Morrissey
Concerto
Quando este concerto foi anunciado, toda a gente ficou extremamente excitada. Mas eu não conhecia nada do artista, portanto pensei que não iria ao concerto. Entretanto, fui ouvindo histórias... Ai que o homem cancela os concertos do nada, ai que ele é uma diva malcriada, ai! E eu pensei... O homem já não é novo... Se calhar nunca mais volta a Portugal. É uma oportunidade única de ver um tipo que marcou a história da música com os Smiths... Portanto, porque não? E lá fui eu comprar o bilhete. Na compra, disseram-nos que estavam a vender muito bem. Portanto sentimo.nos aliviados quando ainda havia bilhetes para nós.
Entretanto comecei a ouvir Smiths. E adorei. A sério. Do fundo do coração. Já vos disse que estou numa dieta musical homeopática de Gackt e Smiths? Pois, foi assim que eu gostei deles. Portanto tinha esperança que o senhor tocasse uma ou outra dos Smiths, para além da carreira a solo dele, que não tive tempo de passar a conhecer bem. Ainda assim, gosto de ir aos concertos experimentar e depois decidir se quero conhecer ou não. No caso, quero conhecer, portanto vou sacar um ou outro album. :)
Encontro-me com o namoradim, doravante conhecido como Pi, e buscamos um lugar para eu me alimentar. Eu tenho de estar bem alimentada, se não faleço: falecer durante o concerto seria bastante desagradável para todos. Acabei por comer muito rápido uns falaféis e ainda mais rápido bebemos uma garrafinha de Simão branco, a nossa nova descoberta. Diga-se de passagem, é genial. Depois, mostramos os nossos bilhetes e entramos. Na fila para a casa de banho informam todas as gaijas que têm de fechar o sanitário, mas todas ignoram o jovem. Passam-nos para a mão propaganda terrorista da defesa dos animais, que eu não leio até ao fim porque não estou para aturar gente parva. Mas as imagens eram giras. Foi o Zé Gato (que havíamos encontrado antes, ainda na rua) que guardou os folhetos.
Ao entrar, para a parte de baixo do Coliseu, passamos pelas pessoas. Não estão muitas, está-se bem, está-se à larga. Entretanto encontramos mais pessoas, mas ficámos separados por um trio de cotas que formou uma barreira de cotovelos para impedir a nossa passagem. Está um calor humano que é completamente desumano. Casacos fora, mangas para cima, mas suo que nem um animal sudoríparo.
Abaixam-se as luzes e aparece aquilo que seria uma banda de abertura. Isto é, seria se o Morrissey não fosse impossível de se aturar. Em vez disso, vemos videoclips, vídeos de concertos do antigamente, vídeos do youtube em geral, mas bastante alternativos. E assim se mantém durante uns vinte minutos. Pelo meio mais propaganda dos animais, desta vez anti-tourada. Com a imagem final penso "agora é que ele nos mandou à merda e não há concerto!"
Mas houve.
Talvez seja por só comer raízes, mas o homem está bem conservado. E, o mais importante, a voz continua igual. Agora, o meu problema: eu não conhecia as músicas. Portanto estava ali mais numa de observadora. E gostei bastante. Na verdade, as músicas são todas muito iguais a si próprias, mas têm uma certa identidade que - embora possa ser, por vezes, repetitiva - torna o artista único. Os ritmos são semelhantes ao que eu conhecia dos Smiths, uma tonalidade alegre e colorida, mas uma temática entristecida e quase irónica. Em termos musicais, este é o tipo de música que gosto. E lá estava eu toda contente, sempre à espera de ouvir uma dos Smiths, quando ele toca uma dos Smiths.
E não podia ter escolhido música pior.
A sério. Quem é que se lembra de tocar uma música como Meat is Murder num concerto? Para mais, com ainda mais propaganda horripilante? Vídeos de produção intensiva que não são reais! Aquilo não é a realidade! Fuck you! Eu sou veterinária, eu sei a realidade! Para mim custa-me, custa-me mesmo muito, ver animais a sofrer e a morrer. E comecei a sentir os meus faláfeis a subir à garganta. Enterrei-me no Pi à espera que acabasse e a olhar para as pessoas, que estavam todas fascinadas a ver o horribilis. E quando acabou, não me podia sentir pior. Sentia-me com o estômago todo necrosado prestes a saltar cá para fora. E o calor não ajudava.
Mas resisti e fiquei e vi o encore.
E o tipo... Este Morrissey... Ele canta bem e as músicas são boas, mas ele parecia não estar a gostar de nós nem de de cantar nem de nada. Agradecia dizendo "gracias", para nossa grande revolta, apesar de se ter corrigido uma ou duas vezes. Enfim, há artistas que é melhor não conhecer a pessoa e ouvir apenas a música. :3
Saímos a correr, pois eu necessitava com urgência de um (ou dois, ou sete) golo de água. Na saída vi uma pessoa conhecida. E estávamos todos cá fora a comentar o concerto quando aparecem dois tipos aos pulos a bater num outro tipo. Corri a esconder-me, não fossem eles achar que também me deviam partir o nariz, e atrás de mim estava um fulano todo colorido com uma cadeira aos gritos "são os fascistas! São os nazis!" Fiquei um bocado assustada, tanto que nem sequer me despedi convenientemente das pessoas. :( Sorry...
Bem, contas feitas, foi um concerto bastante positivo. Gostei da música, apesar de não ter gostado dos efeitos visuais. Agora vou sacar uns albuns essenciais, mais um best of ou outro e conhecer melhor o que o tipo canta. Mas enquanto ouvir a música vou fazer questão de estar a comer uma belíssima sande de peito de perú fumado. Nham nham.
Fica aqui um vídeo do concerto gravado pelo Zé Gato :) Ficse, non? =D
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