Dark City
Alex Proyas
1998
Filme
7 em 10
Passada segunda feira, disse-me o Qui: "Hoje vamos ver um filme de culto"
Dark City é uma aproximação à ficção científica surpreendentemente perturbadora. Um homem acorda sem se lembrar de quem é e o que faz ali. À medida que procura a verdade, acaba por descobrir uma situação muito desconfortável que envolve toda a cidade em que vive.
Há elementos estranhos. Surreais. Os relógios, os edifícios, tudo muda de lugar, nada é constante. Isto tem uma elevada carga simbólica, relacionada com a manipulação de memórias, em que é difícil de detectar o que é uma memória real do que está falsificado. E, no fundo, acredita-se que é através das memórias individuais que se pode encontrar a essência da alma humana. Mas a conclusão do filme vem a provar o contrário. Quando confrontado com poderes divinos, um "super-eu", o personagem principal trabalha para que todas as pessoas possam encontrar a sua individualidade e para que possam aproveitar as coisas boas da vida, amizade e amor. Afinal, parece-me, é nisso que se baseia realmente a alma humana.
Os efeitos especiais podem parecer um pouco datados, por vezes, mas existem cenas puramente espectaculares, como os momentos de mudança da cidade e a reunião dos "Senhores". Infelizmente, o orçamento foi esbanjado numa luta final, um corpo a corpo mental, que poderia ter sido muito mais curta. Apesar de tudo, a caracterização da época (que mistura todas as épocas de uma memória humana colectiva), da cidade, edifícios e arquitectura, roupas... Tudo isso é um trabalho fenomenal.
Foi um filme que gostei imenso, apesar do final amargo. Poderíamos pensar numa sequela, mas acho que neste contexto nem faria sentido. Talvez as pessoas de "Dark City" possam vir a ser felizes.
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