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29.12.14

A Lancheira

A Lancheira
Ritesh Batra
2013
Filme
6 em 10
Sentia-me melhor. Spoiler: fiquei pior outra vez. De qualquer forma, pus-me a ver este filme com a minha avó, o que não foi uma boa ideia. É um filme indiano e a minha avó acha toda a gente feia e faz questão de o dizer frequentemente.

Ila é uma mulher que se sente sozinha e desprezada pelo marido. Esforça-se por o conquistar através da comida, enviando-lhe todos os dias uma lancheira cheia de comida de aspecto delicioso. Ora, estas lancheiras são enviadas através de um sistema muito complexo, em que não há lugar para erros (e não há mesmo erros!). Não há erros excepto neste caso, em que a dedicada lancheira de Ila vai parar às mãos de um contabilista solitário, a aproximar-se da reforma. Ora, ele - ao contrário do destinatário original - acha a comida deliciosa.

Ao dar-se co nta do erro, Ila envia um recado por baixo de uns pãezinhos achatados. E ele responde. A partir daí começa uma estranha correspondência, em que se trocam confidências e conselhos. E assim os personagens se desenvolvem, especialmente Saajan, que reganha uma alegria de viver e consegue até fazer novos amigos.

É uma narrativa muito delicada e melancólica, em que duas personagens formam uma amizade  ligada pela comida. Esta, tem todo o aspecto de ser motivadora de grandes amizades, diga-se de passagem. É um bom retrato da Índia moderna e de como podemos encontrar a calma nas coisas simples. Também avança por conceitos como o envelhecimento e a evolução de uma vida.

No geral, um filme agradável, que terminou de forma um pouco inusitada. Todos esperávamos aquele encontro.

Música no Coração

Música no Coração
Robert Wise
1965
Filme
7 em 10

Sabiam que no Brasil este filme se chama "A Noviça Rebelde"? :3

Enfim. A minha irmã pôs aquela coisa da box da televisão a mexer e havia vários filmes para escolher. Como eu adoro este filme com toda a música do meu coração, pedi para o por a dar.

Maria é uma noviça num convento que não se consegue adaptar muito bem à vida nesse loca.ç A montanha chama-a frequentemente e a scolinas estão vivas com o som da música, então ela tem de ir para lá cantar. Tendo isso em conta, amadre-superiora manda-a para casa de um capitão da marinha para mudar de ares. Lá será perceptora de sete crianças horrorosas. OEnsina-as a cantar e a ganhar um novo amor pela vida e o resto já sabem.

No fundo, este filme é um musical sobre a vida em família e como a música pode fazer com que as pessoas se voltem a aproximar umas das outras e serem felizes. Gosto imenso de todas as músicas e toda a narrativa está cheia de pequenas graças que, inocentemente, me fazem rir com muito gosto ("os pobres não quiseram este vestido!")

Também é um exercício ligeiro sobre o terror da guerra que, na época, se aproximava de todas as famílias, prestes a roubar a alegria que tanto custou a ser conquistada à força de tantas canções. Talvez a sequência final, a da fuga, seja demasiado longa, pois repetem-se várias das músicas que já conhecíamos do resto do filme, mas mesmo assim a cena da recepção do telegrama é extremamente formte e queremos realmente que estas pessoas se consigam salvar. Conseguimos realmente criar uma onexão com elas, embora nem todas as crianças tenham sofrido o devido desenvolvimento (são crianças a mais)

Com um guarda roupa divertido e bem apropriado à época, talvez a maneira de actuar possa passar por desactualizada nos dias de hoje.

Enfim, é um filme de que gosto imenso e que nunca me canso de ver. Todos nós temos a nossa pizza de extra-queijo que comemos às escondidas dentro de um armário.

A Bela Adormecida

A Bela Adormecida
Clyde Geronimi
1959
Animação - Filme
6 em 10

Coisas curiosas acontecem. Uma delas é o facto de, certo dia, acordar com uma ligeira dor de garganta e ameio do dia estar com 39,7 de febre. Assim, passam-se estes tempos observando o que passa nos canais TVCine. Para mais, o meu computador principal, o Zizi (que partilha o nome com certa figura, mas não foi de propósito) decidiu sofrer de um badagaio em que tudo voltou aos anos 90. Sem som, sem internet, sem nada, não posso ver anime, portanto. Por isso, resumimo-nos a ler e, como dito, a observar o TVCine.

Apanhei este filme na sua versão original. Confesso que a princesa Aurora nunca foi das minhas preferidas. Aliás, nem por isso gostava muito de filmes de princesas. Gostava mais daqueles que tinham animais. Neste caso, recordo perfeitamente a primeira vez que vi esta película. Foi em casa de um primo da minha mãe, que tem duas filhas um pouco mais novas que eu. Eu não tinha "A Bela Adormecida" em cassete, o que me parecia algo de quase impossível, pois nessa época estava convencida da plenitude máxima da minha colecção de cassetes da disney. Mas bem, vi o filme e achei-o chatíssimo, quase que adormeci. 

Desta vez não adormeci, talvez por estar meio delirante com febre, mas continuei sem o achar nada de especial. A história é muito simples e como a princesa não é propriamente caracterizada ao início, excepto o facto de ser muito boazinha, não é impressionante o facto de ela ficar a dormir para sempre. A história de amor à primeira vista faz pouco sentido e chega a ser um pouco assustadora ("olá garina, conheci-te num sonho")

A graça principal do filme está nas três heroínas improváveis, as fadas madrinhas, que têm uma relação muito gira entre elas, com bons diálogos e uma série de momentos deliciosos nos seus maneirismos.

A arte está muito boa para aépoca, embora não me agrade a escolha estilística para os cenários, que me pareceram demasiado planos e directos, coisa que não combina com o ambiente de conto de fadas que o filme deveria imprimir. Para mais, pareceu-me tudo demasiado azul e cinzento, o que é uma chatice.

Para quem esta for a sua princesa preferida, por favor me explique, pois não o compreendo.

27.12.14

Slayers

Slayers
Watanabe Takashi - SoftX
Anime - 26 Episódios
1995
5 em 10

Aparentemente, esta série deu na televisão. Ora, eu não me recordo nada de ter visto isto. Portanto, tenho uma vantagem em relação ao resto do mundo: óculos de nostalgia? Não tenho. Vejo simplesmente o que está à minha frente, sem boas memórias a dizer-me que bom que foi. Porque bom, olhando para a coisa com um mínimo de objectividade, bom não é.

Lina Inverse é uma feiticeira que anda por aí a roubar coisas. Até que um dia rouba a coisa errada e, a partir daí, anda a fugir e perseguir (ao mesmo tempo) uma entidade maléfica que tenciona invocar outra entidade maléfica. Assim, temos uma série de episódios em que não se passa grande coisa, para depois seguirmos para uma conclusão mais ou menos lógica. É um anime que tem um arco narrativo geral, interrompido por uma série de episódios individualistas que relatam as aventuras de Lina Inverse e os seus novos amigos. Estes episódios ajudam-nos a compreender o funcionamento deste universo fantástico, que está bastante bem construído e é acreditável. Na verdade, é um mundo muito divertido onde todos podem viver felizes. Não me importaria de lá viver!

O ponto forte da série são as personagens, que formam um conjunto muito divertido e único. De amigos a inimigos, temos uma grande variedade de pessoas que passam no caminho de Lina Inverse e sua pandilha, que vai gradualmente aumentando de tamanho. As vozes estão muito bem aplicadas e estes personagens, apesar de não sofrerem qualquer tipo de desenvolvimento, são bastante agradáveis. Infelizmente, a comédia sofreu com a passagem do tempo e estabelece-se como desactualizada e antiquada. Na verdade, transmite-nos todos os clichés cómicos que existem em animes do género e creio que a série teria sido muito melhor se tivesse pelo menos alguns momentos mais sérios.

Outra coisa que sofreu com o tempo foi a animação. Na época já não era muito boa, com uso de muitas imagens repetidas, designs inconsistentes nas personagens e demasiados elementos caricaturais. Mas hoje em dia, é apenas triste. Se este tipo de animação podia ser aceitável na altura, agora que olhamos para trás é demasiado fácil ver onde estão todos os erros. Existem muitas cenas de acção com magias brilhantes, mas nem isso compensa.

Musicalmente, temos OP e ED bastante boas, modernas para a época e que caracterizam bem a série. No parênquima, há um certo desejo de aventura que fica bem claro quando aliado às cenas de acção.

Talvez esta série fosse um epítomo da fantasia há vinte anos atrás. Hoje em dia, não recomendaria.

A Insustentável Leveza do Ser

A Insustentável Leveza do Ser
Milan Kundera
1983
Romance

Este livro foi-me oferecido pelo Qui no meu passado aniversário, mas só agora tive oportunidade de o ler. Foi realmente uma boa escolha, porque é uma história de amor muito bonita. Como gosto do meu Qui! ^___^

Este livro trata de vários assuntos. Primeiro, é uma história de amor. Aliás, uma história sobre o amor. Tomas e Tereza, Sabina e Franz, Tomas e todas as mulheres, tudo isto é mote para falar sobre este sentimento e as relações entre as pessoas. E a conclusão é de uma pureza quase infantil: o amor é como um cão. A história tem cenas de elevado erotismo, mas nunca se torna vulgar. Pois o autor faz uso do poder da sugestão, daquilo que poderemos pensar que vai acontecer, sem ser extremamente descritivo ou simplesmente desagradável. São cenas belas e comoventes, sobretudo dentro do contexto de dor constante e de auto-descoberta de cada um dos personagens.

Depois, este livro é também uma caracterização da República Checa aquando a invasão russa de 1968. É um assunto que não conheço bem, mas aqui é falado de um ponto de vista muito pessoal. Antes da invasão, depois da invasão, a diferença das pessoas. E, sobretudo, o medo, a paranóia, o sentimento misto de terror e necessidade de auto-protecção de todas estas pessoas que vivem sob um regime exagerado

Finalmente, o livro é um exercício filosófico, uma transmissão de ideias autor-leitor. Pois este narrador admite desde logo que as suas personagens são apenas personagens. Admite que as criou e que as escolheu por serem fruto de acasos. Tendo isto em conta, é fácil ligarmo-nos não aos personagens mas à ideia da sua concepção, não às suas relações mas aos conceitos primários por trás delas. Assim, é um livro com várias camadas, que temos de retirar uma por uma até chegarmos ao cerne da questão: o que é a vida, o que é o ser humano e, no fim de contas, o que é o amor.

Eu já tinha lido este livro no passado, mas foi numa época em que provavelmente não teria a maturidade suficiente para o compreender devidamente. Com esta re-leitura, apenas me recordei de uma única imagem: o capítulo, muito curto, da mulher-cegonha. Por alguma razão, essa cena ficou-me gravada na memória. Agora, que li o livro com mais atenção, posso dizer que esta é uma verdadeira obra-prima e que deverá ser recordado como aquilo que verdadeiramente é: um exercício simples, mas incomparável; uma homenagem a tudo o que é vivo; um apelo aos sentimentos.

Recomendo vivamente.

Ao Encontro de Mr. Banks

Ao Encontro de Mr. Banks
John Lee Hancock
Filme
2013
6 em 10

Depois começou este e ficámos a ver. A meio do filme abrimos os presentes.

Confesso que nunca vi inteiro o filme da Mary Poppins. Para mais, nunca li o livro, apesar de o ter oferecido à minha irmã-macaca, que depois (certamente) mo emprestará. Ainda assim, quando ouvi falar deste filme fiquei com vontade de o ver. Aparentemente, é a primeira vez que alguém caracteriza Walt Disney depois da sua morte e isso, já de si, é especial. Porque o senhor foi realmente importante. Não por ter criado toda uma indústria maléfica de volta do reino encantado dos filmes de animação. Mas porque criou coisas verdadeiramente bonitas.

Este filme conta a história de como Walt Disney convenceu P. L. Travers, a autora de Mary Poppins, a ceder-lhe os direitos para o filme e como esta contribuiu para a sua criação. Para isso, é mostrada a sua infância e o mote para a criação de Mary Poppins. Será esta a parte mais fantasiosa do filme.

Agora, para pessoa que criou algo tão engraçado como a Mary Poppins, a autora é uma pessoa absolutamente intragável. Isto está caracterizado perfeitamente por Emma Thompson, que transmite uma aura de mágoa e de antipatia constantes ao longo de todo o filme. Mesmo na parte final, em que finalmente se comove, percebemos que ela nunca ficou totalmente convencida com a criação de Disney.

Também ficamos a conhecer um pouco mais sobre este senhor, protagonizado por um Tom Hanks atípico e bastante convincente. Sobretudo interessante é saber as razões pelas quais ele, pessoalmente, queria tanto adaptar o livro ao cinema, falando também do seu passado e infância.

É um filme muito musical, com músicas que já todos conhecemos mas interpretadas de forma mais livre e espontânea.

Foi agradável de ver e quase comovente no final. Para os fãs, será certamente recomendado.

Filomena

Filomena
Stephen Frears
Filme
2014
7 em 10

Visto depois do jantar.

Este é realmente um filme interessante. Baseado numa história real, conta a história de uma mulher que há cinquenta anos entrou grávida num convento. Depois, no convento, o seu filho foi adoptado. Agora, tanto tempo depois, alia-se a um jornalista para tentar encontrar a criança perdida, que agora já estará na meia idade. Será que vão conseguir.

Para além do impressionante facto desta história ter realmente acontecido, demonstrando assim a crueldade de algumas pessoas, o ponto máximo de interesse deste filme será a relação entre os dois actores e respectivas personagens. O jornalista é um homem que procura um novo rumo para a vida e que tem um sentido de humor muito próprio e por vezes incompreendido. Filomena é uma velhota irlandesa de ideias simples, que se maravilha com as coisas bonitas da vida e irradia simpatia. São os diálogos entre os dois, a incompreensão inicial e a evolução para uma amizade singela e pura, que tornam o filme absolutamente delicioso.

Isto não seria possível sem um grande trabalho de actor. Ela, especialmente, consegue viajar entre o sentimento de amor pela vida e a melancolia do filho lhe ter sido tirado e de não o poder encontrar. Faz isto com mestria e rapidez, dando-nos momentos muito sérios e emocionantes tanto quanto nos faz rir com a sua alegria.

A inserção de flashbacks e a base fotográfica do registo do filho tornam tudo um pouco mais melancólico, sendo que as imagens do convento estão muito bem caracterizadas, trazendo-nos um certo horror pelo ambiente. Também há uma grande qualidade nos diálogos, sendo que muitas vezes são debatidos conceitos como o significado do pecado e a existência de deus. Como são falados por pessoas com opiniões diametralmente opostas, permite-nos pensar um pouco sobre isso.

Um excelente filme.

A Branca de Neve e o Caçador

A Branca de Neve e o Caçador
Rupert Sanders
Filme
2012
5 em 10

De seguida irei postar os meus comentos aos filmes de Véspera de Natal. Na Véspera de Natal, cá em casa, passamos o dia a ver filmes, para à meia noite abrirmos as prendas e depois irmos todos dormir. O primeiro, da tarde, foi este.

Inspirado vagamente na história da Branca de Neve que todos conhecemos, é um filme de fantasia em que acompanhamos a épica fuga de uma princesa por uma floresta estranha, acompanhada por um caçador e - posteriormente - de anões e de um amigo de infância. A princesa é protagonizada pela miúda do Twilight, que tem o especial talento de ter cara de parva. O filme é excelente para ela, pois quase nunca fala e em grande parte da película está a fazer de morta, que é uma coisa que ela faz muito bem.

A história é simples e tem detalhes engraçados, como os poderes especiais da rainha, mas a sua concepção enfia-se na modalidade shounen: fugimos, depois reunimos um exército e depois há uma épica luta individual entre as duas partes. Para reunir o exército há um discurso que não faz sentido nenhum.

Partes da floresta estão caracterizadas lindamente, remetendo-nos para um universo fantástico muito belo. Ainda assim, não faz muito sentido que todos os animais do mundo estejam reunidos naquele local. O veado branco aparenta ter uma inspiração asiática e, talvez por isso, foi a minha parte preferida do filme.

Aparentemente, foi nomeado para óscar pelo melhor guarda roupa, aspecto do qual discordo pois estas pessoas estão sempre vestidas da mesma maneira e, para mais, todas badalhocas. Achei demasiado conveniente que a moça tivesse umas calças e botas por baixo do vestido.

Talvez este não seja o filme ideal para mim. Para outras pessoas será bom. Pareceu-me ver a minha irmã chorar no final.

24.12.14

Mezzo Forte

Mezzo Forte
Umetsu Yasuomi - Arms & Green Bunny
Anime - 2 Episódios
2000
6 em 10

Hoje é véspera de Natal! E temos muitas coisas para celebrar! Outras nem tanto. Mas bem, celebremos com este post que é o número 800 neste blog! Parabains! E como não podia deixar de ser, celebramos com o alegre visionamento de um hentai dos anos 00. :)

Do mesmo realizador de KITE, Mezzo Forte tem muitas semelhanças com ele. No fundo, trata-se de um anime de acção gráfica e violência. Como as cenas de sexo não são essenciais à compreensão da história, decidi ver a versão censurada. Na verdade, eu iria passá-las à frente de qualquer forma, por isso achei mais prático ver uma versão que não as tivesse de todo.

É uma história simples que se conta em pouco menos de uma hora. No processo de raptar uma importante figura do mundo do baseball, uma rapariga encontra-se com outra que poderá ser, ou não, sua irmã. A verdade é que ambas sonham uma com a outra desde há muito tempo. No processo, muitos tiros, muitas mortes terríveis e sangue em bastante quantidade. São dois episódios carregados de cenas de acção altamente violentas, sem nunca deixar de fora um certo erotismo carregado. É um ambiente muito pesado mas que, ao contrário do OVA anterior, é iluminado frequentemente por momentos humorísticos inseridos casualmente.

Estes fazem parte das próprias personagens. Também os cenários estão cheios de pequenos detalhes engraçados e até mesmo pequenos acenos a KITE.

As cenas de acção poderiam ter uma animação um pouco melhor, mas como têm estes momentos graciosos de quando em quando acabam por ser muito divertidas de se ver. Em termos de design, temos características muito próprias do realizador, num estilo único. Talvez haja sangue despropositado (e cuecas despropositadas), mas acabam por fazer parte do que estamos a ver e passam-nos ao lado.

Finalmente, na música, temos uma série de momentos curtos mas intensos que adicionam bastante emoção a toda a acção. Nas EDs, nada de distinguível.

Portanto, um bom anime de Natal. Talvez não para ver com toda a família, mas tudo bem. :)

Noutras notícias, o meu cão Infeliz escolheu este dia para adormecer ao solinho e ficar lá sossegadinho para sempre. Ficámos todos muito tristes, mas ele já era muito muito velhote... Portanto, em sua homenagem, fica aqui um poema que escrevi para outra criatura mas que também se aplica ao caso. :)

Gosto do céu, das estrelas, da lua
Gosto das árvores que crescem na terra
Gosto do sol à tua volta
Gosto dos pássaros e das nuvens que restam

Gosto de ti, gosto de ti
Gosto de esparguete, morangos e todas as frutas!
(Menos bananas, porque as bananas são horríveis)

Gosto de cães e da minha mãe
Gosto de ouvir a chuva a cair
Gosto de ti, gosto de ti
Gosto de todos os meus meninos

Gosto de ti, de ti, de ti
Gosto do rio...

Bai bai Infeliz, depois faço um sukito de cosplay para ti :) Até um dia destes!

Boas festas!

23.12.14

Ghost Hunt

Ghost Hunt
Nakayama Yumi - J.C. Staff
Anime - 25 Episódios
2006
6 em 10

E agora, nesta semana bem fria e húmida, vemos um anime sobre caçadores de fantasmas. Ghostbusters no Japão, pessoas que investigam casos de possessões, espíritos vingativos, fantasmas e almas penadas de todo o género. É um anime com ideias muito engraçadas que, tivesse uma concepção um pouco diferente, poderia figurar como um excelente exemplo do género.

Tudo começa quando Mai, que se entretém a contar histórias de fantasmas com as amigas, conhece um rapaz estranho na escola, Shibuya Kazuya. Por mero acaso, acaba por se tornar a sua assistente numa profissão cheia de perigos: resolver casos paranormais de todo o género. De natureza semi-episódica, Mai e os seus novos amigos vão resolver estranhos problemas e exorcizar estas pessoas, casas e lugares. Cada história é única, sem nunca se repetirem conceitos, e existem espíritos perturbados para (quase) todas as crenças. A história que gostei mais, pois foi a mais impressionante, foi a da boneca. Ainda assim, as outras também são bastante fortes. É curioso ver como este grupo de caçadores de fantasmas analisa o caso, cada um com a sua especialidade, e descobre todos os segredos sobre as almas conturbadas que não podem partir, levando-as - com mais ou menos violência - a partir para um lugar melhor, ou pelo menos diferente.

Em termos de personagens, temos um grupo de indivíduos bastante simplificado: tendo as suas características próprias, elas são bastante básicas. A caracterização dada aos problemas das pessoas é, sim, muito bem estruturada e convincente, trazendo o realismo necessário para lidarmos com o fantástico.

No entanto, infelizmente, este anime não é suportado pela arte. Em termos de design e animação, está bastante fraco. Nos primeiros episódios ainda utilizaram algumas técnicas por vinhetas que tinham um efeito original e interessante, mas a ideia foi rapidamente abandonada. Se tivesse sido usada, sem exagero, ao longo da série certamente o resultado final teria sido melhor.

Finalmente, temos OPs e EDs puramente instrumentais, oferecendo uma aura negativa e misteriosa que nos motiva imediatamente a ver o anime. As animações destas sequências também são muito originais no seu poder de sugestão. No parênquima, temos uso de alguns temas base muito simples, que não trazem grande efeito emocional.

Assim, temos uma série que não sendo má, poderia ter sido muito melhor. Gostei bastante de a ver, mas não repetiria a experiência.

22.12.14

Girl on the Run

Girl on the Run
Jane Costello
2011
Chick-lit

No fundo, uma das coisas que eu não queria (não queria mesmo) era terminar o ano a ler um livro mau. E não começar o ano novo a ler um livro mau. Portanto, foi com grande esforço que me propus a ler este livro o mais rápido possível. Para isso, foram muitas viagens de autocarro, chegar adiantada aos encontros que tinha com diversas pessoas (e com o Qui). Hoje terminei-o numa corrida até ao jardim, onde percorri as últimas vinte páginas.

Chick-lit é um género específico de literatura. Literatura para galinhas. Ou para raparigas sem nada na cabeça, como galinhas. Este foi, assim, um livro essencialmente estupidificante, mas estranhamente viciante.

Abby é uma gorducha que um dia se mete a correr. Quando descobre que uma amiga tem esclerose múltipla, decide correr uma meia-maratona para obter fundos. No meio disto tudo, desenrolam-se múltiplas histórias de amor, que está sempre a dar voltas, tal qual uma novela da tarde. Nada daquilo a que o livro se propõe é feito bem. O valor humano da situação da doença é mal explorado, tendo como protagonista uma rapariga que ainda não sofre das consequências e vive normalmente, sendo que o assunto não nos toca verdadeiramente pois não nos identificamos com ele de forma suficientemente trágica. O facto do livro nos tentar convencer a fazer exercício também falha, porque nem todos somos badochas que enfardam três muffins de mirtilo ao pequeno-almoço e lancham dois sacos de marshmellows. A maioria de nós tem uma alimentação normal e anda de um lado para o outro, pelo que a mudança dos hábitos não é assim tão convincente.

Finalmente, as histórias de amor são absolutamente previsíveis desde o início. O valor dado às descrições do corpo masculino é exagerado, para além de que todas as analogias utilizadas para fazer as descrições são vulgares e com pouca seiva.

Mas a verdade é que o livro é mais ou menos aditivo. Apesar de sabermos o que vai acontecer, queremos saber se acertámos ou não.

Será abandonado libertado em Cacilhas hoje à tarde, quem quiser passe lá para o apanhar. :3

21.12.14

Sword Art Online II

Sword Art Online II
Itou Tomohiko - Aniplex
Anime - 24 Episódios + 1 Special
2014
6 em 10

Para verem sobre a primeira season, aqui está. ;)

Um ano depois de quase morrerem à conta de um jogo parvo, os nossos heróis preferidos continuam a jogar estes jogos. Seria de esperar que tivessem desistido, mas pelos vistos o vício é mais forte. Esta season está dividida em três arcos, pelo que falarei deles separadamente. 

No início, é-nos apresentado um jogo muito diferente do Sword Art Online original. É um jogo de armas, ao estilo first-person-shooter, em que as pessoas têm de eliminar os seus oponentes e tudo o mais. É pedido a Kirito que investigue algumas mortes misteriosas de jogadores, sob o receio de ser outra vez o psicopata do SAO. Nesse jogo, Kirito faz amizade com Sinon, uma rapariga com alguns problemas. Juntos, resolvem o caso. Nesta primeira parte, achei que o anime tinha dado uma volta de 180º para melhor. A verdade é que achei o drama de Sinon muito real e humano, sendo que toda esta parte da história teve uma certa dose de realismo que por vezes faz falta. Foi sem dúvida emocionante.

Seria bom se tudo se mantivesse assim. Mas não. Infelizmente, todas estas pessoas continuam a jogar aquele jogo das fadinhas. Na segunda parte, contam-nos como obtêm uma espada dourada e um martelo. Muitas cenas de acção.

Finalmente, é a parte protagonizada por um dos personagens menos interessantes de que há memória: Asuna. Esta Asuna conhece uma rapariga, que se vem a descobrir depois que está a morrer com sida. Ora, para começar não se morre com sida. A sida é um síndrome de imuno-deficiência: essencialmente o vírus pega-se às nossas células brancas e impede que elas funcionem, matando-as no processo. Assim, o nosso organismo fica sem defesas para as coisas mais simples. Por isso, quem tem sida normalmente morre com constipações ou algo que normalmente se curaria com um ben-u-ron. Para terminar, considerando que já fazem jogos de imersão total nesta fase da história da humanidade, seria de esperar que já se tivesse encontrado a cura para esta doença. Até hoje em dia, é uma doença perfeitamente controlável, com um coquetel de medicamentos todos os dias. Portanto, nada disto faz sentido. Para mais, a relação entre as personagens é tão inócua (somos amigas para sempre porque derrotámos um monstro) que tudo acaba por perder a seriedade. Acrescente-se o drama adolescente de Asuna, em que a mãe dela não quer que ela jogue o jogo, e temos a receita para um falhanço. Até se poderia ter analisado esta parte melhor, o facto de muitos jovens estarem viciados em jogos inúteis pelo simples factor social, esquecendo-se de coisas importantes como a escola e as pessoas. Mas não, não foi sobre isso que falaram.

A animação, no entanto, é muito moderna e bastante boa. É muito colorida e todas as cenas de acções têm fluidez, pelo que são muito fáceis e agradáveis de seguir. Junte-se a isso um design de personagens simpático e é muito fácil para este anime colar-nos ao ecrã.

Na música, temos pouco a acrescentar. No parênquima nada faz. A variedade de OPs e EDs não contribui em nada. 

Temos uma segunda season mais ao menos ao nível da anterior. Entretém bastante, o que é uma coisa importante e muito boa, mas de resto será facilmente esquecida.

Psycho-Pass 2

Psyco-Pass 2
Shiotani Naoyoshi - Production I.G
Anime - 11 Episódios
2014
7 em 10
 
Um ano e pouco depois do primeiro Psycho-Pass, apresenta-se-nos uma sequela com tudo para correr bem. Vejam aqui os comentários à primeira season, pois irei fazer uma espécie de exercício comparativo. :)

No início, tudo corre dentro da normalidade. Até ao momento em que um crime bizarro, que envolve um agente da lei. Nessa altura, começa uma caça a um homem misterioso, Kamui, que não é detectado pelo sistema e que fará tudo para o contornar e eliminar. Assim, é-nos dada a oportunidade de conhecer mais sobre este sistema, teoricamente perfeito, chamado Sybil.

A primeira questão que se coloca é, na verdade, a necessidade desta season. Aqui, há um esforço por criminalizar o sistema e caracterizá-lo como injusto mas olhemos para a situação de uma outra perspectiva. Em teoria temos um sistema perfeito. Na verdade, sabemos desde logo (porque vimos a primeira seaosn) que o sistema tem falhas na sua génese. No entanto, aparentemente funciona, com mais ou menos erros. Assim, será verdadeiramente "justo", da perspectiva do antagonista, tentar ultrapassá-lo e criar todo um esquema para provar que, efectivamente, não funciona? A verdade é que o sistema Sybil, apesar de se guiar por linhas um pouco fascistas, não me pareceu algo assim tão mau. As pessoas perturbadas são retiradas e aquelas com possibilidade de recuperar são tratadas e reintegradas. A falha que se encontra aqui, a razão pela qual esta linha revolucionária falha, baseia-se no facto de o anime admitir, desde logo, que uma vez que o teu estado mental se altere não mais poderá vir a ser recuperado. E isto não é verdade. Porque há pessoas que estão emocionalmente muito mal, mas que - com o tempo e às vezes um empurrãozinho - voltam ao normal e conseguem viver a sua vida perfeitamente. Ora, não é o sistema Sybil que admite que isto não é verdade. É a génese do conceito em si. Assim, esta season acabou por ser muito menos realista e não tão motivadora.

Em termos de personagens, são-nos apresentadas algumas pessoas novas, tanto dentro da equipa como do lado dos antagonistas. Dentro da equipa há uma colega que, se ao início tinha atitudes muito estúpidas, acabou por sofrer um desenvolvimento bastante bom e ajudar-nos nas questões filosóficas colocadas pela narrativa. Dentro dos antagonistas, temos um Kamui que acaba por ser muito pouco convincente, sobretudo depois de sabermos como é que ele apareceu. É difícil de acreditar que "ele" seja uma entidade possível, pois a tecnologia necessária para o desenvolver parece não estar a par - em termos evolucionários - com a do resto do universo. Mas isso foi uma sensação pessoal.

A animação não podia estar mais perfeita. Entre algumas cenas de acção muito fluídas, o que me captou mais o interesse foi sem dúvida toda a arte cénica, com um excelente uso de perspectivas e texturas nas áreas coloridas. Talvez o design dos personagens, em si, não seja extremamente detalhado, mas a verdade é que isso passa ao lado perante todos os fundos e maquinaria. Pareceu-me apenas que esta season foi demasiado explícita no sangue, de uma forma desnecessária que em nada contribui para o desenvolvimento da história. Isto melhora bastante nos últimos episódios em que há uma melhor utilização da sugestão em vez do óbvio grafismo.

Musicalmente, temos momentos muito fortes que em muito contribuem para a emoção toda que me trouxeram os cenários. Tanto a OP como a ED não impressionam, apesar de estarem apropriadas.

No geral, uma season menos cativante do que a anterior, mas que ainda assim dá que pensar. Esperemos agora pelo filme.


20.12.14

Guyver - The Bioboosted Armor

Guyver - The Bioboosted Armor
Akiyama Katsuhito - Oriental Light and Magic
Anime - 26 Episódios
2005
5 em 10

Remake de um OVA dos anos 80, este é o tipo de anime que se esforça por se levar a sério. Leva-se tão a sério que acaba por cair no ridículo, o que é uma coisa muito triste pois há aqui conceitos que tinham potencial.

Sho é um rapaz normal que, uma tarde, se vê na posse de uma armadura biológica que lhe permite lutar contra umas entidades malignas compostas por monstros. Aparentemente, qualquer pessoa se pode transformar neste monstro. E há uma grande conspiração que se resume em "temos que matar este tipo". Ao longo de mais de vinte episódios, assistimos a muitas lutas entre esta armadura poderosa e os monstros, que são tanto fruto de tecnologia como de uma dança satânica qualquer. E nada mais.

As lutas são exageradas e tencionam recordar esses magníficos anos em que tudo fazia sentido. Mas o facto dos monstros terem designs extremamente ridículos não ajuda nada à causa: simplesmente, não consegui levar a sério estas lutas e estava, portanto, sempre desejosa que acabassem.

Nos episódios finais, aparece uma situação social muito mais interessante, com um desenvolvimento patente em algumas personagens - nomeadamente a namorada. No entanto, como aparece mesmo no fim, estes conceitos acabam por cair antes que possam ser desenvolvidos. A curiosidade perante eles e a falta de continuação deixaram-me um paladar estranho nas papilas gustativas.

Não é que a animação seja má, porque não é. Na verdade, é até bastante boa. Mas está toda investida em lutas atrás de lutas, sendo que nada sobra para o resto de uma (potencial) história. Musicalmente, nada de especial: uma OP animada para nos despertar para o facto de que vamos ver muita acção e uma ED mais contemplativa que até tem o seu interesse.

Mas, no geral, este anime falhou por falta de conteúdo.

18.12.14

Kurau Phantom Memory

Kurau Phantom Memory
Irie Yasuhiro - Bones
Anime - 24 Episódios
2004
7 em 10

É engraçado constatar que, neste momento, vejo um anime assim-assim intercalado com um anime interessante. Kurau Phantom Memory é um dos bons.

Num futuro não muito próximo, um cientista faz algumas experiências, na companhia de Kurau, a sua filha. Um dia, uma das experiências tem uma reacção inesperada. E Kurau passa a ser uma entidade diferente, uma Rynax, Rynax Sapiens. Tem todo o aspecto de ser um humano, mas possui diferentes poderes, tanto físicos como psicológicos. Mas os Rynax são pares... E Kurau precisa do seu par para ser feliz. Até que o encontra. E é uma menina, a quem dá o nome de Christmas.

Num ambiente altamente realista, apesar de ser num futuro que nunca iremos conhecer, desenvolve-se esta história de amor filial, um amor que um ser humano - como nós - apenas começa agora a compreender. Juntas, Kurau e Christmas terão de sobreviver às constantes perseguições e provar à humanidade que não são perigosas e que apenas querem viver felizes, sem fazer mal a ninguém. O resultado é de uma delicadeza constante e altamente emocional.

As personagens baseiam-se nas suas relações. Os Rynax não podem viver sem o seu par e é essa dor que é explorada nas várias situações. Para melhor a explicar, apresentam-se novos personagens, com as quais formam amizades e laços. Individualmente, temos pessoas com características humanas mas que admitem desde logo as suas diferenças: isto é feito com o objectivo de se integrarem, em vez de se separarem, o que é bastante único nas narrativas do género. Existem momentos dolorosos, muito comoventes, que mais acentuam a necessidade básica destes seres se relacionarem. No fundo, é um anime que fala sobre as diferenças entre as pessoas e como podemos ultrapassá-las para vivermos todos em harmonia. Se generalizarmos, os Rynax podem ser uma raça, um género, uma identidade. Representam tudo o que é diferente e incompreendido. Mas em vez de se revoltarem e abusarem das diferenças, apenas procuram a paz. Isto é altamente moralizante.

Artisticamente, a qualidade não é extraordinária. Os designs são típicos da época e existem algumas cenas de acção que, estando bem coreografadas, precisariam de um orçamento maior para brilhar. A arte é, no geral, muito pouco detalhada e as cores não vibram. No entanto, esta paleta cria um ambiente um pouco sonhador que é bastante apropriado ao teor do anime.

Na música, temos um conjunto de peças extremamente belo, sobretudo a ED, que jogam com as emoções dos personagens e também com as do espectador. Através da banda sonora é criado um ambiente muito pacífico e contemplativo, que nos permite analisar com calma as reacções narrativas e juntar-nos a elas, como se fizéssemos realmente parte deste universo.

No final, temos um anime bonito, emotivo e delicado, bastante diferente daquilo a que estamos habituados. Poderá o leitor esperar uma série recheada de acção num mundo futurista, mas esse realmente não é o foco principal desta série. É uma série que simboliza algo mais. Acredito que isso é valioso.

16.12.14

Hitsugi no Chaika: Avenging Battle

Hitsugi no Chaika: Avenging Battle
Masui Shoichi - Bones
Anime - 12 Episódios
2014
6 em 10
 
Este é o primeiro anime de actual season a terminar. Para saberem sobre a primeira season, carreguem aqui. :)
 
Esta segunda parte pega na história exactamente onde a deixámos. Chaika e os seus amigos continuam à procura dos restos de uma pessoa, o "pai" de Chaika. Mas desta vez envolvem-se em diferentes aventuras e começam a descortinar os segredos por trás desta pessoa misteriosa e da própria Chaika. Para mais, aparecem novos conceitos, um pouco mais complexos, nomeadamente o facto de existirem mais raparigas iguais a ela, que procuram a mesma coisa. Há um conjunto de episódios muito interessante passado numa ilha misteriosa. No entanto, este conjunto de elementos novos acaba por não ser explorado na totalidade, sendo que há muitas coisas que gostaria que tivessem tido mais desenvolvimento e que acabaram por sair frustradas. Assim, em conclusão, a história acabou por se simplificar numa simples luta de bem contra o mal que, apesar de ter o seu interesse, não correspondeu às expectativas.

Para além dos personagens da season anterior, são apresentadas algumas pessoas novas, nomeadamente um novo conjunto de Chaikas que, apesar de serem todas similares, têm personalidades distintas. Na verdade, o facto de aparecerem estes novos personagens apenas me deixou curiosa em relação aos outros elementos deste mundo fantástico. Relativamente àqueles que já conhecíamos, não houve qualquer tipo de evolução e acabaram um pouco ignorados, sobretudo Frederica, o dragão.

Em termos de animação, temos algumas lutas bem coreografadas. No entanto, nos momentos mais importantes o anime peca pela falta de detalhe e por alguns erros técnicos na anatomia, sobretudo na das criaturas fantásticas. No respeitante a cenários, temos alguns bons momentos, mas o anime não se distingue por isso.

Musicalmente, muito pouco a apontar. Na verdade, a animação da OP e ED pareceu-me mais interessante do que as músicas em si.

Foi um anime engraçado por si só, mas que será rapidamente esquecido (fora a quantidade de screenshots que servem como imagens reactivas, mas isso não tem nada a ver, haha)

15.12.14

Seto no Hanayome

Seto no Hanayome
Kishi Seiji - Gonzo
Anime - 26 Episódios + 2 OVA
2007
6 em 10

Reza a lenda que depois de um anime interessante vem sempre um anime irrelevante. Mais uma vez, aplica-se ao caso.

Um rapaz inconsciente cai ao mar e é salvo por uma sereia. Ditam as regras das sereias que qualquer ser humano que conheça a sua identidade terá de ser destruído. A menos que faça parte do seu grupo. E, assim,  o jovem fica de se casar com a sereia. Que, por sinal, é filha dos yakuzas do mundo das sereias. Desta forma, passamos a seguir as aventuras de um grupo de gente, entre pessoas e sereias, que deveria ter uma grande dose de piada. Mas, como sabem, o meu sentido de humor faleceu. Também não ajuda ter visto o anime todo ao longo do dia de hoje e de já estar completamente saturada dele (mas a verdade é que não tenho nada para fazer. Quem quer ir passear comigo?)

O anime desenvolve-se numa espécie de ritmo de harem, se bem que com poucas características ecchi que costumam ilustrar essa categoria de anime. No fundo, é a relação do jovem com um grupo de raparigas, sereias ou pessoas. Toda esta gente farta-se de gritar, de bater uns nos outros e de levar com água. Tudo isto me causa irritação. Simplesmente, são personagens muito pouco interessantes que, bem no fundo, pouco se distinguem umas das outras. As raparigas, então, quando pensávamos que tinham algo de único, no momento a seguir fazem coisas que deveriam pertencer à personalidade de outra personagem qualquer. São todas iguais, até no design.

Em termos de arte e animação, temos os truques típicos de uma comédia, em que os personagens mudam de feições conforme a piada é dita. Isto por vezes funciona. Por vezes não funciona. Estas variações são recorrentes e acabam por se tornar muito previsíveis. Ainda assim, não é este o pior aspecto do anime, e apresenta-nos uma arte colorida, suave e simpática.

Musicalmente, os efeitos sonoros são para esquecer. Em termos de OPs e EDs, temos músicas bastante açucaradas que ligam bem com o tema da série.

Não abro a caixa de sugestões para boas comédias porque não me apetece rir. Apetece-me comer.

14.12.14

Canaan

Canaan
Ando Masahiro - Lantis
Anime - 13 Episódios
2009
6 em 10

Canaã é o nome de uma terra bíblica. Mas este anime não tem nada sobre a bíblia. Na verdade, Canaan é o nome de uma rapariga. Uma rapariga com poderes especiais que trabalha para uma organização. Quando conhece novas pessoas e faz amigos, acaba lutando contra uma antagonista homónima que lidera uma organização terrorista.

Este é um anime seinen, que toca assuntos mais maduros e complexos. Fala sobre a morte e o ataque às instituições de poder, acompanhando esses temas com muitas cenas de acção, com muitos tiros e muitos pontapés fornecidos por raparigas em roupas justas (mas nada de atrevido). É uma história simples, que envolve uma certa dose de fantasia, mas que é interessante o suficiente para nos manter atentos ao seu decorrer.

As personagens estão definidas pelos seus poderes especiais, que variam entre uma voz de ultrasons e dois apêndices (uma coisa bastante chata e inútil, digo eu). Achei muito interessante a história dessa rapariga da voz, pois ela não podia falar e o seu destino final foi bastante comovente. Quanto aos personagens principais, Canaan tem muito pouco que se lhe diga. Maria dá um toque de inocência à história, mas a sua personalidade infantil retira muito do realismo que a produção gostaria de ter. Temos também uma jovem psicopata, mas cujas acções contribuem muito pouco para o desenrolar da narrativa e que poderia ter sido eliminada facilmente.

Como disse, este anime está recheado de cenas de luta, das mais variadas formas. Para isso, esperaríamos um orçamento muito elevado para elas, o que não acontece. As coreografias estão bem feitas, ainda que simplificadas nos movimentos, mas - no geral - pareceu-me que uma animação mais espectacular teria ajudado a melhorar a qualidade global.

Musicalmente, temos uma OP e ED que colocam um tom grave em todo o anime. A música pop recorrente no táxi foi um bom toque de humor. De resto, não temos nada de extraordinário na banda sonora.

Foi um anime simpático para ver ao longo do dia de hoje, mas não o recomendaria. Com o mesmo tema, creio que no passado se produziram melhores histórias.

A Arte da Caligrfia Japonesa

A Arte da Caligrafia Japonesa
Exposição
Correndo contra o tempo, de Almada até Lisboa, consegui ir ter com a Ana-san e a Mafalda-san à Gulbenkian para vermos esta exposição.

Infelizmente, chegámos um pouco tarde e faltavam apenas dez minutos para o seu encerramento (não definitivo, apenas para o dia), pelo que apenas conseguimos ver metade das coisas expostas. Terei de ver a outra metade numa outra ocasião, que certamente se proporcionará.

Ora, o que é isto? Citemos o site da Gulbenkian:

Obras-primas da caligrafia japonesa contemporânea vão estar reunidas em Portugal a partir do dia 10 de outubro e até 28 de dezembro, numa mostra organizada pela Academia de Arte Caligráfica do Japão, em parceria com a Embaixada do Japão e a Fundação Calouste Gulbenkian. A exposição, apresentada na Sala de Exposições Temporárias da Sede da Fundação (piso 01), é composta por cerca de uma centena de obras maiores dos mais conhecidos calígrafos contemporâneos japoneses. Mais do que um gesto de escrita, a caligrafia tem sido desenvolvida, ao longo dos anos, como uma forma de arte criativa para expressar a profundidade e a beleza espiritual, fazendo parte integrante da história e do quotidiano do povo japonês

Trata-se de uma exposição com vários textos escritos em Japonês, com técnicas da caligrafia tradicional aplicadas. Os textos variam, existindo muitas coisas diferente, desde haiku a citações de Confúcio. E cada texto é único em si mesmo, pois cada um está escrito (ou será desenhado) de forma própria, sob um fundo de tecido relacionado com o tema. Isto tem resultados que são de grande beleza e que chegam a emocionar. Houve um que gostei especialmente: não me lembro o que estava escrito, mas eram caracteres curtos, duros, rudes, num fundo inteiramente branco, sem qualquer tipo de textura distintiva. Com esse, senti até um arrepio, aquele arrepio que se sente quando se vêem grandes obras de arte.

A entrada é gratuita e a exposição está patente até dia 28 de Dezembro, pelo que se tiverem oportunidade façam o favor de a ir visitar. Eu irei de novo assim que puder, até porque fiquei com vontade de comprar o catálogo, para ficar com as traduções dos textos e poder lê-las com mais cuidado. Ora aí está uma prenda de Natal gira para me oferecerem :)

Blue Jasmine

Blue Jasmine
Woody Allen
Filme
2013
7 em 10

Será certamente conhecido de todos vós que eu não sou grande apreciadora da obra do Woody Allen. Pelo menos dos filmes onde ele aparece. Parece-me, a mim, que o senhor se transfere para todos os personagens e que todos eles são retratos dele próprio. Todos os seus personagens têm uma neurose própria e, no caso daqueles que são interpretados por si próprio, não têm a sua identidade: todos os personagens são Woody Allen e, assim, Woody Allen está sempre a fazer dele próprio. Nesta sua sequência de filmes sobre cidades, o autor encontra uma nova maneira de se expressar, que me parece muito mais única e muito mais original, pois faz uso de outros actores que, por sua vez, têm a sua própria forma de interpretar as psicoses do realizador. E neste filme, em que seguimos as tentativas de recuperação de uma mulher à beira de um ataque de qualquer coisa, parece-me que isso é, finalmente, conseguido.

Jasmine era muito, muito rica. Por sua própria mão, perde tudo o que tinha e viaja até São Francisco para tentar fazer uma vida nova, tendo como ponto de partida a casa da sua irmã - uma pessoa completamente diferente. No entanto, a nova vida na nova cidade colocará à prova a sua capacidade de adaptação. Enquanto isso, tem de lutar contra as constantes memórias e o sentimento de opressão e paranóia e tentar manter-se equilibrada. 

Esta neurose é muito diferente daquilo que vemos nos outros filmes do autor. Desta vez, temos uma pessoa que está realmente à beira de perder completamente o controlo e que não está a conseguir encontrar-se e colocar um pouco de lógica na sua vida para que as coisas corram melhor. As situações em que se encontra também não ajudam. Rodeada de personagens únicos e que têm os seus motivos para a perturbarem de todas as formas, Jasmine é uma personagem perdida e desesperada. Coloca-se aqui então o trabalho da actriz, Cate Blanchett, que transmite este sentimento de forma perfeita, fazendo-nos ao mesmo tempo odiar e amar a personagem, ter pena dela e ao mesmo tempo tentar compreender como pode ser tão difícil mudar de vida. E na verdade é, pois a personagem está feita de forma a nunca ter conhecido nada para além de uma vida perfeita.

Apresenta-se, então, um filme extremamente negativo, apesar de ter o seu lado cómico dependendo das situações. A história tem tudo para terminar num bom tom, mas a vida não costuma ser assim e todas as coisas acontecem para que a personagem acabe num beco sem saída, numa nota extremamente trágica se olharmos para a sua situação final.

É também uma análise muito interessante à vida socialite das duas cidades, Nova York e São Francisco. Mostra também o lado mais normal, o das pessoas vulgares. Tudo isto recheado com bonitas imagens paisagísticas da cidade onde ocorre a acção. Será mais um filme publicitário?

Creio que Woody Allen, agora idoso, chegou a um ponto de maturidade em que consegue analisar os seus problemas de forma mais séria. Neste filme é-nos apresentado um Woody Allen que perdeu toda a esperança, mas que não perdeu a vontade de fazer rir as pessoas. Talvez seja a sua derradeira grande obra.

12.12.14

Tenchi Muyo! Ryo-Ohki

Tenchi Muyo! Ryo-Ohki
Yatagai Kenichi - VAP
Anime OVA - 6 + 6 + 1 + 6 + 1 Episódios + 1 Special
1992
5 em 10

Este conjunto de OVAs é o Tenchi Muyo original, coisa que toda a gente adora porque passou na televisão americana. Considera-se um dos fundadores do género harem. Será que isso é uma coisa boa? Duvido bastante. Ainda bem que as coisas evoluem. Isto é horroroso.

Um jovem parte uma pedra que não devia, soltando um demónio que é um alien. Depois juntam-se mais gajas e um coelho e é isso. O resto é uma festa de vozes histéricas e coisas histéricas e algum serviço visual e algumas cenas de acção.

Digamos que o anime seria virtualmente melhor se a animação fosse minimamente decente. Não é todos os dias que se vê um anime em que os personagens têm um dedo de cada espessura. Os designs são abomináveis, apesar de já saberem que desgosto do tipo de caras desta época temporal. Nos OVAs mais tardios, já dos 00s, temos algum CG surpreendentemente pavoroso.

Os personagens estão reduzidos a mamilos.

Finalmente, a música não ultrapassa o pop irritante das vozes de gato fofinho. Vozes essas que são recorrentes em todos os personagens, sendo doloroso para os tímpanos seguir este anime.

Não é preciso dizer muito para compreenderem que detestei.

Tubo de Ensaio Parte II

Tubo de Ensaio Parte II
Bruno Nogueira e João Quadros
2009
Crónicas

Boa tarde minhas abéculas húmidas! Hoje tentarei escrever este comentário elevando-o ao imenso nível de piada que este conjunto de crónicas tem! Mas não conseguirei... Porque eu, oh!, eu, não tenho um pingo de veia cómica! O Bruno Nogueira também não, diga-se de passagem. Sempre embirrei com ele e não foi depois de ler isto que deixei de embirrar.

Este livro reúne um conjunto de textos seleccionados do programa da manhã da TSF, o Tubo de Ensaio, em que o respectivo autor faz diversas tentativas de gozar com diversas coisas diversas, como por exemplo anões. Deve ser um trauma que ele tem de ser muito alto, mas aparece este aspecto dos anões em demasiadas crónicas. Quase um fetiche. Muito bem, está no seu direito.

Existem vários conceitos que, realmente, poderiam ter sido engraçados. Por exemplo, o John Lennon cantar com um buraco na cabeça como as baleias teria piada, se ele tivesse levado um tiro na cabeça e não três no peito. Simplesmente o jovem, coitado, não está muito bem informado acerca dos assuntos sobre os quais poderia fazer piadas. Como a cor dos lavagantes. Nunca terá visto um lavagante, o que será compreensível.

Sugeria ao jovem que estudasse um pouco o seu livro de gramática, porque o livro está cheio de erros surrealistas, que seriam admissíveis se isto fosse um quadro do Miró e não um livro. Sabem, os livros têm palavras. Convém estarem escritas correctamente.

Para mais, há coisas com que é chato gozar. Isto é, é engraçado gozar com o pessoal a morrer lá em sítios onde ninguém vai. Mas acho que o jovem não acharia tanta piada ao cancro se a mãezinha dele tivesse um no pulmão (ou no lóbulo da orelha).

De resto, é uma escrita sebosa que só me fez rir de vez em quando, o que não é normal para um livro de comédia. Lembre-se o jovem de que eu conheço o gajo que o ensinou a ter esta personagem que ele possuiu para toda a vida como uma segunda identidade. É melhor usarmos a primeira, pelo menos essa é genuína.

Beijos no atlas, primeira vértebra cervical.

9.12.14

Another

Another
Mizushima Tsutomu - Lantis
Anime - 12 Episódios + 1 OVA
2012
7 em 10

Realmente, o que me fazia falta neste momento era ver um curto anime de mistério e horror. Another foi uma excelente viagem a um universo de terror.

Um rapaz muda-se para uma cidade e vai para uma escola nova. Na sua turma, há uma rapariga - Misaki Mei -  que é tratada por todos de forma estranha. Ao falar com ela, apercebe-se que há um mistério dentro daquela turma: uma vez por mês um estudante irá morrer, pois há uma pessoa a mais na turma. Esta pessoa, que não sabemos quem é até ao momento final, já está morta e não o sabe. O que fazer para resolver o mistério e evitar que todos morram?

é neste ambiente que a acção se processa. Ao longo de doze episódios, descobrimos o que fazer para solucionar o problema e tentamos realmente fazê-lo. As consequências? Muitos mortos, mas sem sangue excessivo. Como o mistério se vai desenvolvendo ao longo da série e tudo só é revelado nos momentos finais, o espectador pode questionar-se também e formular as suas próprias teorias. É um verdadeiro policial, com o toque de horror causado pelas mortes estranhas. Estas são sempre extremamente improváveis, como se tivesse um toque de Destino Final, o que nem sempre é realista ou intenso (sobretudo nos últimos episódios, em que um psicopata se junta à cena)

Em termos de personagens, temos um conjunto de pessoas interessante, se bem que não há um desenvolvimento muito forte. A personagem de Misaki Mei é sem dúvida a mais complexa, devido à relação apontada no episódio 0 (que talvez não deva ser visto antes da série). A sua relação com a simbologia das bonecas está pouco desenvolvida e pode parecer bastante confusa. A mim pareceu-me simplesmente desnecessária e apenas um instrumento para colocar mais horror gráfico na história.

Falando nos gráficos, temos cenários bastante bons, com uma gradação de cores melancólica, trazendo um pouco de ferrugem a todo o ambiente. Por vezes há uma integração incapaz de elementos tridemensionais, mas de resto está tudo bastante realista. Nos momentos sanguinolentos, os movimentos estão fluídos, apesar de achar que estas pessoas terão, digamos, sangue a mais.

Musicalmente, para além de uma OP e ED arrepiantes, temos uma banda sonora que sempre nos motiva a manter um certo ambiente de pânico.

Assim, no final, temos uma série que - não sendo extraordinária - é um pequeno exemplo da capacidade imaginativa do mundo do anime e da capacidade de o transformar numa obra cativante.

Norwegian Wood

Norwegian Wood
Tran Anh Hung
Filme
2010
6 em 10

Neste fim de semana que passou não vimos double session. Em vez disso juntei-me ao Qui para (re)ver a segunda season de Space Dandy. Leiam sobre ela aqui! Quando terminámos já só deu para um filme, que foi este, Norwegian Wood.

Sobre este filme tinha uma expectativa muito baixa. Na verdade, já tinha ouvido falar dele, numa aula de Japonês. A minha Sensei não tinha gostado muito do filme e, por isso, tinha uma ideia completamente diferente dele. Afinal não foi assim tão mau, mas também não foi nada fora do vulgar, apesar de ter alguns aspectos interessantes.

Inspirado no livro de Haruki Murakami (que ainda não li), conta a história de um jovem nos anos sessenta que perde o seu melhor amigo, que se suicida. Passados alguns anos, reencontra a amiga/namorada desse amigo e formam uma relação algo estranha. Depois a amiga passa-se, vai para a casa dos malucos no meio da floresta e ele acaba por formar outras relações com outras pessoas, nomeadamente uma rapariga de mente estranhamente poluída que se apaixona por ele.

em termos de relações entre personagens e trabalho de actor, não me pareceu mal. Talvez a loucura da rapariga, que se chamava Naoko, tenha sido um pouco exagerada demais, nos seus gritos e choros. O que é realmente estranho é o ênfase dado à actividade sexual. É um exagero e parece que os personagens o fazem simplesmente por instintos carnais, sem que haja qualquer relação com o facto de se gostarem emocionalmente ou não.

O lado mais interessante do filme é, sem dúvida, a cenografia e fotografia. São imagens muito interessantes, com um misto de cores nostálgico. As cenas exteriores são passadas em lugares muito curiosos, até mesmo a casa dos maluquinhos no meio do nada. Pareceu-me, no entanto, que algumas cenas vistas pela janela eram digitais, como se as casas fossem montadas em estúdio e pusessem paisagens animadas por computador.

Ainda assim foi um filme interessante. Sobretudo deixou-me curiosa para ler o livro. Assim, se não souberem que prenda de Natal me podem dar, estão à vontade. ;)

6.12.14

Outlaw Star

Outlaw Star
Hongo Mitsuro - Sunrise
Anime - 26 Episódios
1998
6 em 10

Vi este anime para o meu clube, mas também estava nos meus planos para ver.

Ao contrário do resto da humanidade, não achei nenhuma especialidade.

É um anime  de aventura num ambiente de ficção científica, em que seguimos Gene e Jim, dois aventureiros que obtêm uma nave espacial muito especial (hehe) e várias companheiras. Envolvem-se numa série de aventuras, desde luta livre a encontrar criminosos no espaço, com o objectivo de ter dinheiro para o dia seguinte. Em termos de história é tudo muito simples, até aos episódios finais em que aparecem conceitos mais duros de roer.

O interesse desta série está, sobretudo, nas relações entre os personagens e na sua caracterização. Gene, o personagem principal, é um arquétipo shounen, o campeão sem paciência e com algum sentido de humor que está sempre a meter-se em alhadas. Jim, por sua vez, é um miúdo com tendências muito mais pacificadoras. Quanto às raparigas, a única que sofre algum desenvolvimento e não serve simplesmente para dar algo de sexy e cómico às situações, é Melfina, um bio-android que ajuda no funcionamento da nave espacial. É com ela que caminhamos para os limites da ficção científica, nesses tais últimos episódios. No entanto, são os únicos que dão que pensar.

A animação varia de qualidade conforme os episódios: em alguns mostra o melhor da década. Noutros, está muito fraca e faz uso de muitas frames paradas, para além de ter os personagens pior desenhados. É fácil perceber que estes episódios estão mais dedicados às situações cómicas, mas mesmo assim não é justificação para descurar de uma boa animação.

Musicalmente, temos duas EDs maravilhosas, com imagens de um universo fantástico surrealista que são simplesmente fascinantes. Quanto ao resto da banda sonora, tenho-a aqui para ouvir (veio juntamente com o torrent que saquei), mas não alimento grandes esperanças.

Assim, pode ser um anime que marcou uma geração, mas apesar de tudo não o recomendaria hoje em dia.

5.12.14

Na Rua Das Lojas Escuras

Na Rua Das Lojas Escuras
Patrick Modiano
1978
Romance

Como sabem, eu adoro ler os autores premiados com o Nobel. É sempre agradável, porque é garantido que escrevem sempre bem. Assim, quando Patrick Modiano foi premiado, pensei logo em comprar um livro dele para o conhecer melhor. Felizmente, uma caridosa do BookCrossing antecipou-se e colocou este a circular, tendo eu sido logo a primeira da lista. Li-o por inteiro no dia de hoje, em que andei muito tempo de um lado para o outro a fazer coisas (desta vez correu tudo pelo melhor)

Este é um policial, mas um policial um pouco diferente. Acompanhamos "Guy", um detective privado, que busca a sua própria identidade. É um jogo de perseguição, mas em que em vez de um criminoso o investigador se procura a si próprio. Isto é desde logo, um conceito muito interessante. Está explorado de uma forma muito formulaica dentro do policial, que não deixa de ser cativante.

Este investigador conhece pessoas atrás de pessoas, descobrindo pistas sobre a sua vida passada e sobre aqueles que o acompanharam nessa altura que não recorda. Acaba por descobrir que tinha amigos e é através de pessoas que os conheciam (ou pessoas que conheciam pessoas que os conheciam) que acaba por recordar o que se passou, apesar de não conseguir ter certeza sobre, realmente, quem é.

O que torna o livro mais interessante são todas as descrições das ruas e os paralelos que o personagem faz entre estas e as suas memórias enevoadas. Se a Rua das Lojas Escuras realmente existe, ela está em todas as ruas que o personagem visita ao longo do livro, num ambiente muito clássico e um pouco deprimido, que ajuda bastante na caracterização desta pessoa.

Sem dúvida que o autor escreve bastante bem, apesar deste livro me parecer um pouco simples demais para ser representativo de um Nobel. Terei, então, de realmente arranjar outro livro dele para poder saber mais.

4.12.14

Mahatma Gandhi

A Minha Vida Dava Um Livro - Mahatma Gandhi
Susmita Arp
2007
Biografia

Hoje estive muito tempo à espera de uma coisa que nunca aconteceu, portanto aproveitei para ler a biografia toda do Gandhi. Não é muito grande, nesta versão.

Escrito de forma simples e descritiva, o livro conta a vida toda do Gandhi, desde o seu nascimento, passando por todas as coisas que nem todos conhecemos. Este homem, símbolo da paz e do pacifismo, afinal não era tão pacífico assim. Contribuiu em muito para a independência da Índia e países circundantes, mas nem mesmo ele conseguiu que todos vivessem em paz. Talvez porque a sua abordagem não fosse a melhor.

Porque quando matam as pessoas que te apoiam com pancadas de bastões, a solução não está em fazer greve de fome. Penso eu de que.

Enfim, com este livro aprendi que Gandhi era mau para a família e que os obrigava a viver asceticamente como ele, o que haveria de ser aborrecidíssimo quando se é criança e se quer ir brincar. Também fiquei a saber que liderou guerrilhas sob o pretexto de criar uma sociedade igualitária baseada na exploração daquilo que a natureza nos dá. O que é bom em teoria, mas não funciona num mundo onde há televisões.

Fiquei com o entendimento de que o senhor era um extremista radical, mas ao contrário. Isto é, em vez de fazer atentados à bomba, fazia greve de fome. O que é muito bom, porque morre menos gente e não faz mal a ninguém. Se bem que, segundo aparenta, para ele não haveria de ser muito difícil fazer greve de fome, pois pesava apenas trinta e oito quilos e só comia vegetais crus. Também tinha uma obsessão pouco saudável com a roca de fiar e roupa tecida por ele próprio, o que deveria ser o ideal de todos os cosplayers que participam em competições internacionais.

Escrevo sobre este livro mais ou menos a brincar, porque me impressionou solenemente que o símbolo da paz no mundo afinal não fosse uma pessoa assim tão pacífica. "Manifestemo-nos pacíficamente ou morreremos tentando" parece-me um grande paradoxo. Mas foi interessante, sobretudo sabendo que este senhor costumava usar fato e gravata, cartola e meias.

Sem Penas

Sem Penas
Woody Allen
Contos
1975

Recebi este livrinho num presente do BookCrossing e pensava que era uma peça de teatro. Afinal não. Trata-se de um conjunto de textos humorísticos e duas peças de um acto, Morte e Deus. Já conhecia Deus, pois no meu antigo grupo de teatro fizemos uma tentativa de a encenar (que saiu frustrada. O meu papel era "Mulher que levou uma facada")

Ora, como sabem eu tenho o grave problema de ter perdido o meu sentido de humor. No caso de Woody Allen, eu nunca lhe tinha achado muita graça. Gosto imenso dos filmes que ele escreve para outros actores, mas no caso não gosto nada quando ele é ele próprio. A sua neurose e desespero irritam-me em vez de me divertirem.

Assim, não consegui achar grande piada a este conjunto de narrativas. 

O meu sentimento é que Allen se esforça demasiado para ser absurdo. No entanto, mesmo as coisas absurdas têm de fazer sentido. E aqui seguem-se piadas e piadas que todas juntas não fazem sentido nenhum. Em todos os textos seguia-se uma linha de "Pessoa X fez Y. Depois a pessoa Z disse gato". Procurei em todos os textos algo que me inspirasse a fazer um skit de cosplay daqueles à minha maneira, mas nada foi obtido, pois não há uma linha conectiva que ligue o X ao gato e, assim, a piada perde-se no meio das coisas.

Ainda assim, gostei do único texto narrado por uma figura feminina e das curtas sobre animais fantásticos (achei genial, talvez a única coisa que achei genial o "animal que tem cabeça de leão e corpo de leão mas que não são do mesmo leão")

Quanto às peças, não tinha gostado muito de Deus quando a tentámos encenar e confirmou-se esse sentimento. Quanto a Morte, acho que tem demasiada gente para uma coisa tão curta. É o problema das pessoas famosas. Pensam sempre de forma exagerada.

MUDE

Museu do Design e Moda

Já lá tinha ido, como podem ver aqui, mas desta feita foi na companhia do Qui.

Agora, vi com mais atenção a exposição principal. Não tinha reparado da primeira vez, mas tem muitas informações sobre a evolução do design e moda, com listas de datas marcantes na história. Infelizmente, os textos são por vezes muito rebuscados, o que torna difícil de compreender exactamente o que se passou.

Essencialmente os materiais expostos são os mesmos, mas destaco um vestido preto com laços e uma secretária toda às cores dos anos 90. É interessante ver a evolução dos padrões, formas e cores, do início do século até aos 00. Será uma exposição sempre a actualizar-se.

Não tenho fotografias porque estavam lá umas moças a vigiar-nos e não deu para tirar. Note-se também que fomos à mesma hora de uma visita de estudo, pelo que tivemos de ouvir muitos adolescentes gritando.

Encontramos uma escadinha e subimos à exposição temporária, de artigos Japoneses. Infelizmente, subimos pela escadinha errada, pelo que vimos a exposição de trás para a frente.

Assim, vimos primeiro a utilização do alumínio em objectos quotidianos do pós-guerra, como objectos de cozinha, brinquedos e material de escritório. Gostei especialmente de uma mini máquina de costura, mesmo pequenina. Estes objectos estavam descaracterizados, o que dava um ar um pouco mórbido a toda a exposição, como se nessa altura toda a gente vivesse em tons de cinzento.

Depois, passámos para uma exposição do Boro. O Boro é a roupa que se usava pelos gentios mais  pobres que, não tendo acesso ao algodão e a outros materiais deliciosos para fazer roupa, usavam restos de tecidos e farrapos em geral para fazer roupa. Aparentemente, segundo o que dizia lá, isto é um percursor do movimento punk, apesar das roupas terem um aspecto mais freakalhóide do que outra coisa. Aqui, consegui tirar uma fotografia de mim própria com um destes objectos:

Com a camisola que comprei no Nihon Sekai :)

Continuemos para cima e encontramos uma exposição do IKEA disfarçada de relato dos hábitos caseiros dos portugueses. Não tinha muito interesse, pois para ver coisas do IKEA vamos à loja do IKEA, excepto o momento em que confundimos os escritórios do museu com a exposição e os invadimos (mandaram-nos embora).
Para baixo, dentro da caixa forte, estava uma exposição de óculos. Fiquei desapontada, porque eram quase todos óculos escuros. Os meus preferidos foram uns triangulares, pois adoraria ter uns óculos triangulares (adoro triângulos). Mais uma vez, conseguimos tirar uma fotografia de mim própria no local:


E assim terminou a visita, já estava o museu quase a fechar.

Foi uma tarde bem passada e, mais uma vez, insisto que visitem este espaço. É grátis pessoal!