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9.6.17

Watchmen

Watchmen
Alan Moore & Dave Gibbons
Graphic Novel

Comprei este livro no passado Anicomics. O Qui sempre mo havia recomendado e achei que seria um óptimo volume para acrescentar à nossa crescente colecção. No entanto, talvez este livro tenha chegado às minhas mãos de leitora na altura errada, porque senti que não o apreciei devidamente.

Este é um livro que fala dos super-heróis depois de deixarem de ser super-heróis. Num universo semi-distópico em que Nixon continua a ser presidente e a perseguição aos comunistas é cada vez mais acérrima, os super-heróis foram dispensados das suas funções de protectores da justiça, porque no fundo faziam mais mal que bem. Afinal, não passavam de seres humanos. Quase todos eles, pelo menos. Agora, desde o brutal assassinato de um veterano da equipa, Roscharsch - um dos heróis do passado que nunca revelou a sua identidade - procura descobrir o assassino e envolver os outors antigos amigos na sua busca.

No entanto, há algo mais forte que eles que está sempre um passo à frente. E assim começa uma riquíssima análise pessoal de cada um dos intervenientes desta história, que sofrem uma caracterização e desenvolvimento raramente vistos neste formato de banda desenhada. Cada um deles tem os seus momentos de felicidade, os seus pequenos momentos de vida diária. Mas por trás de cada uma destas figuras, podemos analisar os problemas que vieram do facto de terem todos sido super-heróis, da incapacidade que têm de se afastar das suas personagens passadas e, sobretudo, dos problemas que têm na interacção com o mundo que os rodeia. Afinal, este mundo deseja que eles por um lado sejam pessoas normais e inseridas na sociedade, mas por outro lado ainda precisa de vigilantes que os protejam e ajudem.

As revelações são surpreendentes e a cada volta que a história dá mais percebemos a ironia da construção de certas personagens, da loucura em oposição à moralidade e da perfeição física em oposição a uma crueldade crescente.

As cenas estão desenhadas num estilo que não me agrada muito, num ponto de vista puramente pessoal, mas possuem uma dinâmica incrível, na medida em que não existem cenas de acção profundamente elásticas mas existem momentos de profundidade emocional que não poderiam ter o efeito desejado se não fosse a qualidade da arte.

Existem cenas, também, que transmitem uma extrema beleza, nomeadamente as contemplações e divagações filosóficas em Marte e até mesmo a cena fatídica do final que, não sendo gráficamente brutalizante, é muito forte em termos de desenvolvimento e desfecho.

Um livro que gostaria de ler numa outra ocasião, mais calma. Recomendo.

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