As Mãos Sujas
O Grito & Rugas
Texto - 1947 / 2017
Teatro
Perdi a oportunidade de ver esta peça aquando a sua estreia. Queria muito vê-la, pois mantenho diálogo com alguns dos membros do grupo O Grito, um dos intervenientes desta peça, e também porque não queria perder a oportunidade de ver uma peça de Sartre, um autor de que gosto muito neste género.
Infelizmente a peça desapontou-me um bocadinho, sem desfazer do talento de todos os inervenientes. Vejamos. ;)
O texto é agudo, ácido, óptimo. Um homem acabado de sair da prisão vê a razão que o levou até lá: um partido, a obediência a um partido, a fé cega nas decisões superiores de um partido que nunca é nomeado. Estes superiores decidem colocar a sua fé e coragem à prova: deverá assassinar um outro líder, com a qual acaba por formar amizade. Mas este personagem está tão imerso na obrigação do dever, o de matar, que acaba por deixar de conseguir racionalizar, entrando num desespero incoerente que culmina no crime passional que há-de o levar à prisão.
A encenação, sendo inteligente na utilização do espaço, peca em alguns momentos. Alguns momentos estão simplesmente vazios, intercalados com uma música que destoa do contexto da peça, sendo que outras vezes os personagens não transparecem a sua realidade devido a alguma falta de mecânica dos actores. Gostei bastante do jogo de luzes, embora por vezes pequenos erros de posicionamento o tornassem demasiado evidente.
Ainda assim, estes apreendem bem os seus personagens e existem alguns momentos de çpuro génio. Infelizmente, não estão por toda a peça e, por isto, ela perde um pouco o seu equilíbrio. Gostaria, no entanto, de ver muitas mais peças por este grupo!
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