O Teatro e o seu Duplo
Antonin Artaud
1938
Ensaio
Emprestaram-me este livro no grupo de teatro, por forma a esclarecer-me sobre mais teoria teatral, coisa que me tem feito muita falta. Devo dizer que gostei muito e que identifiquei várias das coisas que fazemos actualmente nesta proposta para um novo tipo de teatro, embora mais subtis.
O autor propõe um “Teatro da Crueldade”, em que o movimento substitui a palavra por forma a confrontar o público, enquanto intregrante coeso do espectáculo, com a sua própria ideia do “eu” metafísico. Isto é, a imagem que podia ser transmitida por palavras passa apenas a existir sob a forma de sons, músicas grotescas e gestos limpos, planeados e representativos do que deveria estar a ser dito, por forma a encontrar-se uma experiência quase religiosa entre o espectador, o actor e, o mais importante elemento, o encenador.
Refere o autor que neste “Teatro da Crueldade”, o encenador é o elemento coesivo de todo o espectáculo, que envolve uma cenografia exagerada e brutalizante, efeitos de luzes (impossíveis para a época) e o gesto como elemento de maior importância. Incluímos no gesto a própria voz, que não serve como instrumento de dizer palavras mas como instrumento musical, através de gritos, gemidos e canções pagãs.
Uma perspectiva revolucionária e extremamente interessante, embora – me pareça – pouco possível de aplicar. Recomendo a sua leitura!
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