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In English: Cosplay Portfolio (Updating) | SALES

28.4.14

Kick-Heart

Kick-Heart
Yuasaa Masaki - Production I.G.
Anime - Filme
2013
7 em 10

Outro filme para apreciar a vida no campo. 

(Nota: tenho um pupi aos gritos dentro da cerquinha dele porque quer sair. Se sair come os fios dos computadores. Portanto, escreverei este comentário com o pupi aos gritos)

Por acaso, este pequeno filme tem uma história curiosa. Os produtores e realizadores do Mind Game, filme que aprecio muito, colocaram um desafio no Kickstarter, tentando obter donativos para a sua produção, partilhada entre Japão e Estados Unidos. Toda contente, fui contribuir. Mas depois de ter preenchido os dados todos para dar a minha parte, descobri que já estava fechado. Mas fica a intenção. Eu realmente gosto de contribuir para que se façam coisas e projectos, sobretudo se são um pouco mais alternativos.

Foi com surpresa e uma certa dose de decepção que descobri que o filme tem apenas doze minutos e que se calhar terá continuação. Apesar de se ter reunido o dinheiro todo, anime é caro dessa maneira.

Portanto, a história está contada na sinopse. Sem a sinopse, pode ser um pouco difícil compreender a história. Revelo-a, portanto: um wrestler tem um orfanato dirigido por freiras. Uma das freiras é wrestler. E ambos têm esse segredo e nenhum sabe do outro. E lutam.

Assim, em termos de personagem e de história, não temos muito para ver. As personagens, sobretudo a de Romeo (o wrestler), podem ser exploradas de forma interessante, mas precisaríamos de mais tempo. Tendo em conta o que vem na sinopse, talvez se pudesse desenvolver uma história de amor, com todas as consequências de um dos membros ser uma freira.

Mas este anime merece um sólido sete. E porquê? Por causa da animação. Conjugando o design altamente estilizado dos comics americanos com a cor e a expressão cómico-pop do anime que todos amamos, o resultado é simplesmente fascinante. Por todo o lado temos uma erupção de formas e cores, altamente confundíveis e - termo que invento agora - tripáveis.

Assim, anime digno de tripanário. O que me lembra que está em stand-by já há que tempos, porque realmente tem tanta coisa...

Saint☆Onii-san

Saint☆Onii-san
Takao Noriko - Aniplex
Anime - Filme + 2 OVAs
2013
8 em 10

E entretanto chega o fim de semana prolongado! Ala embora, ala para o campo, descansar, desanuviar e desmazelar todas as coisas. Foram vistas montanhas de anime, numa apresentação de diversas obras de diversos autores e...  Não, nada de assim tão sério. A verdade é que se viu este filme.

E que belo filme!

Vamos fazer um exercício muito hipotético. Imaginemos que há um céu, onde os deuses e deusas vivem e se abraçam. Eles têm muito serviço, com tantas orações que lhes dedicam e tudo o mais. Portanto, dois deles decidem ir de férias. São eles Jesus e Buda e, é claro, vão para o EXOTIC JAPAN! Alugam um apartamento e lá passam uns tempinhos, aproveitando a vida e os seus detalhes.

E assim nos chega este filme, com mais dois OVAs para acrescentar mais um pouco de vontade. Um filme leve e delicioso, em que acompanhamos a vida diária de dois jovens muito especiais.

A história é simples, mas está cheia de pequenos detalhes que são apenas relativos ao universo de personagens que nos é apresentado. Por um lado, as estrelas do filme, os improváveis Jesus e Buda. Sem cair no ridículo, na crítica, na ofensa: tanto um como o outro são pessoas inocentes e bem-humoradas, com uma relação de amizade sem precedentes que só poderia ser possível com personagens que têm inerente a compreensão mútua e a capacidade de perdoar. Sem exagero, pequenas maravilhas que tanto um como o outro terão feito na sua passagem pela terra aparecem e fazem rir, porque são muito simples, felizes e cheias de humor. Coisas verdadeiras e honestas, como atingir o Nirvana na montanha-russa ou separar as águas na piscina.

Mas não são estes os únicos elementos do filme. Também há a interacção de tão estranhas pessoas com os habitantes da cidade: a senhoria, os vizinhos, os miúdos do bairro. Neste caso, o filme também está cheio de momentos que, com uma graça infantil, nos fazem acreditar na bondade e na inocência, tema prevalente durante toda a narrativa visual.

Poderíamos pensar que um filme com características de fatia-de-vida poderia ter uma animação aquém das expectativas. Ora, acontece precisamente o oposto. A paleta de cores é muito suave, cheia de luz, com um contraste muito interessante entre momentos rascunho e momentos de bela animação, sobretudo na grande luta do miúdo contra o terceiro olho do Buda. Luz e sombra são atingidos de uma maneira muito vívida, com utilização da cor branca nos personagens, o que é um efeito que nos dá a oportunidade de ver o filme com mais calma e suavidade.

Musicalmente, o mesmo se passa. As músicas são animadas, simples, analógicas. Quando aparecem, fazem sorrir.

Esta é realmente uma comédia excelente, para religiosos e para não religiosos. Sem criticar, sem fazer mal, mostra como duas fés podem realmente coexistir: a aventura entre Jesus e Buda no Japão apenas apela para um sentido de amizade e de paz. O que é realmente o que o mundo precisa, amizade e paz. Por isso, vejam este filme. De certeza de que quando acabarem vão sentir-se mais frescos!

O Mundo de Sofia

O Mundo de Sofia
Jostein Gaarder
1991
Romance

Não li este livro quando tinha idade para o ler. Porquê? Porque me pareceu infantil demais! Ora, já passámos essa fase. Porque não, 12 anos depois, ler um livro para adolescentes?

A  verdade é que a trama adolescente empalidece perante os mistérios da vida que nos são propostos ao longo do livro. Através de secretas lições, a jovem Sofia viaja por toda a história da filosofia, aprendendo imenso. Achei isto muito interessante, sobretudo porque me deu (e aos jovens a quem o livro é dirigido provavelmente sentirão o mesmo) muita vontade de ir ler os filósofos e os autores citados, para aprender mais sobre como eles observavam o mundo e o explicavam.

Arqueando sobre as lições filosóficas, passa-se uma estranha história com muita fantasia e muito absurdismo à mistura. A partir do momento em que Sofia começa as lições de filosofia, o seu universo transforma-se. Não conto mais para não estragar a festa! Mas a verdade é que esta transformação do mundo real tal como o conhecemos numa estrutura quase onírica também coloca algumas questões filosóficas interessantes. Mas estas poderão passar ao lado do leitor menos atento.

No fundo, este é um guia muito básico, uma iniciação à filosofia. Acho-o um livrinho de valor, sobretudo se introduzir estas ideias e questões importantes nas leituras e divagações da faixa mais jovem. No meu caso, deu-me vontade de pesquisar os antigos e os contemporâneos. Já não olho para eles há muito, muito tempo...

22.4.14

Kurenai

Kurenai
Matsuo Kou - Brains Base
Anime - 12 Episódios
2008
6 em 10

Ao primeiro episódio este anime pareceu-me extremamente interessante. Então, o que falhou?

Um grupo misterioso rapta uma criança de sete anos que vive prisioneira no seu próprio lar. Entregam-na aos cuidados do jovem Kurenai Shinkurou, que trabalha para esta instituição. Ele é um jovem alterado, mestre numa arte marcial. Vivem num edifício com quartos, partilhando-a com duas mulheres estranhas. Vão à escola, onde há raparigas estranhas.

Assim, temos dois pontos essenciais. Um deles é o fatia-de-vida, em que há um certo desenvolvimento dos personagens. Não são claras as relações entre estas pessoas, sobretudo as colegas da escola (partilham um passado, mas...?) e não posso dizer que a evolução de cada carácter tenha sido de excelência. Isto nota-se bastante em Murasaki, a criança, que só actua como membro da sua faixa etária de quando em quando. Por um lado tem birras e momentos próprios de menina de sete anos. Por outro lado, tem uma estranha maturidade que é impossível numa criança desta idade, assim como uma capacidade muito adulta de tomar decisões.

O outro ponto é a história de Murasaki e a sua família, que aparentam ser muito importantes. No entanto, mais uma vez, isto não é suficientemente explorado em termos generalistas, sendo que a narrativa aponta mais para a relação da menina com a sua família incompreensível.

Existem momentos sem lógica, sobretudo nas cenas de acção e de lutas. Kurenai é um mestre em artes marciais, mas quando é preciso nunca faz nada de valor. Depois cresce-lhe uma lâmina no cotovelo quando se enerva e não se sabe muito bem de onde ela vem. No entanto, a animação é bastante razoável e, não fosse a inutilidade do personagem principal, dá potencial para que as lutas sejam muito interessantes visualmente.

Na música, nada de extraordinário se passa. OP e ED parecem-me pouco adequadas ao teor mais escuro da série, apesar da animação da OP ser muito engraçada. Isto do teor é outra coisa que estranhei, pois - para série violenta que trata de assuntos sérios - parece querer manter-se apropriada a menores de dezasseis. Nunca mostra sangue nem ferimentos, o que me parece estranho com tantas lutas. Se calhar sou eu que já não estou habituada.

É um anime que tinha muito potencial para ser bastante boa, mas que perdeu rapidamente o foco em momentos irrelevantes para um quadro maior.

21.4.14

Grand Budapest Hotel

Grand Budapest Hotel
Wes Anderson
2014
Filme
6 em 10

Dia de Páscoa, mãe diz que vamos ao cinema. Iremos com todo o gosto! Tinha vontade de ver este filme porque todos os meus amigos estavam a combinar, mais ou menos, vê-lo e com toda a certeza que eu não poderia ir. Assim, ganhei, ganhei!, fui vê-lo antes de toda a gente, hahaha. Brinks :3

Não posso dizer que tenha gostado por aí além. Numa produção fantasiosa, acompanhamos as aventuras de M. Gustave e do seu amigo Zero, respectivamente chefe do Grand Budapest Hotel e paquete iniciante. É um filme divertido e muito detalhado, mas pareceu-me que entrou demasiado num mundo de fantasia.

Logo desde o início a história não pode existir, pois fica num país imaginário. O problema é que os "efeitos" desligam-nos do potencial realismo que isto tudo poderia ter. As animações parecem verdadeiros bonecos, o que dá um toque muito infantil a um filme que se estabelece desde o início como "maroto". Isto torna toda a narrativa um pouco confusa no seu objectivo.

Cenários e móveis, tudo isso excelente, de um luxo fascinante. No entanto, os actores parecem bastante exagerados e com pouca plasticidade o que, mais uma vez, é uma antítese um pouco desagradável.

Se calhar é mesmo esse o objectivo do filme, mas não me marcou como gostaria.

19.4.14

Lupin III: $1 Money Wars

Lupin III: $1 Money Wars
Kobayashi Toshimitsu - VAP
Anime - Filme
2000
6 em 10

Como saberão, a minha primeira experiência com Lupin foi esta. Como podem ver, não gostei mesmo, mesmo nad.a Pensei que com outra experiência Lupin passasse a gostar mais deste franchise e personagem. Mas a verdade é que... Não. Talvez tenha tido azar com o filme. Não sei, mas a verdade é que ainda não foi desta que Lupin me cativou.

O ladrão mais famoso do Japão está nos Estados Unidos para roubar um anel. É de pouco valor, mas tem u segredo muito importante, que poderá até destruir o mundo. Assim se gera uma luta entre o bem e o mal, mas em que tanto o bem como o mal são corruptos, avarentos e muito espertos. Só que um até é boa pessoa e o outro (a outra!) é frio e insensível. Não podemos deixar de nos identificar com Lupin e os seus amigos, pois são divertidos e simpáticos, apesar das suas tropelias não serem nada amigas das pessoas em geral.

O mistério é inteligente e, em termos de narrativa policial, o filme está bem feito. Mas eu não consigo aturar estas personagens. Não consigo aceitá-los como "a força do bem" e não consigo torcer por eles. Admito que esta oposição é parte do que torna o personagem de Lupin mais interessante, e que ele tem muito carisma. Mas, apesar de lhe achar graça, não simpatizo muito com ele. Por isso, talvez o problema seja mesmo de mim, do meu interior.

As cenas de acção seguem-se, mas o anime, apesar de só ter 14 anos, não envelheceu nada bem. As cores são pálidas e as expressões dos personagens pecam por exagero, sobretudo em cenas que são - supostamente - mais sérias (como a do enterro). Em termos de animação propriamente dita, o melhor são sem dúvida as perseguições, mas só quando não aparece ninguém nelas. Porque aparecem sempre a fazer coisas e, uma e outra vez, vem o exagero e as cenas caem no ridículo.

O melhor do filme é mesmo a música. Com uma mistura de sonoridades com muito de jazz, ilustram muito bem todas as situações, dando uma envolvência de mistério e "noir" ao filme. Que não tem nada de "noir", mas podia ter se se levasse mais a sério.

Mas talvez Lupin não seja mesmo para levar a sério e eu tenha uma expectativa completamente errada! Vou tentar mais um filme e depois disso ou funciona ou fecho a loja.

Nagi no Asukara

Nagi no Asukara
Shinohara Toshiya - P.A. Works
Anime - 26 Episódios
2013
6 em 10

E assim terminam os animes das seasons passadas. :3 Este foi dos que gostei mais do Inverno de 2013. No entanto, a série alterou-se e acabo por lhe dar esta avaliação mediana.

Dois mundos vivem em oposição. Existem as pessoas do mar e as pessoas que vivem na terra, cada um na sua cidade. Tudo começa quando a escola do mar fecha e quatro alunos são forçados a ir estudar na superfície. Aí, vêem-se confrontados com uma cultura diferente e têm de se adaptar. Entretanto, existe uma história de amor e outras paralelas, mas todas elas explorando uma temática de adaptação e de respeito para com as pessoas diferentes.

No entanto, a partir da segunda parte (em que há um salto no tempo) a situação altera-se e acaba por se resumir a um polígono amoroso muito infantil que não me causou grande interesse ou expectativa. Assim, a história ficou bastante infeliz e não tive a capacidade de a apreciar, perdendo o gosto semanal que tinha em ver esta série.

Apesar da minha expectativa ter sido destruída pelo desenrolar da história, existe algo que não pode ser ignorado, que é a arte. As paisagens marinhas são exasperantemente lindas, e o design da cidade submarina é algo de espectacular. Cores, brilhos, elementos gráficos, todos eles contribuem para formar um ambiente muito realista e, sobretudo, muito belo.

Finalmente, a música. Os temas utilizados são muito calmos e muito bonitos, sendo que eu fiquei com uma preferência pela primeira ED (spoiler: a música completa não é assim tão gira). No meio, tudo se adequa muito bem a cada uma das situações, trazendo tanto tragédia como placidez a todo o ambiente.

No geral, não é uma série má. Poderá até não desapontar outro tipo de espectador, que aprecie mais a temática das formas amorosas.

16.4.14

Anicomics 2014

Anicomics 2014
Evento
Depois de ter viajado pelo espaço (vide este blog), foi chegar a casa e dormir um bom sono bem descansado. Porque no dia a seguir... Mais um ano, mais um Anicomics!

Preparar-me para este evento foi difícil e cansativo, durou algumas semanas. No final, acho que valeu a pena. Mas falemos dos dias que se passaram.

As Origens

A aventura do Anicomics começa num Sábado à noite, num bar de bicicletas, quando eu digo ao meu amigo Zé Gato: "Zé, preciso de um cubo. Vamos fazer um cubo." Assim, todos os fins de semana ao longo de várias semanas, dirigi-me à oficina em Almada para fazer o cubo e o painel, para além de comprar materiais para o cubo (como a madeira é cara!) e para o painel. Entretanto, mais pessoas trabalhavam neste projecto: a Twinny fez a edição do vídeo em tempo record, R. ajudou-me a gravar uma música. A todas estas pessoas, e ao meu bicharoco, tenho de agradecer por me terem ajudado a tornar isto realidade. Tudo tinha de correr bem: não as podia desapontar e não podia desapontar a minha família. Porque este skit, onde se investiu tanto esforço, tempo e dinheiro, era muito especial, como verão de seguida.

Chega o dia e transporto todas as tralhas para o carro. Uma tralha ficou esquecida! A máquina fotográfica! Por isso, com muita pena minha (havia cosplays muito giros), não tirei fotos a ninguém. Em compensação, o meu pai deve ter tirado por isso vou colocar o que ele tirou... À minha irmã pequenina! Espero que fique fofinhi. :3 Cheguei logo de manhã cedo, fila gigantica para entrar. Pus-me na fila menor e ganhei uma fitinha catita com um cartão dentro de um plástico, tudo super moderno, até parecia um congresso internacional de médicos veterinários! Com ajuda de um simpático voluntário, homem pujante e forte, consegui carregar toda a minha tralha para o backstage. Seria montada depois.

Achei por bem ir tomar um café a uma esplanada. E é lá que a Ana-san me telefona em pânico. Aliás, em PÂNICO!!!!, porque não tinha computador para o workshop de Japonês que ia dar e se eu teria um. Ora, por acaso eu vivo bem perto de Telheiras e tinha o carro! Mas estava tão bem estacionada que pedi à minha mãe, que andaria pelas compras ou algo do género, para mo trazer. E assim se salvou a situação e assim se passou a manhã.

Encontrei a Hota-chan e acabámos (como sempre) por comer uma pizza de queijo de cabra na utilíssima Telepizza que fica lá perto.

E assim se gastou a hora de almoço.

Posteriormente, fui montar o meu cenário. Devo agradecer a todos os voluntários, que foram os primeiros a oferecer-se para me dar uma ajuda. Certamente que o conseguiria fazer sozinha, mas com ajuda é mais fácil. Assim, ficou o meu painel montado e o cubo todo preparado para entrar.

Vesti-me e fui ter com o meu pai, que veio de propósito de Santarém com a minha pequena irmã macaca para ver o meu skit. Claro que ainda não tinham almoçado. Claro que se atrasaram a almoçar. E é claro que não conseguiram lugar no auditório. Fui saber se os deixavam entrar... "Tivessem chegado mais cedo". É claro. É claro. É claro que o meu pai, que veio de propósito, que pagou bilhete e tudo o mais, que tem idade para ser vosso pai também, quiçá até vosso avô, não aguentou uma hora e meia de pé, foi-se sentar e nesse momento perdeu o meu skit. E é claro que se zangou comigo, com a miúda, com toda a gente e se foi embora todo revoltado. Pois claro.

Mas bem, isso é culpa nossa que somos avariados da caixa dos pirulitos, porque eu avisei explicitamente que para arranjarem lugar tinham de chegar lá pelas 14:30.

Adiante. Até agora este comentário não tem muita piada, mas a verdade é que não aconteceram muitas coisas engraçadas. Fora aquele momento que eu estava sentada na rua sozinha e passou um bebé ao colo da mãe que se pos a apontar aos gritos e apitos, todo contente, e eu lhe disse "alô bebê". É que sabem... Eu estava com os nervos todos nervosos a saltar na ponta de todos os pêlos que despontam de todos os meus sinais! Uma pessoa antes de um skit enerva-se sempre, mas este... Eu não vim ao evento para vir ao evento! Eu vim para fazer isto! E isto tinha de correr bem! Tinha muitos medos. Que o pessoal não batesse palmas. Que o pessoal se risse no final. Que isto, que aquilo, sentia que se qualquer uma destas coisas da minha imaginação acontecesse teria de desistir necessariamente do cosplay, porque deixaria de fazer sentido fazê-lo. Mas nada aconteceu, tudo correu bem.

Mas ainda não falei desse tal skit. O que era afinal?

Umas cores para intervalar

Sabem... Não, não sabem. Não podem saber porque ninguém soube, só as pessoas mais próximas de mim. Mas agora posso falar disso. A verdade é que o meu avô morreu. Era o meu único avô. O da parte da mãe já viajou para algures há muito tempo, era ela pequena. Então era deste avô, o Vô Gedeão, que eu lembrava. Ele era brasileiro, tal como o meu pai e toda a família. E tinha muita, muita idade. Já tinha 99 anos e já estava mais lá do que aqui, mas ia-se aguentando. Mas, como poderão imaginar, no Brasil faz muito calor. E ele não resistiu. Íamos visitá-lo este ano, na festa dos 100 anos, mas afinal já não vamos. Nem sei se algum dia lá voltaremos. Vi este avô muito poucas vezes, mas gostava muito dele, porque ele também gostava muito de mim, até ao final em que ele já não sabia quem era quem e quem era ele.

Por isso, fiz uma homenagem. O cosplay não tem de ser necessariamente fazer uma apresentação de uma personagem. Porque não utilizar uma personagem para passar uma mensagem? Quem melhor que a Meroko, a shinigami das crianças, para falar da morte de uma maneira simples, para crianças, para velhinhos, de uma maneira bonita? E que música melhor do que a Aquarela, que todos os brasileiros conhecem e amam, que eu conheço e amo também? E foi isso.

Normalmente guardaria as explicações para o meu Cosplay Portfolio (sem link porque está em manutenção de momento), mas desta vez vou fazê-las aqui. Ana-san debateu comigo o skit e seus significados e percebi que houve alguns momentos que não ficaram muito claros. Cada objecto e gesto representava um momento da letra da música: a bola amarela era o sol amarelo; a bola azul era um pinguinho de tinta; a parte branca do painel era o muro; a parte espacial do painel era o futuro. Correu bem? Sim, muito. O chapéu caiu-me da cabeça, mas não fez mal porque até calhou numa parte que não tinha muitos gestos, pelo que o pude apanhar e pô-lo de novo.

Mas o final... Eu não estava à espera. Mas quando ouvi "que um dia descolorirá", percebi algo que ainda não me tinha atingido realmente: as pessoas, quando morrem, nunca mais voltam. Nunca mais as voltaremos a ver. Nunca mais vou ver o meu avô. E quando essa realização me caiu em cima, comecei a chorar. A chorar, a chorar, a chorar tudo o que ainda não tinha chorado. Fui para o backstage e chorei mais e mais, fiquei a chorar até que a Ana-san veio ter comigo e me fez rir. Com as lentes rosa (novinhas em folha, perdi as outras que tinha) estava com um ar perfeitamente satânico.

Evidentemente que não passei à final, mas não faz mal. Fiz aquilo que queria e que sentia e acho que o consegui transmitir aos outros. Vieram dizer-me que houve pessoas no público que se comoveram e era este tipo de homenagem que eu queria fazer. Agora quero muito ter o vídeo para poder mandar à minha família no Brasil, e mostrar ao meu pai, que acabou por não ver nada.


Obrigada a todos por me terem acompanhado nesta aventura. Vivam a vossa aquarela antes que ela desapareça, façam-na com as cores mais vivas. Citando Mishima "a vida humana é breve mas eu gostaria de viver para sempre"... Mas não vivemos. Há um limite para todas as coisas vivas. E é muito pouco tempo. Este skit não é só para o meu avô. É para a minha avó do Brasil, para a minha Tia Gabi, para a minha Tia Armanda. É para todos aqueles que vocês, público, perderam num momento ou outro da vida. A vida é tão bonita, a morte não precisa de ser feia... A nossa passagem por aqui é muito curta, por isso vamos tentar aproveitá-la da maneira mais feliz possível. Pode ser? :)

Finalizações Diárias

E tudo termina. Ainda chorosa e ranhosa, fui desmontar todas as coisas, com ajuda da Ana-san e do Pedro-san. Todos juntos no meu carro, vamos pô-lo em casa e comer que nem uns animalejos a um restaurante sino-nipónico na Praça de Espanha. Estava tão cansada, só queria dormir até ao infinito. E foi o que fiz. Pensei "se calhar não vou amanhã" mas depois lembrei-me... "Ainda não comprei os meus souvenires!"

Não cheguei a tirar o cenário e o fato do carro. Vim com isso tudo trabalhar. Arrumo algures durante esta semana. 

De Regresso, mas por pouco tempo 

A minha mãe fez o favor de me deixar em Telheiras desta vez. Demorei-me o quê, uma hora, uma hora e meia? Foi neste dia que acabei por conversar com as pessoas, trocando dedos do pé de conversa aqui e ali, revendo pessoal em geral. Comprei um set de Pins com o tema "Setembro" (o meu mês) à Marta Lebre, velha amiga da escolinha católica (huhu) e um phone-strap em forma de gelado azul. Queria encomendar um desenho, mas não estava com muito tempo, portanto pedi um cartão de visita aos artistas que gostei mais (e que desenhos lindos tinham!). Um deles não tinha... Portanto... Ofereceu-me uma print! Obrigada! =D Ficou meio estropiada no transporte, mas está inteira! Só precisa de ser passada a ferro... Sorry! Mas vou passá-la a ferro. 

 Ó o desenho, assim todo meio amarfanhado. Obrigada por mo darem mas... Eu não conheço Kill la Kill. :v Talvez um dia...

E assim terminou a minha aventura no Anicomics deste ano. 

Espera! Espera aí! Então sua bicha maluca, não estás a ver que ainda não falaste népia do evento pah? 

Sobre o Evento Propriamente Dito 

Ora bem, como poderão ter constatado pelo meu relato anterior, eu estava mais concentrada em limpar a ranheta que me escorria pelo nariz e pelos olhos do que eu ver o que se passava à minha volta. Mas falemos de algumas coisas que pude apreciar:

O Espaço

Continua igual a si próprio, com um bom aproveitamento das salas. No entanto, e isto diz-se todos os anos, começa a ser pequeno demais para o público que atinge. Existiram momentos em que não era de todo possível andar de forma confortável no espaço do evento, pelo que muitas pessoas recorreram ao clássico "ficar na rua". Pessoalmente, devido a isto, houve partes que não vi - nomeadamente a exposição de banda desenhada. Achei excelente ideia o investimento nos ecrãs para que se pudesse ver em directo o que se passava no auditório, mas acredito que beneficiariam de estar em espaços mais largos e com lugar para as pessoas velhas e cansadas se sentarem. Nem que seja no chão. Também seria engraçado ter uma amostra de vídeo do lado de fora do evento, mas isso é apenas uma ideia a considerar.

As Lojas

Como habitualmente, a presença de stands profissionais resume-se à organização do evento. Ora, eu gosto bastante da loja Kingpin. Tem sempre mangas alternativos engraçados e já lá fiz compras muito interessantes. Mas desta vez, o que se terá passado?, nada de obscuro, nada de interesse, tudo coisas longas, populares ou que eu já tenho.... Bem, isso é bom para um primeiro ou segundo visitante... E vende muito! Mas gostaria muito que tivesse havido algo que me chamasse a atenção. Compreendo a posição da organização mas... Gostaria muito? *-* Terei de ir à loja para compensar. 

Em termos de stands não profissionais, achei que estava muito bem composto, com uma variedade interessante. Alguns artistas eram muito, muito bons (aqueles a quem eu pedi o cartão de visita, sobretudo, vou querer encomendar!) e havia coisas muito engraçadas. Vi umas meias Angelic Pretty, mas afinal eram imitação... Mas eu perguntei na mesma só para saber se era possível ver roupa exorbitante num evento. Pelos vistos não neste caso. A sério, perguntei mesmo só para saber. Não me interessa por aí além ter umas meias com veados cor de rosa, não posso levá-las para o trabalho. 

Também achei que estava tudo bastante bem distribuído, se bem que talvez houvesse um ligeiro desiquilíbrio na primeira sala. 

Os Voluntários

Passarei a escrever algo a que chamarei "Ode a Essas Criaturas Maravilhosas"

Oh maravilhosas criaturas
Que me ajudam a montar cenários
Agarram em paus em altura
E enroscam parafusos vários.

Oh lindíssimas criaturas
Que nos acalmam atrás do palco
Sempre prontos com escovas
Laca, redes ou talco

Oh fantásticas criaturas
Que nos ajudam a vestir
Que levam os nossos props
Preparam o que há-de vir

Oh fofinhas criaturas
Que me aturam a chorar
Oferecem copos de água
E lencinhos para assoar

Foram estas criaturas
Que me ajudaram no meu fado
Portanto, será foleiro
Mas o meu muito obrigado

 
De verdade, ajudaram-me imenso e foram o meu colete salva-vidas. Digo colete e não bóia, porque assim ficam mais perto do corazón :) 

Considerações Finais
Gostaria de agradecer a todos os que me ajudaram e apoiaram neste projecto estranhamente emocionante.
E queria emitir um pedido de desculpas oficial a todas estas pessoas:
  • À minha família toda, porque sou uma ranhosa;  
  • Aos voluntários, porque tiveram de me aturar;
  • Ao Homem-Aranha, por ter sido tão antipática quando estava através dele na fila: estava realmente muito nervosa;
  • A todas as pessoas com quem eu mandei vir por me baterem nas asas, realmente não havia muito espaço;
  • Ao grupo de pessoas ao pé das quais murmurei "já foderam esta merda toda": não estava a falar de vocês, estava apenas revoltada por estar a cair uma pena das asas;
  • À APC, por não confiar na cola quente;
  • Ao casal que estava à minha frente na fila para voltar ao palco, por ter suspirado cheia de sentimentos virulentos: é que eu também queria estar em carinhos diversos e tive muita inveja de vós;
  • Ao público, por ter saído assim que anunciaram os vencedores: não estava muito bem;
  • Ao artista que me deu a print, por eu a ter amarfanhado;
  • E a toda a gente a quem fiz mal.
De resto, que posso dizer do evento? Essencialmente, terei de lá voltar para o ano com coisas menos importantes para fazer, porque este ano aproveitei z-e-r-o do que havia. Não vi concurso nenhum, não participei em workshop nenhum (e gostava muito de ter ido ao dos skits), não vi apresentação nenhuma, não joguei RPGs de mesa, apesar do convite que me enviaram... Ainda assim, achei que valeria a pena partilhar a minha experiência.
E agora, passemos ao importante!
Seis Fotos!!!!! =D =D =D
Certamente não se incomodarão de estar uma macaca em todas elas. Espero que até achem fofo! É a minha mini-irmã. :3 Teria todo o gosto em enviar fotos maiores, mas são de telemóvel por isso não crescem muito mais. E teria todo o gosto em ter mais fotos, mas eles só tiraram estas...





 Terminamos com uma foto de um gorila mascarado de coelho e de um animal de espécie a determinar, seu pai. :3
E até à próxima!  

14.4.14

Gundam Build Fighters

Gundam Build Fighters
Nagasaki Kenji - Sunrise
Anime - 25 Episódios
2013
6 em 10

Como sabem, eu tenho aquele projecto pessoal megalómano de ver todos os Gandamus que existem e existirão. Por isso, quando apareceu este, não hesitei em ver.

Mas este Gandamu é diferente. Desta vez, pegam  num conceito muito original: em vez de batalhas políticas pelo espaço, porque não apelar à nova geração e usar Gunplas, em batalhas desportivas, campeonatos? É precisamente isso: um anime para miúdos, uma noiva geração que precisa de conhecer Gundam e apreciar estes robôs gigantes do antigamente.

Assim, temos uma história muito simples, de um jovem construtor de Gunplas e do seu novo amigo, uma estranha pessoa vinda de parte incerta, que os "conduz", isto é, faz as batalhas. Para quem não sabe (que deve ser ninguém ºvº ), um Gunpla é um artigo de modelismo, em que as pecinhas do Gundam vêm todas separadas e é nosso trabalho montá-las até terem uma forma reconhecível. Evidentemente que eu nunca poderia fazer isso, com toda a certeza a primeira coisa que faria seria comer uma peça importante.

Aceitamos a história extremamente simples por se tratar de um anime para crianças. Existe toda a emoção das batalhas, mas não há nada de extraordinário a acontecer para além disso. Evidentemente que as batalhas são polvilhadas por uma animação exemplar, que torna tudo muito mais interessante.

Em termos musicais, nada que escape à temática shounen mais básica, mas são certamente musiquinhas animadas.

Um bom anime para aspirantes a animólicos. Isto é, mostrem isto aos vossos irmãozinhos, que eles vão cortiiir~~~:)

A Sangue Frio

A Sangue Frio
Truman Capote
1966
Policial (Não-Ficção)

Porque não? 

Eu já tinha ouvido falar bastante deste livro, apesar de não saber exactamente o que esperar. Esperava um policial, ficção misturado com não ficção, mas realmente o que se passa aqui é mais do que isto.

Depois de ter entrevistado muitas pessoas e reunido cerca de oito mil páginas de apontamentos, Truman Capote executou uma reportagem muito extensa que explora o assassinato violento da família Clutter e os seus assassinos.

Primeiramente, é descrita a vida da família Clutter. Realmente, somos forçados a simpatizar com eles, porque são muito boas pessoas e têm sucesso nos seus empreendimentos. Na realidade, cada um deles tem algo que nós gostaríamos de ter. Por isso, quando sabemos que irão ser assassinados, dá uma certa pena: não mais ouviremos falar dos detalhes dos Clutters.

Segue-se o assassinato e a fuga dos assassinos. Até agora, não sabemos porque razão assassinaram estas pessoas, apesar de sabemos porque motivo precisam do dinheiro com que serão recompensados. Aí começa a verdadeira história. Agora as pessoas normais ficaram para trás: vamos conhecer a vida íntima dos assassinos, até ao mais detalhoso detalhe, com uma minúcia preciosa, palavras de relojoeiro. Com tanta informação, não podemos permitir-nos pensar que estes homens são coisas que se possam assassinar. A verdade é que eles têm uma vida, estão plenos de sentimentos, desejos e sonhos. São seres humanos e, assim, o livro serve quase como um apelo à abolição da pena de morte.

Ao início não me prendeu, pois está escrito tal qual uma reportagem se tratasse: de forma fria e imparcial, relatando unicamente os factos. Mas à medida que vamos entrando dentro da mente dos assassinos, é impossível parar de ler.

Um livro a não perder.

10.000 Anos Depois Entre Vénus e Marte

José Cid - 10.000 Anos Depois Entre Vénus e Marte
Concerto
Quando se diz o nome "José Cid", no que pensamos? Macacas, bananas, Nova York, favas com chouriço... Pois bem, há uma excepção. O que pouca gente sabe é que José Cid não é só o autor de músicas foleiras do antigamente. Também é o autor de música boa do antigamente. Foi em 1978 que foi editado o album de rock progressivo que continua a ser citado como um dos melhores do mundo. Um album que nos leva a viajar pelo espaço, saindo da Terra destruída para depois voltar a formar uma nova civilização. 

Desde o primeiro momento em que ouvi estes sons, há anos atrás, mostrados pelo meu amigo Chicorita, que tive o desejo de o ver ao vivo. Pensei que seria uma grande viagem a não perder. Tornei-me admnistradora do grupo do facebook que desejava ver isto ao vivo (apesar de ter descurado as minhas funções e de agora vir a destruir o grupo). Cheguei a mandar um fanmail ao José Cid, que me respondeu com a máxima simpatia, provando que é uma excelente pessoa. Mas na altura não se concretizou. Mas aconteceu. Sexta feira à noite estava eu na fila para entrar na Aula Magna, vestida no meu melhor (com um tema espacial) para assistir a um dos concertos da minha vida. Não podia ter sido melhor.

Tudo começa com os dois primeiros temas de rock sinfónico que compôs, como introdução ao tema. "Cantamos pessoas vivas" e "Vida - Sons do Quotidiano" são excelentes sonoros que podem servir como intro ao próprio album dos 10.000 anos como "os sons e a música que as pessoas fazem antes de a Terra ser destruída".

Depois, seguiram-se quatro temas do novo projecto "Vozes do Além". Com letras de Sophia de Mello Breyner e Natália Correia, são músicas com uma tonalidade ligeiramente mais pop, mas típica do Cid que todos conhecemos. Ainda assim, gostei bastante e achei o tema muito apropriado ao meu estado de espírito do momento. A vida, a morte, a vida depois da morte. Estou desejosa de ouvir o novo album, apesar de as minhas companhias não terem gostado por aí além destes novos temas.

Finalmente (já eu numa aflição para ir no banheiro), começa o que todos estamos à espera. Grita um gajo punk atrás de nós "EU QUERO CHORAR!", levantam-se os cotas - maioria do público - os namorados à nossa frente tiram mais uma selfie... E começa a viagem.

Como descrever? Primeiramente, congratulo a escolha da Aula Magna, porque a qualidade do som é sem dúvida maravilhosa. Tudo à nossa volta era o espaço e, aliado às luzes e vídeos, entrámos todos dentro da nave espacial e fomos até além de Plutão para depois voltar. Seguiram-se as músicas pela ordem correcta, todas as pessoas dançando nas suas cadeiras, muitas pessoas levantando-se para bater palmas no fim de cada música, todos unidos por uma única razão: o hiperespaço.

Chegou a minha música preferida do album: "Fuga para o Espaço". Cantei-a toda, com cuidado para não perturbar as pessoas à minha volta, quase me comovi com a beleza desta música. É a minha preferida porque sinto realmente a solidão do vácuo e a melancolia de se estar longe do planeta mãe, em busca de algo que não sabemos e não poderemos saber, que só se concretizará tanto tempo depois, 10.000 anos.

No final, repetiram algumas notas desta música e um encore. No final, todos nos levantámos e todos cantámos "um planeta vazio entre Vénus e Marte", até explodirmos em aplausos, bem merecidos. Gostei de ver a alegria na banda por terem concretizado o sonho de tantos de nós.

Apesar do épico e maravilhoso que foi, não posso deixar de notar que o nosso amigo José Cid já não tem a mesma voz. Não faz mal, porque foi excelentemente substituído por cantores líricos que fizeram todos os efeitos sonoros espaciais de que necessitávamos. Ainda assim, fiquei com muita pena de não ter ouvido os a-a-ahs na Fuga para o Espaço, que lhe traziam enorme beleza.

Mas concluo que foi um dos melhores concertos que já vi e que valeu absolutamente a pena ter ido. Obrigada, amigo José Cid, por teres concretizado este meu sonho de viajar pelo espaço! E muitas mais vezes viajaremos!

Vem amiga, a nave de comando... Esquece a noção do tempo... Não me perguntes quando. Vem depressa, antes que seja tarde... Não olhes para trás... Já toda a terra arde! Marte é verde e Mercúrio brilha, entre Vénus e centauro! Plutão é branco e ponto de paragem, na viagem pelo céu! A cabine central, emitiu um sinal! O ecrã do radar, tudo indica normal!



9.4.14

Toaru Hikuushi e no Koiuta

Toaru Hikuushi e no Koiuta
Suzuki Toshimasa - Bandai Visual
Anime - 13 Episódios
2014
5 em 10

Não sei porque comecei a ver este anime. Talvez tenha sentido que ver aviões seria uma coisa boa. Mas nem por isso. Aliás, acabei de ver ontem, mas vejam a vontade que eu tinha de escrever que até estou aqui nas minhas interdições a fazê-lo só para não me esquecer... Hahaha

No fundo, este anime tem uma história muito simples. Poderia mesmo dizer "básica". Não passa de uma história de amor, pontuada por vingança e oposta por um ódio inerente vindo do passado. Mas eles não querem que esta seja a história principal. O desejo é que isto seja um meta-assunto e que o foco sejam os aviões e a guerra. Mas isso é impossível: primeiro porque a guerra se passa num contexto escolar, com crianças. Depois, porque o inimigo está mal definido e todos aparentam estar a lutar com o único objectivo de mostrar lutas de aviões. Finalmente, porque a trama política está muito simplificada, certamente de forma a agradar à faixa mais jovem de público.

Assim, o anime está preso numa área amorfa que não é nem o tema de guerra nem o tema amoroso, mas algo indefinido e com um rumo inconclusivo. Tem de acabar tudo bem, por isso é assim que termina, mas ficam assuntos pendentes para dar abertura a uma próxima season que... Não sei se valerá a pena.

Em termos de animação, pareceu-me muito incongruente. Se por um lado temos paisagens do céu muito bonitas, também temos personagens muitas vezes desproporcionais em relação aos objectos e, atrevo-me a dizer, com as feições tortas a ponto de nem o brilho narigudo as resolver. Gostaria muito de dizer que as cenas de luta entre avionetas estão excelentes, mas nem tudo é o que aparenta. A verdade é que o CG nota-se e nota-se bastante, apesar de já se notar uma grande evolução em relação à sua utilização há uns anos atrás.

Musicalmente, mais uma falha: a ED e OP não se adequam nada ao teor do anime, insistindo na má definição do objectivo de que falei anteriormente. Parenquimatosamente, nada fora do comum, podendo cair no vulgar nas cenas mais intensas.

Um anime que podia ter sido muito mais do que aquilo que foi e que espero que não tenha tido sucesso suficiente para uma próxima season.

CARNIVAL - Comei as Vossas Crianças

CARNIVAL - Comei as Vossas Crianças
Produções Acidentais
2012
Teatro
6 em 10

Fui ao teatro na sexta-feira. Chovia torrencialmente, mas ainda assim lá fui jantar fora com R. e nos dirigimos para o Teatro Extremo, em Almada Velha, procurando abrigo e uma horinha de entretenimento. Lá chegados, venho a ler o folheto que nos deram. Estava lá escrito o que está na imagem que coloquei (até a pus um bocadinho maior do que o habitual, para poderem ler :) ). Posto isto, pensei logo no pior... "É daquelas peças para interagir". A sério, não gosto nada de peças de interagir com o público. Isto é, ser actor é giro, mas ser público nestas peças é um stress e um horror.

Deram-nos umas fichas de poker à entrada, que deveríamos colocar em caixinhas em cada secção da peça. Para nos ajudar, tinhamos um assustador senhor de cartola que gritava "FICHAS". Tive medo dele e pus logo as fichas todas (eram três) na primeira parte da performance. Digo performance porque as primeiras três partes eram mais isso do que uma peça propriamente dita. Foram seguidos pelo monólogo "Comei as vossas crianças". Mas voltemos ao início.

Assim que a primeira pessoa coloca a ficha, aparece numa salinha transparente junto ao tecto uma cigana a cantar o fado e a colar papéis no vidro. O fado era giro e teve um grande efeito inicial, mas tive pena de não poder ler o que quer que estava escrito nos papelinhos.

De seguida, um corredor. Esperámos uma eternidade no corredor, em alegre converseta com um senhor que lá estava. Era para por outra ficha, mas eu não tinha mais... R. deu-me uma das dele e ficámos com uma cada um. Ao fundo do corredor, uma parede negra com um espacinho para espreitar. Do outro lado, a dançarina, ferida, fazia gestos, aproximando-se e afastando-se.

Finalmente, entramos na sala de espectáculo propriamente dita. A última ficha é para colocar numas velinhas. O senhor de cartola ordenou que pusesse uma ficha, mas eu não tinha mais nenhuma. "Então tem de arranjar uma!" disse ele, com ar demoníaco. Não arranjei. As velinhas diziam artigos da constituição quando se punha a ficha, numa voz que - no folheto - vinha identificada como "voz do padre". Será que "voz de padre" é um epíteto específico? Um estereótipo? Estranho...

Sentamo-nos e esperamos que todos cheguem para que comece o discurso. Uma deputada, falando para o parlamento, em texto traduzido de um autor que desconheço (mas que posso por aqui quando chegar a casa para ver o papel), declara que a solução para os nossos males é comer as crianças de todos os que não são ricos. Passa a descrever a indústria de carne, mas com crianças. Bem, esta parte teve piada. Fartei-me de rir, porque era tudo tão ilógico, e a imagem de "paté de crianças" pareceu-me absolutamente hilariante. A actriz podia ter estado um bocadinho melhor, apesar de se ter safado bem e se unir com o público, mas sem interferir connosco. Gostei muito quando todos bateram palmas a meio do discurso e ela conseguiu parar-nos com imensa classe e continuar.

Finalmente saímos. Ainda falta a parte da dança... E eu só dizia "eu não quero dançar, eu não quero, eu não vou, eu tenho sono, eu não quero, eu não vou" Mas fui logo a segunda pessoa a ser chamada para dançar com um desconhecido (fugimos um do outro muito rapidamente). Depois dançámos em grupo numa rodinha. Nem estava com atenção à música, que era guitarra e voz, não me lembro sobre o que falava porque estava tão concentrada e tentar dançar sem pensar nos outros.

Terminou com um copo de vinho no bar do teatro.

No geral, gostei do conceito de "circo" que nos foi imposto, apesar de não me parecer adequado ter este e o discurso na mesma sequência, porque não tinham muito que ver um com o outro. Mas o ambiente foi interessante, apesar de não ter percebido bem as mensagens que pretendiam transmitir com cada secção. Era só pelo circo ou havia algo mais? Terei de debater. 

Mas vou tentar ir mais vezes ao teatro. Confesso que já tinha muitas saudades.

3.4.14

O Vestido

O Vestido
Milene Emídio
2011
Novelleta

Esta autora esteve na Convenção do BookCrossing e foi muito giro conversar com ela. Houve um momento em que ela perguntou se eu era Wiccan, como que a confirmar, ao que eu respondi... "mais ou menos?" Questionei-me como poderia ela saber. Já não uso pentagrama nem nada. Mas depois de ler este livro, já me faz mais sentido ela descobrir isto. Porque o livro é, essencialmente, uma narrativa sobre a Arte da Deusa, que eu pratiquei durante tanto tempo. Sabiam disto? Pois bem, agora já sabem. :) Sou pagã de coração.

A narrativa é muito simples e está tudo escrito de forma muito directa, sem grandes floreados sobre emoções, sobre paisagens, sobre tudo. Assim, é muito fácil de ler. Mas confesso que não foi a história que me cativou. A história é muito interessante e o mistério é bem estruturado, apesar do final um pouco simplificado... Mas não foi isto. Foi o quê?

Foi a descrição das práticas da Arte. A autora deve conhecer bem, pelo menos algumas vertentes New Age, porque estão descritos rituais e encantamentos que também eu conheço bem. Ao ler, lembrei-me do quanto gostava de fazer isto, de estar dentro da minha fé, de acreditar em alguma coisa. Bem, ainda acredito em alguma coisa, mas não sei que nome tem. Era isso o que eu gostava de descobrir (que nome tem), por isso comecei a estudar. Até fiz um blogue, que não vou partilhar porque é sobre - wtf - religião. Paganismo. Mas parei, não tenho tempo. E agora, onde encontrar tempo? Esta leitura inspirou-me a encontrá-lo.

Apesar deste vínculo pessoal que criei com o livrinho, há algumas coisas nele que não se ligaram muito bem aos meus neurónios. Nomeadamente, a exactidão histórica. Creio que seria importante mais alguma pesquisa. Os amuletos usados em Portugal, concerteza seriam de pedraria encontrada facilmente em Portugal. E com toda a certeza que uma herdade de pessoas ricas na época medieval não poderia albergar uma comunidade pagã ou estariam todos na fogueira. A menos que o livro se passe antes, mas não há nada que o indique. Isto é, pequenos detalhes no que acontece tornam a história muito pouco verosímel.

Mas tornou-se uma história bem especial para mim. Por isso agradeço à autora a oportunidade que leu ao BookCrossing de ler este livro e ao BookCrossing por mo emprestar. :)

1.4.14

Kuroko no Basket 2

Kuroko no Basket 2
Tada Shunsuke - Production I.G.
Anime - 25 Episódios
2013
  5 em 10
 
Vi esta segunda season só por descargo de consciência. Como podem ver, não gostei mesmo nada da primeira. Mantenho tudo o que disse, com mais uns acrescentos.

Comecemos por Kuroko, o personagem principal. Vê-se que lhe tentaram dar um certo desenvolvimento, mas este não se coaduna com a resenha básica do personagem. Está mais falador e mais amigo do seu amigo, sempre sem expressão. No entanto, nos jogos isto muda, sendo ele cada vez mais protagonizado pelas suas estratégias. Aí ganha expressão, o que não se conjuga bem com a sua atitude normal e o faz perder a consistência. Acrescento também que os jogos estão mais aborrecidos: as estratégias definidas não são discutidas de maneira eficiente, nem antes nem durante os jogos, pelo que o visionante poderá ter dificuldade em imaginar como se realizam. Eles mostram, mas fazem pouco sentido porque não foram explicadas com extensão suficiente.

Os outros personagens continuam na mesma, mas há algo nos oponentes que me fez torcer os pulmões. Todos eles são apresentados sob a luz mais negativa possível. São todos pessoas insuportáveis, convencidos e maus, apesar de talentosos. Isto faz com que os jogos sejam quase combates e que os oponentes sejam quase inimigos. Ora, desporto não é isso. Desporto é estar na desportiva e jogar porque se gosta e não porque temos de arruinar o nosso inimigo. Pelo menos foi essa a impressão que me causou e fiquei bastante desagradada.

Em termos de animação, mantem-se o da season anterior. Os jogos ainda podem manter o interesse não pela estratégia ou pelo jogo em si, mas sim pelas poses e movimentos dos personagens no campo, que são sem dúvida espectaculares. No entanto, o facto de "concentração" ser expressa por "linhas fluorescentes nos olhos" retira o efeito realista e deixo de poder encarar cada competição com seriedade.

Tudo na mesma com a música, tudo bastante bem integrado com o ritmo da série.

Finalmente, uma coisa que não compreendo: afinal, a quem é dirigido este anime? Meninas gostam de ver rapazes suados a saltar com uma bola, é certo. Mas gostarão de ver gajas boas a tomar banho? Porque é que todos os managers são fêmeas? Se alguém me puder esclarecer agradeço, porque realmente está para além das minhas (muito limitadas, como é conhecido, capacidades)

Ainda vai continuar, mas espero que façam OVAs em vez de série, porque o que é demais é demais. E, pessoas do tumblr, parem de partilhar estes rapazes a darem beijinhos, porque é um assunto que est
a em excesso na minha dashboard. Partilhem, por exemplo, rapazes de Prince of Tennis a dar beijinhos.

Hajime no Ippo: Rising

Hajime no Ippo: Rising
Shishido Jun - Madhouse Studios
Anime - 25 Episódios
2013
6 em 10

Infelizmente ainda não tinha o blog quando vi a primeira season, mas aqui está o comentário à segunda se tiverem interesse.

Puro anime de desporto, shounen no seu maior esplendor. Esta terceira season pega exactamente onde ficou a segunda e, mais uma vez, vemos combates e a luta dos nossos personagens (que acho que já podem ser considerados amigos. Ou, pelo menos, conhecidos :) ) para conseguir chegar ao topo e manter a sua posição.

Ippo já é campeão, mas desta feita ele tem de lutar para manter o seu lugar. Isto revela-se talvez ainda mais difícil do que chegar lá, porque os oponentes são fortes e, alguns, muito assustadores. O ênfase dado a cada  oponente, com a sua história e as razões porque luta, é a principal razão pela qual estes combates são tão interessantes. Aquilo que normalmente se resume a uma luta de vontades, acaba por ser uma luta entre histórias, entre o passado e o presente, entre a emoção e a lógica, tendo que haver um equilíbrio perfeito entre as duas para se poder vencer.

Entre cada episódio, temos comédia protagonizada pelos simpáticos colegas de ginásio de Ippo. Realmente sabe bem ter de vez em quando um momento mais leve, para libertar toda a tensão construída em cada combate (que é realmente muita).

No entanto, como anteriormente, não há uma linha narrativa que una cada história. O conceito geral é apenas "vencer tudo e todos", não havendo uma componente mais complexa para reunir tudo numa boa feijoada. Por exemplo, gostaria de mais ênfase na história romântica que corre em paralelo: apesar de não ser o mais importante, seria refrescante que fosse usada noutro contexto que não os momentos de comédia.

A animação tem os seus momentos, caracterizada por traços fortes e linhas cinéticas. No entanto, não está muito equilibrada, estando muito mais enfatizada nos combates do que nos outros momentos: seria interessante ter uma variedade maior de perspectivas nos comentários aos ditos.

Em termos musicais, uma escolha um pouco repetitiva, se bem que a OP e ED estão bastante adequadas.

Foi um prazer ver este anime. Poderá terminar com esta season, porque fica bastante bem, mas não me importaria nada de ter mais uma.

Alma Rebelde

Alma Rebelde
Carla M. Soares
2012
Romance Histórico

Livro que recebi no BookCrossing e para o qual tinha alguma expectativa.

Conta a história de Joana, uma rapariga em Lisboa do Século XIX que é obrigada a percorrer o país para se ir casar com um nobre desconhecido. O livro fala do seu medo e da sua expectativa negativa em casar-se e da história de amor improvável que se desenvolve depois dos dois começarem a conhecer-se melhor.

O tema é engraçado, apesar de provavelmente já estar repetido por toda a literatura histórica. Mas vamos admitir: o tema é interessante e tem muito potencial para termos uma história romântica e divertida, daquelas que sabe bem ler em dias de chuva. No entanto...

No entanto, a forma como a narrativa está construída transforma esta gema em potência em algo aborrecido e sem muito conteúdo. Apenas nos momentos finais do livro se passa realmente alguma coisa, sendo que o primeiro terço é "eu não quero casar-me" e o segundo terço é "eu vou cortejar-te". Para mim, bastava uma linha narrativa: as entradas no diário de Joana e as cartas para a prima Ester são repetitivas e apenas transmitem informação que já foi passada anteriormente. Assim, o livro torna-se um pouco maçador, porque estamos sempre a ler novas versões da mesma situação, além de que a variação entre as situações não é muita.

No entanto, está bem escrito (fora a tentativa de erotismo na "primeira noite") e as palavras são cativantes. É uma leitura leve, com um registo bem adaptado à época. Não sei bem o que dizer, se gostei ou não gostei, das inflexões exclamativas por todo o texto. A verdade é que, oh, tornam o texto muito romântico.

Agora vai para o próximo da lista, boa viagem! :)