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27.7.16

Em Busca do Tempo Perdido 3 - O Caminho de Guermantes

Em Busca do Tempo Perdido 3 - O Caminho de Guermantes
Marcel Proust
1920
Romance
 
Cá continuo eu em busca do tempo perdido. Informo, a quem se interesse, que ainda não o encontrei. Mas, também a quem se interesse, digo que este livro é, mais uma vez, um exercício de fascinação.

Desta feita o narrador, mais crescido, regressado das fabulosas férias em Balbec, decide envolver-se com a aristocracia vigente, desenvolvendo uma paixoneta pela Sra. de Guermantes. Assim, é convidado para casa destas pessoas e este volume relata o convívio com esta gente e as conversas que têm em longos serões.

Em que consistem estas conversas? Bem, nada de muito diferente do que se passa hoje! Senhoras que dizem mal de outras senhoras, recusando-se por causas e outras causas a visitarem-se umas às outras. Senhores que implicam com outros senhores, afirmando a falta de inteligência uns dos outros. Piadas que dizem, que seriam muito catitas se realmente tivessem graça. E uma discussão política recorrente ao longo de todo o volume: o caso Dreyfus.

Este foi um caso que dividiu opiniões na época, que consistiu na condenação injusta de um oficial judeu por razões que nunca ficaram por apurar (mas que se acreditam ser o facto de o rapaz ser judeu). Os personagens de Proust dividem-se em dreyfusistas e anti-dreyfusistas e, apesar de nunca discutirem abertamente uns com os outros, conseguimos ter uma visão bastante realista das opiniões da época. O autor apresenta-as sem nunca tomar um partido, o que acaba por tornar todo o debate numa experiência excitante, em que procuramos tomar uma posição baseados no que os personagens opinam.

Mas há um senão nisto tudo. E o próprio autor sabe disto e explora isto. As pessoas deste livro, acaba o narrador por descobrir mais tarde, são completamente destituídos de qualquer tipo de interesse. São pessoas puramente vulgares, armadas ao pingarelho por posições políticas e familiares que, conforme as consequências de Dreyfus, se tornam progressivamente obsoletas. Assim, as últimas páginas deste livro foram um suplício para mim: eu simplesmente não queria saber mais sobre os sapatos da duquesa. O que é verdadeiramente fascinante é a compreensão que o narrador faz disto e o seu progressivo afastamento, pontuado pela aproximação que lhe fazem.

Agora vamos para o quarto volume, que estou desejosa de ler para saber por que caminho vai o narrador a seguir. :)

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