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30.9.16

A Última Dona

A Última Dona
Lídia Jorge
1992
Romance

E ainda mais um furto do picnic! Foi o terceiro livro da autora que li e gostei muito. Um pouco diferente dos outros que havia experimentado. Uma escrita mais clara, mais simples, mas uma história mais bizarra.

Um homem leva a sua nova amante para uma casa misteriosa, A Casa do Leborão, onde poderão passar cinco dias juntos sem que ninguém os identifique. Mas esta casa é mais estranha do que aparenta ser e, por debaixo de uma aura de puro descanso e relaxamento, acontecem coisas incompreensíveis.

Um misto de sonho e realidade, terminamos o romance sem saber exactamente onde estamos, quem somos e o que se passou realmente. Segundo a sinopse, o livro é uma "ode ao amor", mas não senti nada disso. Penso que se trate mais de um certo universo kafkiano em que um homem solitário na sua vida conjugal se remete a realizar o seu sonho, a sua idealização da mulher perfeita que encontra nesta rapariga que levou para aqui. Quando esta se afasta dele para todo o sempre (não direi como), a sua reacção é tão errática que podemos compreender que este personagem não amava realmente a rapariga: ele apenas buscava nela o ideal de todas as mulheres da sua vida misturadas numa criatura inexistente, não humana.

Daí a casa também estar fora da realidade. Não ser humana. O facto de nenhuma das outras pessoas ter rosto pode ter muitos significados, mas penso que seja algo relacionado com o facto de o Engenheiro, o homem, não conseguir afastar da sua mente a imagem ideal dos lábios rubros e pele de espuma do mar. Assim, não faria sentido que qualquer outra pessoa tivesse rosto, um discurso coerente. No entanto, os diálogos entre os vários intervenientes podem revelar-nos algumas coisas. O homem que ama o cão, o que poderá significar? E todas as palavras fatalistas dos empregados, em que revelam que a casa está diferente mas, ainda assim, completamente igual?

Serão estas palavras algum tipo de referência à nossa realidade, fora do livro, em que nos afastamos uns dos outros voluntariamente sendo que com isso as nossas vidas ficam limitadas à escuridão e máscara?

Refere-se também na sinopse que este livro foi muito controverso na altura, mas não consigo compreender porquê. Haverá neste mistério alguma significação política que me escapa?

Um livro estranho e envolvente. Fica a sugestão :)


The Secret Life of Pets

The Secret Life of Pets
Yarrow Cheney & Chris Renaud
2016
Filme
8 em 10

É raríssimo enganar-me na ordem dos acontecimentos aqui neste espaço, mas às vezes acontece. Este filme foi o que vimos na semana passada. Devo dizer que não me ria nem emocionava tanto com uma longa-metragem há muito, muito, muuuuito tempo!

Max é um cãozinho com uma vida de cãozinho muito feliz. A sua dona e ele têm uma relação de puro amor. No entanto, nem tudo é bom.... Porque a dona, todos os dias, sem falta... Desaparece pela porta da rua! Mas onde é que ela vai! No entanto, tudo está bem até ao dia em que a dona lhe aparece em casa com Duke, um cão enorme, mal-criado e que ressona e que vai alterar a vida de ambos para sempre!

Como pessoa que trabalha com animais, posso garantir que este filme faz um excelente trabalho em caracterizar as suas personalidades e seus comportamentos. Fá-lo de forma simples, sem entrar em grandes complexidades, sendo que assim temos personagens muito sólidos e, sobretudo, muito realistas dentro do seu contexto de bicho. Isto traz resultados perfeitamente hilariantes na maior parte das vezes, mas alguns momentos foram para mim tão recordatórios dos meus bichinhos (que trato quase todos os dias) que me comoveram de forma muito intensa.

A animação é, também ela, bastante simples mas, de todos os modos, muito aplicável dentro deste contexto. A cidade de Nova York está muito bem caracterizada, com todos os cenários produzidos com o detalhe necessário para nos podermos situar nos locais reais. PAra além disso, há uma variedade de espaços que, não sendo muito grande, é distinta.

A música está muito bem escolhida, com sons pop que marcaram os últimos anos para ilustrarem a modernidade do filme, sendo que o estabelecem muito bem dentro da sua época.

A única coisa que não gostei foi a forma como o "pound" foi mostrado: nos Estados Unidos o conceito de "poound" está praticamente em desuso, sendo que a segurança pública no respeitante a animais está garantida por equivalentes à RSPCA e é muito raro haver um "fim da linha" para estes bichinhos. Bem diferente daqui, posso dizer. 

Enfim, foi um filme que me fez rir até às lágrimas, mas que também me fez chorar como uma madalena (a história do Duke, oh céus). Fez-me lembrar todos os meus meninos também <3 Recomendo vivamente a todos os que gostam dos nossos animais!

O Século Primeiro Depois de Beatriz

O Século Primeiro Depois de Beatriz
Amin Maalouf
1992
Romance

Mais um livro roubado do picnic :) Este autor é muito querido do pessoal do BookCrossing, então estava muito curiosa em experimentar. Foi uma tentativa muito interessante!

Num futuro próximo, acontece uma desgraça: aparece um medicamento que faz com que as pessoas tenham filhos apenas do sexo masculino. Tendo esta ideia em conta, que coisas bizarras podem acontecer com o nosso mundo?

É a partir deste mote que o autor explora, na voz de um narrador neutro e, ainda assim, cheio de personalidade, temas como a sexualidade, o feminismo, a religiosidade e o racismo. De certa forma, podemos quase fazer uma analogia do mundo do autor com o nosso mundo real, que continua pleno destes temas. Quase se pode dizer que é um livro premonitório, embora a causa dos nossos problemas actuais seja diferente.

No entanto, achei que o autor poderia ter explorado um pouco mais os temas do amor familiar e paternal, que acabaram por ficar um pouco ignorados perante os acontecimentos do planeta. Talvez se estes assuntos tivessem sido mais trabalhados a impressão geral do livro tivesse sido muito mais forte.

Ainda assim, é um autor para repetir! =D

Flanders no Inu

Flanders no Inu
Kuroda Yoshio - Nippon Animation
Anime - 52 Episódios
1975
5 em 10

Quando vemos animes dos 80s e 90s, "O Cão da Flandres" é sempre referenciado como "o anime mais triste alguma vez feito". Aparentemente, toda a gente chorou mil milhões quando viu este anime. Portanto, quis vê-lo também! :) Não me fez chorar, mas achei-o bastante simpático.

é mais um anime introduzido no projecto do World Master Theatre, que na altura se esforçou para adaptar obras literárias europeias para animes dirigidos ao público infantil.

Um rapaz, Nello, vive com o seu avô algures na Antuérpia. É um rapazinho simpático, que gosta de desenhar e ir à floresta com os seus amigos. Um dia, encontra um cão maltratado, Pastrach, e acaba por o adoptar depois de grandes atribulações. A partir daí, o anime conta a vida diária de Nello e o seu cão, dos pequenos problemas da vida e das desgraças que, subitamente, começam a flagelar a vida deste jovem desenhista.

Felizmente, este não é um desses WMT que se foca em todas as coisas más que podem acontecer às crianças. Só mesmo no final é que começam a acontecer coisas terríveis, sendo que as consequências fatais apenas se devem às atitudes erráticas do personagem. Este, assim como os outros, não sofrem grande caracterização e acabam por parecer um pouco ocos, sendo que as vozes ajudam a perpetuar este sentimento.

Apesar de estarmos em 1975, não se pode dizer que a animação seja exemplar para a sua época. Os cenários são pouco detalhados e repetidos muitas vezes, sendo que não há utilização de perspectivas ou outras técnicas para dar um pouco de variedade. Os designs dos personagens são um pouco repetitivos e fazem pouco sentido dentro da época em que o anime se passa.

Musicalmente, achei muita graça à banda sonora, porque me recordou (ou ao contrário) as bandas sonoras dos mais populares shounens dos 00s. Já vemos onde estes foram buscar seus exemplos, hahaha ;)

Agora gostaria de ver o filme, que me parece um pouco diferente pelo que tenho lido. Vamos ver se choro com esse!

(Mas, temos de admitir, o final é muito fofinho)

Miles Ahead

Miles Ahead
Don Cheadle
2015
Filme
5 em 10

Era o dia do meu aniversário (fiz três anos) e o nosso filme nocturno deveria ser um filme favorito para mim. Mas esqueci-me de levar a minha caixinha digital com os filmes, portanto vimos este que o Qui tinha no computador. E não gostei mesmo, mesmo, mesmo nada.

é um biopic sobre o Miles Davis. Ora, tudo o que eu sei sobre o Miles Davis é que tocava trompete (instrumento que não é o meu preferido) e que o Qui o adora. Mais nada. Então, passei o filme completamente à nora. Este filme não está concebido para quem não conheça de todo a vida e obra da pessoa retratada. Esse é o seu primeiro defeito.

Para além disso, os actores não fazem papéis convincentes. O actor principal parece mostrar-nos uma caricatura de Miles Davis e não há qualquer tipo de realismo nem de intensidade na personagem que, além de personagem, foi mesmo uma pessoa. O filme dá-nos poucas informações sobre a sua vida, excepto a relação com a "musa" e razões nenhumas para o facto de estar a haver uma pausa musical há cinco anos.

Finalmente, é um filme mal estruturado em termos técnicos. As viagens que fazemos ao passado são de tal forma confusas e pouco distintas que muitas vezes ficava sem saber em que época realmente estávamos.

Houve muitos assuntos que ficaram por explorar e nem sequer se pode dizer que o filme seja compensado pela música. Se Miles Davis é brilhante, não nos mostraram suficiente da sua obra para podermos tirar essa conclusão. Apenas ouvimos curtíssimos excertos e quase todos "ensaios", o que nos diz muito pouco.

enfim, um filme feito de fãs para fãs.

Quantas Madrugadas Tem a Noite

Quantas Madrugadas Tem a Noite
Ondjaki
2004
Romance

Já havia lido um livro deste autor Angolano e, por isso, estava muito entusiasmada para experimentar outro. Este livro foi "roubado" no picnic do BookCrossing na Quinta das Conchas. :)

Escrito de forma absolutamente coloquial, é uma brilhante viagem pela Angola dos nossos dias, tendo como ponto de partida a morte de um homem que, coitado, tem o curioso nome de AdolfoDido. Ora, por alguma razão este pobre morte não consegue descansar em paz, porque não o deixam sossegado. E é assim que passamos a conhecer todo um conjunto de personagens absolutamente humanas e realistas, cada uma com as suas pequenas alegrias e problemas mas que, todas juntas, nos contam uma história plena de encanto e, também, algum mistério.

Pelo meio destas figuras, existem algumas criaturas estranhas, quase mitológicas, como o Cão e a sua dona KotaDasAbelhas. De certa forma, o confronto com o Cão pode acabar por ser simbólico de uma luta do bem contra o mal, do enfrentar do divino com o infernal.

De resto, o livro está extraordinariamente bem escrito, apesar de todos os termos tipicamente africanos que encontramos ao longo de toda a narrativa. Para isso, a editora fez o favor de colocar um glossário no final, hahaha. O final é muito belo e quase comovente, sendo que o nosso narrador (surpreendente narrador!) nos diz algumas frases que ficam na memória.

Recomendo vivamente e, cada vez mais, quer continuar a conhecer a obra deste autor. :)

28.9.16

A Odisseia de Penélope

A Odisseia de Penélope
Margaret Atwood
2005
Romance

Recebido pelo BookCrossing, este é um livro que se esforça por fazer uma espécie de desconstrução do mito grego de Penélope, conforme a "Odisseia" de Homero.

Narrado na pessoa de Penélope, conta a forma como, de maneira muito estranha, ela ultrapassa os problemas do seu casamento e do desaparecimento de Ulisses, seu marido, em que se vê rodeada de pretendentes e com um filho adolescente muito mal-criado para educar. O discurso é tão simples que pode tornar-se básico, com uma forma moderna e directa de dizer as coisas que não se coaduna com a época a retratar. Muitos dizem que isto será defeito da tradução, mas acredito (pelos outros livros da autora que já li) que o objectivo é mesmo este: modernizar a história.

Mas não posso dizer que tenha gostado.

Para além disso há a intervenção do coro das servas, que me pareceu muito inútil e, eventualmente, mal traduzido a um ponto que se possa dizer que são desagradáveis. O efeito cómico de "o coro grego vai fazer sapateado" é mínimo, porque não faz sentido.

Este livro lembra-me uma má adaptação à broadway.

24.9.16

Em Busca do Tempo Perdido 5 - A Prisioneira

Em Busca do Tempo Perdido 5 - A Prisioneira
Marcel Proust
1923
Romance
 
Abandonamos o Kobo para regressar ao mundo dos livros físicos. E que melhor forma de recomeçar do que com a continuação do Em Busca do Tempo Perdido? :) Este quinto volume foi editado apenas postumamente, dez anos após a primeira edição do primeiro volume.

Neste volume, o narrador leva a já famosa Albertina para casa. No entanto, tem constantes acessos de ciúmes que fazem com que ele a prenda na sua própria residência, de forma a que ela não possa ver ninguém nem ter qualquer amiga, para que não seja seduzida pelo universo de Gomorra. Para além disso, há uma grande cena em casa dos Srs. Verdurin, em que o Sr. de Charlus é expulso do seu círculo social por nenhuma razão lógica (sem ser a de "fica mal nas festas")

Se as imposições sociais relatadas pelo ambiente dos salões dos Verdurin acabam por se tornar pouco relevantes neste contexto, já que em quatro volumes anteriores levámos com uma grande injecção delas e já sabemos o que se passa, a relação do narrador com Albertina começa, finalmente, a revelar muita coisa sobre o primeiro.

O narrador tem um pânico constante de ser traído, mas ainda assim procura em Albertina a primeira imagem que teve dela, a das raparigas em flor. Ora, esta personagem evoluiu e neste momento é mais inteligente e mais sarcástica, perdendo muito da sua inocência inicial. Assim, o narrador parece prendê-la em casa para que a sua imagem não desapareça. Isto é, apesar de tudo, ele continua sempre "em busca do tempo perdido". Isto demonstra que este narrador não é o rapaz idealista e tímido que ele nos tem vindo a tentar desenhar. É, antes disso, uma pessoa altamente manipuladora, tal como todos os outros da alta sociedade que o rodeia nos salões que frequenta.

Estou ansiosa pelo próximo volume!

Stand By Me Doraemon

Stand By Me Doraemon
 Yamazaki Takashi - Shirogumi
Anime - Filme
2014
7 em 10

Ontem foi um dia tão satisfatório e produtivo que achei por bem terminá-lo com um filme. Calhou-me ver esta nova interpretação do nosso grande amigo Doraeomon. Há muito tempo que não via nada com ele e, claro, ainda tinha muito na minha mente a querida dobragem espanhola da adolescência. No entanto, foi um filme muito querido e foi um prazer vê-lo. :)

O filme mostra-nos toda a história de Doraemon e Nobita desde o início (supomos, o primeiro capítulo). Eles conhecem-se e o gato do futuro é obrigado a ficar com o pequeno e infeliz Nobita até ele encontrar a felicidade. Ao início Doraemon resolve-lhe todos os problemas com os fantásticos gadgets que estão no seu bolso mágico. Mas o foco essencial do filme, ao contrário da velhinha série, não é mostrar os objectos prodigiosos do gato cósmico. Aqui, procura-se sobretudo uma evolução na relação entre as personagens e no seu crescimento através das várias vivências.

Nesse aspecto, o filme faz um excelente trabalho, apesar de envolver algumas técnicas narrativas que passam por um pouco forçadas. Comenta-se que o ritmo do anime é um pouco apressado, mas em todo o caso achei que a estrutura estava bastante coerente com o espírito da série. O final é amoroso e quase libertei uma lagriminha. ;>

Outro aspecto extraordinário deste filme é a animação. Ao início disse "não!", quando vi que iria ser tudo em 3D digital. No entanto, os momentos animados estão de tal forma detalhados (apesar de as estruturas serem um pouco "leves", em termos de animação), que conseguimos distinguir todas as pequenas texturas, desde uma nódoa na roupa até ao tecido usado. É uma técnica ainda a ser explorada e que, pelos vistos, pode vir a ter excelentes resultados.

A música é simpática, apesar de o tema principal não ser muito memorável.

Um filme ideal para todos os fãs de Doraemon, mas também para quem (porventura) ainda não conhece a personagem. Um filme acessível para todos!

23.9.16

Kore wa Zombie Desu ka?

Kore wa Zombie Desu ka?
Kanasaka Takaomi - Studio Deen
Anime - 12 Episódios
 2011
4 em 10

Este anime é muito famoso por uma razão: tem um bacano vestido de menina mágica. Oh! Mas que tão imensamente, profundamente, estilisticamente... CÓMICO! Oh sim.

Ou não,

Este anime foi a tentativa mais infeliz de fazer uma comédia que vi nos últimos tempos. Tudo se resume a "ah, sim, eu faço estas coisas porque sou um zombie". Depois temos uma história muito épica em que não se passa grande coisa para que tudo faça sentido. Excepto que essa história paralela é tão seca, que nem valia a pena terem-na posto lá. De resto, este anime consiste em meninas fofas com grandes olhos a fazerem compras e a experimentarem roupa.

Os personagens são abstrusos. No fundo, ser "zombie" é razão para que todas as situações, por mais rebuscadas que sejam, possam acontecer. As meninas, nem podem ser consideradas como recortadas do cartão canelado. São mais recortadas de guardanapos de papel, porque não se pode dizer que tenham qualquer tipo de traço de personalidade que as distinga quer umas das outras quer do ambiente que as rodeia.

A animação é terrível, com imagens tridimensionais absolutamente deslocadas do resto do cenário e cenas de acção animadas sem qualquer tipo de cuidado. Os designs não fazem sentido e estão desactualizados no seu pleno (suponho que as personagens procurem uma certa identidade "gótica", mas é tudo tão foleiro que nem sei o que dizer)

A música é perfeitamente incapaz de fazer ressurgir algum tipo de sentimento no visionante. A OP e a ED são exactamente iguais a tantas outras que já ouvimos anteriormente.

Enfim, um anime que espero esquecer rapidamente, porque os meus olhos gromitam só de pensar nele.

Shigatsu wa Kimi no Uso

Shigatsu wa Kimi no Uso
Ishiguro Kyouhei - A-1 Pictures
Anime - 22 Episódios
2014
7 em 10

Estive sem net por estes dias, portanto vi este anime com a máxima atenção. Quando o inciiei, fiquei bastante feliz: um anime sobre música clássica! Logo agora que calha na época das finais do Prémio Jovens Músicos da Antena 2! Fiquei mesmo muito motivada para o ver.

Um rapaz era considerado um prodígio do piano, até ao momento da morte da sua mãe. A partir daí, fica com um trauma, com o qual me identifico bastante: deixa de conseguir tocar. Na verdade, ele não se consegue ouvir a si próprio quando toca. Quando conhece uma talentosa violista e se torna amigo dela, tudo começa a mudar e ele encontra uma nova razão para tocar.

A primeira parte do anime é muito interessante no desenvolvimento dos personagens e das suas relações. Também na forma em como a música pode aproximar as pessoas, mas também impedir que estejam juntas. Assistimos a alguns momentos musicais muito bem animados. No entanto, a partir da segunda parte aparece-nos uma doença fatal muito mal explicada que acaba por tornar todo o anime num melodrama de faca e alguidar. Os personagens começam a quebrar emocionalmente, perdendo bastante da sua caracterização e não demonstrando qualquer evolução face às adversidades. O final foi muito desapontante, pois não nos mostraram quaisquer consequências à evolução do pianista enquanto executante ou enquanto personalidade, pois não recebemos feedback do seu último concerto.

Acabei por lhe dar uma nota um pouco mais alta devido à animação. Trata-se de um anime com designs de personagens cheios de brilho e beleza, sendo que também os cenários são altamente detalhados e plenos de belo. No entanto, pareceu-me que a partir da metade do anime houve menos cuidados neste aspecto. Para além disso, temos uma excelente mescla de animação digital em 3D, nos momentos de interpretação das peças, embora haja alguns momentos de repetição de animação.

Quanto à música, foi outro aspecto que me desapontou. Quando vemos um anime sobre música clássica, esperamos uma excelente banda sonora: com música erudita. No entanto, optaram por fazer uns arranjos absolutamente absurdos. Se o Chopin ouvisse o seu Estudo com um remix de guitarras, acho que ressuscitava para chorar e depois morria de novo. Disse-me um amigo que "devem ter feito isso por causa dos direitos". Ora, todos estes autores estão mortos há um caquilhão de anos! Só o Shostakovich é mais recente, e ainda assim morreu há bué.

Enfim, um anime que tinha tudo para ser excelente, mas que acabou por se tornar numa novela cheia de lágrimas.


A Cidade das Crianças Perdidas

A Cidade das Crianças Perdidas
Marc Caro & Jean-Pierre Jounet
1995
Filme
6 em 10

Vimos um filme do realizador da famosa Amélie Poulan. No fundo, a estética é semelhante, apesar de o tema ser diverso.

Num mundo distópico, em que toda a cidade é uma espécie de espectáculo circense, as crianças vêm desaparecendo. Porquê? Porque há um homem mau, sem qualquer tipo de sentimentos, que deseja sonhar. Assim, penetra nos sonhos das crianças que rapta para ver se consegue ter um sonho de algum tipo. No entanto, todas as crianças que adquire têm pesadelos. Quando o irmão mais novo do homem mais forte do mundo desaparece, este une-se a uma órfã muito esperta para o encontrar. Será que vão conseguir?

O universo está muito bem recriado e conseguimos realmente ver como as pessoas vivem nesta cidade fantástica. O mundo como um circo é mais terrível do que se possa imaginar e muito menos divertido. A estrutura dos cenários, o guarda roupa e as próprias personagens dão-nos uma ideia muito forte do que se passa neste lugar, sendo que conhecemos vários momentos muito interessantes, desde o orfanato até um grupo de religiosos fanáticos.

As interpretações são diversas, sendo que achei extraordinários os papéis das actrizes "siamesas". No entanto, as relações entre os personagens acabam por se tornar um pouco estranhas com a progressão do filme.

A conclusão foi um pouco insatisfatória (será que ficam todos bem?), mas no geral o filme é bastante divertido. Para além disso, aparece um cão (apenas um figurante) muito parecido com o falecido Infeliz. :)

Mais uma prova de que o cinema europeu sempre teve muito para dar.

Chuva

Chuva
Kirsty Gunn
1994
Romance

Há bastante tempo que nada recebia pelo BookCrossing. O meu regresso é então marcado por este pequeníssimo, mas excelente, romance de uma autora Neo-Zelandesa.

É o relato da infância de uma menina de 12 anos e do seu irmão de 5, que se divertem numa casa de praia isolados de todos os adultos. Estes, entretém-se em festas muito barulhentas, cheias de fumo e álcool. E quando os dois universos se começam a interpolar, tudo pode acabar em tragédia. é a oposição entre o mundo da inocência e a transformação em adolescente, pontuada pela acção daqueles que, já tendo passado por tudo isto, têm atitudes que nem sempre são as mais correctas.

O livro tem imagens fortes mas, ainda assim, muito suaves. Foi, para mim, reminiscente da infância em que eu ia com os meus pais a casa de seus amigos. Quase que podia sentir aquele cheiro no ar, de que me lembro bem, e aquela dor de cabeça causada pelo sono, cansaço e aborrecimento (e medo).

O final foi um pouco aborrecido, mas ainda assim comovente. Sente-se que talvez haja aqui algo de autobiográfico, não tanto nas partes terríveis mas mais nas partes bucólicas de um ambiente veraneante.

Foi também curioso passar de um livro na montanha, para este livro passado na praia, lol

Agora, aguarda a sua vez para novas viagens! =D

Contos da Montanha

Contos da Montanha
Miguel Torga
1944
Contos

Com este autor, comecei tudo ao contrário. Havendo lido a sequela, encontrei-me agora a ler os originais "Contos da Montanha". Gostei ainda mais que do segundo livro!

São contos sobre as pessoas que vivem no interior rural das regiões montanhosas de Portugal. Isto signiica que estas pessoas vêm o mundo de uma forma um pouco distinta, sendo que há nesta escrita toda uma força quase nacionalista (mas nunca fascista), na medida em que as pessoas aqui retratadas poderiam representar a pureza do povo trabalhador.

São pessoas religiosas, que muito trabalham, mas que também têm muitas emoções diversas e, por vezes, surpreendentes. Os meus contos preferidos (já não recordo os nomes), foram os da criança que esperava uma prenda de Natal, o da senhora que pôs um casaquinho na estátua do santo e a do homem que matou a mulher.

Entre muitos outros, claro, porque temos uma colecção de 23 contos (o que é bastante, apesar de todos serem bastante curtos)

A escrita é intrincada e cheia de tradicionalismos que poderão ser difíceis de compreender à primeira. Mas a partir do momento em que nos engrenamos na leitura, tudo se torna absolutamente evidente.

Mais uma vez, Miguel Torga não desaponta. Sinto-me tentada a maratonar toda a sua obra. :)

13.9.16

Gekkan Shoujo Nozaki-kun

Gekkan Shoujo Nozaki-kun
Yamazaki Mitsue - Doga Kobo
Anime - 12 Episódios
2014
6 em 10 

Por alguma razão mágica, consegui ver este anime na sua totalidade ao longo do dia de hoje, para além de outros acontecimentos importantes que também consegui concretizar. O dia é um bom dia. :)

Ficam sempre muito bem cotados todos os animes e mangas que falam sobre o processo de concretizar um anime ou um manga. Penso que seja essa a principal razão da elevada avaliação deste anime nos sites da especialidade. No entanto, Nozaki-kun acaba por relatar muito pouco sobre o processo de elaboração artístico e acaba por falar mais sobre a relação entre os personagens e os mecanismos de inspiração.

Chiyo Sakura é uma rapariga que gosta do Nozaki, que é um rapaz. Quando se tenta declarar, recbe um autógrafo com nome de mulher e descobre que Nozaki é um mangaka de shoujo manga! A partir daí, apesar de ainda gostar dele e se querer declarar, mantém-se a seu lado como ajudante no processo técnico de criação do manga. Pelo caminho, conhece uma série de colegas da escola com características únicas. Bem, digamos que dentro do universo do anime as suas características são únicas, mas que dentro do universo generalista eles aparentam ser estereótipos propositados para criticarem o próprio género. Ainda assim, gostaria de ter visto mais algum tipo de desenvolvimento das suas personalidades.

Servem também estes personagens como mote inspirador para as criações de Nozaki, que pega no estereótipo pré-existente para o colocar numa caixinha ainda menor, apropriada à história que está a tentar criar. Ora, isto não abona muito a favor dos artistas de shoujo manga, género que parece ser violentamente criticado ao longo deste anime.

A animação tem um estilo brilhante e claro, apesar de haver alguma perda nas expressões nos momentos intencionalmente cómicos. Também acontece o mesmo com os cenários e movimentos, como já vem sendo típico de animes de comédia. Falando em comédia, não me ri um segundo com este anime, mas apesar de tudo não desgostei dele pelo facto de nos mostrar uma diferente perspectiva sobre o mundo editorial (apesar de satírica e muito pouco séria).

Na música, temos uma OP muito pop e original dentro do género, que combina muito bem com o conteúdo do anime, mas a ED é de tal forma diabética que nos leva a uma explosão auditiva (no pior sentido). As vozes estão aceitáveis e não pecam pelo exagero, mas os efeitos sonoros são bastante aborrecidos e retiram muito do efeito cómico.

Um anime simpático para se ver assim, ó, num dia de descanso.

Kakumeiki Valvrave

Kakumeiki Valvrave
Matsuo Kou - Sunrise
Anime - 12 Episódios + 12 Episódios
2013
5 em 10

Sunrise significa mecha, mas será que Sunrise deveria significar que tudo é sempre igual?

Neste anime é-nos proposta uma história com inspirações claras no universo Gundam, ao ponto de termos elementos em comum em quase todos os aspectos, apenas com designs diferentes nos robots e personagens também um pouco diferentes. Infelizmente, também misturamos aqui algo de muitos outros animes (senti também uma forte inspiração em Code Geass), de forma a que temos uma salganhada de conceitos que não nos levam a lado nenhum.

Para além disso, há aqui uma mistura - discreta, é verdade - de um certo elemento de harem que não nos diz nada e que não acrescenta grande coisa à história. Os personagens são imensos e todos eles desinsipriados, dependendo na totalidade das suas características de "newtype" (bem, aqui não se chama assim) para poderem progredir dentro de uma narrativa quebrada e mal estruturada. Também há um reflexo de infantilidade pelo próprio universo da história, que é tipicamente adolescente.

No meio desta confusão temos algumas cenas de combate entre criaturas robóticas, que nada acrescentam à história para além de gritos, lágrimas, sangue e muitos tiros. Aliás, estão sempre todos aos tiros uns aos outros. Assim, a animação acaba por passar um pouco ao lado, mantendo-se dentro da normalidade da sua época.

A música é cópia de tantos outros animes do género e não se distingue pela positiva.

Um anime que tentou ser tantas coisas ao mesmo tempo que acabou por não ser coisa nenhuma.

Spring It Con Summer Edition 2016

Spring It Con Summer Edition 2016
Evento
Há algum tempo que não mostrava minhas lindas faces num evento. Assim, aproveitei a minha folga (primeira num mês inteiro!) para ir até ao IST e participar num evento novo no nosso calendário habitual. Seria a segunda edição deste evento, a segunda no mesmo ano, e tinha ouvido opiniões fracturantes sobre a primeira edição, pelo que nada mais me restava se não experimentar e depois dramatizar tudo neste espaço. :) Viva!

Tudo isto começa algures em tempo anterior, já que achei por bem inscrever-me no concurso de cosplay. Não só para usar um novo fato (que terminei em pouquíssimo tempo nessa mesma semana) mas também para apresentar um novo sukito que já tinha pensado há algum tempo. Mal sabia eu que o concurso iria ser o meu foco principal do evento... Mas comecemos pelo início!

Em tempo anterior, decidi inscrever-me. E logo nesse tempo achei uma coisa muito estranha: as regras do concurso eram iguais, ipsis verbis, às da final do Eurocosplay. Conversei com algumas pessoas sobre este assunto. Na verdade, parece-me um pouco exagerado: as regras do concurso cito estão preparadas para uma afluência de dezenas de concorrentes, enquanto que na nossa terra não há nenhum concurso ao longo do ano com dezenas de concorrentes... Por outro lado, várias pessoas me disseram que desta forma seria muito mais fácil avaliar os concorrentes e que eram umas regras extremamente claras. Ainda noutro aspecto, será talvez uma oportunidade de as pessoas por aqui experienciarem um concurso internacional numa espécie de "vá para fora cá dentro" :)

Enfim, depois de me inscrever, aparece logo uma questiúncula: colocaram a minha avaliação às 14:30, quando eu havia referido que estava a trabalhar a manhã toda e ainda teria de ir a casa vestir-me (preciso de seguir um tutorial para por este fato, desculpem...). Então lá me puseram a uma hora mais tardia. Apesar de tudo, pareceu-me que não estavam emocionalmente preparados para as pessoas que trabalham aos fins de semana e que não tiraram férias para ir a um evento na sua própria cidade. Mais uma situação em que o modelo estrangeiro acaba por ter falhas, neste caso a nível da organização do tempo.

Chegou o dia e o trabalho que tinha para fazer nessa manhã acabou por se adiantar por falta de quórum. Portanto, fui para casa, arrumei tudo direitinho, almocei uns bifes de peru altamente temperados e ia para começar a vestir-me... Quando me ligam! Era a pessoa que tinha colocado como helper a dizer que os nossos nomes não estavam na lista de entrada! Ai! Envio mails e mensagens pelo face para ver se na entrada concluem que nós realmente existimos. Depois não recebi mais telefonemas, pelo que dei o caso como encerrado. Vesti-me e coloquei-me dentro do carro mágico, onde descobri que conduzir de kimono é uma aventura um pouco perigosa.

Felizmente que a polícia não me apanhou, ou então teria de os degolar com o meu punhal em forma de chave de fendas.

Havia também perguntado por lugares onde estacionar perto do evento, informação que me foi dada de forma um pouco reticente acrescentada por "procura no google" (o que é muito útil). Felizmente que conheço um ex-aluno do IST que me disse onde havia estacionamento. E, assim, apesar de ter entrado em contra-mão, parei o meu carrinho mesmo em frente da entrada! =D Carreguei meus objectos, já a falecer de calor, e dirigi-me aos primeiros voluntários que achei que, curiosamente, encontraram logo o meu nome na lista... Estava com medo que houvesse algum tipo de filme e que tivesse de chatear a organização pelo telefone para me irem buscar, mas felizmente não aconteceu (apesar da helper ter tido dificuldade em entrar). :) Depois fui procurar o lugar do concurso.

Encontrei a menina Flávia atrás de uma mesa rodeada de props e, aparentemente, prestes a ter um achaque. Ali estavam expostos os participantes do concurso de props e deixei lá os meus guardados para que fossem mais tarde levados para o palco. A pobre Flávia, que estava a orientar o concurso, passou toda a tarde a orientar-nos de um lado para o outro movida a carbohidratos simples, o que a torna uma espécie de heroína dos tempos modernos. Fico feliz por no final ter corrido tudo bem e tudo a horas e espero que ela depois tenha ido comer um merecido bitoque com ovo a cavalo. =D

Disse-me ela, nesta altura, que seguisse outro participante até aos balneários, que se revelaram um pavoroso lugar conectado a uma piscina sem água. À porta não nos queriam deixar entrar, mas lá convencemos o voluntário que fazíamos parte do concurso, lol Digo que o lugar era pavoroso porque, apesar de bem fornecido de papel higiénico, as sanitas estavam cheias de porcaria. Mas isso não é culpa do evento, é culpa do espaço que não limpa as cenas. E, para além disso, enquanto esperávamos para entrar no balneário do lado para a avaliação, descubro que está lá. Uma. Barata. Morta.

Imediatamente fiz um triplo salto até ao ponto mais longínquo possível. É que a barata é a criatura que compreende os meus três Pês: Pânico, Pesadelo, Paranóia. Eu devia ter desconfiado, porque estava uma lata de Baygon mesmo ali ao lado. Mas enfim, tanto foi o meu Pê, Pê e Pê que me esforcei por ser o mais rápida possível na avaliação, para não ter de estar na mesma sala que um desses nojos andantes.

A avaliação em si foi muito gira, porque deu para conversar deboas com os juris (apesar de em Inglês, langage that is not very interessante) e explicar como foi feito o meu kimono e o meu casaco de cabedal e o meu punhal parecido com uma chave de fendas. Elas pareceram gostar, sendo que uma das juris já me tinha avaliado montes de vezes e disse que melhorei um pouco (boa! =D ). Implicaram um pouco com uma costura torta no casaco, causada pelo facto de aquele tecido ser duro como um pão com três dias e também pelo facto de eu nã ter jeito para fazer coisas direitas que me sai tudo torto. De qualquer forma, acho que gostaram do kimono, que deve muito à Paula (Asheria Workshop), que me ensinou a fazer tudo, e à Leo (Leo Couture), que me ajudou a comprar os tecidos. Muito obrigada! =D

(Nota: eu sei que supostamente se diz "jurado", mas "juri" é mais giro porque parece o nome de uma pessoa)

Dirigiram-me para os fotógrafos, onde fizemos uma sessão de fotografias. Pessoas talentosas conseguiram apanhar-me numa pose mesmo igual à da personagem , apesar de não conhecerem nem o anime nem o jogo! =D Estou ansiosa por ver o resto das fotografias. <3

Depois, tive alguns minutos para ver o evento.

O espaço é interessante, posso dizer isso. Todas as coisas estão ligadas umas com as outras, pelo que é fácil de ver tudo. Infelizmente,  nem tudo está muito bem informado, pelo que pensei que a zona das lojas não passasse de uma cantina e passei à frente. Isso fez com que eu não visse qualquer loja, apesar de ter planeado comprar algumas coisas, o que me deixou um pouco triste. Se tivesse tido um pouco mais de tempo, talvez tivesse descoberto que ali eram as lojas e não a cantina, mas quando lá cheguei mais tarde já me proibiram de entrar. Mais uma vez, penso que se eu realmente tivesse uma capacidade lógica de associação apropriada à minha idade, todas as coisas correriam melhor... -___-

Finalmente, o concurso! Disseram-nos que estava atrasado meia hora, mas depois afinal não estava atrasado, o que é bom. :) Entretanto, muito falámos e cantámos clássicos dos 90s no backstage. Eu, por mim, estava com tanto calor que começava a ter frio. Isto é: suei tanto que o meu suor arrefeceu dentro da roupa e estava toda nojenta e comecei a pensar que estava a ficar doente.

Acho que estivémos todos excelentes, ficando os meus parabéns especiais para o nosso cabritinho, que fez um skit fantástico!, e para a mocinha dos pokémons, que se arriscou num concurso complexo sem saber e fez um óptimo trabalho com toda a positividade (apesar de não parar quieta um segundo, o que é natural ;) ).

Quanto ao meu sukito, disseram-me as juradas tuguesas que eu o deveria ter feito em Anglês para que a jurada estrangera o pudesse compreender. Mas, como já devem saber, eu sou pelas cenas portuguesas e acho que estes eventos são uma óptima maneira de se divulgar o que se faz por aqui, em todas as vertentes. :) Escolhi fazer este sukito um pouco mais bizarro porque estava sem tempo para ensaiar a minha outra ideia (que era mais séria e mais bonita). De qualquer forma, acabou por ser uma boa opção, porque na realidade não havia palco e quem estava mais atrás provavelmente via muito pouco de todas as coisas passadas a nível do chão. Tanto que decidi alterar no momento a parte final, que era para ser de joelhos, e fiz de pé, para que me pudessem ver. Espero que a minha "helper" tenha conseguido gravar! =D Quanto ao significado, sempre achei que a Shiki tinha uma relação um bocado doentia com as pessoas, sendo que neste skit quem está ali é o SHIKI, uma outra personalidade ainda mais conturbada. Assim, pareceu-me que fazia todo o sentido amar mas querer destruir, desejar mas querer obliterar.

Outra coisa que achei e penso que devo referir: havia tantos, tantos, tantos! prémios que penso que poderiam ter sido distribuídos por mais pessoas. Pelo menos a Menção Honrosa (a Dora! :) ) podia ter ganho um desenho ou algo.

E assim foi. Quando tirei o kimono, ele estava de outra cor por causa do suor... E o cheiro? Nem falar! QUE NODJA!! DDD:

Mas esperem, será que não se passou mais nada sem ser a minha aventura?

Mentira!

Porque há...

 FOTOFOTOS










 #peitosdacabritinha




 Não sei que bicho é este, mas é bué fofo!


Gosto de acreditar que esta foto ficou bunita :)
 

As minhas pobres "aquisições", lol

Em conclusão: fiquei um pouco triste por não ter aproveitado o evento devidamente. Na verdade, acabei por me sentir um pouco prisioneira do concurso, que era de um nível de exigência como raras vezes se vê por aqui. Fiquei com pena de não ter encontrado as lojas porque sou parva e talvez devesse ter ido também no Domingo. Mas a verdade é que não podia, não só porque acordei tardíssimo mas também porque era o aniversário da minha avó.

Falando em aniversários, cantámos os parabéns no evento! Que fixe!

De qualquer forma, gostei de participar e para a próxima lá estarei outra vez com mais um sukito. :) Tentarei, dessa próxima vez, ir um pouco mais cedo ou no segundo dia, para poder falar mais do evento e menos da experiência concursal. Também, claro, para tirar mais fotos às pessoas. Havia tanto cosplay giro!

Até lá!

Eu Hei-de Amar uma Pedra

Eu Hei-de Amar uma Pedra
António Lobo Antunes
2004
Romance

Tinha gostado imenso do primeiro livro que li de António Lobo Antunes, pelo que estava ansiosa por repetir o autor. Infelizmente, talvez tenha escolhido mal, porque esta minha segunda leitura foi uma sucessão de sofrimentos e aborrecimentos.

Passei grande parte do livro (digamos, até ao último quarto) a tentar perceber que história é que o autor nos queria contar. Pareceu-me, finalmente, que se tratava apenas de um homem que trai a mulher e morre. O livro é a perspectiva de todas as pessoas da sua família, mas contado de forma tão pessoal que a narrativa principal se perde e, assim, caracterizam-se todos os personagens menos aquele que é central à história.

O autor parece, então, estar completamente perdido no seu próprio estilo. A leitura é difícil e castradora, na ideia que cada capítulo é narrado por uma personagem mas os momentos que os ligam (de forma a podermos dizer quem é quem) são tão abstractos que tudo se torna uma grande confusão.

Fiquei feliz quando descobri o que era a pedra (era o homem e a sua campa), mas este livro pareceu-me ter algo de exibicionista na sua forma. 

Já me tinham dito que ALA se torna cada vez mais hermético à medida que o tempo passa, pelo que talvez tenha de ler os seus livros mais antigos para voltar ao meu encanto inicial.

6.9.16

1984

1984
Michael Radford
1984
Filme
7 em 10

Como li o livro muito recentemente, o Qui achou bem que víssemos o filme de 1984. Existe um mais antigo. Infelizmente, o romance ainda está muito vivo nas minhas ideais e não pude deixar de comparar os dois. Assim, este comentário será mais uma comparação.

Para começar, achei que a interpretação do universo era imensamente mais pobre e mais antiquada do que aquilo que o livro relatava. No filme é tudo muito antigo e tudo muito sujo, enquanto que no livro apenas a secção da cidade dedicada aos Proles era assim. No entanto, o guarda roupa está muito bem interpretado. A imagem do Big Brother é um pouco "realista" demais comparado à ideia que nos deram no livro, sendo que Goldstein também aparenta ser uma pessoa muito mais próxima da normalidade. Todo o ambiente é recordatório de algum tipo de guerra ou de sistema político que tenha existido na nossa realidade, enquanto que no livro o sistema é tão diferente e de tal forma avançado que funciona por si próprio como fonte de inspiração.

Além do mais, há alguns cortes em detalhes que tornariam o filme tanto mais longo como muito mais rico Por exemplo, o amigo que é vaporizado (creio que nunca referem este termo), o facto de Julia também assistir à reunião, os princípios de Ingsoc, a gramática do Newspeak... Os próprios detalhes do quarto alugado e o facto de eles terem lá passado muito mais tempo. As estações não passam no filme, pelo que parece que toda a acção é muito rápida. As secções de "sonho" não são claras enquanto memórias.

No entanto, foi acrescentado um detalhe interessante, que é o campo verde perante a cidade escura.

O final também é um pouco frustrante, pois a lavagem cerebral efectuada não é tão evidente como no livro. Aqui, os personagens viram bonecos, enquanto que no livro o seu pensamento é alterado com tal profundidade que eles continuam aparentemente pessoas normais. Para além disso, não houve as declarações no telescreen. Finalmente, o encontro final com Julia foi demasiado longo e deu a entender que esta teria o mesmo destino (a morte), enquanto que no livro aparenta ser-lhe dada uma segunda oportunidade.

No entanto, gostei muito desta interpretação. Não sendo perfeita, captura bastante bem o universo.-

The Lobster

The Lobster
Yorgos Lanthimos
2015
Filme
6 em 10

Comecei a ver este filme e adormeci a meio. Bem, adormeci ainda no início. Devo dizer que passei a noite inteira a sonhar com ele porque estava muito curiosa com o final, mas quando fui ver o fim no dia seguinte fiquei um pouco desapontada.

Num futuro próximo e muito distópico, todas as pessoas sem um "par", isto é, que não estejam casadas, são enviadas para o Hotel para encontrarem um par num período de 45 dias. Se não conseguirem são transformadas em animais. Este homem, que foi para o Hotel porque a mulher o trocou por outro, quer ser uma lagosta.

O universo é muito estranho e, infelizmente, não é de todo explicado. O absurdo é tido como parte da vida e qualquer tipo de detalhe sobre como chegámos a este ponto e o porquê fica de fora. Por isso é que o filme me desapontou, porque era isto o que eu queria saber.

Para além disso, todos os actores fazem os seus papéis de forma um pouco estranha. Todos falam como se estivessem a ler do teleponto, com uma falta de naturalidade absurda. Isto, no universo do filme, pode fazer algum sentido, mas porque razão falará toda a gente assim, até mesmo quando estão livres do Hotel?

Também gostaria de ter visto explicado o processo de transformação de pessoas em animais.

O final é muito inconclusivo e acaba por não tomar uma posição no aspecto mais importante do filme: será que o amor é real? Ou será que só podemos amar os nossos semelhantes? Isto é, uma pessoa pitosga só pode estar com outra pessoa pitosga? Uma pessoa sem coração só pode estar com outra pessoa sem coração?

Um filme que peca pela falta de explicações muito desejáveis.

Cidade Líquida

Cidade Líquida
João Tordo
2012
Conto

Um conto da colecção "Contos Digitais DN". Já havia lido um livro deste autor e saquei este conto para conhecer um pouco mais sobre ele, mas não se pode dizer que tenha gostado muito.

É um conto aparentemente inserido dentro de uma história maior, como se fosse um capítulo de uma narrativa longa, mas que - assim em separado - parece totalmente sem rumo e sem objectivo. 

Grande parte do conto é passado a descrever um filme que, existindo ou não, parece um pouco irrelevante para o caso em questão, que é quando a personagem encontra um dos actores do filme. O processo catabólico do desenvolvimento do personagem é incompleto e aparenta não ter sido pensado na sua totalidade. A imagética utilizada para os momentos paisagísticos também dá esta sensação.

Quase que riscaria este autor da minha lista, mas não tenho a coragem.

As Esganadas

As Esganadas
Jô Soares
2011
Romance

Apetecia-me rir um pouco, então comecei a ler um livro do Jô Soares. Um policial sobre um serial killer que mata gordas. O que é curioso, porque o Jô Soares é conhecido precisamente por ser gordo.

De certa forma, o livro perde muito da sua graça porque sabemos logo de antemão quem é o assassino. É logo o primeiro capítulo. Assim, não temos um policial em que o leitor procura o culpado de dedução em dedução, nem um policial em que o assassino foge inteligentemente à polícia. Temos uma sucessão de gags e piadas, com algumas imagens a ilustrar, cada uma mais improvável que a outra. E isto começa a tornar-se cansativo muito rapidamente...

Outro aspecto cansativo é a descrição pejorativa de todos os gordos, o que pode ser um truque da ironia mas que soa muito mal. E ainda outro, é a inclusão de relatos da rádio muito longos e desinteressantes que, pretendendo retratar a época. tornam o livro um pouco aborrecido.

Ainda me ri algumas vezes, mas passado algum tempo a minha reacção era algo mais como "a sério... -__- "

Swiss Family Robinson

Swiss Family Robinson
Kusuba Kouzou - Nippon Animation
Anime - 50 Episódios
1981
6 em 10

Tantos livros e tantos filmes e não falava de um anime há que séculos! Tudo porque estava envolvida com 50 episódios de World Master Theatre. :)

Infelizmente, por força das circunstâncias, tive de ver este anime com a dobragem inglesa (ou americana?), o que mudou um pouco algumas coisas, começando pelo nome das personagens. Por exemplo, a personagem principal é Rebecca, ou Becca, em vez de Flone.

É uma série simpática sobre como uma família sobrevive numa ilha deserta após o naufrágio do navio que os deveria levar à Austrália. No entanto, a narrativa perde-se em detalhes irrelevantes sobre a vida na selva, que de todos os modos me parece demasiado facilitada. Afinal, como é que o Dr. Robinson sabe tanto sobre truques de sobrevivência em situações agrestes? E porque é que esta ilha é tão pacífica que o principal perigo são coiotes raivosos? Onde arranjaram eles tantos livros para ler ao longo do ano que lá passaram? Em que situação um médico aprende a fazer ferramentas na faculdade? Que planta mágica é essa cujas folhas curam a malária e porque é que, convenientemente, existe nesta ilha?

Enfim, tudo parece demasiado simples e tudo como uma aventura em família nos trópicos. Dizem os relatos de náufragos que não é assim tão divertido...

A animação está envelhecida ao ponto de eu ter acreditado que este anime era da década anterior. No entanto, os cenários são suficientemente detalhados para encontrarmos neles alguma beleza. Os designs dos personagens são muito simples e, infelizmente, nunca mudam. Quero eu dizer que as crianças nunca crescem e que o Dr. Robinson nunca faz a barba (tem tantas coisas, porque não tem uma navalha?)

Não pude avaliar a música na sua totalidade porque também esta se encontra dobrada.

Um anime bom para mostrar a crianças.

O Homem Duplicado

O Homem Duplicado
José Saramago
2002
Romance

Depois, para variar, um pouco de Saramago, o que é sempre bom :)

Este é um dos seus livros fantasistas, surrealistas digamos assim, passados na vida real e no agora. Um homem, professor de história do secundário, sente-se um pouco deprimido. O seu colega de matemática recomenda-lhe um filme. Qual o seu espanto quando um dos actores figurantes é igual a ele!

A partir daí, faz tudo para o descobrir, sendo que o seu encontro terá consequências estranhamente fatais O livro é muito engraçado, na medida em que as coisas estão descritas com toda a naturalidade, como se semelhante situação fosse de facto possível. Saramago, como sempre, escolhe as palavras a dedo e todo o conjunto funciona com uma calma impressionante, um contar de uma história tão real como estranha

No entanto, talvez não seja uma das obras primas do autor, porque por vezes se perde um pouco nos detalhes e nas próprias palavras: isto é, Saramago tanto se divertia a escrever que se esquecia de que mais alguém o ia ler.

O final é absolutamente hilariante, mas também muito assustador.

Não fiquei curiosa em ver o recente filme que foi baseado neste livro.

1984

1984
George Orwell
1949
Romance

Curiosamente, ainda não tinha surgido a oportunidade de ler este livro icónico. Por um lado, estava com medo de ficar desapontada, mas a verdade é que me tocou de tal maneira que ainda recordo todos os detalhes...

Um homem vive a sua vida normal como membro da Outer Party em Airstrip One, antiga Grã-Bretanha, membro do estado de Oceania. Oceania está em guerra, sempre em guerra. E a função deste homem é alterar os jornais conforme as vontades do Big Brother, uma figura quase etérea que observa tudo e todos através dos telescreens instalados por toda a parte.

Ora, este homem não se sente bem com o facto de o passado estar constantemente a ser reescrito, de tal forma que a nova geração já não se recorda dele e é imediatamente manipulável ao ponto de obedecer cegamente a toda a informação que é gerada. Ele conhece Julia, uma rapariga fora do vulgar que gosta de se relacionar com os outros (o que é extremamente proibido). A partir daí, a sua luta interna contra o sistema leva-o a cometer um crime: thoughtcrime. O crime é pensar que se pode algum dia revoltar contra o Big Brother.

Este livro é impressionante pela sua modernidade. Pensei que o livro fosse mais antigo, mas a verdade é que mesmo tendo sido escrito nos quase anos 50, é extraordinário como o autor conseguiu conceber um universo distópico tão futurista que até hoje poderia ser aplicável. Aliás, especialmente hoje... Este mundo é altamente detalhado, a ponto de ficarmos a conhecer toda a forma de vida e, sobretudo, a forma de pensar destas pessoas. O autor inclui mesmo, no final, um compêndio gramatical de Newspeak: tudo foi pensado ao detalhe.

O final é um pouco triste, mas plenamente realista dentro do contexto. Por um lado, acreditei mesmo que se conseguisse processar uma mudança...

Outro detalhe que gostaria de referenciar: o Big Brother é normalmente traduzido por "O Grande Irmão", mas a mim parece-me que dentro deste universo seria algo mais como "O Irmão Mais Velho", pois todos os intervenientes são "irmão" ou "irmã".

Enfim, um livro que me marcou e que, certamente, ainda se mantém actual.

Daft Punk Unchained

Daft Punk Unchained
Hervé Martin-Delpierre
Filme 
2015
6 em 10

Um filme essencial a quem quiser saber um pouco mais sobre a vida e obra dos robots preferidos do panorama musical. :)

Este é um documentário sobre os (já) míticos Daft Punk: dois robots que fazem música electrónica. Com este filme aprendemos muitas coisas sobre eles. Nomeadamente que eles não nasceram robóticos e que se foram tornando máquinas ao longo do tempo, até a um ponto de viragem súbito. Não conto mais para não estragar a surpresa.

É muito curioso vê-los fora das máscaras (ou das suas caras, se preferirmos) e como tudo começou: faziam parte de uma banda de grunge nos idos anos nineties. Depois de uma violenta crítica numa revista, procuraram modificar-se e encontraram uma paixão pelo house, que vinha aparecendo no ambiente subterrâneo da França dessa época. São entrevistadas muitas pessoas que participaram na construção desta obra, desde produtores e amigos a pessoas que entraram sonoramente nos seus trabalhos.

A dupla é-nos mostrada como humilde e plenamente apaixonada pela sua música, a ponto de preferirem perder a identidade enquanto pessoa para se dedicarem completamente aos sons. De certa forma, isto acabou por se tornar na sua imagem icónica, o que me pareceu que não era o pretendido ao início...

Para além disso, ficamos a saber um pouco sobre a construção das músicas em si, sendo que o filme tem uma banda sonora exemplar.

Finalmente, fica a nota de que há uma curta entrevista ao grande Leiji Matsumoto, que nos dá um insight fora do comum. :)

A quem gosta de música electrónica, vale a pena ver este documentário!

A Dama do Pé de Cabra

A Dama do Pé de Cabra
Alexandre Herculano
1858
Conto
No Kobo tenho um conto ou outro que acabo por ler separados da obra em que se inserem. Neste caso, este conto está incluído num volume que não possuo, de nome "Lendas e Narrativas", publicado pela primeira vez no ano cito.

Eu já conhecia esta história tradicional por meio de um livro de histórias e lendas de Portugal das famosas autoras da série "Uma Aventura". Assim, quando li esta versão recolhida de fonte mais antiga, fiquei um pouco desapontada porque não a recordava assim.
 
É uma história sobre pactos com o diabo e coisas que tais, escrita num português algo antigo que poderá ser difícil de compreender para alguém pouco experiente em tais linguagens. Existem alguns termos que tive mesmo de ir procurar (que raio seria um "onagro"...?)
 
Mas de resto é uma história muito ligada à religiosidade, o que é algo que não me agrada por aí além. Na altura, quando conheci o conto na sua versão infantil, gostei tanto dele que até escrevi uma espécie de "fanfiction" (fanfiction de contos tradicionais portugueses, lol), mas esta versão estragou um pouco de todo o romance que eu tinha feito em volta dela.

1.9.16

O Segredo de Cibele

O Segredo de Cibele
Juliet Marillier
2007
Romance Fantástico

Esta foi a minha leitura de praia. Prova de que o Kobo resiste à areia. :)

Com a leitura deste livro, apercebi-me que era uma sequela. Felizmente, já havia lido o primeiro volume da série (parece-me que são três ao todo), chamado "A Filha da Floresta". Tinha adorado na altura e foi por isso que escolhi ler este livro: porque era da mesma autora. Não estava nada à espera que fosse uma sequência ao outro que havia lido há tantos anos. Nesse primeiro volume, para termos um pouco de  contexto, um grupo de cinco irmãs na Transilvânia entrava num mundo mágico, sendo que uma delas ficava por lá a viver. "O Segredo de Cibele" acompanha as aventuras de uma das irmãs mais novas na Turquia, em que ela tenta desvendar os segredos de uma estátua de uma deusa antiga, cujo culto tem vindo a renascer secretamente.

O universo fantástico apenas se revela no último terço do livro, sendo que até lá decorrem aventuras insignificantes na cidade de Istambul. No fundo, esta primeira secção parece servir apenas para apresentar os dois homens que irão lutar pelo coração da nossa heroína, numa estrutura em tudo igual a qualquer livro de fantasia para adolescentes. Para além disso, há uma caracterização bastante redutora do ambiente da cidade e da cultura muçulmana em geral.

Após revelações em que nem tudo é o que parece (e o contrário), a heroína e os dois apaixonados entram realmente no universo da magia, o "Outro Lado". Lá, resolvem uma série de problemas, mas acabamos por não perceber exactamente qual o papel dos personagens (nomeadamente o da irmã desaparecida no livro anterior) no meio disto tudo. Apesar de tudo, as descrições são encantadoras.

O final foi bastante chocho e absolutamente previsível. No final, é claro que ela vai escolher um deles, não é?

Foi um livro divertido que me cativou, mas sem dúvida que me esquecerei brevemente dele. Não me marcou como o primeiro volume.