nunca poderão ser como os miúdos ricos que os atormentam, gozando com as suas roupas e cabelos e maltratando-os sempre que possível. Quando ocorre uma desgraça, o seu problema agrava-se ainda mais. 

Neste livro, o personagem principal tem um discurso mais adequado à sua idade, o que torna a leitura muito interessante, apesar de bastante juvenil. Ele fala-nos da sua família e da sua família alargada, e acabamos por conhecer cada um dos personagens como se tratasse de um amigo. Assim, torcemos por eles incondicionalmente, apesar de sabermos que nem sempre as suas atitudes são as correctas.

A autora também cria uma caracterização para o grupo dos atacantes, demonstrando que todos e cada um também são pessoas, com vidas, com sentimentos, com medos, com sonhos. E, para mim, talvez isso seja o mais importante.

Recomendo!

Indiana Jones e a Última Cruzada

 

Indiana Jones e a Última Cruzada
Steven Spielberg
1989
Filme
6 em 10

E agora para o último filme da saga de Indiana Jones. Desta vez conhecemos um pouco da sua infância e da sua família: o seu pai. E o duo dinâmico é mesmo giro!

Agora, Indiana Jones tem de procurar o último cruzado e descobrir o Santo Graal, antes que (outra vez) os nazis o encontrem. Nem tudo lhe corre bem e, pela primeira vez, temos uma personagem feminina que - sendo forte - também não é o que aparenta. Os efeitos continuam fantásticos, agora com uma maior produção e maior componente digital, que para a altura é bastante boa.

Os detalhes históricos são muito interessantes e a química entre os actores vence tudo. É um filme com situações negativas, mas também cheio de humor. Mais uma vez, um verdadeiro filme de aventura!

Esta trilogia é essencialmente um perfeito representante desses filmes e desse género dos aventureiros que tanto nos cativou como crianças. Teria sido muito feliz (ou talvez muito assustada) em vê-los na infância!

Rumble Fish

 

Rumble Fish - Juventude Inquieta
S. E. Hinton
1975
Romance

Estes livros estavam perdidos e foram resgatados (este e outro da mesma autora) e agora por mim lidos. Salvadores de livros... Em acção!

É um pouco estranho descobrir que S. E. Hinton é Sue, porque o livro é extremamente masculino. Fala de um rapaz muito jovem, mas já delinquente pela força da vida que o rodeia. Fala das suas relações com amigos e relações familiares, uma mãe perdida e um irmão idolatrado.

É um livro muito simples, escrito de forma directa e com um discurso juvenil muito interessante, mas que por vezes pode ser um pouco confuso, na imagética do som e das cores. É um relato de uma juventude americana perdida, mas de certa forma pouco detalhado e pouco verosímil.

Ainda assim, li-o numa viagem de autocarro e gostei bastante.

Indiana Jones e o Templo Perdido

Indiana Jones e o Templo Perdido
Steven Spielberg
1984
Filme
6 em 10

Passamos ao segundo filme da saga de Indiana Jones, em que este - depois de atribulações na China - se encontra perdido na Índia e se remete a buscar uma pedra mágica que foi roubada por um culto maléfico.

Este filme assustou-me para cacete. Tem insectos, demasiados insectos, e morri de medo e gritei imenso. No me gusta isso, non. De resto, este filme é bastante mais negro, com elementos assustadores e violentos, sobretudo dirigidos a crianças. Não é um filme que pudesse sair em 2021. Os efeitos práticos continuam fantásticos, desta vez com alguma integração de meios digitais, bem capazes para época.

As personagens são diferentes neste filme e temos uma personagem feminina absolutamente oca e incapaz, e uma criança que não traz grandes mais valias à narrativa (talvez porque o filme tem muitas crianças).

Enfim, nunca esperei que um filme de aventura fosse tão assustador. Acho que afinal não quero ser arqueóloga.

 

Os Salteadores da Arca Perdida

 

Os Salteadores da Arca Perdida
Steven Spielberg
1981
Filme
7 em 10

Acreditam que eu nunca tinha visto um filme do Indiana Jones? Bem, com este primeiro fiquei apaixonada!

Doutor Indiana Jones é professor de arqueologia na universidade e, também, um aventureiro. Incubem-lhe a missão de salvar dos nazis uma arca perdida, que supostamente contém as tábuas dos dez mandamentos e um poder incomparável que não pode cair nas mãos dos malévolos fascistas. E assim começa uma aventura apaixonante, cheia de acção e de humor.

Os efeitos especiais e práticos são fabulosos, o humor cativante e as personagens apaixonantes. Talvez a figura feminina seja um pouco fraca, pois necessariamente tem de ser salva por Indiana Jones. Os actores têm papéis bastante simples, mas interpretam-nos de forma muito eficaz e humorística.

Um verdadeiro filme de aventuras, que me deu vontade de largar tudo e ser arqueóloga! Mal sabiam os miúdos dos anos 80 que ser arqueólogo inclui saber todos os detalhes de osteologia e que isso, meus amigos, isso é uma valente seca!

Falcó

 

Falcó
Arturo Pérez-Reverte
2016
Romance

Há muito tempo que não lia um romance de espionagem, então este soube mesmo a ginjas. Um verdadeiro page-turner, que li num único dia simplesmente porque não o conseguia largar!

Falcó é um espião franquista, um sedutor e um aventureiro, sem filiação política apesar de estar do lado dos maus. Aliás, é algo que me fez grande confusão, ele estar do lado dos fascistas. No entanto, ele tem um sentido de justiça apurado e irá lutar por aquilo que acha correcto.

As voltas e reviravoltas são apaixonantes e viciantes. Talvez o único defeito do livro seja a caracterização de Falcó, que apesar de estar sempre a conquistar belas damas não aparenta ter uma personalidade definida, e demonstra muitas vezes momentos de fraqueza que não correspondem ao que imaginávamos.

De resto, recomendo bastante, lê-se num instante!

A Rapariga que Inventou um Sonho

 

A Rapariga que Inventou um Sonho
Haruki Murakami
2006
Contos

Ofereceram-me este livro no Natal e mais tarde lembrei-me que já o tinha lido. Foi o primeiro livro de Murakami que comprei e li. Não surpreendentemente, não me lembrava de grande coisa. Ainda assim, não foi uma leitura especialmente agradável.

Murakami tem um problema na sua estruturação que o torna bastante medíocre. Observemos: o conto começa com um relato de si próprio ou de outra personagem. Depois essa pessoa começa a falar de um acontecimento da sua vida, contando uma história sem qualquer relação com os primeiros elementos. Assim, acabamos por não chegar a conclusão nenhuma.

A tradução da Casa das Letras continua a ser atroz, com o abuso da horrível expressão "acto contínuo".

Espero que não me ofereçam mais livros do Murakami.

9.3.21

Collateral

Collateral
Michael Mann
Filme
2004
6 em 10

Um taxista vê-se, por mero acaso, como motorista de um assassino a soldo. Tem de o levar a matar as pessoas, embora não o queira: ele quer salvá-las e só o leva porque pensa que são má rês.

Assim, temos Tom Cruise a dar tiros (o que é sempre interessante) e caminhos de táxi com diálogos interessantes e uma boa exploração das personagens. O aspecto visual do filme é curioso, porque se mantém sempre em tons escuros pontuados pelas luzes da cidade. É um filme hard-boiled.

Talvez a sua principal falha se encontre na personagem de Tom Cruise, que apesar de ser má onda tem uns laivos de bondade que não se conjugam bem com a imagem pretendida. Também o final fica aquém do esperado, porque o confronto directo acaba por ser sempre uma maneira um pouco apressada de acabar com as coisas.

De resto, foi divertido.

 

Raya and the Last Dragon

 

Raya dn the Last Dragon
Don Hall & Carlos López Estrada
Filme
2021
5 em 10

De quando em quando necessitamos de uma nova princesa da Dinsey, sobretudo se tiver representatividade racial. Falando rápido e grosso, este filme seria excelente, se fosse completamente diferente.

A animação é lindíssima, mesmo muito bem feita, sobretudo considerando que foi quase toda feita em "teletrabalho". Os designs são muito bonitos e o universo em que isto tudo se passa é verdadeiramente original, embora bastante simples.

O problema é o diálogo. O diálogo aparece completamente fora do contexto, piadas modernas num mundo antigo, e é uma verdadeira lição de moral mal disfarçada para meninas pequeninas: sê amiga da tua amiga, perdoa, dá o primeiro passo. Confiança, é a moral. Mas tudo tão básico, com um discurso tão vazio, que o evidente se torna irritante.

Este filme teria beneficiado bastante de ser uma série.

Barroco Tropical

 

Barroco Tropical
José Eduardo Agualusa
2009
Romance

Presente de Natal do BookCrossing, foi uma leitura muito rápida, leve e agradável.

Um escritor (que *não* é José Eduardo Agualusa) e a sua amante vêm uma mulher a cair do céu. A partir daí o escritor vai ver-se envolvido num mistério que envolve política, um homem com asas e mitos diversos.

O autor utiliza recursos para simplificar a sua narrativa que, mais que originais e divertidos, parecem um pouco preguiçosos. Também faz alarde da exploração do prédio e da cidade, falando de mitos urbanos e hábitos enraizados na sociedade, mas que não servem para grande coisa na estrutura da narrativa, não acrescentando nem tirando nada a esta. Também faz diversas auto-referências, menciona amigos famosos e diverte-se a demonstrar o quão fixe é enquanto ser social que conhece muita gente.

De resto, a história é divertida, muito fácil de ler. A crítica à sociedade angolana parece aparecer a mais, sendo que esta história poderia passar-se em qualquer lugar do mundo sem grandes diferenças. Ainda assim, gostei da escrita e certamente que lerei outros livros do autor.

Willy's Wonderland

 

Willy's Wonderland
Kevin Lewis
2021
Filme
5 em 10

Imaginemos a hipótese de que o Nicholas Cage é convidado a limpar um parque temático abandonado. E imaginemos que ele está assombrado por bonecos animatrónicos assassinos. O que é o que o Nicholas Cage faria?

Obviamente que os vai matar na porrada!

Este é um filme de terror adolescente com um twist: os monstros não são tão assustadores quando há alguém a matá-los. A narrativa e o diálogo são típicos, um verdadeiro clássico da série B. Mas esta mudança de perspectiva, em que o senhor da limpeza vai (sim!) limpar tudo mesmo que monstros o tentem impedir, é realmente muito cómica.

Cage nem sequer fala, não diz nada o filme inteiro, mas nota-se que se divertiu bastante a fazer esta maluqueira. De resto, temos uma banda sonora surpreendentemente original, e efeitos práticos muito interessantes.

Um filme para comer pipocas, mas mesmo divertido.

Hello! Sandybell

 

Hello! Sandybell
Toei Animation
Anime - 47 Episódios
1981
4 em 10

Estou a fazer uma pesquisa sobre anime antigo que passou na televisão portuguesa e que eu não vi. Portanto, nos próximos tempos poderão aparecer aqui comentários de animes antigos. Então, vamos à Sandybell, da qual nunca tinha ouvido falar até sacar os episódios.

Sandybell é uma menina num mundo muito estranho, que é metade vitoriano e metade anos 30. Veste-se como uma criancinha de dez anos, mas conduz uma carrinha mágica (que está equipada com bombas, redes, água, enfim, imenso jeito). Tem amigos pequeninos, mais pequenos que ela, e tem amigos crescidos, nomeadamente homens que ficam fascinados pelo seu encanto, simpatia e beleza e - por isso - aprontam-se de imediato para ajudar na sua aventura de encontrar a sua verdadeira família.

Enfim, temos aqui uma mistura de coisas que não fazem sentido nenhum, e por isso o anime é estranho e pouco apelativo. A animação também é bastante incapaz, aparentando ser de uma cronologia bem anterior ao início dos anos 80, assim como as vozes, que dividem os personagens entre os que são bons para a Sandybell e os que são maus para a Sandybell.

A Sandybell em si é uma menina sem idade, que deveria ter crescido mas continua sempre obtusa como um seixo da praia.

Um anime chato, irritante e nada encantador.

O Pomar em Chamas

 

O Pomar em Chamas
Shena Mackay
1995
Romance

Há infâncias felizes e... Bem... Há outras que não o são. Este livro fala destas últimas.

Uma senhora visita a sua terra de infância apenas para recordar as coisas horrorosas que aconteceram. A sua melhor amiga, com a qual se divertia a tentar fugir da realidade, em quem os pais arreavam a porrada frequentemente, e ela própria - abordada sexualmente por um velhote aparentemente simpático.

O livro é uma memória dos anos 50, mas não é uma memória que abone muito em favor do sistema educativo, das pessoas daquela vila e das próprias famílias. A narrativa por vezes dá voltas que não nos levam a lado nenhum e que servem apenas para caracterizar este festival deprimente em que a criança vivia.

A tradução também deixa muito a desejar, sempre com notas de rodapé para as coisas mais vulgares.

Não recomendo.

Zodiac

 

Zodiac
David Fincher
2007
Filme
6 em 10

Há muito tempo que queria ver este filme, e finalmente tive a oportunidade. Talvez porque tinha uma expectativa completamente diferente, fiquei desapontada.

Narra a história dos crimes e investigação do criminoso conhecido como "Zodiac", que fez furor nos anos 60 e 80 com os seus crimes (não assim tão) horríveis e pelas mensagens misteriosas que enviava para que tentassem descobrir a sua identidade. O filme percorre os 15 anos entre os primeiros crimes e a edição de um livro com os resultados da investigação, mas - como se sabe pela história - sem culpados e sem consequências.

Confesso que pensava que os crimes eram muito mais horrendos e que o mistério dos criptogramas fosse extraordinariamente complexo. Por isso fiquei um pouco triste quando o filme se focou sobretudo nas relações entre as várias agências policiais e na falta de comunicação entre elas.

Ainda assim, foi um filme interessante e estimulante, que passou num instante.

Um Capricho da Natureza

 

Um Capricho da Natureza
Nadine Gordimer
1987
Romance

Recebi este livro através do BookCrossing, mas não era exactamente o que estava à espera. Primeiro, uma edição terrível, com letras minúsculas e estreitinhas, extremamente difícil de ler. Depois, uma narrativa densa e por vezes complexa, que me deixou aflita na leitura algumas vezes.

Este livro conta a história de Hillella, uma improvável interveniente nas revoluções da libertação da África negra e no fim do apartheid. O livro é quase como uma biografia imaginária, cruzando-se com referências da realidade. No entanto, a personagem principal é sempre indiferente a tudo aquilo que a rodeia e uma pessoa questiona-se porque raio é que ela se junta aos movimentos revolucionários se não aparenta ter uma ideia própria para pensar.

Apesar de existir uma boa caracterização do apartheid e do estado em que se encontravam os refugiados políticos na época, esta personagem esbatida acaba por tornar o livro numa narrativa estranha e quase desnecessária.

Desapontou-me.

her

 

her
Spike Jonze
2013
Filme
7 em 10

Um ensaio sobre a solidão.

Num universo tecnológico, muito aproximado à nossa realidade, um recém-divorciado encontra problemas em relacionar-se. Tudo muda quando adquire um sistema operativo com inteligência artifical, que se revela com uma identidade quase humana. E, humano e máquina, apaixonam-se.

Este filme é muito curioso porque apresenta a possibilidade de combater a solidão através das máquinas, ao mesmo tempo que permite o debate sobre o que é a realidade humana e o significado do amor. Neste debate, chego à conclusão de que toda esta sociedade (quase distópica) sofre do mesmo problema do nosso personagem principal, o que nos remete para o nosso próprio momento. Estamos tão desesperados por interacção que aceitamos a interacção da máquina como se fosse humana?

Com cenários simples e limpos, e uma luminosidade igualmente limpa, este filme é tecnicamente competente e vale, sobretudo, pela apresentação deste debate. Os personagens são palpáveis e apaixonantes. Fica em falha a conclusão, que talvez pudesse ser mais contemplativa.

De resto, recomendo.

Gunda

Gunda
Viktor Kossakovsky
Filme
2020
8 em 10

               Quando pensamos em filmes sobre a indústria da carne, surgem-nos sempre as pavorosas imagens do transporte e abate que, terríveis, apelam para o nosso lado da suavidade humana que odeia morte e violência. Mas “Gunda”, filme norueguês realizado por Viktor Kossakovsky, coloca-nos uma diferente perspectiva.

                Filmado a preto e branco, com uma banda sonora composta exclusivamente de sons de animais e da natureza, este filme mostra-nos a vida diária de uma porca e seus porquinhos, uma manada de vacas e uma galinha perneta, numa aparente liberdade, com possibilidade de exibirem os seus comportamentos normais. O filme é extraordinariamente belo, com uma cinematografia comovente, mas o que o distingue em absoluto dos outros filmes apologistas do vegetarismo, é a naturalidade com que nos mostra a vida diária destes animais de produção que, livres, conseguem ter uma vida aparentemente normal.

                Com uma sensibilidade quase cruel, os animais são-nos mostrados em todo o seu esplendor, com pequenas descobertas, pequenas dúvidas, e o crescimento de uma família. Este filme demonstra de uma forma concreta e silenciosa que, sim, os animais de quinta são também seres sencientes, que – à sua maneira própria – também amam e também querem ser livres.

                Quis falar aqui sobre este filme porque penso que deve ser visto, não tanto para a compreensão da indústria da carne, mas para entendermos que aquilo que comemos esteve, realmente, vivo e que também teve algum tipo de sentimento.