As Asas do Desejo
Wim Wenders
1987
Filme
7 em 10
Celebrando o trigésimo aniversário deste filme, foi reposto no cinema da biblioteca aqui perto de casa. Fomos vê-lo e, diga-se, a sala estava cheia! Nunca tinha visto aquele auditório assim!
Os anjos andam entre nós, observando-nos, ouvindo os nossos pensamentos, documentando a humanidade desde o seu surgimento no planeta. Mas existe um anjo que, neste momento, não se consegue conformar. O seu maior desejo é sentir as coisas, poder agarrar nas coisas, poder descalçar os sapatos. Como se fosse um ser humano. A sua decisão torna-se cada vez mais forte quando toma um especial interesse por uma trapezista frustrada. Será que esta história de amor vai vingar?
É um filme pleno de detalhes que permitem leituras diversas e interpretações muito pessoais. Afinal, o que significam os anjos? Porque é que eles só vêm a preto e branco? Como sentem as emoções das pessoas, se a eles não é permitido ter emoções? É uma perspectiva um pouco assustadora, pensar que está sempre alguém aqui ao lado a ouvir os nossos pensamentos. Mas também é um pouco triste pensar que, estando eles aqui, não podem fazer nada. Não podem agir. Não podem intervir.
Os cenários são os do muro de Berlim antes da sua queda. Imagens tristes, decadentes, apodrecidas mas, apesar de tudo, muito contemplativas. O autor consegue mostrar-nos o mundo pelos olhos dos anjos e isso tem o poder de nos transportar para um universo que, existindo ou não, nos deixa um vazio no coração.
É um filme bonito mas, aparentemente, dividido em duas partes. Agora terei de ver a segunda.
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