Iberanime LX 2014
Passa-se uma noite bem dormida. E assim se acorda bem cedo para nos equiparmos com o novo cosplay e nos transportar-mos até ao Parque das Nações. Pois é, chegou aquela altura do ano em que vamos ao Iberanime.
Sob a ameaça de que os bilhetes se iam esgotar com brevidade, comprei o meu com antecedência. Qual a minha surpresa quando me dão a notícia de que ganhei um passatempo e que, portanto, tenho outro bilhete! Assim, ofereci o que tinha comprado ao Zé Gato, que me acompanhou nesta aventura.
Mas comecemos pelo início. Eram 8 da manhã e estava eu de pijama preparando-me para me mascarar. Peguei na caixinha que tem as lentes de contacto azuis. E... Confesso que é um mistério. Não faço ideia que se passou e ninguém nesta casa se acusa. O que é certo é que uma das lentes desapareceu. A outra estava lá. Portanto, fui de olhos naturais. Apressei-me para apanhar o comboio, que ainda é a uma grande distância a pé da minha casa. Nada de estranho se passou, todos olhavam para mim mas apenas um taxista se manifestou ("Arre, Parque Aventura!", disse ele). Tomei café e esperei pelo Zé na esplanada do Vasco da Gama. Nesse momento, sou abordada por dois velhotes: "Desculpe, mas isto é o quê?", "Ah, é um evento de banda desenhada e desenhos animados!", "E a que horas acaba?", "Lá para as seis", "É que temos um neto lá dentro e ainda vamos voltar para casa em Castelo Branco", "Deveras? Estive num evento destes em Castelo Branco!"
Entretanto liga a Ana-san, informando que está uma fila gigântica mas que ela está quase a entrar. Bem, de alguma forma tivemos sorte, porque quando chegámos a fila já não conferia.
À entrada, uma pulseira verde para "identificação visual". Não percebi bem o sentido disto, porque para entrar e sair tínhamos de validar o bilhete de qualquer forma... Depois, descobrimos o porquê do preço do evento! Os 15 euros de entrada foram usados para, sim!, para arranjar um souvenir, uma pulseiras de borracha horrorosas a dizer "IBERANIME" em letras amarelas/laranjas. Está tudo esclarecido! Também nos deram um horário e aí eu digo a verdade. O evento até que valia o preço. Se eu fosse jovem e inocente e acreditasse que ainda ia fazer da arte a minha vida, o evento tinha imensos workshops e actividades a que eu poderia ter comparecido. Mas como tal não é certo, em nenhum workshop se participou. Ainda assim, teve o seu quê de engraçado.
Passámos a manhã a ver o Espaço. Admito que este ano o Iberanime ouviu as nossas críticas e preces generalizadas. Estava muito melhor organizado espacialmente. No andar de cima havia um espaço de descanso, com ar condicionado, e jogos de RPG e tabuleiros. Mais para cima, uma zona de artistas muito bem composta e um palco secundário discreto, depois de passar pelos participantes dos concursos de desenho. No andar de baixo, muitas lojas e um palco de karalhoke. Bem dividido, o palco principal. Desta vez os sons não se misturavam de palco para palco, o que foi muito bom, apesar de no recinto principal ser uma confusão de músicas e etcoeteras.
Aproveitei a primeira visita à banca dos artistas para pedir um desenho. Houve alguns momentos de interesse nas bancas pelo que passarei a enumerar
Bancas de Interesse que Visitei
Banca da APC - Apesar de os cartazes da revista Cosplayer estarem constantemente a cair, segundo consta, estava muito bem arranjadinha. Segundo me disseram, já tinham ajudado um monte de gente, o que é sempre bom (cumprir com a sua função). Eu tinha-me oferecido para ir para lá tomar conta da base no Domingo: não esperava ir acompanhada e eu sei que há sempre uma fase do evento em que passo uma seca desértica. Não precisavam, mas ainda assim fui lá fazer uma visita a pretexto de dizer olá ao pessoal. Até se fez uma espécie de sugestão planeada de um eventual grupo para um eventual cosplay futuro que.... Hoho
Banca de Coleccionismo de Dragon Ball - Pessoalmente, eu não compreendo porque precisamos de uma banca de coleccionismo de Dragon Ball. Porque não fazer uma banca com a minha (gorda) coleccção de merchandise do Gackt? Mas ao passar por lá recebi a minha primeira foto e ainda tirei uma fotinha com uma Bulma miniatura (que tem a foto mais em baixo). Conhecia a senhor que escreve as fanfictions de outro Iberanime e descobri que um dos escritos dela, que até tenho autografado, será editado em livro! Lerei seus escritos e depois logo decidirei se o compro ou não...
Banca da Kingpin - Onde tiveram a simpatia de deixar a Ana-san deixar os meus objectos. Muito obrigada!
Banca do Canto Direito - Com muita variedade de coisas diferentes, incluindo uns objectos muito suspeitos. Comprei um peluche!
Banca no Meio do lado Direito - Merchandise verdadeiro! Comprei objecto!
Interlúdio
Sugeri irmos almoçar. Conhecendo este evento como conheço, sei que a enchente de pessoas esfomeadas se dá entre a uma e as três da tarde. Por isso o meio dia pareceu-me uma excelente hora para hamburgueres. Neste momento, fomos interpelados por um senhor. "Porque está tanta gente vestida de modo tão interessante?" "É um evento de banda desenhada e desenhos animados!" "É que eu sou professor!" E assim lhe indiquei que havia uma série de eventos ao longo de todo o ano e pelo país todo. Mais um visitante do freakshow. :>
Cirandando
No regresso, começámos a cumprir com o desafio imposto por mim própria: tirar fotografias a TODOS os cosplayers do evento. Quase que conseguimos... Mas isso virá mais tarde. Cirandámos bastante tempo, tirando fotos, falando com o pessoal (encontrei montanhas de gente... E surpreendentemente o Zé Gato também!), comprando coisas... Comprei uma carteira, o cão-pudim e um phone-strap do cão-pudim. E eu espantava-me... Toda a gente dizia "que fato giro!" e "que afro gira!" mas ninguém pedia fotos... E cheguei à conclusão... NINGUÉM SABE QUEM EU SOU? EU ERA A BULMA PAH! QUEM É QUE NÃO SABE QUEM É A BULMA?? Pelos vistos escolhi uma versão da Bulma tão obscura que ninguém sabia quem era... ;____; Mas não faz mal, é sempre giro andar com uma afro azul. Vejam lá como estava!
Eu e o cão-pudim
Mas também isso não interessa nada. Poderão saber mais sobre o meu fato no meu Cosplay Portfolio, se tiverem interesse. :) No fundo, decidi fazê-lo para ter um fato prático e confortável para andar nos eventos. Apesar de tudo, já tenho ideias para skits, huhuhu ºvº
Coisas Relevantes Começam a Acontecer
Chegamos à hora em que aparece a grande estrela da companhia! Concerto do Sr. Kageyama! Ora bem... Eu sou mesmo muito ignorante, mas eu não fazia ideia de quem era o senhor. Sabia que ele cantava aberturas de anime, nomeadamente a de Dragon Ball. Isto leva-me a outro problema do Iberanime... Parece que é um evento de Dragon Ball. Tem tanto Dragon Ball que até enjoa. Eu contribuí para o enjoo... Adiante!
Enquanto esperávamos, acontece aquilo que eu considerei o momento mais surreal do evento. Portanto, estamos num evento dirigido ao público infantil. E de repente o apresentador grita "E é o momento da kiss cam!" Ora, em que constitui isto? A câmera aponta e as pessoas beijam-se. Tudo em cima para os casais que se anunciaram. Mas motivar desconhecidos a beijarem outros desconhecidos? Graças a deus que não apontaram para mim, se não tinham levado um gesto mal formado. Observámos um desconhecido a beijar uma desconhecida (que nem sequer foi a rapariga que o apresentador sugeriu, mas a amiga dela) e isso horrorizou-me. E se alguém me beijasse? Eu seria forçada a enfiar uma chapada no focinho de semelhante campeão... E isso seria muito desagradável. Só uma pessoa no planeta me pode dar beijos, diga-se de passagem.
Enquanto esperávamos, acontece aquilo que eu considerei o momento mais surreal do evento. Portanto, estamos num evento dirigido ao público infantil. E de repente o apresentador grita "E é o momento da kiss cam!" Ora, em que constitui isto? A câmera aponta e as pessoas beijam-se. Tudo em cima para os casais que se anunciaram. Mas motivar desconhecidos a beijarem outros desconhecidos? Graças a deus que não apontaram para mim, se não tinham levado um gesto mal formado. Observámos um desconhecido a beijar uma desconhecida (que nem sequer foi a rapariga que o apresentador sugeriu, mas a amiga dela) e isso horrorizou-me. E se alguém me beijasse? Eu seria forçada a enfiar uma chapada no focinho de semelhante campeão... E isso seria muito desagradável. Só uma pessoa no planeta me pode dar beijos, diga-se de passagem.
Não desgostei do concerto, apesar de não conhecer música nenhuma. Precisamente por isso, fiquei mesmo atrás, no trás do atrás das bancadas. O senhor já tem a sua idade, mas tem uma energia imparável, sempre a abanar a anca e a dançar, mais um bocadinho e parecia o Ney do Japão! Foi essa a energia que gostei. Mas também foi essa a energia (e o calor insuportável) que me fez cansar do concerto a meio. E assim fomos embora. O Zé ainda gravou algumas músicas, aqui está uma!
Nota: Segundo consta houve grandes problemas técnicos durante o concerto, aos quais eu não assisti. Na verdade, só soube mais tarde. Se assim foi, contamos com a boa vontade do Sr. Kageyama, que não desistiu de nós. Mas o evento não pode sempre continuar com a boa vontade dos artistas, pelo que erros como estes deverão ser evitados a todo o custo.
Interlúdio Número Dois
Aproveitamos para descansar. Beber uma média (custou o preço de uma litra). Encontrar mais pessoas. Estar à sombra.
Por todo o lado eu sentia um... Funky smell. O pitéu perseguia-me para todo o lado. Foi nessa altura que cheguei à conclusão de que eu era a fonte do fedor. Mas como? Porquê? Eu desodorisei-me... Eu tomei banho... Eu tenho os sovacos lavadinhos... A conclusão é evidente. Atingi esta realização. Eu sou um equino. E com isto em mente, poderei viver mais feliz.
O passo seguinte do programa era ver o concurso de cosplay. Mas... Fomos raptados! Ao passar pela banca de coleccionismo de Dragon Ball, fui requerida para um concurso que ia decorrer no palco secundário dentro de instantes. Pensei "faço isto e ainda vamos a tempo do cosplay". Mas não. O workshop que estava a decorrer atrasou-se imenso e portanto portanto. Não fazia ideia do que tinha de fazer, mas aprendi as regras: duas pessoas lutariam. Cada uma faria dois ataques. Quem tivesse mais palminhas ganhava. Eu inventei e ficámos empatados. A parte boa é que empatei com o rapaz que acabou por vencer! Depois fui eliminada, ser labrega e ameaçar chapadas não funcionou.
A parte má é que se rasgou um bocado das costas do vestido, porcaria de tecido que nem para forrar sofás serve, esta coisa! Mas arranja-se fácil. ^_^
Ainda apanhámos os dois últimos skits... Terei de ver os vídeos para comentar! Quem tem, quem tem? =D
O Final
Estávamos a ir embora... Bolhas nas mãos... Bolhas nos pés... Bolhas nas bolhas... Pés são eles próprios uma bolha... Até que OHCÉUS ESQUECI-ME DO MEU DESENHO! Lá voltamos para trás, correndo sobre as bolhas. Falemos dele: ao passar pela zona dos artistas, vi logo a artista que ia fazer o meu desenho. Como sabem, encomendo sempre um desenho, para coleccionar. Esta artista tinha umas ilustrações lindíssimas de passarinhos. Ora, eu adoro passarinhos! Adoro a forma deles existirem e voarem e pularem de um lado para o outro a fazer piu. Aqueles passarinhos tão bem pintados emocionaram-me, por isso escolhi esta artista. Como não tinha ideias, disse-lhe para me desenhar a mim, a Bulma Afro. Ficou assim:
Acho que esperava algo diferente... Algo mais como os passarinhos. Está muito, muito fixe, mas não tem aquele sentimento...
Retiro a minha afro. O comboio para casa é o da linha de Sintra e não quero que a mitra se sinta tentada a furtar o meu cão-pudim. E agora, com algum atraso, escrevi este aborrecidíssimo relato.
Vamos là a parte que interessa!
FOTOFOTO
São cento e tal fotos, por isso não posso por todas aqui. Assim, têm um link para sacarli-as todas :)
As que gostei mais são as seguintes
Uma única crítica ao evento
Todos nós sabemos que o Iberanime não é um evento dos fãs para os fãs. É um evento promovido na televisão e em todo o lado para chamar um público maioritariamente infantil e adolescente, que apenas agora se inicia no mundo do visionamento dos bonecos animados nipónicos. Agora, o problema é que - disfarçado por baixo de uma campanha publicitária em que se usa e abusa da boa vontade dos cosplayers, sem sequer que eles apercebam - o evento parece publicitar-se como um "Venham ver a freakalhada! Venham ver pessoas estranhas mascaradas!" E assim as famílias cumprem com o objectivo e vão ver os maluquinhos. Isto não me parece ter muito de positivo, esta forma falsificada de mostrar o evento, pois não estamos a chamar novos fãs, mas sim fãs ocasionais, que não se integram na comunidade e não têm interesse nisso. Isso torna-nos mais dispersos, o que é problemático quando queremos organizar outros eventos com uma menor carga publicitária, e até para as pequenas coisas, nomeadamente conhecer novas pessoas: estes fãs ocasionais não aparentam ter interesse em travar conhecimento com os outros, pelo que se processa um isolamento constante de grupos e grupinhos, num estilo de escola secundária que já não é apropriado a uma comunidade com mais de uma década de existência. Mas esta problemática já vem de longe e venho-a observando desde que me juntei a este universo. Preocupa-me vastamente, por isso o refiro uma e outra vez. Perdão pela insistência.
E assim se conclui mais um evento. Por mim, cumpriu todas as expectativas. Eram muito baixas, de qualquer forma... E se valeu a pena comprar bilhete? Para ir com boa companhia felina, claro que sim :)
Desculpem lá o meu discurso estar ligeiramente desconexo, mas estou um bocado cansada... Espero que se tenham divertido no evento e, agora, vemo-nos no próximo!
Até lá!
Até a Bulma se alimenta!
Divirtam-se e sejam felizes! :)
Boas, eu sou o Diogo Jesus (Programador da Aniews) e gostaria de falar contigo se possível.
ResponderEliminarOlá! Manda-me um mail para ladyxzeus@yahoo.com.br (posso demorar a responder, mas respondo, é que tenho problemas na minha ligação à internet...)
EliminarEspero que não seja nada de extremamente grave ;__;
Ó Carol, com tanta coisa ranhosa que foste criticar e esqueceste-te de criticar as falhas técnicas de som quando o Kageyama estava a cantar que, pelo teu vídeo, foram 2 e, no domingo foi pelo menos uma (que eu tenha reparado). O que vale é que o Kageyama é um gajo super porreiro e à maneira e lida bem com tudo!
ResponderEliminarMas agora a sério, há aí coisas que parecem estranhas no teu discurso. Não soube da cena da kiss cam, mas que realmente deve ter sido weird, lá isso deve ter sido, mas dizeres que é inadmissível porque é um evento para um público infantil... e logo a seguir mostras um vídeo em que tu tentas ganhar a um gajo simulando que lhe mostras as cuecas... parece-me contraditório.
Os bilhetes realmente têm preços malucos, mas pronto, o que é certo é que quanto mais baixos forem os preços, menos pessoas aparecem, independentemente do número de atividades ou do quão bem organizado está. O Anicomics tem um espaço muito inferior ao do Asian Culture Party, é de borla para o organizador e o próprio evento tem menos atividades e, no entanto, o Anicomics custa 7-8€ um dia e o ACP custou 3€ um dia.
O ACP teve os seus problemas, como qualquer evento tem, em maior ou menor escala, mas o que é certo é que logo no Sábado se viu que não tinha muitas pessoas e isto faz-me concluir uma coisa muito óbvia: se aumentas o preço de entrada de um evento, tens pessoas a criticar, mas tens um maior número de pessoas no evento. E o próprio Iberanime é também uma prova disso. É caro como tudo, mas estava cheio e tinha um espaço bastante grande (se bem que neste evento jogam outros fatores como a publicidade televisiva, no Metro, etc.)
Eu acho que é impossível agradar a todos. Eu consegui perceber que havia um grande leque de atividades dentro do evento. Momento de seca vão depender do que se gosta de se fazer num evento destes. A cena é que tinha coisas que não encaixam no conceito original de eventos de animação e cultura japonesas criado pela nossa comunidade, como por exemplo a zona das espadas ou a zona do Panda Biggs. É fixe andar à porrada com espadas e curti bastante estar lá a espancar pessoas, mas... que tem isto a ver com Anime ou com cultura japonesa? Nada. Mas é porreiro para relaxar do resto das típicas atividades a que estamos habituados. O mesmo para a atividade de pseudo-parkour do Panda Biggs, que nada tinha a ver com nada também, mas que aposto que muita gente se divertiu lá (ponto fulcral neste tipo de eventos, a diversão). O problema é que se reflete no preço e pagas coisas que não vais usufruir, mas quanto a isso não há muito que se possa fazer. Não sei se será preferível teres um evento mais barato e teres metade das atividades...lá está, agrada a uns, não agrada a outros.
Referiste aí a cena dos grupinhos que se formam por causa da maneira como é publicitado o evento. Que queres dizer com isto? Ou melhor, como sugeres que seja publicitado de modo a que os novos fãs possam ver os cosplayers como heróis que estes novos fãs admirem e entrem em contacto com eles de forma a se unirem saudavelmente a uma comunidade destas?
Olá!
EliminarRealmente estão aí alguns pontos que é interessante debater. Começando pelo início, eu realmente não vi as falhas técnicas, porque não vi o concerto todo. Na realidade, só soube dos problemas técnicos depois de ter escrito a minha missiva... Poderei fazer uma nota em relação a isso, coisa em que já tinha pensado. :)
Cuecas e beijos, aí está outra coisa interessante. Certamente que as nossas opiniões serão divergentes, mas eu tenho uma posição muito forte no que respeita a roupa interior. Toda a gente usa (ou deveria usar) roupa interior. Portanto, não vejo problema nenhum em mostrá-la ou fingir que a mostro (coisa necessária neste momento, devido a desaprovação de namuraduh). Acho que deveríamos educar no sentido em não se ter vergonha de usar roupa interior, nem enfrentá-la com medo e timidez (para que mais miúdas não passem pela minha vergonha de quando comprei o meu primeiro sutiã). Agora, os beijos é uma coisa diferente. Para mim, e talvez apenas para mim, um beijo é uma coisa muito íntima. Beijar desconhecidos parece-me, então, uma invasão violenta da privacidade. Não gostaria nada de que a nova geração aprovasse beijar desconhecidos sem autorização e o fizesse frequentemente. No papel é muito bonito, mas na realidade é uma situação que me deixa extremamente desconfortável e que pode levar a outros problemas. Se aprovamos um beijo sem autorização, passaremos a aprovar o toque sem autorização, o sexo sem autorização? Esse é um medo que tenho.
Quanto às actividades, referi-o no texto. Sinceramente, achei que o evento estava muito completo, apenas *eu* não tenho interesse nas actividades promovidas. Tinha interesse no workshop de vocaloid e de worbla, mas fora isso nada. Como não pude ir a nenhum dos dois, devido ao horário, fiquei sem fazer nenhum. Mas isso não é, evidentemente, problema do evento. É problema meu, né? :>
Finalmente, o meu último (bem, quase último) parágrafo. A ideia com que eu fico cada vez que aparece um cosplayer na televisão ou nos jornais (e repare-se que só aparecem por alturas de Iberanime) é que são apresentados como um grupo de jovens mal integrados e com pouca conexão à realidade, o que não é verdade - como todos sabemos. Isto é, citando-me, as famílias são convidadas a ir ver o freakshow. "Venham ao circo ver a mulher barbuda, vencedora da Eurovisão" passa a "Venham a este evento ver as pessoas mascaradas, são mesmo estranhas, não são?" Ora, quando a juventude encara tudo isto com estranheza, mesmo com alegria, não creio que tenha vontade de "se" partilhar com as outras pessoas. Assim, cada um mantém-se dentro do seu grupo e esses grupos são estanques. Quando os grupos se zangam, as pessoas desistem, porque não têm para onde se virar. E, assim, continuamos sempre os mesmos. Pessoalmente, talvez só esteja aqui a falar porque não tenho "grupo" e funciono apenas como uma simples observadora. Aquilo que constato é que o Iberanime não nos apresenta como "heróis" mas sim como "estranhos". Acho que essa é a atitude fundamental a modificar. E acho que poderia ser modificada se apresentassem o cosplay em programas mais interessantes, com reportagens feitas de forma mais positiva (realmente o programa da manhã não é o lugar ideal para se falar de uma actividade "diferente" sem passar a ideia de que as pessoas têm um problema. Porque a esses programas só vão pessoas com problemas). Gostaria de um documentário bem feito (já houve tentativas, mas nenhuma delas sucedeu) e de entrevistas aos responsáveis dos eventos e dos concursos. Poderia haver um programa no Panda tipo reality show - mas sem dramatologia - para os miúdos perceberem a complexidade do hobby: fazer fatos, planear skits, escolher personagens, todas essas vertentes. Creio que se poderia fazer um brainstorming noutro espaço e sugerir ao Iberanime, dado que eles têm os meios para tornar isto realidade. :)