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26.7.11

Os Cadernos de Dom Rigoberto

Os Cadernos de Dom Rigoberto
Mario Vargas Llosa
Livro
1996

 Há autores bons e há autores maus. E depois há aqueles autores que se distinguem por um génio e por uma habilidade que tornam até o mais vulgar dos assuntos em arte e em beleza. Vargas Llosa é um deles e, mas uma vez, o senhor Nobel (ou seus representantes) não se enganou quando lhe atribuiu o prémio. Os Cadernos de Dom Rigoberto foi, assim, a minha primeira exposição a esta estrela da literatura, abrindo-me a porta a outros romances, outros livros e outras histórias que este senhor possa ter composto. Mas adiante.

 Este é um livro erótico. Temos um homem, Dom Rigoberto, distinto Peruano, dono de acções de uma empresa de seguros. E depois temos os seus cadernos. Todas as noites, ele se levanta e analisa os seus cadernos, cheios de fantasias sexuais em que o protagonista é a sua esposa, Dona Lucrecia. No meio disto há Fonchito, seu filho de um primeiro casamento, que provocou a separação do casal.

 Cada capítulo está habilidosamente dividido: uma parte fala das conversas de Fonchito com Dona Lucrecia, enquanto que ele a tenta cativar a fazer as pazes com seu pai e discorre inocentemente, num discurso infantil mas precoce, sobre Egon Shiele, pintor que modela a sua vida; outra parte é uma fantasia concretizada, quiçá apenas nos cadernos; depois temos cartas de Dom Rigoberto a diversas pessoas, cartas que ele nunca irá entregar mas que servem para o caracterizar como pessoa e habitante desta civilização que ele tanto adora como abomina; e finalmente, temos uma declaração de amor, às vezes séria, às vezes ridícula, mas vertendo paixão e adoração.

 Este é um livro erótico, mas não é como a literatura homoerótica Japonesa. A sensualidade não é despoletada por descrições detalhadas dos actos, mas sim pelos sentimentos infligidos a Dom Rigoberto, dono da fantasia. E, assim, qualquer assunto, por mais banal ou assexual que seja (de gatos a urinar) se torna apaixonado, suado e voluptuoso.
 Cada personagem é um universo. O trio principal, mais a criada Justiniana que serve tanto de móbil para a fantasia como de fulcro para todos os outros, são todos tão reais e tão humanos que não duvido que qualquer um deles exista e tenha inspirado o autor a este livro, certamente de forma a gozar de uma maneira estética. E o resto dos intervenientes, aqueles que existem nas fantasias de Dom Rigoberto (ou será que não?), cada um deles é delicioso, cada um deles é representante de uma população inteira mas com uma caracterização tão detalhada, e ao mesmo tempo tão simples, que também não duvido que estas pessoas tenham feito parte da vida do autor, quiçá em encontro casual ou em conversa de autocarro.

 As palavras, as palavras são maravilhosas. A forma como ele utiliza o mais estranho vocabulário para ilustrar a mais simples da situação é refrescante, engraçada e, em resumo, bela.

 Um livro perfeito em todos os aspectos, apesar de o tema não ser o que mais me agrade. Foi recomendação da minha mãe, e agora é minha recomendação também.

24.7.11

Honey and Clover




Honey and Clover
Kasai Kenichi
Anime - 24 Episódios (+2 Specials)
2005
6 em 10

 Este é um anime sobre a vida universitária e eu sou o público alvo deste anime. Trata da vida de cinco amigos e das suas relações entre eles e com o universo que os rodeia. Foi-me muito recomendado por um certo grupo de pessoas e a mim apetecia-me ver algo levezinho e bem humorado. Honey and Clover é precisamente isto, mas não é nada mais.

 A arte é delicada, com cores leves de aquarela, tornando-se muito adequada a todas as situações do anime. Os desenhos não são detalhados e perde-se muito pela falta de beleza dos fundos. Se esta fosse superior, esta série teria momentos muito mais intensos. A animação é praticamente inexistente e não está especialmente bem conseguida. Bonecos a fazer o mesmo movimento com as mãos durante 30 segundos têm para mim o efeito oposto a "engraçado".

 A história é, como seria de esperar, nenhuma. O setting é sem dúvida original, porque não temos muitos animes passados no ambiente universitário (que, verdade seja dita, está bastante bem caracterizado, apesar de eu não me identificar com ele por, enfim, não estar a tirar o meu curso superior no Japão). A história é inteiramente baseada nas relações entre os personagens e na sua evolução, mas isto foi tudo insuficiente.

 Cada personagem está bem caracterizado, mas acho que teria gostado mais se cada um deles representasse um estereótipo universitário (pela primeira vez um estereótipo calhava bem! O único que é mais ou menos isto é o Morita e não há-de ser por acaso que ele é o personagem favorito da criançada). Agora, as relações entre eles, não andam nem desandam. É verdade que ainda há uma segunda season, mas gostaria de ter visto um mínimo de evolução ou, pelo menos, de mudança. O único personagem que cresce de alguma forma acaba por ser o Takemoto, que é o eixo principal da história e o principal narrador. Nisto fizeram um trabalho aceitável, se bem que a impossibilidade de pedalar de Tóquio a Hokkaido deixa tudo um bocado a desejar. E a insinuação de que isto acontece à maioria de nós também não ficou nada bem. Este é o personagem com o qual nos devemos identificar mas eu, estranhamente, não me identifiquei nada com ele. E tenho exactamente os mesmos problemas, o problema em crescer, de encontrar algo que não seja o vazio, de encontrar um futuro que seja possível para mim. Acho que não me pude identificar com ele porque os seus problemas não foram realmente expostos. Foram apenas desenhados por fora, mas por dentro eram vazios.

 A música é um ponto forte, com a aplicação de uma banda sonora muito variada e bastante apropriada a cada situação. Se isto tivesse sido aliado a uma arte mais poderosa o anime teria valido assim por si só e não precisaria de se ter baseado tanto nas personagens (como em Aria)

 A piada de tudo isto, que é suposto também ser uma comédia, é muito relativa. Eu pelo menos só sorri com as pequenas considerações do Leader e da Midori-chan.

 Fico à espera da segunda season (que está aqui para eu ver, mas não é para agora) para desenvolvimentos. É que, já agora, gostava de saber se aqueles dois triângulos amorosos dão em alguma coisa ou estão só ali para fingir que há uma história.

Nota: os Specials são uma bela porcaria, completamente inúteis. Sabe deus como eu detesto Specials completamente inúteis.

A Rapariga com Brinco de Pérola

A Rapariga com Brinco de Pérola
Peter Webbler
Filme
2003
5 em 10

 Depois de ler o livro, tinha curiosidade em saber como seria o filme. Já tinha visto algumas imagens e pareceu-me ser bom, por isso lá fui eu. E eu sei que não é certo comparar filmes com livros, porque são coisas diferentes, mas eu estava - sinceramente - à espera de outra coisa.

 A quem já leu a review do livro, a história é exactamente a mesma. Griet, uma moça, vai trabalhar como criada para a casa sobre-populada de crianças irritantes de Vermeer, um pintor de retratos.

 Vou começar pelo ambiente. Antes de mais, era cinzento de mais. A única imagem luminosa foi de umas nuvens que não tinham nada a haver com nada. Eu estava à espera de um filme em tons de dourado, mas ele parecia exalar uma humidade e um cheiro a mofo incontornáveis. A música, que deveria ter ajudado a recriar um bom ambiente para a história, era completamente desapropriada. Em vez de melancolia, fazia lembrar um thriller dos anos 80.

Formam omitidos alguns detalhes importantes da história, como a família de Griet, o que contribui muito para a falta de desenvolvimento dos personagens ao longo do filme. A progressão do tempo e a evolução não são acentuadas e parece que as relações entre os personagens são completamente estáticas.

 Os actores, terríveis. Imagino o porquê de terem escolhido Scarlet Johanson para o papel, afinal de contas precisávamos de alguém semelhante à verdadeira rapariga do brinco de pérola para ser pintada. Mas a sua prestação era tão má, mas simplesmente tão má... Não tinha conteúdo absolutamente nenhum e parecia que a única coisa que ela sabia fazer era hesitar e beijar. É certo que o papel não era muito complexo, mas a personagem ficou tão apagada que não deu força motriz ao filme. O mesmo se aplica aos outros actores "principais", que parecem não ter agarrado as personagens e estarem a fazer tudo de alma vazia.

A única coisa que aprovo sinceramente neste filme foi a recriação histórica, que deve ter dado uma trabalheira. Os detalhes das vidas das criadas não são tão ricos como no livro, mas serve para o efeito.

 Um filme bom em termos de produção e caracterização, mas insuficiente nos outros aspectos. Se forem fãs do romance histórico, como a minha mãe, com certeza que vos recomendo este filme.

21.7.11

Fuyu no Semi




Fuyu no Semi
Youka Nitta
Anime - 3 episódios
2007
8 em 10

O que se segue é uma tradução do meu post no clube Critics&Connoisseurs (http://myanimelist.net/forum/?topicid=306212).


É hora para a minha review mesmo convincente de Fuyu no Semi.
Mas as primeiras coisas primeiro: a razão pela qual eu nomeei este OVA. Eu não espero, nem de perto nem de longe, que este anime seja incluído na nossa lista. No entanto, eu acredito que os membros deste clube devem - com o propósito de "afinar" as nossas características como críticos - ser expostos a todos os tipos de anime e géneros de anime. BoysLove é um dos géneros disponíveis. No entanto, é um facto de que não existe bom anime de BL. No entanto... No meio deste grupo degenerado, Fuyu no Semi aparece como um dos melhores, o top, o créme-de-la-créme do BL. E entre ser exposto a BL por um triste aborto como Gravitation e ser exposto por Winter Cicada, prefiro que todos vão pela minha opção. :p

Com isto claro, vamos à review, para as razões pelas quais este anime se distingue do resto do BL.
Animação:

A arte é moderna e clara e a animação cumpre com o seu papel. Não é original ou fora do vulgar, mas é fluída e bem conseguida. Isto, para um anime BL,já é ganhar uma grande causa, acreditem-me. Um BL com boa animação (ie. uma animação que confere com todos os standards normais e cumpre com o seu propósito) é tão raro que eu posso nomear todos os títulos que a têm.

Som:

Os efeitos de som são apropriados e o tema ED é, para mim, muito memorável. Não é o tipo de música que vemos associada a anime, muito menos BL (que prefere pop-pastilha-elástica para os fluffy ou instrumentais negros para os angsty) Os actores de voz são excelentes, mas isso é um traço comum à maioria do BL. Como a maioria destes trabalhos são baseados em manga que já tem drama CDs antes do anime, os actores de voz são normalmente muito experientes e muito profissionais. O mesmo se aplica a Fuyu no Semi.


Personagens:

É interessante notar que estes personagens são cópias químicas dos desingns em Haru wo Dateita, o que faz destas duas séries irmãs. No entanto as suas personalidades são muito diferentes /dados irrelevantes

Os personagens secundários estão apenas minimamente desenvolvidos, com só alguns traços desenhados para nós termos ideia de quem são. Mas aqui os que interessam são os personagens principais. Os seus designs estão imprinted e os seus traços pessoais são complexos, humanos e acreditáveis. Podem parecer à primeira, mas não são cliché nenhum. Até acho que são um bocadinho reais.  Isto faz com que o que podia ter sido um personagem comum que se vê em qualquer anime se torne numa criatura bem desenvolvida.

O seu desenvolvimento também é muito importante e muito bem feito. Enquanto que o catalizador do seu desenvolvimento é a sua relação, cada um deles diverge e cresce de uma maneira diferente. Amor tornado obsessão, dedicação tornada desespero. Este tipo de desenvolvimento, acreditem-me, é único na situação do BL. Normalmente o desenvolvimento que temos é "uke não gosta de seme, mas passou a gostar e agora têm sexo"


História:

Se temos de chamar qualquer coisa de cliché neste anime, vamos chamar a história de cliché. Porque é mesmo. É só o usual setting de Romeu e Julieta. No entanto, e isto é interessante porque foi a minha primeira exposição ao tema, a localização história é extremamente original e estranhamente apropriada aos personagens e ao seu dilema. Oiço dizer que isto é um setting comum no manga BL, mas este é o único anime BL "histórico" e isso é mais ou menos brilhante por si só, acho eu.

Como nota à parte, porque isto não cabe em nenhuma categoria, é essencial notar que este anime é praticamente feito sem o usual fanservice. ""Mas tem cenas de sexo!", dizem vocês. Verdade, mas não são fanservice. São uma parte integrante do desenvolvimento da história. Atrevo-me a dizer que a última cena de sexo (sim, a do amputado) está ali para nos dizer, para nos gritar, para nos bater, para informar "isto não é fanservice, isto está só aqui para te horripilar e te fazer arrepender de ver anime BL só pelas cenas de sexo"

Diversão

Muita. Isto é um dos meus animes mais favoritos e tenho-o muito querido no meu coração. Lembro-me que a primeira vez que o vi chorei tanto que a minha mãe até ficou preocupada (e imaginem explicar... "mãe, esttava a ver bonecos sobre dois gajos que se apaixonam T__T")

Mas a minha diversão é claramente uma razão não válida para a inclusão de um anime neste clube!

O que é essencial reter aqui é que este anime é brilhante dentro de um género miserável. Se tivessemos de nomear um anime de cada género, só dois (talvez três) se qualificariam no género BL: Fuyu no Semi e Ai no Kusabi. Considerando que Ai no Kusabi não envelheceu nada bem, acho que a melhor chance é este.
De qualquer forma, tudo o que eu queria era que todos vissem isto. Infelizmente acho que não consegui, mas ao menos tentei, ne? :3



Jigoku Shoujo

Jigoku Shoujo
Omori Takahiro
Anime - 26 episódios
2005
6 em 10

 Com certeza que já tiveram vontade de assassinar alguém. Talvez aquele homem que vos abandonou no Miradouro de Santa Luzia às quatro da manhã de uma noite de Inverno. Talvez aquela pessoa que gozava com vocês na escola por vocês gostarem de ver anime. Ou quiçá aquela velha estúpida que vos passou à frente na paragem da autocarro. Pois bem, isso agora, É INTEIRAMENTE POSSÍVEL E GRATUITO! Basta mandar um e-mail num site que só aparece à meia noite, com o nome da vítima, e Enma Ai, Jigoku Shoujo (a Rapariga do Inferno) fará o obséquio de enviar essa pessoa para o Inferno. Em troca, a vossa alma também irá para o Inferno quando morrerem, mas isso é o menos. Como diz a Joana, "eu tenho um triplex no Inferno!". Eu cá tenho um chalé de montanha.

 Adiante! Fui ver este anime com muitas expectativas, depois de o meu amigo Tjan me ter feito a recomendação (e olhem que este gajo é marado, para ele dizer que alguma coisa vale a pena ou é porque é muita estranha ou porque vale mesmo a pena). Infelizmente o radar do Tjan, desta vez, devia estar avariado, porque fiquei muito desapontada. Vamos ver isto ponto a ponto:

 A arte é desapontante. Um trabalho de 2005-2006 tem obrigação de ter arte melhor que esta. Em cenas que se baseiam no horror, uma animação excelente tem de ser conseguida. Mas esta animação é tão miserável e feita às três pancadas que as cenas, que poderiam ter sido pavorosas e que me poderiam ter traumatizado para sempre, ficaram apenas ridículas, minimizadas.

 A história é simples, mas eficiente. A ideia de base está muito bem conseguida, mas a concretização não será a ideal. A natureza episódica de toda a série, com um fio condutor liderado por novos personagens introduzidos apenas a começar a meio, tornam tudo muito lento, muito previsível e muito aborrecido. Cada história individual tem o seu interesse (destruído, está claro, pela arte mal cuidada) mas não é muito complexa. Poderiam ter adicionado um factor psicológico muito mais forte, o que teria tornado a série mais séria e mais assustadora.

 Em termos de personagens, temos quatro tipos de personagens. Enma Ai, cuja ausência de caracterização é precisamente o seu ponto forte. Poderia ter sido um novo Kusuriuri caso não lhe tivessem desenhado uma miserável história passada (engraçado notar que apesar de ser completamente desnecessária e de destruir todo o ideal de uma personagem, foi a história que mais me interessou de toda a colecção). Os personagens de suporte, que são os amigos da rapariga do Inferno, ou seus escravos, ou criados, não interessa. E também a Tsugumi, a piquena que tem visões. Depois temos o jornalista detective, um outro personagem principal apresentado a meio da série para descobrir mais sobre Enma Ai e para levar ao seu desnecessário desenvolvimento. E, finalmente, todos os outros intervenientes das histórias individuais. Estes últimos só têm uns traços característicos, e são muito clichés. Em resumo, um leque enorme de personagens, todos feitos à pressa ou destruídos pelas convenções do lugar comum.

 A música é capaz de ser o aspecto mais interessante de toda a série. Mantém o nível misterioso e dá uma certa seriedade a todo o ambiente circundante que é, mas uma vez, destruído pela animação.

 Enfim, uma série cheia de potencial desgraçada por um mau aproveitamento de tudo o que tinha. Diz que a segunda season é melhor, por isso a ver vamos.

A Rapariga com Brinco de Pérola

A Rapariga com Brinco de Pérola
Tracy Chevalier
Romance
2008

 Porque eu também leio livros normais!

 Este livro foi a minha mãe, grande fã do romance histórico, que me emprestou.Trata de uma moça chamada Griet que vai trabalhar como criada para o pintor Vermeer e para a sua numerosa família. Depois vai-se tornando parte integrante do trabalho do pintor e todos ficam escandalizados.

 A escrita é simples e melancólica. Frases curtas, directas, descrições comparativas. É criado um ambiente bastante triste e de progressão lenta. Não é nada de extraordinário, mas serve para o efeito. Achei que havia demasiadas comparações inúteis e uma descrição demasiado intensiva do dia-a-dia da criada. Se bem que é este dia-a-dia que caracteriza a cidade e o ambiente da Holanda do século XVII. Irritou-me a Griet tratar sempre o seu Mestre por "Ele" e "O meu Mestre", mas ok, faz parte do fascínio que ela tem pelo homem.

 Temos personagens difusas. Apenas Griet, a principal, se encontra descrita completamente. De todos os outros é-nos dada apenas uma resenha, umas linhas descritivas gerais que nos permitem mais ou menos visualizar de quem estamos a falar.

 A história é interessante e dá uma nova perspectiva ao já conhecido quadro da Rapariga com Brinco de Pérola. No entanto a sua conclusão é fatídicamente evidente e básica, o que torna tudo um pouco mais desapontante.

 Em resumo, um bom livro, gostei muito de o ler e manteve-me presa às páginas durante muito poucas viagens de autocarro (porque entretanto o acabei, haha). Mas parece ficar aquém das expectativas que criou para si próprio. É valioso pelo ambiente melancólico que inspira.

Ai no Kusabi 3 - Nightmare

Ai no Kusabi 3 - Nightmare
Rieko Yoshinara
Light Novel
1986
 
 Se calhar devia só comentar a colecção no fim, porque é basicamente mais do mesmo. 
 
 Neste livro temos um desenvolvimento mais aprofundado da relação entre Riki e Iason. Há uma descrição mais detalhada dos jogos sexuais deste universo e uma caracterização mais rica do mundo em que se passa a história. Se isto for assim, progressivo, acho que vou acabar por gostar muito desta colecção.

 No entanto, parece-me que há um excesso de personagens e de historietas secundárias que não interessam a ninguém. A luta para a ressuscitação de Bison é, devo confessar, completamente irrelevante e deveria (simplesmente) não existir.

 Fora isso, continua assim que vais bem.
 

10.7.11

A Wind Named Amnesia

A Wind Named Amnesia
Hideyuki Kikuchi
Light Novel
1983


 Já tinha ouvido falar deste livro por isso, quando o vi com desconto na Kingpin, comprei-o. E ainda bem.

 Num futuro não muito remoto em que a humanidade se lança à conquista do espaço, acontece uma desgraça. Todos os seres humanos perdem as suas memórias. Esquecem-se de como falar e de como agir, as mães esqueceram os seus filhos e toda a humanidade tem de recomeçar a organizar-se. No meio de tudo isto, há um homem, Wataru, que mantém a antiga sabedoria. Ele encontra Sophia e juntos lançam-se numa fantástica viagem pelos Estados Unidos.

 Esta é a primeira história. Para mim é, em todos os aspectos, brilhante. Está muitíssimo bem escrita, os personagens muito bem caracterizados e a história desenvolvida de forma excelente. A ideia é muito original. Apesar de agora nos parecer um pouco Saramaguiana temos de recordar a data em que isto foi escrito. Com alguns elementos de ficção científica que poderiam ter estragado tudo (mas que não estragaram), este livro é uma ilustração da humanidade e uma desconstrução da evolução da espécie como ser senciente e moral. Com Sophia, a observadora ignorante dos aspectos básicos da humanidade, e Wataru, aquele que é acometido por um forte sentido moral, contrabalanceando-se ao longo de toda a história temos uma caracterização cuidada e bela do que "poderia ter sido". Analisando os mais profundos sentimentos da humanidade, enquanto espécie, Hideyuki Kikuchi compôs uma obra fenomenal. Uma ficção científica que me faz ter vontade de ler mais ficção científica (eu que detesto o género). Gostaria de lhe escrever a congratulá-lo, mas qual será o seu e-mail? 
 
The answer my friend, is blowin' in the wind.
 
Gostaria também que os Americanos fizessem um filme, ou uma série,  disto. Há um filme de anime, que ainda hei-de ver e comentar aqui, mas tem todo o aspecto de ser uma valente porcaria.



O segundo livro desta edição conjunta, Invader Summer, não é tão bom. Numa pequena cidade Japonesa, o Verão é perturbado pelo aparecimento de uma misteriosa rapariga, por quem todos se apaixonam, seguido de fenómenos paranormais. Esta história era confusa. Tinha muitos nomes, o que tornava tudo mais difícil de acompanhar e demasiadas coisas a acontecer. Por momentos perdi o fio à meada e foi sempre difícil de o recuperar. Está bem escrito, é verdade, mas parecia estar desorganizado e com as ideias pouco fixas. De qualquer forma teve os seus momentos de beleza.

Para ambos, as ilustrações são um excelente complemento. Todas feitas em ballpoint pen, caracterizam especialmente bem as cenas essenciais do livro. De facto, algumas cenas não seriam essenciais e tão cheia de beleza se as ilustrações não as completassem.

Sem dúvida um livro maravilhoso, que recomendo a toda a gente, fãs de ficção científica ou não.

Black Lagoon

Black Lagoon
Katabuchi Sunao
Anime - 12 Episódios
2006
6 em 10

 Black Lagoon é, sem dúvida, refrescante. Adianto desde já que gostei de ver. Pelo menos a maior parte do tempo. Mas, se assim é, porquê tal classificação tão mediana? Vejamos:

 A animação é sem dúvida o ponto mais forte desta série. As cenas de acção estão bem feitas, não há erros a apontar, está tudo muito bem feito. Se fosse só pela animação seria um 10 em 10, mas - infelizmente - há mais coisas num anime do que bonecos. E aí a série falha redondamente. Falha de propósito, não tinha pretensões a mais, mas enfim... Deixa-me triste, porque o potencial estava lá mas não quiseram ir mais longe.

 Os personagens deveriam ser o outro ponto forte. Pois não são. Os designs estão interessantes e apropriados (excepto a Roberta), o outline básico das personagens é credível e interessante (excepto a Roberta), mas não há desenvolvimento de personagens, nem para trás nem para a frente (excepto a Roberta). O Rock, que tem o arquétipo mais interessante do conjunto, é deixado ali, sem nada par afazer, sem ponta por onde pegar. Todos os outros têm o mesmo problema. Estão só ali, são personagens mas não são pessoas.

 A história tem uma premisa original, não é todos os dias que vemos histórias sobre pirataria dos tempos modernos, mas também é deixada assim ao deus-dará e, por isso, não é usada em todo o seu potencial.

 O som, no entanto, é um ponto muito positivo. Tanto a ED como o Tema da Roberta são peças interessantísssimas e muito bem escolhidas.

 Em resumo: excelente potencial. Nada desenvolvido. Por isso, não é mais que mediano. Se tivesse ido mais longe, de certeza que teria sido genial. Mas não é.

3.7.11

History's Strongest Disciple Kenichi

History's Strongest Disciple Kenichi
Kamegaki Hajime
Anime - 50 episódios
2006
4 em 10

 A primeira questão que se coloca aqui é: porque é que eu fui ver isto? Foi alguém que me recomendou. Eu fazia a habilidade de ver tudo o que me recomendavam. A partir de Kenichi isso nunca mais vai acontecer.

 Vamos ser directos: este anime é mau. Muito mau. Não faz sequer uma tentativa. Então porque é que as pessoas gostam tanto dele? Porque tem lutas e mamas a saltitar. Mas só pode ser mesmo só por isso, não há mais nenhuma razão.

 A animação mete nojo. Deve ter sido feita por Coreanos esfomeados a quem deram Happy Meals como pagamento. Chega a ser deprimente. Um anime baseado em lutas deveria ter, pelo menos, lutas como deve ser. Cada imagem parada, cada still é um momento de sofrimento. Demasiados erros, tudo demasiado barato e mal feito. Tanto que até me surpreende isto ser de 2006, parece mais 1996.

 A história nem existe. Um rapazito com pouco talento para fazer amigos, o Kenichi, encontra uma gaja boa que sabe dar uns roundkicks. Ele acaba por ir viver com ela e com a sua família de loucos para aprender a dar uns roundkicks também. E é só isto. Não há inimigos cada vez mais fortes, aliás, os inimigos são todos aleatórios e estupidamente convenientes. A família "de loucos" afinal não é assim tão louca. Temos cada estereótipo bem definido, mas desagradável porque são tão mal feitos. Parecem cortados da caixa do Chocapic. Os inimigos que depois se tornam amigos a mesma coisa. Maldição, todos os personagens a mesma coisa! Deviam ter muitas caixas de Chocapic, para poderem recortar tantas figuras.

 O som mete horror, efeitos sonoros decadentes saídos do pior do Tom&Jerry, música deprimente.

 A única coisa que o safa foi o sorriso que eu lhe lancei no episódio 23. Para uma comédia fez-me sorrir uma vez, não está mal...



Forrest Gump

Forrest Gump
Robert Zemeckis
Filme
1994
10 em 10

 Já não via este filme há algum tempo e já não me lembrava como gosto dele. Ainda me lembro que a primeira vez que o vi tive de o deixar a meio, estava de férias com o meu pai e era altura de ir embora. Anteontem fui vê-lo mais uma vez, e ainda bem. Tudo neste filme está próximo do perfeito.

 Forrest Gump é o nosso personagem principal. Não é muito inteligente, mas é boa pessoa. E é um dos personagens melhor escritos de sempre. Está muito bem caracterizado, na sua simplicidade e inocência, e vai evoluído calmamente mas de forma sólida ao longo do filme, por acaso ou por sorte mas ainda assim por si mesmo. Os outros personagens estão igualmente bem caracterizados. Cada um, por menor que seja o seu papel, tem uma história para contar, nem que seja sobre camarões.

 O argumento, para mim, é fora do comum. Acompanha de forma cândida a evolução do nosso personagem, é feito em função dele. A participação de Forrest Gump em tantos eventos importantes aparece naturalmente. Não se poderia esperar outra coisa. Por isso não nos parece improvável nem há maneira de argumentar contra todas as coisas ilógicas em que Forrest se mete.

 Música bonita, excelente fotografia sempre que necessário.

 E das partes melhores... Os actores. Tom Hanks pode ser um irritantezinho, mas é magnânime neste filme. Gary Sinise também está excelente. São personagens muito fortes e complexas, interpretá-las e fazê-las ganhar vida desta forma deve ter sido uma aventura. Eu também gostava de ser assim.

 Em resumo, um dos meus filmes preferidos (por isso não confiem no 10 em 10, é capaz de estar um bocado enviesado). A minha parte preferida continua a ser o discurso contra a guerra do Vietname. Para mim, só isso vale-me o filme todo.

1.7.11

O Castor

O Castor
Jodie Foster
Filme 
2011
8 em 10

 Pois que fui ao cinema com a minha amiga Andreia para ver este filme. Estava reticente em relação a gastar o meu bilhete grátis da Lusomundo num filme chamado "O Castor", mas ela insistiu e lá fomos. Ainda bem que fomos. Eu nunca fiz uma review para um filme "de pessoas", por isso desejem-me boa sorte.

 Tudo começa com Walter Black, um executivo que já não é bem sucedido e que, numa profunda depressão, encontra a solução para os seus problemas na personagem de um castor de peluche. Começa bem, eu não sabia que o filme era sobre isto. O argumento está muito bem desenhado, e explora a relação do personagem principal com a sua família, o seu trabalho e consigo próprio. É neste último aspecto que está melhor conseguido. A realização não me pareceu nada por aí além, mas está bem dirigido. Espantou-me ver o nome da Jodie Foster no final do filme, não sabia que ela tinha veia de realizadora.

 No entanto, o que mais me surpreendeu e maravilhou foi o trabalho de actor do Mel Gibson. Fazendo duas personagens, a de Walter Black e a de Castor que está a possuir o Walter Black, foi um mestre durante todo o filme. A luta interna da personagem está excelente, o desenvolvimento quase perfeito (houve ali um momento em que o personagem compreende TUDO que foi um bocado feito à pressa, mas ok). Os outros actores também não estiveram nada mal, mas empalidecem em comparação com o Mel Gibson.

 OST não memorável, fotografia nada de especial e um intervalo que quase matou o filme. Fora isso, excelente. Gostei muito.

 Espero que mais pessoas venham a ver este filme, apesar do título e do cartaz pertencerem a outro filme qualquer.