Psyco-Pass 2
Shiotani Naoyoshi - Production I.G
Anime - 11 Episódios
2014
7 em 10
Um ano e pouco depois do primeiro Psycho-Pass, apresenta-se-nos uma sequela com tudo para correr bem. Vejam aqui os comentários à primeira season, pois irei fazer uma espécie de exercício comparativo. :)
No início, tudo corre dentro da normalidade. Até ao momento em que um crime bizarro, que envolve um agente da lei. Nessa altura, começa uma caça a um homem misterioso, Kamui, que não é detectado pelo sistema e que fará tudo para o contornar e eliminar. Assim, é-nos dada a oportunidade de conhecer mais sobre este sistema, teoricamente perfeito, chamado Sybil.
A primeira questão que se coloca é, na verdade, a necessidade desta season. Aqui, há um esforço por criminalizar o sistema e caracterizá-lo como injusto mas olhemos para a situação de uma outra perspectiva. Em teoria temos um sistema perfeito. Na verdade, sabemos desde logo (porque vimos a primeira seaosn) que o sistema tem falhas na sua génese. No entanto, aparentemente funciona, com mais ou menos erros. Assim, será verdadeiramente "justo", da perspectiva do antagonista, tentar ultrapassá-lo e criar todo um esquema para provar que, efectivamente, não funciona? A verdade é que o sistema Sybil, apesar de se guiar por linhas um pouco fascistas, não me pareceu algo assim tão mau. As pessoas perturbadas são retiradas e aquelas com possibilidade de recuperar são tratadas e reintegradas. A falha que se encontra aqui, a razão pela qual esta linha revolucionária falha, baseia-se no facto de o anime admitir, desde logo, que uma vez que o teu estado mental se altere não mais poderá vir a ser recuperado. E isto não é verdade. Porque há pessoas que estão emocionalmente muito mal, mas que - com o tempo e às vezes um empurrãozinho - voltam ao normal e conseguem viver a sua vida perfeitamente. Ora, não é o sistema Sybil que admite que isto não é verdade. É a génese do conceito em si. Assim, esta season acabou por ser muito menos realista e não tão motivadora.
Em termos de personagens, são-nos apresentadas algumas pessoas novas, tanto dentro da equipa como do lado dos antagonistas. Dentro da equipa há uma colega que, se ao início tinha atitudes muito estúpidas, acabou por sofrer um desenvolvimento bastante bom e ajudar-nos nas questões filosóficas colocadas pela narrativa. Dentro dos antagonistas, temos um Kamui que acaba por ser muito pouco convincente, sobretudo depois de sabermos como é que ele apareceu. É difícil de acreditar que "ele" seja uma entidade possível, pois a tecnologia necessária para o desenvolver parece não estar a par - em termos evolucionários - com a do resto do universo. Mas isso foi uma sensação pessoal.
A animação não podia estar mais perfeita. Entre algumas cenas de acção muito fluídas, o que me captou mais o interesse foi sem dúvida toda a arte cénica, com um excelente uso de perspectivas e texturas nas áreas coloridas. Talvez o design dos personagens, em si, não seja extremamente detalhado, mas a verdade é que isso passa ao lado perante todos os fundos e maquinaria. Pareceu-me apenas que esta season foi demasiado explícita no sangue, de uma forma desnecessária que em nada contribui para o desenvolvimento da história. Isto melhora bastante nos últimos episódios em que há uma melhor utilização da sugestão em vez do óbvio grafismo.
Musicalmente, temos momentos muito fortes que em muito contribuem para a emoção toda que me trouxeram os cenários. Tanto a OP como a ED não impressionam, apesar de estarem apropriadas.
No geral, uma season menos cativante do que a anterior, mas que ainda assim dá que pensar. Esperemos agora pelo filme.
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