Alabardas
José Saramago
2014
Romance (Inacabado)
Este livro foi-me oferecido no Natal do ano passado pela minha caríssima irmã. Fiquei muito feliz, porque Saramago nunca é demais e, certamente, tinha curiosidade em saber o que seria esta sua obra póstuma.
Trata-se de um romance inacabado, os três primeiros capítulos daquilo que seria a sua última obra. Aqui, apenas são introduzidos os personagens e o tema do livro. A grande questão que se levanta é "porque é que nunca houve uma greve numa fábrica de armas". A partir daí, Saramago tencionava desenvolver uma história da qual só temos os contornos iniciais. O grande potencial deste livro revela-se logo nestes curtos capítulos, escritos com a graça, candura e ironia que caracterizam o autor. Fiquei extremanente triste quando terminou a primeira parte do livro, porque estava cheia de vontade de saber como iria continuar, o que iria acontecer, como se iria desenrolar o livro.
Esta edição tem algumas notas do autor sobre o livro, em que ele fala do seu potencial, das suas intenções e das mudanças de título. Seguidamente, dois artigos que referem sentimentos pessoais sobre estes capítulos perdidos. Gostei bastante do primeiro, que revela um conhecimento grande sobre o autor e sobre a sua pessoa (enquanto ser humano), mas o segundo pareceu-me escusado, porque referia apenas "Conheço Artur Paz Semedo" e debitava pessoas que poderiam ter, ou não, relação com a personagem. Foi muito aborrecido.
É um livro triste, não pelo conteúdo mas pela consequência: Saramago deixou algo inacabado. Porque é que as pessoas têm de morrer? Pela mesma razão pela qual têm de nascer, disse o Qui. Ainda assim, fiquei com lágrimas nos olhos.
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