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29.12.18

Ensaio sobre o Dever

Ensaio sobre o Dever (Ou a Manifestação da Vontade)
Rute Simões Ribeiro
2017
Romance
Recebi este livro, de uma nova autora que foi finalista do Prémio Leya, através do BookCrossing, num Ring. Diz a contracapa do livro que a autora é muito fã de Saramago e Hitchcock, o que se reflectiria na sua escrita. Isto deixou-me muito ansiosa por saber como seria o livro.

Fiquei um pouco desapontada.

A ideia é que uma entidade misteriosa "do além" irá tirar todos os sentidos às pessoas com mais de 18 anos, excepto um que podem escolher. Ora, nesta altura o governo decide intervir e escolher pelas pessoas, o que fará com que surjam movimentos de contracorrente. Depois tudo se desenvolve até uma paz aparente.

Apesar de termos uma ideia divertida, muito detalhada e com personagens que são curiosamente interessantes, a escrita ainda tem muito por onde melhorar, sendo que o livro também beneficiaria de uma edição mais profunda.

Existe um abuso de pontuação, sempre com a autora a interromper o discurso para nos falar. Isto funciona bem a primeira dúzia de vezes, mas a partir daí começa a arrastar a história e faz com que a narrativa perca o ritmo, tornando-se desinteressante e confusa.

Ainda assim, é uma autora para manter debaixo do radar. 

Com a Cabeça na Lua

Com a Cabeça na Lua
Vários
2009
Antologia de Contos
Comprei esta Antologia na Feira do Livro de Lisboa. Trata-se de um conjunto de contos reunidos para comemorar os 40 anos dos primeiros passos na Lua. Escolheram uma série de contos escritos antes da chegada à Lua propriamente dita, o que nos mostra o quão grande era o fascínio por esta empreitada e o quanto se fantasiava acerca dos acontecimentos.

Curiosamente, a maior parte dos contos tem uma informação científica tal e uma preparação pela parte dos autores que as histórias são muito realistas e sentimos que, num episódio alternativo, poderiam mesmo ter acontecido desta forma! Acabamos por viver intensamente todas estas aventuras espaciais e embrenhar-nos nestas realidades imaginárias até passarmos a viver - nem que seja por uns instantes - mesmo no seu centro.

Apesar de o editor ter feito um óptimo trabalho na recolha e organização desta antologia, existem alguns erros graves de ortografia, edição e tradução. Os problemas nas traduções, cheias de palavras anglicizadas, é por demais flagrante e deixa-me um pouco triste.

De resto, um livro cheio de aventuras divertidas que vão fascinar até os mais cépticos. :)


Eight Grade

Eight Grade
Bo Burnham
2018
Filme
Os filmes coming-of-age (o despertar da idade, penso) são sempre relaxantes para mim. Ajudam-me a reconhecer coisas que posso fazer e a forma de as aplicar. Mesmo que a acção seja passada no oitavo ano!

Kayla é uma rapariga que gostaria muito de ser popular, ter muitos amigos e seguidores nas redes sociais. No entanto, tem uma certa ansiedade que a impede de ser "fixe", em comparação com os outros miúdos. 
 
Reconheço-me desde já nesta personagem, realista e bem escrita, com uma interpretação sólida da actriz infantil. Consigo rever o meu próprio oitavo ano, a busca pela popularidade e por amigos do peito e de fé. E a falha. Mas este filme leva as coisas a outro patamar porque fala dos dilemas da adolescência no *agora*.
 
O retratar da competição social entre os adolescentes dos anos 10 é o elemento mais interessante deste filme.  Com sentido de humor mas ainda assim um grande tacto, o autor mostra-nos as dúvidas e sonhos de toda uma geração, que será sempre atormentada pelo fantasma da internet e da afirmação do eu nesse espaço.
 
Recomendo este filme!

Cidade Solitária

Cidade Solitária
Fernando Namora 
1959
Contos

Este livro foi-me oferecido pelo meu aniversário, que já lá vai. Em tempos conheci uma familiar deste autor, pelo que sempre tive alguma curiosidade em lê-lo.

Cidade Solitária é um conjunto de contos que retratam de forma belíssima o dia a dia do início dos anos 60 em Portugal. O autor, em pinceladas escuras e melancólicas, apresenta-nos um conjunto de personagens que tanto têm de palpável como de irreal. Parece que esta Lisboa onde as aventuras se instalam, algumas mais estranhas, outras mais terra a terra, é uma Gotham, uma cidade chuvosa com um saxofone jazzístico tocando ao fundo.

Os contos em si têm o seu quê de emocionante, mas a escrita faz com que o observador - nós - se sinta ligado de outra forma à narrativa. Se por um lado queremos saber mais sobre os factos inusitados deste conjunto de pessoas, por outro não podemos deixar de nos afastar deles, olhando-os de um plano diferente, como a famosa mosquinha que eu queria ter sido.

Um livro interessante e viciante!

14.12.18

O Tumulto das Ondas

O Tumulto das Ondas
Yukio Mishima
1954
Romance
Um dos meus autores preferidos está de volta à minha estante! Comprei este livro na Feira do Livro 2018 :)

Desta feita, Mishima opta por uma história simples, um romance juvenil pontuado por uma aura de esperança, coragem e paixão. Mas, no final, poderemos vir a ser supreendidos.
 
É esta tensão que se forma no narrar da relação entre Shinji e Hatsuo que nos faz sempre estar ligados à história. Uma paixão tumultuosa mas, como o Pacífico japonês, de traços delicados, calmos e - talvez mesmo - frios. O gelo da água é o gelo do narrador, a violência das vagas essa é a força dos personagens.
 
Aproveitando para fazer uma caracterização tão delicada como aguçada da sociedade das ilhas remotas do seu país, no pós-guerra, Mishima não se poupa aos detalhes sobre a grande pobreza em que todos vivem, mas sem se deter para momentos de comiseração pelos habitnates deta história. Estes enfrentam a sua vida naturalmente, com sinceridade e até humor.
 
O remate final do livro é comovente e dilacerante.
 
Um livro que, simples à primeira vista, dá muito que pensar.

Livrarias

Livrarias
Jorge Carrión
2013
Livro de Viagens

Recebi este livro pelo BookCrossing! Parece que estou de volta às leituras partilhadas! :)

Ao ouvir dizer que este era um livro que falava das aventuras das livrarias, confesso que pensei algo diferente. Neste volume, Jorge Carrión descreve a sua viagem pelas livrarias à volta do mundo, referindo alguns pedaços de trivia sobre elas. Infelizmente, o autor parece ter gasto mais tempo a "coleccionar" as livrarias do que realmente a conhecê-las e a encontrar a história íntima de cada uma delas.

O livro passa a ser, então, um catálogo de livrarias, um catálogo frio e que não mostra nada do encanto do livro e do espaço do livro enquanto objecto. Existe um foco muito evidente na parte comercial e no livro enquanto objecto comercial, esquecendo as memórias dos sítios onde habitaram.

Apesar de existirem simpáticas referências a três livrarias portuguesas, o texto faz com que o passeio não pareça valer a pena. 

O próprio livro parece estar organizado por um critério muito pouco rigoroso, fazendo a análise desorganizada de vários "tipos" ou "regiões". Até mesmo sobre os que não se visitou ou mal conhece. Esta pesquisa parece ter sido feita para cumprir um contrato (quem sabe), em vez de uma busca apaixonada pelo objecto de maior interesse.

Não-ficção sem paixão é feio.

Aggressive Retsuko

Aggressive Retsuko
Rareko - Fanworks
Anime - 10 Episódios
2010
6 em 10

A vida de trabalhador é impecável, fora o facto de ter de se trabalhar. E com o trabalho vêm os chefes chatos e os colegas chatos e aquele ambiente que nos leva ao desespero. Para Retsuko, uma pequena panda vermelha num mundo de animaizinhos, isto tem solução.

A solução final: RAIVA

Um anime muito curto, de dez episódios de um quarto de hora cada um, esta história da REtsuko furiosa foi distribuída na Netflix, para felicidade dos potenciais-fãs-de-anime que ainda estão por vir. Com uma narrativa simples e directa, acompanhamos as aventuras numa grande empresa, conhecendo a fundo os seus funcionários e os seus problemas pessoais.

Com um conjunto de personagens memoráveis, Aggretsuko procura caracterizar os diversos estereótipos da sociedade japonesa actual pela caricatura. No entanto, esta é tão convincente e torna os personagens tão únicos e individualistas, que mais que uma qualquer paródia nos sentimos no seio da novela e do drama da vida social.

A animação é muito simples, mas suficientemente convincente. O problema deste anime prende-se, pelo contrário, à sobre-repetição, em que as piadas e os acabamentos finais acabam por se gastar, fazendo com que a fonte de riso seque.

Ainda assim, um excelente entretenimento! Ansiosa para ver mais!

12.12.18

Braveheart

Braveheart
Mel Gibson
1995
Filme
7 em 10
Um épico do cinema que eu nunca tinha visto. Um filme de aventura e guerras medievais que, sendo muito divertido, tem muitas coisas a apontar.

Em idos séculos, naquela a que chamamos hoje "idade das trevas", bravos escoceses procuram defender as suas terras e as suas esposas dos invasores ingleses, dominados por um rei ambicioso e maléfico. Um destes guerreiros se destaca e começa a ganhar batalhas, com ajuda do seu fiel grupo de seguidores. É motivado pelo desgosto de lhe terem assassinado a esposa a sangue frio e está a causar um grande fervor quer entre os seus companheiros quer entre os inimigos.

Apesar deste mote romântico e épico, o filme é muito simples, quer estruturalmente quer em conteúdo. As personagens têm um desenvolvimento concreto, mas este é pouco realista e improvável, tornando-as muito simplórias e pobres em complexidade emocional e humana. Mas, ao mesmo tempo, as personagens ganham o seu espaço no coração do espectador através da narrativa bem humorada, plena de pequenas piadas e deixas engraçadas, até nos momentos mais trágicos. Assim, esta viagem de três horas pelo coração das planícies escocesas torna-se numa verdadeira aventura, em que estamos a lutar ao lado destes guerreiros e pensamos com eles, através deles.

Gostaria também de referir que, embora o design dos cenários e guarda roupa, assim como os traços gerais da sociedade da época, tenham algum fundo de verdade, os materiais utilizados na produção são pobres e demasiado modernos para o contexto em causa.

Gostei muito deste filme e sobretudo do final emotivo e emocionante!

Castlevania: Curse of Darkness

Castlevania: Curse of Darkness
Yamada Sakurako
Manga - 4 Capítulos / 2 Volumes
2005
5 em 10

Recordo-me perfeitamente que comprei este manga através de um utilizador do AnimePortugal, entretanto extinto. Este utilizador, que poderei chamar de cabeça de escroto neste espaço, prometeu-me que o manga tinha apenas um volume. Podem imaginar a minha felicidade quando descobri que o segundo volume também existia e que ainda por cima era bastante difícil de encontrar (o que significa que sim, que foi caro). Com ajuda de um amigo, encontrei-o à venda e consegui obtê-lo, apenas para descobrir que deveria ter existido um terceiro volume que a autora nunca completou.

Agora, esta autora. Uma incompetência flamejante. A história, supostamente baseada no jogo, está apenas focada em Hector e Isaac depois do castelo do Drácula ter sido destruído. Hector tenciona ter uma nova vida com uma amiga e Isaac tenciona provocar o caos no mundo. Mas esta história, cheia de potencial, é difícil de descortinar devido ao estilo narrativo deste manga.

Vinhetas confusas, imagens passando de umas para as outras em traços muito finos que tornam difícil de distinguir as cenas e a quais corresponde o diálogo, uma leitura simples porque simplesmente temos de ignorar os desenhos. A maior parte não se entende porque os traços gerais estão incompletos, havendo uma utilização medíocre de um valor de produção que, aparentemente, também é medíocre.

Parece que a autora desenhou várias vinhetas e as atirou todas para um escorredor de esparguete. Um manga que me enfurece e desaponta, porque o cabeça de escroto do utilizador me enganou para se safar deste livro e porque gastei um pedaço da alma a tentar encontrar o resto.

A Viagem de Théo

A Viagem de Théo
Catherine Clément
1997
Romance
Recebi este livro gargantuesco através do BookCrossing. A sua leitura, um pouco prejudicada por me contarem o final (que eu não queria que fosse assim), foi morosa e desapontante. Mas esta autora já me tem desapontado mais vezes do que gostaria.

Théo é uma criança encantadora e riquíssima que está doente com uma doença misteriosa que nunca é revelada. A sua tia riquíssima leva-o então a uma viagem à volta do mundo, para descobrir as religiões todas do mundo e participar em todo o tipo de rituais que tenham em vista a sua purificação física.

O que mais me irrita nesta autora é como todos os intervenientes são "ricos". Não uma qualquer burguesia francesa, mas os extremamente ricos. Todos são cônsuls e pilotos de aviões e grandes industriais e todos são muito cultos e todos falam de uma maneira afectada. As interjeições entre os diálogos ("zangou-se a Tia Marthe", "reclamou o Imã", "retorquiu Ashiko") fazem com que todos pareçam ser horrivelmente antipáticos e fazem com que o ódio ao capitalismo se inflame dentro de mim. Assim, o meu desejo ao longo do livro foi que Théo morresse, de uma forma longamente explicada, infeliz e dolorosa. Ver acima o spoiler.

De resto, as explicações sobre as religiões são enfadonhas e pouco esclarecedoras, incluindo muitos viés da própria autora (se a Tia Marthe é ateia, porque diz "nós, os cristãos") e pouca atenção ao detalhe histórico e social.

Quando a autora, para falar dos intocáveis da Índia, escolhe uma pessoa da casta superior a todas as outras, algo me soa mal.

First Reformed

First Reformed
Paul Schrader
2017
Filme
6 em 10
Apesar de também ter um motivo religioso, não quero significar com este filme que estamos viciados em religiões. Mas calha. :p

Um padre de uma igreja turística vive a sua vida com grande calma e, um dia, decide fazer um diário para falar com deus. Pensa ele que não consegue mais rezar e, por isso, a sua chama enquanto clérigo começa a ceder. No meio das suas ocupações, um casal jovem procura-o para aconselhamento: o rapaz tem uma visão do mundo altamente pessimista e está envolvido com diversas associações ambientalistas. A partir desta relação se constrói uma análise de personagem.
 
Apesar desta análise ter o seu interesse, do encontro de deus num novo tipo de obsessão e no não-esquecimento da humanidade pessoal, parece-me que a personagem tem certas fragilidades que perturbam a narrativa da história. A sua bondade inerente, a placidez da sua loucura e o facto de estar cada vez mais doente fazem com que este padre fique aquém da revolução que pretende representar.
 
Também existem estranhos momentos de comédia que, apesar de darem alguma cor ao filme, parecem não vir a calhar na maior parte das vezes. No final, fica uma grande aventura social por contar.

5.12.18

InuYasha: Kanketsu-Hen

InuYasha: Kanketsu-Hen
Furuta Jouji - Sunrise
Anime - 26 Episódios
2009
6 em 10

Se a primeira season de InuYasha, composta por quase uma centena de episódios, se revelou inconclusiva, esta segunda season pega nas pontas soltas e dá-lhes um nó tão gorducho que a conclusão não podia ser pior. O falhanço anacrónico da autora original, a Rumiko, é provado uma e outra vez com estas conclusões para séries longuíssimas.

Estes vinte e seis episódios constituem-se de InuYasha a lutar contra monstrengos variados, cada um mais poderoso que o outro, enquanto existem conspirações palacianas que envolvem os seus familiares. Enquanto isso, a heroína Cagou-me sofre horrores e faz brilhar o seu grande-grande amor.

Tudo isto pontuado por uma animação infeliz, com um valor de produção desadequado e mal utilizado, em que os erros anatómicos, erros no design das cores, erros no design em geral e ua completa ausência de cenários, fazem com que a experiência seja um falhanço.

Também não temos uma banda sonora digna desse nome.

Felizmente, se há algo de bom que este anime faz é dar algum tipo de espécie de conclusão à série, por mais previsível que ela seja, o que até foi um bocadinho emocionante. Daí dar-lhe uma nota tão dentro da média em vez de o destruir. Mantenha-se sempre a esperança!