Hyakujuu-Ou GoLion
Sasagawa Hiroshi - Toei Animation
Anime - 52 Episódios
1981
4 em 10
Então uma vez estava a falar com o Qui sobre anime (sabem, eu na realidade esforço-me por não falar de anime às pessoas físicas, mas quando começo ninguém me cala...) e ele pergunta-me se eu alguma vez vi o Voltron. Não, nunca tinha visto o Voltron. Então decidi colocá-lo na lista para ver. Calhou agora.
Ora, fiquei a saber, depois de pesquisar um pouco, que o Voltron que o Qui - e a maioria das pessoas que alugavam cassetes nos anos 90 - viu foi uma edição americana em filme, um pouco bastante diferente do original. No original o Voltron chama-se Golion e é uma série de 52 episódios de contornos bastante negros e dramáticos.
Golion é um robot com certos poderes, composto por cinco leões espaciais (leoas, não têm juba) conduzidos por pilotos que, não sendo especializados, têm em si características próprias para conduzir leões espaciais: coragem, dedicação, amizade, amor, essas coisas. No entanto, a série - ao longo de tantos episódios - nunca se foca no desenvolvimento ou sequer na caracterização das personagens, preferindo dedicar-se às lutas constantes contra forças do mal (umas pessoas roxas) que atormentam a vida diária de Altea, um planeta qualquer. Nem mesmo a morte precoce de um dos personagens principais vem a perturbar a dinâmica da série: é imediatamente substituído pela princesa de serviço. Isto leva-me a comentar as personagens femininas: é certo que estamos nos anos 80, mas esta série tem uma perspectiva bastante redutora do papel da mulher. Resume-a a uma pessoa de sentimentos confusos, sempre pronta a ser atraídfa para o lado do mal pela sua própria fraqueza, emocional e física, passando a ser "aquela pessoa que tem de ser sempre salva". Os inimigos são realmente muito maus e não têm traços que os distingam.
Em termos de história, temos uma repetição constante de lutas, entre Golion e vários monstros gigantescos com poderes variados. A luta entre os dois planetas não tem uma explicação concreta e parece que a conquista pelas forças do mal existe simplesmente porque... São forças do mal. Só nos momentos finais os personagens têm atitudes um pouco mais complexas, o que traz um certo alívio. Neste aspecto, talvez a edição americana torne a história muito mais interessante, pois certamente cortará com partes não essenciais. O aspecto mais interessante será talvez as imagens da brutalidade da guerra, em que não se salva ninguém, amigo ou inimigo, homem ou mulher, idoso ou criança.
Sendo que temos de dar sempre um desconto às séries antigas, que não tinham valores de produção como agora nem as técnicas modernas, não pude deixar de me sentir desapontada quanto à animação. Os designs são interessantes, mas a repetição de cenas (todos os episódios vemos o Golion a ser montado, one, two , three...) e a pouca qualidade da animação em geral dão um sentimento de frustração. Simplesmente parece que não utilizaram frames suficientes para animar cada gesto, pelo que todos eles parecem extremamente mecânicos e quadriláteros, sem a fluidez necessária para captar a atenção.
Quanto à música, posso dizer que é bastante boa. Temos OP e ED muito típicas de um shounen da época (eu adoro-as) e dentro dos efeitos sonoros e música de fundo temos uma boa variedade de temas, que seão sempre apropriados às situações. Fica a nota para o trabalho de actor em algumas vozes, que traz a intensidade necessária para colmatar as outras falhas do anime.
Gostei bastante de o ver e sei, tenho a certeza, de que se tivesse alugado este filme no clube de vídeo o teria adorado de paixão. Mas, objectivamente, temos de admitir que foi um anime para quem os anos passaram realmente, deixando marcas. Para mais, nem na sua época poderia ser considerada uma série de excelência. Interessante pelas memórias que causou, marcante pelo seu papel na indústria de anime no ocidente e sua distribuição, não será esquecido.
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