Solanin
Asano Inio
Manga - 28 Capítulos / 2 Volumes
2005
7 em 10
Esta é uma história para pessoas crescidas. Meiko é uma jovem, pouco mais nova que eu (que sou uma velha horrível, cansada e acabada), que foi trabalhar para um escritório assim que acabou a faculdade. Vive com o namorado, que trabalha em part-time. Ambos detestam o seu trabalho. Até que Meiko, num laivo de lucidez ou de loucura, não se sabe muito bem, decide desistir de trabalhar por uns tempos. E é nesses tempos que a história se passa.
Vive-se um drama muito humano com que todos nós, os jovens do milénio, nos podemos identificar. É difícil arranjar trabalho, muito mais difícil é arranjar um trabalho de que se goste e em que nos sintamos plenamente satisfeitos e realizados. Eu cá tenho muita sorte, mas irá acabar em breve... E nessa altura, tal como a Meiko, ficarei presa a uma rotina de tédio e desocupação, que leva sempre a um ligeiro estado de depressão. Assim, este manga é um retrato da realidade e da maneira utilizada para ultrapassar esses dilemas que, na história, são exacerbados por uma tragédia ocorrida no final do primeiro volume e que apenas contribui para aumentar o estado de alienação dos personagens.
Algo une estes personagens: a música, o rock. Não há muitas referências, porque o manga é muito curto, mas a imagem dada deste campo social, desta matilha urbana, é vívida e exacta. É a música que acaba por os salvar e os levar a dar novas oportunidades à vida. Com a música, há a libertação desses factos trágicos que tanto os magoaram. É uma moral: existe sempre algo a que nos podemos agarrar para lutar, mesmo que não seja essa a nossa intenção, e mudar de vida.
A arte é original. Os designs dos personagens são muito únicos, com uma expressividade latente. São realistas, apesar de terem um traço muito específico de autor. Os fundos serão, quase todos, cópias de fotografias. Assim, é num ambiente extremamente realista que esta história se passa. Estes personagens são pessoas como nós.
Seria um manga muito difícil de adaptar ao anime com qualidade, pois os momentos chave estão dependentes de uma música que cada um imagina como quer. Ouvi-la diferente daquilo que imaginamos, poderia ser tanto fantástico como desapontante. Fica a nota para que leiam este manga, sintético e directo ao assunto. Pode ser que se identifiquem também.
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