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12.2.14

A Casa da Paixão

A Casa da Paixão
Nélida Piñon
1972
Romance

Um estranho livrinho que sobrou da Convenção BookCrossing 2013. Escolhi-o para ler agora, antes de regressar ao Kobo, porque estava a chover muito para o levar na mala e porque era pequenino e cabia com o outro que estava a ler. Calhou oportuno, pois se não fosse desta forma talvez o tivesse posto a viajar antes de o ler. Uma coisa engraçada: pela forma como a capa está feita, pensei que o autor fosse "Nélida", o título do livro "Piñon" e a colecção "A Casa da Paixão". Afinal calhou tudo ao contrário xD Nélida e uma senhora e, ao contrário do que o nome possa indicar, é brasileira! Há tanto tempo que não lia literatura brasileira, e gosto tanto!

Mas vamos ao livro: fala sobre uma rapariga (Marta) e do seu desejo sexual, dividido por outros três personagens (a criada Antônia, o pai e Jerônimo). Portanto, um livro erótico. Pessoalmente, não aprecio ler o género por aí além. Sinto-me muito mais confortável em escrevê-lo. Mas o livro está narrado de tal forma que é impossível não nos embrenharmos na leitura, apesar de me sentir a corar sempre que algumas palavras apareciam. O livro não é vulgar, de todo. É arte em boa forma.

Isto porque a maneira como as palavras são usadas é original e tem uma veia poética muito forte. A estrutura, em que a autora parece fundir-se com as personagens, pode ser complicada ao início. Tem longos monólogos de ritmo louco, mas isso dá-lhes uma aura de fascinação. Adorei sobretudo a maneira como algumas palavras são adjectivadas (uma que me lembro foi "murmúrio oco") ou como uma antítese transforma uma acção ("o seu grito mal se ouviu")

No final, tenho uma interpretação para a história, bastante diferente da religiosidade apresentada no posfácio (que me pareceu absolutamente tendencioso). Para mim, Marta representa a menina que se vai transformar em mulher. Está rodeada pelos desejos de exploração do corpo, ridículos e que causam vergonha (Antônia) e pelos sentimentos de auto-protecção, alimentados também pelo desejo de transformação (o pai). Finalmente, aparece a paixão (Jerônimo), que a faz afastar-se de todas estas emoções e a entregar-se a um estado de feminilidade adulta. Achei que todo o livro estava carregado de símbolos da natureza, por tantas folhas, tanta água e tanto sol. Enfim, uma leitura muito interessante.

Agora vou fazer o livro circular, para que outras pessoas tenham a oportunidade de o ler. :)

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