A Insustentável Leveza do Ser
Milan Kundera
1983
Romance
Este livro foi-me oferecido pelo Qui no meu passado aniversário, mas só agora tive oportunidade de o ler. Foi realmente uma boa escolha, porque é uma história de amor muito bonita. Como gosto do meu Qui! ^___^
Este livro trata de vários assuntos. Primeiro, é uma história de amor. Aliás, uma história sobre o amor. Tomas e Tereza, Sabina e Franz, Tomas e todas as mulheres, tudo isto é mote para falar sobre este sentimento e as relações entre as pessoas. E a conclusão é de uma pureza quase infantil: o amor é como um cão. A história tem cenas de elevado erotismo, mas nunca se torna vulgar. Pois o autor faz uso do poder da sugestão, daquilo que poderemos pensar que vai acontecer, sem ser extremamente descritivo ou simplesmente desagradável. São cenas belas e comoventes, sobretudo dentro do contexto de dor constante e de auto-descoberta de cada um dos personagens.
Depois, este livro é também uma caracterização da República Checa aquando a invasão russa de 1968. É um assunto que não conheço bem, mas aqui é falado de um ponto de vista muito pessoal. Antes da invasão, depois da invasão, a diferença das pessoas. E, sobretudo, o medo, a paranóia, o sentimento misto de terror e necessidade de auto-protecção de todas estas pessoas que vivem sob um regime exagerado
Finalmente, o livro é um exercício filosófico, uma transmissão de ideias autor-leitor. Pois este narrador admite desde logo que as suas personagens são apenas personagens. Admite que as criou e que as escolheu por serem fruto de acasos. Tendo isto em conta, é fácil ligarmo-nos não aos personagens mas à ideia da sua concepção, não às suas relações mas aos conceitos primários por trás delas. Assim, é um livro com várias camadas, que temos de retirar uma por uma até chegarmos ao cerne da questão: o que é a vida, o que é o ser humano e, no fim de contas, o que é o amor.
Eu já tinha lido este livro no passado, mas foi numa época em que provavelmente não teria a maturidade suficiente para o compreender devidamente. Com esta re-leitura, apenas me recordei de uma única imagem: o capítulo, muito curto, da mulher-cegonha. Por alguma razão, essa cena ficou-me gravada na memória. Agora, que li o livro com mais atenção, posso dizer que esta é uma verdadeira obra-prima e que deverá ser recordado como aquilo que verdadeiramente é: um exercício simples, mas incomparável; uma homenagem a tudo o que é vivo; um apelo aos sentimentos.
Recomendo vivamente.
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