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In English: Cosplay Portfolio (Updating) | SALES

22.7.18

Piano no Mori

Piano no Mori
Nakatani Gaku - Gainax
Anime - 12 Episódios
2018
5 em 10

Este era talvez o anime que eu mais ansiava na season passada. Foi também o que, sem qualquer dúvida, mais me desapontou.

Dois rapazes de estratos sociais diferentes tocam juntos um piano perdido na floresta. Rapidamente crescem e encontram-se como rivais no universo dos concursos de piano.

Este é um tema que eu gosto e que me fascina, mas este anime faz tudo pelo pior no que respeita a caracterizar as pessoas enquanto músicos e apreciadores de música. O ambiente de competição e a constante insegurança dos personagens fazem com que o acto de fazer música pareça avassalador e assustador. A falta de desenvolvimento do início, em que as personagens são apenas apresentadas e não se discorre grandemente sobre as suas relações interpessoais, faz com que a conclusão deste primeiro acto tenha uma tonalidade desinteressante. Irrelevante, até.

Os designs extremamente simples com uma animação espectacularmente má, sem qualquer tipo de atenção ao detalhe do cenário ou mesmo ao anatómico, com as cenas de maior intensidade (as do piano) animadas num 3D recordatório do SimCity, tornam este anime um pesadelo visual.

Musicalmente, não poderia deixar de ser bom, mas a relação entre a banda sonora e os sentimentos trazidos por esta aos intervenientes está caracterizada de forma muito fraca: a visão não corresponde ao ouvido.

Nem tenho vontade de ver a segunda season.

Mahou Shojo Site

Mahou Shoujo Site
Matsubayashi Tadahito - Production doA
Anime - 12 Episódios
2018
7 em 10

Se foi unânime que este terá sido o pior anime da season passada, devo dizer que para mim foi precisamente o contrário. Defeitos, sim. Mas de todos os modos foi o anime que mais gosto me deu ver na season inteira!

É um anime que fala de assuntos importantes de uma forma terrivelmente irrealista e com suporte numa narrativa fraca e com pouco sentido por onde pegar. Ainda assim, as suas personagens conseguem cativar-nos com as suas fragilidades e, com elas, crescemos dentro desta história  de superação e fantasia.

Os designs estranhos e a animação precária não ajudam a que este anime seja bem considerado.. Existem variadíssimas cenas que puxam para a violência gratuita. Este exagero, esta foleirice, para mim trazem um certo estilo único ao anime e é daqueles casos em que, havendo a admissão de que tudo é mau, o anime se surpreende a si próprio.

Com OP e EDs bastante curiosas e originais, esta série não nos apresenta uma banda sonora espectacular. Ainda assim, alguns temas são irónicos de uma forma quase perturbadora.

Talvez seja isso. Um anime feito com uma ironia tanto discreta como plena de histeria, contando uma história com relevância social da forma mais mordaz possível.

20.7.18

Golden Kamuy

Golden Kamuy
Nanba Hitoshi - Geno Studio
Anime - 12 Episódios
2018
7 em 10

Este anime da season que passou (como podem reparar só estou a terminar agora) pode ser um sete, mas é um sete muito muito baixinho. Vejamos porquê.

Temos uma premissa muito interessante. Um soldado, perdido nas florestas nevadas de Hokkaido, junta-se a uma rapariga de uma tribo Ainu para encontrar homens tatuados. Estas peles, todas juntas, farão o mapa para encontrar um tesouro na floresta. No entanto, este soldado é um desertor e, por isso, vê-se perseguido por todos os lados. E não é apenas ele quem procura o ouro...

Este anime é sobretudo interessante (e é daí que vem o ponto do sete) pela caracterização da cultura e hábitos Ainu, colectivo de tribos essencialmente extinta pela intervenção da "civilização" do Japão  bélico. Temos acesso a dados culturais muito interessantes, mostrando-nos o anime uma forma de viver muito eficientemente adaptada ao ambiente e, por isso, um excelente elemento para colocar num anime de mistério e sangue como este.

Temos também personagens com motivações claras, embora o desenvolvimento que lhes é oferecido peque por - muitas vezes - se basear numa relação cliché de amor-ódio-com-humor.

A questão principal encontra-se na arte. O estilo utilizado não favorece a caracterização dos cenários, que poderiam ter sido muito mais ricos, detalhados e realistas. A neve, elemento principal, acba por se tornar pesada, monótona e abafada. Também a animação de lutas e outros combates, é quebrada, com estranhezas anatómicas e pouca eficiência para muito sangue.

Em termos musicais, não existe nenhum momento memorável.

Apesar de estar a apreciar mais a série quando todos ainda eram "maus", verei a segunda season com todo o gosto. Eu também quero o tesouro!

A Eterna Desculpa

A Eterna Desculpa
Miwa Mishikawa
2016
Filme
7 em 10

Fomos ver este filme ao cinema, aqui perto. Um filme baseado num livro, ambos da mesma autoria. Combinação curiosa.

Neste filme, dois homens enfrentam o luto pela perda das suas esposas, tornando-se companheiros devido à amizade entre as duas. Um deles, um escritor embriagado de sucesso, irá tomar conta dos filhos do outro, um camionista um pouco bimbo, cirando assim uma relação de familiaridade que irá (ou não) fluir para dentro da ausência da esposa, preenchendo-a.

Os personagens enfrentam diversas fases do seu luto e da sua busca por compreender a morte e por compreender a reacção à morte. Cada cena é simbólica para o desenvolvimento da aceitação e a passagem para uma "nova vida", para um novo entendimento. No entanto, pareceu-me que o filme se prolongou demasiado na exploração de novos símbolos e momentos de transição, o que acabou por tornar o final um pouco moroso.

O argumento tem também grande vivacidade e sentido crítico social,  o que é manifestado sobretudo pelas interpretações dos actores. Tomaram as personagens como suas e deram-lhes uma individualidade muito própria, sem exageros mas também sem comedimentos.

Um filme muito interessante. Só tenho pena que pouca gente tenha ido ver.

Conhecimento do Inferno

Conhecimento do Inferno
António Lobo Antunes
1980
Romance

Finalmente um livro de Lobo Antunes que me enche as medidas, depois destes todos que tenho lido (ainda me faltam dois e depois fecho a lista de leitura para começar outra, woohoo!)

Com uma certa tonalidade autobiográfica, o autor esforça-se por nos contar o seu dilema, entre ser médico e ser pessoa, entre ser soldado e ser médico e ser pessoa. Numa estranha alegoria, ele coloca-se na posição do internado de psiquiatria, aquele que ele próprio trataria, preso na memória louca da guerra colonial, pesadelo sempre presente no discurso. Discurso esse que, cada vez mais obscuro, cada vez mais quebrado, nos leva para os meandros de traumas com fontes diversa.

O autor analisa-se enquanto médico rodeado dos seus pares e enquanto ser primal, o animal doente que se urina e se enoja, em comparação com o animal febril que destrói com indiferença o que desconhece, o que lhe faz medo. Este contraste caracteriza a personagem: o autor dissecando o seu próprio cerebelo e apresentando uma versão de si que transcende o próprio horror que uma pessoa (sempre) tem a si própria.

Penso que, talvez, o vocabulário do livro seja um pouco complexo para quem tem pouca formação técnico-científica. Penso também que o tema do colonialismo e subsequente gu4erra é um tema sempre visitado pelo autor e que isso me chateia, mas neste caso admito que esteja próximo demais aos acontecimentos para ser menos do que uma imagem viva.

Fiquei encantada com este livro, vamos ver os próximos dois!

Cardcaptor Sakura: Clear Card-Hen

Card Captor Sakura: Clear Card-Hen
Asaka Morio - Madhouse Studios
Anime - 22 Episódios
2018
6 em 10

Se há algo de que eu não estava à espera, era que Card Captor Sakura alguma vez me desapontasse. Umas das séries fulcrais da minha adolescência, acabava de receber uma sequela. O que viria daí. Mas se há algo de que eu devia estar à espera... Era que CLAMP me desapontasse.

Pegando no imediato após o término da primeira série, existe uma reunião - agora numa nova escola - dos personagens anteriores e de algumas novas figuras. Sakura tem acesso a um conjunto de novas cartas, umas cartas transparentes a que chamamos as Clear Cards. Portanto, tem de lutar contra elas para as capturar e fazer tudo como antes. Óptimo! O pior acontece a seguir.

É-nos apresentado um grande mistério mágico, com o aparecimento de estranhas figuras. E a partir daí a história parou. Temos de saber quem são estas figuras. Estas figuras passam a aparecer a toda a hora e a motivação dos personagens deixa de se enquadrar no desenvolvimento pessoal para nos envolver numa história de detectives com magia. Bem. Não foi para isso que eu comprei o bilhete.

Ainda assim, poderíamos aceitar isto se tivessem circundado a história a apenas uma season. O que mais pode acontecer para além de voltarmos ao mesmo filme de sempre, os mundos estão todos colados, etc.? Mas mesmo considerando a eventualidade de não fazerem isso, o que podemos dizer da animação? Um pastel deslavado, coreografias pouco dinâmicas, designs repetitivos. Tão suave para os olhos que quase se deixa de ver.

Musicalmente temos OPs e EDs interessantes, plenas de fantasia e com um toque de feminilidade.

Deixou muito a desejar e só verei a segunda season (existindo) por mera consistência técnica.

Bakemono no Ko

Bakemono no Ko
Hosoda Mamoru - Studio Chizu
Anime - Filme
2015
6 em 10

Este premiado filme, estreado em Portugal numa Monstra, passou no outro dia na nossa querida, culta e adulta RTP2. Aproveitámos para o ver. Infelizmente, senti-me um pouco defraudada. Tanto pela RTP2, que passou um rip de DVD absolutamente horrendo, como pelo autor deste anime que, filme após filme, tem vindo a desapontar.

Um rapaz órfão de mãe, pai ausente, perde-se nos caminhos da noite de Tóquio, achando-se num labirinto que o leva até ao mundo dos monstros. É acolhido por um monstro muito especial, que luta para conseguir ganhar o lugar de senhor, o que lhe permitirá reencarnar como deus. Assim se desenvolve uma história de amizade familiar improvável, com algumas peripécias e crescimento pelo meio.

O problema neste filme não é tanto o desenvolvimento dos personagens que, realmente, é consistente e realista. O meu principal celeuma é, pois portanto, a caracterização. É que estas crianças, estes monstros, eles aparecem do nada. Não existe um passado a que se possam agarrar quando dizem que têm vidas tristes e difíceis. Assim, aparece este grupo de rejeitados vindo do nada que, por nenhuma razão em concreto, crescem até um zénite. Uma curva ascendente, mas sem um ponto de base.

A animação saiu desaproveitada com a qualidade terrível a que a nossa televisão pública teve acesso. Temos designs interessantes e originais, bastante consistentes dentro do universo, e alguns detalhes curiosos no ambiente circundante e cenário, que dão muita vivacidade ao mundo. No entanto, os cenários de cidade real são monótonos e repetitivos, sendo que não nos dão o detalhe necessário para que o apreciemos tanto como as personagens.

Musicalmente, temos alguns temas muito recorrentes em animes do género.

Um filme com uma moral engraçadinha e que se esforça por puxar a lagrimeta, mas que não poderá passar de mais uma estreia infantil com pouca densidade narrativa. Sorry.

Sci-Fi Lx 2018

 
Sci-Fi Lx 2018
Evento
Este era um dos eventos de cultura geek que, apesar de já existir há algum tempo, nunca tinha conseguido visitar. Trabalho, outros eventos, coisinhas, coisinhas sempre me tinham impedido de lá ir. Mas queria muito. Então guardei o fim de semana! =D
 
Fui apenas no Domingo à tarde. A minha intenção inicial era ir aos dois dias e assistira a imensos workshops e palestras mas a verdade evidente é que não aconteceu. Havia imensas coisas giras para ver, desde workshops de literatura (como matar personagens? Eu preciso de saber isto!) a sessões iniciáticas à impressão 3D, passando por alguns temas que terão dado, certamente, debates interessantíssimos.
 
Mas ocorreu-se que não vi nada. Boo para mim.
 
Levando a minha nova obra prima, um vestido com um cão girino, nome científico Gatus gatus estragadus, apresentei-me plena da energia de uma pessoa com grande talento para o estacionamento paralelo. Com isso dentro de mim, atravessei todo o jardim inicial do Instituto Superior Técnico, questionando-me avidamente sobre onde raios seria o edifício certo. Caminhando debaixo do sol de Julho, embora com alguns estratos, encontrei isto:


Good Omens, dizem eles.

Afinal, o edifício que procurava era o que estava mesmo à minha frente.

Organizado de uma forma circular, este evento é um carrossel de bancas das mais variadas formas e feitios. Muita literatura por onde escolher, tanta que nem fui capaz de o fazer! Por mim, todos! Queria todos! Então não trouxe nenhum. Arte muito interessante, num nível de profissionalismo que é raro noutros eventos. Os artistas (que são bons artistas), tinham até telas com temas ciber-surrealistas ou sobre esse rural bucólico que é o da fantasia clássica. Pelo caminho aproveitei para ver algumas queridas pessoas, a quem sempre me dá grande gosto conversar.

Tive também a sorte de falar com outras pessoas, nomeadamente o professor que se sentou comigo a mostrar-me modelagem 3D para crianças (uma arte fascinante que, afinal, parece bem simples!) e o representante de uma editora que organiza concursos em que gosto de participar. Eles foram os organizadores da maior parte (se não todos?) os workshops literários, pelo que gostaria de os encontrar mais vezes nestas andanças. ;)







Cosplay, esse, muito pouco representado. Agora, uma confissão: eu era para ir de cosplay. Estava há cerca de dois meses a trabalhar num cosplay simples e confortável que - para mim - tinha tudo a ver com este evento. Era a Mamiya de Hokuto no Ken! =D Mas não o consegui acabar, faltam só as ilhoses, as peças de armadura e o yoyo! Fica agora para um evento futuro, quem sabe?


Mas adiante. Cosplay, esse, muito pouco representado. Apesar de estarem a fazer um cosplay ao vivo durante o evento, o que é uma coisa muito gira de se ver, só encontrei estas pessoas.

SOIS AS MÁIORES



Este é de bónus

 Foi um evento simples, muito agradável e sinceramente relaxante. Adoraria tê-lo aproveitado melhor e espero que, para o ano, o possa fazer! Esta estrutura de evento começa a perder-se um pouco, no meio de grandes ecrãs com estrelas que dançam. Mas é neste tipo de evento que as pessoas acabam por poder recolher-se um pouco da histeria colectiva e aproveitar o serviço educativo que esta comunidade, sempre (e espero que cada vez mais) nos tenta oferecer.
Até para o ano!

13.7.18

Alexandra Alpha

Alexandra Alpha
José Cardoso Pires
1987
Romance

Um estranho romance, do mesmo autor da famosa "Balada da Praia dos Cães" (que me traz algumas memórias interessantes, que ficarão para outro dia, haha).

Alexandra é uma mulher que trabalha numa empresa chamada Alpha Linn. O autor finge que estas pessoas são reais (conseguindo convencer-nos durante grande parte do livro) e que a sua história vem de uma recolha de "papéis" encontrados na tal empresa, todos eles com uma tonalidade diarista. Assim, pela perspectiva de Alexandra, o autor apresenta-nos um conjunto de figuras inusitadas do eixo Linha de Cascais dos anos 70 em Portugal. Dos anos 70 antes da revolução, claro.

Estas personagens enfrentam problemas complicadíssimos, a maior parte deles relacionados com sexo matinal e abortos. E, pela sua voz um pouco queque, ficamos a saber mais ou menos como vivia uma pseudo-elite intelectual e empresarial, frequentadora de bares e de actividades lúdicas que envolvem bebidas destiladas. Penso que o livro se propôs a caracterizar uma época, mas dado o facto de as pessoas escolhidas para a representar serem, de todo, de um estrato social minoritário faz com que isso se perca completamente.

Finalmente, existe a secção inevitável e nunca ultrapassável quando se fala do que quer que seja da história portuguesa. Viva a revolução. E não é que o actor se despega da Alexandra Alpha e narra os acontecimentos da sua própria perspectiva? Poderia ser um elemento necessário num livro deste tipo, mas acaba por ser completamente irrelevante devido ao facto de ter sido completamente incosequente para todas as personagens.

Podia ter corrido tudo muito bem, mas enfim...

The Handmaid's Tale Season 2

 
The Handmaid's Tale Season 2
Bruce Miller
Série - 12 Episódios
2018

Foi com muita ansiedade que esperávamos a segunda season de uma série que me fascinou e que, para bem da verdade, me fez ter vontade de ver mais séries do género (e eu, como sabem, não sou muito de ver coisas com seres humanos).

Esta season já se afasta na totalidade do livro, que - como referido - já teria terminado há muito. No entanto, consegue dar uma nova profundidade às personagens e a este universo, acrescentando mais camadas detalhadas sobre a sociedade que nos tenta revelar.

Existe uma oferta de mais poder à figura feminina que, podendo parecer gratuita, acaba por se revelar muito importante para a caracterização do mundo social deste "conto". Assim, temos algumas reviravoltas que nos deixam com a expectativa sempre à beira de um ataque de nervos, em que a  estrutura da hierarquia social parece pender para um lado ou para o outro, oferecendo ao espectador sempre uma esperança e, consequentemente, sempre a vontade de ver mais um episódio. Que pena que só sai uma vez por semana!

A narrativa torna-se mais violenta, mais desesperada, mas as nossas personagens encontram novos aliados e novas vantagens que nos permitirão uma perspectiva para uma season 3. Existem momentos de um realismo brutal, mas em outros a situação parece demasiado iverosímil para o conmntexto. Espero que seja um aspecto a melhorar na próxima season.

De resto, a técnica de filmagem foi aperfeiçoada e já não temos transições tão forçadas, mantaendo sempre a beleza da imagem e o detalhe do cenário. Apresenta-se-nos uma nova classe de pessoas com todo um guarda roupa que não deixa de fascinar.

E agora? Talvez para o ano... ;)

11.7.18

The Breadwinner

The Breadwinner
Nora Twomey
2017
Filme
6 em 10

Um evidente candidato ao estrelato nos círculos cinéfilos, mas que também tem tudo de desapontante.

Este filme passa-se em Cabul, na época taliban, em que as mulheres não podiam sair de casa sem estarem totalmente cobertas e acompanhadas por um familiar masculino. Conta a história de uma menina numa situação delicada e que a enfrenta de uma forma um pouco expectável: transformar-se em rapaz.

De resto, a história dramática segue o seu caminho da forma mais evidente e é isso.

No entanto, há um ponto muito curioso a apontar neste filme. Ao longo do filme é-nos contada uma história mágica, com inspirações na tradição persa, que tem uma animação fulgurante e encantatória. A própria conclusão desta história é ridiculamente mais trágica do que a da narrativa principal.

De resto, parece-me um pouco desapontante que este filme tenha sido feito sem uma base cultural sólida, à qual não aparece uma única referência em todos os créditos.

Bigre

Bigre - Um Melodrama Burlesco
Le Fils du Grand Réseau
2015
Teatro

No meio da correria, algo se aproximava. Mais uma vez, o Festival de Teatro de Almada - agora só de Almada - chegava ao pé de nós, seduzindo-nos com umas meias dúzias de muitas peças de teatro, nacionais, internacionais.... Intergalácticas?

Fomos ver a peça de abertura, escolhida pelo público no ano passado. Palco de grandes dimensões, vemo-nos rodeados de gente para olhar para um estranho espectáculo. Uma casa. Uma casa?

São as personagens deste local que nos levam através de uma história de inocência e reencontro. Talvez disfarçando a sua narrativa, os três actores transportam-nos através de episódios inusitados. Tudo tem tudo para correr mal, claro! Mas a transparência das personagens reflecte-se nas suas acções e, por isso, de uma forma ou de outra... É possível correr tudo... Um pouco mais ou menos bem! :)

Cenário admirável, cheio de movimentos, detalhes, portas e objectos, milhões de objectos e nenhum deles inútil! E actores cheios de energia e com uma forma física invejável, usando e abusando do objecto corpo e, ainda por cima!, divertindo tudo à sua volta.
 
Dava vontade de ficar ainda ali, sempre mais tempo, sempre a assistir às desventuras deste grupo de pessoa. Parecidos connosco, eles. :)

4.7.18

A Cor do Dinheiro

A Cor do Dinheiro
Martin Scorcese
Filme
1986
6 em 10

Após uma noite complicada, apanhámos este filme na televisão. Trata-se de uma sequela a um filme muito antigo, em que Paul Newman fazia de vigarista do bilhar. Agora, o mesmo actor tem um pupilo, sob a forma de Tom Cruise, que tentará ensinar a jogar para ganhar dinheiro. Não para ganhar a competição, claro. Para ganhar dinheiro.

O filme trata da competitividade entre os jogadores e a forma como o jogo os faz tomar atenção ao ambiente circundante e a si próprios. A narrativa é a de uma luta e superação, da forma física e emocional, tentando dar aos personagens uma lição de humildade e de amizade.

Isto funciona bastante bem no caso do jogador mais velho, mas o mais novo continua sempre a ser a criança insuportável e irascível que era ao início. A sua inocência torna-se tão mais irritante quanto a sua incapacidade de compreender que está a ser manipulado por tudo e por todos, acabando por ser um personagem quase raso e com muito pouco por onde pegar.

De resto, temos uma técnica de filmagem impecável e não podemos pegar em nenhum defeito da realização.

Um filme tecnicamente bom, mas que fica aquém das expectativas.

LCD Soundsystem

LCD Soundsystem
Concerto
Quando, no ano passado, vimos o anúncio para este concerto, pensámos logo que não o podíamos perder. No entanto, quase que o perdemos. A falta de orçamento fez com que falhássemos com as primeiras duas datas, que se esgotaram num instante. Felizmente, os LCD fizeram o favor de abrir uma data extra e foi a essa que fomos.

Tinha estado a trabalhar, pelo que decidi apanhar um conjunto de barcos até Lisboa (o que se veio a revelar muito chato, como veremos mais tarde). Estava cheia de pressa e muito mal-disposta quando finalmente me encontrei com o Qui e o Zé Gato, que também vinha ao concerto nesta data. Felizmente, chegados ao Coliseu dos Recreios - local do evento - descobrimos que não havia grande fila. Um alívio!

Entrámos, fomos revistados por uns seguranças muito simpáticos (que, por sinal, não quiseram ver a minha mala). Disseram-me que teria de guardar o guarda-chuva no bengaleiro, coisa que me parece perfeitamente lógica porque não dá jeito nenhum ver um concerto com a sombrinha às costas. Entretanto, descobriu-se que o Zé Gato não podia entrar. Isto porque o bilhete dele era uma fotografia do bilhete que havia comprado. O senhor da porta considerou que ele podia ter vendido o bilhete a alguém e fotografado de forma a entrarem duas pessoas. Referi que eu própria, com a impressão do meu bilhete, poderia ter impresso cinco mil outros bilhetes, enchendo assim a sala de espectáculos com uma só compra.

Só mais tarde, após o início do concerto, a bilheteira imprimiu um novo bilhete para o Zé Gato que, assim, teve permissão para entrar.

Lá em cima, pesquisamos o bengaleiro, obtemos uns drinks e ficamos cativados com a banquinha da merch. Fiquei cheia de vontade de comprar uma t-shirt que dizia "My middle aged friend went to LCD Soundsystem concert and only brought me this lousy t-shirt". Isso porqu eu me identifico com a parte do "middle-aged friend" xD

E assim se inicia o concerto.

Rodeados de alguns cotas estrangeiros, de outros cotas portugueses e de alguns jovens completamente histéricos, encontrámos um bom lugarzinho junto à saída, o que nos permitiu obter novos drinks. O concerto começa com alguns sons novos, que eu ainda não conheço bem, mas no seu âmago temos um revivalismo do passado, com as músicas que nos meados da outra década nos viciaram. Desta vez a banda está um pouco diferente: a primeira vez que os havia visto era tudo mais simples, menos maquinaria, menos pessoas. Agora, temos guitarras, baterias e muitas mesas de mistura que, no seu conjunto, dão uma outra textura aos sons.

Textura mais acústica e menos artificial, mais ligada às origens e à terra, assim como o novo álbum se propõe. Será que isso funciona quando falamos dos sonoros antigos? De certa forma, acabou por ser um dado pouco relevante, pois a qualidade do som oferecida pelo Coliseu nunca foi das melhores, para que se possa fazer uma apreciação muito detalhada.

O que interessava, no fundo, era dançar e evitar ser atropelado pelos outros dançantes. Uma grande bola de espelhos dava o mote à festa, embora o sistema de luzes fosse altamente básico e muito pouco estimulante. Valeu pela música e pelos músicos que, sempre em forma, não se coibiram de lançar uma frase feita ou outra para grande prazer dos ouvintes.

Acabámos por ir embora a meio do segundo encore, pois eu tinha muito medo de perder o barco e depois só ter um às 2 da manhã. Afinal, tinha de trabalhar no dia seguinte... Causou uma certa infelicidade aos meus companheiros, coisa pela qual peço desculpa de novo.

Foi um concerto excelente para dançar, mas penso que a magia da banda se perdeu um pouco para mim... Antes, tudo mais simples. Agora, o estilo mais clássico retira muito da revolução inicial. Vamos a ver o que o futuro nos espera.