O Labirinto do Fauno
Guillermo del Toro
2006
Filme
8 em 10
Enquanto estava toda a gente no Iberanime a apanhar chuva, estava eu com o Pi numa casinha geminada no meio de uma floresta de eucaliptos a ouvir a chuva. E a ver este filme. E a beber uma mini garrafinha de vinho absolutamente delicioso da região desta floresta de eucaliptos, que é Pegões.
Para começar, não esperava um filme em espanhol. Ainda menos um filme passado durante a sangrenta guerra civil espanhola. Uma menina é levada para uma aldeia onde um grupo de militares luta contra guerrilheiros. A sua mãe está grávida e elas vão ter com o pai da criança, o maligno e sádico Capitão.
Perante os horrores da guerra e todas as divisões emocionais que a moça tem em relação à mãe, ao seu novo pai e às pessoas que vivem nesta casa, Ofelia refugia-se num mundo fantástico, que poderá ser tão inventado como real, que tem como base um misterioso labirinto em ruínas. Ela encontra um Fauno que lhe diz que ela é uma princesa de um reino de imortalidade. Para poder voltar para ele, terá de cumprir três tarefas.
Mas a vida real não lhe permite cumprir as tarefas. Entre a guerra, a fragilidade da mãe e a antipatia do Capitão, ela acaba envolvida numa luta que não é a sua, tentando fazer o seu melhor e revelando-se incapaz perante a realidade crua de todos estes adultos que já não se permitem acreditar em nada de bom. Os dois temas do filme entrecruzam-se de uma forma brilhante, levando a uma conclusão trágica, comovente, mas ainda assim com um pouco de esperança no futuro e em todas as coisas positivas em que nos abrigamos. No fundo, o filme dá a vitória não aos franquistas nem aos revolucionários, o filme dá a vitória às coisas boas, à inocência e à imaginação.
O universo fantástico é recriado de forma muito realista, com recurso a muito material oriundo do folclore europeu e, sobretudo, do folclore ibérico. Também a imaginação do realizador (também argumentista) é merecida de nota. A caracterização dos espaços, das criaturas, dos monstros, tudo é feito com cuidado e está aqui um excelente trabalho.
Uma nota para o tema musical que dá a tonalidade ao filme e, sobretudo, ao final. Até agora estou com ele na mente.
E assim se passou (com mais uns episódios de Space Dandy, que estamos a ver ao nosso ritmo) o fim de semana em que eu utilizei o prémio literário que ganhei no Natal passado. Foi uma chuva muito agradável.
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