Vinte Anos e Um Dia
Jorge Semprún
2003
Romance
Recebi este livro no BookCrossing e estava desejosa de o ler, pois é sobre um assunto que me interessa: a Guerra Civil Espanhola. No entanto, por alguma razão, não me cativou.
Da perspectiva de um Narrador obscuro, a história segue a visita de um americano a uma aldeia espanhola, em que se comemora uma certa data através de um ritual um pouco macabro seguido de celebrações. Há vinte anos um dos membros daquela casa foi assassinado por revoltosos e a festa simula esses acontecimentos. Este ano, nos cinquentas, será a última vez em que isso acontece. Para percebermos melhor as consequências destas festas, aprendemos mais sobre as várias personagens que habitam esta casa neste momento, com especial ênfase para Mercedes, a dona, que na sua juventude viveu diversas aventuras eróticas com seu marido, o falecido.
Infelizmente, pareceu-me que todas estas "aventuras" calharam como desnecessárias e apenas mote para dar um pouco mais de vivacidade à narrativa. O "Narrador" perde-se constantemente nas memórias das personagens e nos seus próprios acontecimentos, coisa que é explicada quando finalmente se revela quem ele é. Esta revelação é inesperada mas um pouco desapontante. De qualquer forma, todo o estilo narrativo acaba por ser um pouco cansativo e pouco inspirador à leitura.
Para mim as partes mais interessantes são aquelas da perspectiva do inspector franquista que está presente na festa, pois são elas que relatam com mais exactidão os acontecimentos vividos durante esta época.
Há também uma insistência um pouco irritante no tema da virgindade feminina, que me pareceu exagerada e criadora de um dilema onde, na verdade, não existe dilema nenhum. Talvez na perspectiva dos personagens tal seja importante, mas o facto de mãe e filha partilharem do mesmo trauma (que não é um trauma) figurou como desnecessária.
Desapontou-me bastante.
Sem comentários:
Enviar um comentário