Carta de Uma Desconhecida
Stefan Zweig
1922
Romance
Um livro minúsculo (63 páginas) que nem por isso se lê muito depressa. Um escritor recebe uma carta de uma mulher que não conhece, mas que o amou e, assim, recebe memórias de momentos da sua vida.
A história seria trágica se não fosse motivada por um amor tão infantil. Esta mulher ama o homem em questão desde pequena, mas não evoluiu no seu amor, que continuou tão acriançado como no tempo em que o viu pela primeira vez, aos treze anos.
Acaba por ter um filho dele, mas nem por isso cresce o seu amor e atinge algum nível de maturidade. O facto de ela não se revelar nunca, excepto no momento da carta, demonstra uma imaturidade desconcertante. Tudo teria sido tão mais simples se logo ao primeiro encontro ela tivesse tido o discernimento de se revelar. É certo que o homem é incapaz de amar e ser amado, mas acho que isso lhe teria tirado desde logo um peso do peito e, se calhar, poderia ter avançado com a sua vida e sido alguém.
A personagem não tem qualquer tipo de personalidade sem ser o seu amor profundo (é isso algum tipo de personalidade?) e o homem que ama é muito mais interessante que ela. Apesar de ela dizer que o conhece muito bem, a verdade é que ela não sabe nada sobre ele. Porque, é claro, nunca o conheceu. Apenas o viu. Ah, e dormiu com ele.
O livro é bom, mas não como história de amor trágica. Sim como história de amor doentia.
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