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22.6.15

O Assassino Cego

O Assassino Cego
Margaret Atwood
2000
Romance

Este foi o outro livro da Margaret Atwood que recebi de empréstimo. Demorei um pouco mais a atravessá-lo, pois é bem grande e tem a sua complexidade.

"O Assassino Cego" é o nome de uma história dentro de uma história, um livro que uma das personagens supostamente escreveu e que tem muito de fantasia. Este livro dentro do livro relata uma história de amor impossível, entre pessoas de classes sociais muito diferentes, pontuado por momentos fantásticos em planetas distantes, Zycron, Xenor, nomes estranhos. 

A outra parte do livro, que intercala com a anterior, é o relato da vida de Iris, uma velha senhora que recorda os seus tempos áureos. Filha de um industrial poderoso, tudo se transforma com a grande depressão dos anos trinta. Assim, acaba por se casar com um outro industrial poderoso, ficando à mercê de uma sociedade muito diferente da vida que ela conhece. Acompanha-a a sua irmã Laura, uma pessoa de contornos e comportamentos estranhos que faz sempre questões pertinentes e, por vezes, assustadoras. Laura é uma personagem que é usada para debater muitos conceitos, nomeadamente aspectos sobre o divino, o que - dentro da sua estranheza - acaba por ser bastante interessante. Esta parte da narrativa é um retrato excelente da época vivida, a grande depressão e a segunda guerra mundial na perspectiva dos habitantes do Canadá, com descrições vívidas e exactas de ambientes luxuosos e também de paisagens naturais.

No entanto, à medida que se desenrola a história, percebemos os paralelismos entre esta narrativa e "O Assassino Cego", descobrindo cada vez mais coisas ocultas sobre a vida em família de Iris e de Laura. Assim, a história fantástica acaba por ser uma espécie de reflexão sobre a história real, o que se pode tornar um pouco repetitivo em termos conceptuais. Senti que esta história fantástica, apesar de ter alguns momentos belos, se tornou bastante inconsequente dentro do contexto. Por outro lado, também não se pode dizer que funcione por si só, individualmente, pois aparenta estar incompleta, aparenta ser apenas um excerto de algo bastante maior.

Após este livro, que já é o terceiro que leio desta autora, acho que consigo caracterizar a sua escrita, que é muito única e individualista. Atwood escreve com uma ironia muito própria, relatando um certo desapontamento para com a vida que está presente por toda a sua obra (que já li). Posso afirmar que, apesar de por vezes procurar um pouco mais de belo, gosto bastante do seu estilo e que, por isso, continuarei a ser agradada pela leitura dos seus livros :)

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