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22.4.13

Revista Banzai!

Revista Banzai!
Vários
Revista de Manga - Volumes 0,1 e 2/Infinitos
2010

Antes de mais começo por dizer que este comentário não tem por intenção magoar os sentimentos de ninguém. Tenho alguns dos contribuintes desta revista nos meus contactos, apesar de nunca falar com eles, por isso espero sinceramente que não se ofendam com nada do que eu vá dizer e que o usem de forma construtiva por forma a melhorarem a qualidade da revista e, assim, a façam vender mais e trazer mais fãs ao nosso pequeno universo e aos nossos eventos. Não que eu vá dizer coisas especialmente maléficas, mas fica o aviso e o pedido de não me encherem os comentários com o argumento "porque é que não fazes melhor?" Explico também porque é que eu não faço melhor: porque eu não sei desenhar nem escrever argumento de BD (mas irei aprender num workshop em breve). Mas por acaso até sei bastante sobre a teoria por detrás da criação destas coisas dos quadradinhos, porque em tempos eu pensei que sabia desenhar. E fartava-me de desenhar, sobretudo Neopets. Depois caí em mim e parei de fazer isso. Mas enfim, isso já são coisas que não interessam a ninguém.

Vou comentar cada uma das histórias conforme vêem no site. Para lerem a sinopse, peço que se dirijam ao dito. Vamos lá?

TMG - The Mighty Gang


Isto é um shounen inspirado, claramente, pelos shounens mais modernos de acção, mistério e poderes mágicos. No caso, os elementos. Acho que é uma história que não funciona bem neste formato, nomeadamente neste tipo de papel. O branco é demasiado branco e o preto é demasiado preto, o que faz um contraste um pouco desagradável. Este contraste predomina pela falta de sombras, trames (eu aprendi isto em francês, não sei o nome que as pessoas normais usam). Para ser sincera, foi a história que gostei menos e acho que vai ser a que vai durar para sempre, está-se mesmo a afinfar a ser shounen de longo curso. Não gostei do estilo e achei que houve momentos falhos em termos artísticos. O ambiente é frequentemente quebrado por piadas e expressões "engraçadas", até mesmo durante as lutas, o que me impede de levar a sério o que vai acontecer. Isto é, eu sei que se esta gente está a cair em grandes nuvens de fumo e a rir-se, vão certamente vencer o inimigo. Também achei especialmente parvo usar nomes portugueses para pessoas que não são portuguesas. Existe shounen feito de uma maneira mais interessante e acho que a autora devia procurá-lo para se inspirar.

Kuroneko


Eu quando li a Banzai #0, odiei isto por uma razão muito simples: as ovelhas não têm dentes na arcada dentária superior. Têm uma mesa dentária. Por isso, porque raio é que esta ovelha teria dentes afiados? Causou-me tal irritação que releguei esta secção como a pior da revista. No entanto, ao ler os volumes 1 e 2, isto apareceu-me de outra maneira. E tornou-se na minha secção preferida. Os desenhos são muito simples e têm traços fortes, pouco característicos do estilo manga. Isso torna a arte refrescante. As histórias são apenas pequenos momentos, tiras de três quadrados, e situam-se num universo surreal muito reduzido e muito delicado. Muitas das histórias não fazem sentido, mas de certa forma acabam por funcionar muito bem e transportaram-me para um lugar diferente. Um lugar onde só há um gato, uma ovelha e uma borboleta.

Miau Miau!


Num estilo artístico a dar mais para o shoujo, é uma história fatia-de-vida com gatinhas humanizadas. Isto é, às vezes aparecem com forma de pessoa, outras vezes aparecem com forma de gato. Esta primeira história foi sobre o banho do gato depois de ter sido apanhado da rua. É muito leve e claramente tem a melhor arte de entre todas as histórias, talvez por autora já ser profissional do manga antes de conduzir esta história. É divertido e é fofinho, uma espécie de Chi's Sweet Home com nekomimis. Achei apenas que as figuras humanas dos gatos são demasiado pequenas em relação à da dona. A menos que venham a crescer à medida que envelhecem, o que ainda não sabemos!

Pandora's Song
 

Sabem quando há um conceito que até é bastante interessante e depois a resolução acaba por ficar aquém do que podia ter sido? É este one-shot, sem tirar nem por. A história é sobre uma rapariga muda a quem aparece um anjo que lhe dá voz para cantar. Mas a arte é terrível. Eu percebo a intenção e acho que em certos casos as linhas simples funcionam muito, muito bem. Neste caso não. Os designs dos personagens foram inconsistentes e achei que o design do anjo foi um movimento péssimo, pois tirou toda a beleza ao momento na tentativa de o tornar mais engraçado. A história podia ter sido mesmo muito bonita, mas tornou-se vulgar e desagradável. O que é uma pena, sobretudo tendo em conta que uma série de pessoas trabalharam para produzir isto.

Sete Pecados


Uma arte bem moderna, mas também muito ocidental. Este capítulo serviu para introduzir os personagens, mas achei que acabou por ficar um amontoado de personagens que aparecem ali unidas por um quadro mas que... Como é que elas apareceram todas ali? Parece que foram atiradas para dentro do museu sem pensar muito nisso. Acho que teria funcionado melhor se tivessem gasto mais capítulos a introduzir as personagens com jeito em vez de as por todas num pequeno espaço "e agora amanhem-se e continuem a história". Fiquei sem ideia do que a história vai ser e os personagens apareceram uns a seguir aos outros com tal rapidez que acabou por ser difícil associar quem é quem.

Considerações Finais

Eu comprei o Volume 0 na Japan Weekend Lisboa, em 2010 (?). Ou 2011. Não me lembro bem da data, mas posso ir descobrir. Achei que foram os piores dois euros que gastei na vida, detestei a edição, achei que era um esforço ridículo, achei que esta gente desenhava toda pessimamente, que as histórias eram vulgares e parvas e tudo e tudo e tudo. Assim, quando apareceu a notícia do Volume 1, nem pensei em comprá-lo. A custar cinco euros e meio, ainda por cima, nem pensar. Acabei por ganhar os dois primeiros volumes no concurso da Nanothron. Até perguntei "quem é aqui a pessoa dos animus", mas a pessoa dos animus deve ter achado que eu estava a gozar com ela porque não quis desenvolver a conversa. 

Surpreenderam-me. Isto afinal, não é mau de todo. Tem coisas a melhorar, mas também tem coisas muito interessantes. Temos aqui artistas promissores, temos aqui ideias originais, temos ideias bonitas e temos capacidade narrativa. Todas espalhadas. Acho que a qualidade ainda pode melhorar e chegar ao nível de uma revista de manga Japonês, se bem que mais pequenina, mas estão no bom caminho.

Sinceramente, não sei se hei-de comprar o volume 3 ou não. Ofereci o 0 a uma amiga e ontem deixei o 1 e o 2 em casa de um amigo, para ele ter banda desenhada em estilo manga e ao mesmo tempo portuguesa na sua biblioteca. Se comprar o volume 3, acho que vou começar a fazer a colecção para o meu amigo. Mas e se ele não gostar? Talvez lhos peça de volta? Não sei bem. Mas isto não esgota, como se tem visto, por isso ainda vou a tempo.

A NCreatures, fundamento da revista, farta-se de promover actividades com os artistas em montes de ocasiões, incluindo festivais importantes (e coisas menos importantes). Sempre me recusei a ir por causa da impressão que tinha do volume 0. No entanto falei com duas das autoras no Iberanime, apesar de não saber quais é que eram, e ofereceram-me um desenho que está muito giro. Talvez ganhe mais desenhos nesses eventos? Talvez vá.

A revista Banzai! para mim, neste momento, é um grande talvez. Mas depois de ter aprofundado mais o "conhecimento" sou da opinião de que estão a fazer um excelente trabalho, sobretudo no que toca à divulgação.

Por isso recomendo, para que se apoie e indústria portuguesa e o nascimento de novos artistas nesta área que tanto nos apaixona.

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