The Irishman
Martin Scorcese
2019
Filme
7 em 10
O novo filme de Martin Scorcese nasceu envolto em problemas. Acabou por se tornar uma produção Netflix, com todas as consequências associadas. Mas nem por isso deixa de ser um filme marcante, com excelentes interpretações, e uma história fascinante.
É um épico sobre a máfia ao longo dos tempos e das eras, protagonizado por Robert de Niro no papel do "Irlandês", um homem que "pinta paredes" e, quase por acaso, se vê como braço forte da máfia italiana, fazendo contactos, amigos e ganhando protagonismo no meio. Acompanhamos a sua ascendência e depois a quebra final, avançando e recuando no tempo para encontrarmos a velhice e a juventude de mãos dadas. Por isso, é um filme que requer alguma habituação, pois são utilizados efeitos digitais para tornar os actores mais velhos ou mais novos do que realmente são para que eles participem nas várias fases da vida das suas personagens.
Apesar de surgir de forma aparentemente aleatória, com cortes e mudanças, temos uma narrativa relativamente simples, que pode pecar por ser demasiado longa e por vezes cheia de detalhes que não significam muito nem para a história nem para o verdadeiro desenvolvimento das personagens.
Talvez o aspecto mais marcante deste filme seja precisamente a auto-crítica e auto-contemplação da idade, com a conclusão de que no final todos estamos sós por mais que tenhamos feito em vida. Podemos criar um paralelismo entre este filme e a história do próprio cinema. Outra coisa de que gostei muito foi o olhar do autor, que nos mostra o filme como um puro observador, sem criticar, com uma frieza dissecante, como se fosse apenas um olho que vê os acontecimentos sem se envolver.
Recomendo este filme, embora seja muito longo e um pouco desafiante.
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