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27.2.19

Contra o Fanatismo

Contra o Fanatismo
 Amos Oz
2002
Ensaio

A propósito da morte deste autor, começou a circular pelo BookCrossing este mini-micro-livro. Supostamente, é um conjunto de três ensaios (ou discursos) contra o fanatismo político e religioso.

Mas o próprio autor é um fanático.

Sem querer entrar em grandes conflitos, falando da guerra israelo-palestiniana que continua a dilacerar o planeta, devo apenas dizer que a posição do autor é clara. Embora ele se esforce por dizer "não são todos assim", ele próprio admite a sua opinião. E a sua opinião é a tal de um fanático.

Prémios, penso que só o tem pela sua fantástica qualidade religiosa. Porque em termos literários temos divagações e temos fanatismo. Temos uma anulação do que o próprio autor reitera como correcto. Temos a anulação do próprio sentido de humor. Temos exemplos de como o mpróprio autor é injusto relativamente ao que descreve.

Não gostei.

Isto Não É Um Livro

Isto Não É Um Livro
Keri Smith
2009
Livro de Actividades

Lembro-me de ser miúda e adorar estes livros de actividades. Fazia-as e repetia-as a todas, divertia-me imenso.

Mas devo ter crescido, porque com "Isto Não É Um Livro" não me diverti nada. Talvez o problema seja meu. Ou talvez as actividades não tenham graça nenhuma.

Para começar, detesto actividades em livros que pressupõem destruir o livro. Não fiz essas. Fiz outras que envolvem desenhar no livro, coisa que também não gosto, pois assim não poderá ser lido por outros. No entanto, a actividade a que nos propuseram no BookCrossing foi fazer alguns dos divertidos (entre aspas) jogos e partilhar entre nós.

Mas não fosse por isso não teria feito nenhum. Porque achei que as propostas eram aborrecidas , pouco originais e - algumas - bastante parvas e pouco claras. Este é um livro que se propõe a ser divertido e pedagógico e não tem nada, nem de uma coisa nem de outra.

Não recomendo.

O Rei de Havana

O Rei de Havana
Pedro Juan Gutiérrez
1999
Romance

Perante este título e esta capa, esperei que este livro fosse sobre as aventuras e desventuras de algum poderoso mafioso, rico e reinante do seu mundo. No entanto, o tema não podia ser mais diferente.

reinaldo é apenas Rei por causa do nome e por causa do seu mangalho gigante que, ao longo de todo o livro, satisfaz tanto homens como mulheres (entre outros) da forma mais perversa que podemos encontrar escrita. Viajamos por um mundo de sujidade e baratas tontas, em que o Rei tem uma aversão por tomar banho e uma preferência por vaginas sifilíticas e fétidas.

Seguimos este personagem pelas suas aventuras sexuais, em que a sua inteligência diminuta o leva sempre para o pior das situações, traindo pessoas que foram suas amigas, abandonando aqueles que o ajudaram, simplesmente para que possa ter a vida mais horrível e enterrada no lixo que se possa imaginar.

O personagem é tão obtuso que o livro causa apenas irritação, sendo a narrativa quase como uma enumeração de todas as coisas nojentas que o Rei faz com o seu pirilau titânico.

Sem interesse.

20.2.19

Tsurune

Tsurune
Yamamura Takuya - Kyoto Animation
Anime - 13 Episódios
2018
4 em 10

Nunca na minha vida me tinha ocorrido. Na verdade, nunca tinha pensado. Nunca tinha pensado que pudesse haver um KyoAni mau. Tsurune veio a provar que estava errada.

É tremendamente mau.

Imaginemos que todos os animes da Kyoto Animation estão reunidos nas termas em Kyoto, numa reunião para decidir que anime é que vão fazer a seguir. Todos decidem escolher um representante do que está errado com eles mesmos, isto é, uma parte má de cada anime da Kyoto Animation é seleccionada para fazer parte da sua nova produção.

Tudo isso em reunião deu Tsurune como resultado. Um anime desinspirado, aborrecido, em que a produção parece nem sequer se esforçar para ter nada de giro, bonito, interessante, ou história ou personagens ou nada.

Tudo o que podia correr bem... Nem disso posso falar, porque parece mesmo que há um esforço para tornar o anime o mais desinteressante possível.

KyoAni, estamos todos tristes contigo.

Keijo!!!!!!!!

Keijo!!!!!!!!
Takahashi Hideya - Xebec
Anime - 12 Episódios
2016
5 em 10

Eles tinham dito "isto é o melhor anime do ano". Eles disseram "recomendo vivamente que vossa senhoria veja". Eles disseram estas coisas e eu fui ver o anime do queijo. Valha-me a senhora do outro!

Um novo desporto surge no Japão, com apostas incluídas! Keijo (!!!!!!) é um desporto aquático, em que raparigas (ou senhoras) disputam o último lugar em cima de um espaço flutuante, atacando-se e defendendo-se mutuamente com movimentos de RABÓIDE e de MAMÓIDES.

O resultado é um anime de desporto absolutamente emocionante. Tão emocionante quanto ridículo, pelo menos. É uma viagem memorável, enquanto assistimos a batalhas emocionantes com conversas muito filosóficas entre personagens definidas pelos seus atributos gordurais. E são memoráveis todos os ataques que estes rabos e seios conseguem acertar numas e noutras, partindo maxilares, costelas e espinhas dorsais, atirando as suas oponentes para debaixo de água e tornando-as em LOSER.

Infelizmente, este anime beneficiaria muito de uma animação a condizer com a emoção que este jogo inventado nos traz. Temos uma produção apressada, mal distribuída, tentando dar o máximo da acção mas falhando redondamente devido às muitas impossibilidades da anatomia.

Ainda assim, fiquei cheia de vontade de ver a segunda season! Destruam-me!

Os Cus de Judas

Os Cus de Judas
António Lobo Antunes
1979
Romance

Mais um livro de António Lobo Antunes, desta feita um dos mais antigos. Talvez o início da linha para sempre recorrente no autor, a reminiscência da guerra.

Apesar de o tema ser um que me desagrada um pouco, por já o ter lido tantas vezes em outros livros, em "Os Cus de Judas" ele é abordado de uma forma ainda um pouco imatura e sem uma análise da mágoa profunda, como nos outros exemplos. Isto é, de certa forma, bastante refrescante, pois é ver o tema abordado "em fresco", digamos assim, quando ainda não houve a maturação da ideia a ponto de esta ser apenas uma memória semi-digerida do horror.

A forma de usar as palavras, neste livro, mostra porque é que ALA viu o sucesso e mostra realmente o seu talento primário. Porque ele não conta uma história de um romance, ele conta a sua vivência, a sua imersão na pestilência, e o desejo que sente, o desejo que o apavora.

Apesar de se notarem algumas situações erráticas na escrita (nomeadamente, a repetição quase incessante da palavra "côncavo"), penso que este é um dos melhores livros de Lobo Antunes

Todos Lo Saben

Todos Lo Saben
Asghar Farhadi
2019
Filme
6 em 10
Um filme espanhol com uma belíssima colecção de estrelas de cinema para mostrar. Estas, como é certo, fazem bem por ganhar a sua fortuna, mas de resto...
 
Uma mãe de família residente na Argentina, viaja para a sua Espanha natal para o casamento da irmã. Durante o casamento, enquanto se vão descortinando algumas das relações interpessoais entre as diversas personagens. Quando uma surpresa desagradável acontece, estas relações serão levadas ao máximo da tensão de forma a tentar aplacar o desespero que se abate sobre esta família e os que lhe estão mais próximos. 
 
No entanto, apesar de termos aqui um conjunto de interpretações excelentes, as persoangens não possuem assim tanto dentro delas para que compreendamos a profundidade dos seus sentimentos. Apesar de terem algo de profundo, sem dúvida, as personagens retratadas são de traços gerais e simples. Isto faz com que o seu desenvolvimento seja  previsível e pouco emocionante.
 
Também a imagem fica aquém das expectativas, não se aproveitando de forma alguma do cenário, desperdiçando a oportunidade artística do lugar.
 
Este é um filme que vale pelas interpretações, mas que de resto me desapontou.

Climax

Climax
Gaspar Noé
2018
Filme
7 em 10

Somos jovens, somos franceses e somos bailarinos. Todos ensaiamos numa escola remota, numa noite de neve. Ah, e a sangria tem ácidos.

Num espectáculo de dança e terror, assistimos a toda uma noite de pesadelo, em que tudo o que parecia normal se torna grotesco. Filmado em quinze dias, um script de cinco páginas, supostamente inspirado numa "coisa que aconteceu" algures em 1996. Um grande take que nos leva até a um medo íntimo, uma mistura de todas as coisas que podiam correr pelo pior.

Livres para dançar, os actores viajam entre o espaço confinado de uma escola, longos corredores, para se depararem com situações cada vez mais bizarras e difíceis de enfrentar. A sucessão de cenas terríveis que podiam acontecer numa situação assim é rápida e violenta. E eu consigo compreender de onde vem esta ideia.

Porque pode mesmo acontecer.

Portanto, para a próxima vez que quiserem avisar os jovens para que não fumem, nem bebam, nem usem drogas, mostrem este filme.

19.2.19

Intimidade

Intimidade
Hanif Kureishi
1998
Romance

Pelos vistos deu um filme que é muito erótico, mas o livro tem muito pouco de erotismo.

Um homem está prestes a partir da sua casa, deixando a esposa e os dois filhos. Estes são os seus pensamentos antes de se decidir a partir. As dúvidas, as suas razões. A razão pela qual o faz em segredo. Os seus desejos mais íntimos, a sua sexualidade mais íntima. O porquê de não se sentir feliz neste casamento, o porquê de detestar com calma a sua esposa e de não conseguir mais lidar com a situação.

Não temos uma linha de uma história, com princípio, meio e fim. Trata-se apenas de uma prolongada reflexão, em que o personagem revela o que realmente quer da sua vida íntima: a sexualidade. No fundo, este personagem acaba por ser uma pessoa terrível, que é difícil de ser agradável, pois a sua justificação para tudo encontra-se nos cheiros das outras mulheres em comparação com as diversas texturas da sua.

Existem momentos de grande tensão sexual, isso sim, mas são precisamente tão metódicas, frias e analisadas sob a perspectiva do próprio que não têm carga erótica.

Uma boa experiência, mas não recomendaria.

A Favorita

A Favorita
Yorgos Lanthimos
2018
Filme
8 em 10
Filmes de época são feitos para mim, porque adoro as roupas. Mas no caso de A Favorita, não foram só as roupas que eu adorei!

A Rainha Anne de Inglaterra tem uma vida pouco intensa e cheia de fragilidades. É apoiada, na sua doença e nas suas necessidades imediatas, como bolos e meias, pela sua melhor amiga e amante. No entanto, a prima desta vem da sarjeta e vai fazer tudo para subir na vida. Mesmo que isso signifique destruir tudo à sua passagem.
 
Este é um filme cheio de detalhes engraçados e interessantes que caracterizam toda a vida numa corte europeia, da pior maneira possível. Por exemplo, encontramos algo de ridículo em todas as figuras masculinas, o que se torna grotesco e hilariante no processo. Também os diálogos são ácidos, violentos e cheios de um sarcasmo suculento.
 
Impressionou-me de sobremaneira a actuação das três actrizes (sobretudo a Rainha) , que enchem de naturalidade estas figuras tão estáticas como são as da nobreza. Esta naturalidade é tão mais impressionante quanto a história se desenvolve, acabando por concluir numa relação de poder espectacular e dolorosa.
 
Existem também alguns símbolos que podemos ter a liberdade de interpretar, mas deixarei isso para as conversas. :)
 
Um filme que recomendo vivamente e que espero que venha a sair premiado nos oscáros.

Queen's Blade: Rurou no Senshi

Queen's Blade: Rurou no Senshi
Yoshimoto Kinji - Arms
Anime - 12 Episódios
2009
5 em 10

Eu já tinha ouvido falar deste anime... Não foi especialmente em boa hora que me meti a vê-lo. Porque se fosse hentai, ao menos admitia "olá, sou um hentai". Assim, é apenas muito esquisito.

Como podem perceber, este é um anime que se foca sobretudo em maminhas e rabéculas, cobertas por armaduras miniaturais que são de tal fragilidade que se destroem ao mínimo toque. Todas as cenas acção são, pois, um festim de mamilos erectos e pequenos gritos de terror das suas respectivas donas, que lutam activamente para se tornarem a verdadeira rainha deste mundo de grandes seios.

No entanto, existe algo em Queen's Blade muito curioso: as personagens. Apesar de haver um foco excessivo nos seus dotes corporais, elas existem enquanto indivíduos, o que não é de todo expectvel neste tipo de anime. A equipa de produção conseguiu tornar esta festa de ósculos mamários numa narrativa bastante séria, com personagens muito bem conseguidas e muito bem desenvolvidas, existindo mesmo alguns momentos que são bastante emocionantes.

Portanto, penso que é um anime que vale a pena ver, pela experiência. Ah, e para poderem ver uma tipa a mandar ácido dos mamilos. Isso também é fixe.

Margarita e o Mestre

Margarita e o Mestre
Mikhaíl Bulgákov
1966
Romance

Um dos meus livros preferidos da adolescência regressou às minhas mãos! Fiquei muito feliz por o ler de novo!

Para mim, este é um exemplo do quão brilhante pode ser um livro. A história que conta é, sem qualquer dúvida, estranhíssima. Mas a forma como está contada, ainda mais estranha, torna esta aventura de demónios, de Margarita e do Mestre numa viagem demasiado intensa para os corações mais fracos.

Agora que o leio com mais idade e, talvez, mais conhecimento, vejo que existem muitos detalhes que se ligam à situação política da Rússia da época. De forma discreta, colocando os seus personagens nas situações mais inusitadas, Bulgákov faz um paralelismo com o terror que se vivia na altura que, não sendo induzido por forças demoníacos, não deixa de ser igualmente maléfico.

Com muito humor, assistimos impassíveis mas emocionados às falcatruas dos demos, sem poder ajudar as vítimas mas com a capacidade de nos rirmos da sua infelicidade. Já Margarita e o MEstre, o seu final é triste, belo e comovente. Emocionou-me muito.

Mantém-se na lista de favoritos e vai ser difícil tirá-lo de lá!

Leave No Trace

Leave No Trace
Debra Granik
2018
Filme
6 em 10

Um pai e a sua filha vivem na floresta. Estão acampados e esforçam-se por não ser encontrados de forma alguma, apagando todos os rastos e escondendo-se da melhor maneira possível. Mas um dia, terão de voltar à civilização. E agora?

Este filme serve mais como uma análise da personagem (a do pai), sendo a narrativa quase um mecanismo para que fiquemos a conhecer esta figura e o porquê de estarem a viver na floresta. Os acontecimentos são simples e bastante previsíveis, mas isso apenas funciona para que nos seja dado a conhecer este pequeno drama familiar.

O belo deste filme encontra-se nas paisagens e nas imagens da flora que se encontram em todas as cenas. Isto torna a viagem dos dois numa coisa muito bonita e quase emocionante, mesmo que seja sempre calma e muito lógica.

Podemos resumir este filme como um espectáculo da natureza em que viaja uma personagem. Interessante, mas será o suficiente?

Burning

Burning
Lee Chang-dong
2018
Filme
6 em 10


Uma adaptação coreana de um conto de Haruki Murakami. Temos de dar a mão à palmatória: o filme lembra muito um livro de Murakami. Nesse aspecto, podemos dizer que é uma excelente adaptação (não li o original). Por outro lado, tem todos os defeitos a que o autor já nos habituou.

Um rapaz encontra uma rapariga que era colega da escola e envolve-se com ela. Entratanto, esta dá-lhe a conhecer um tipo muito estranho. Depois acontecem coisas que não direi para não estragar quem tiver vontade de ver o filme. Mas posso dizer que, tal e qual como Murakami faz, esta narrativa perde-se no tempo, perde-se no espaço, tem falhas graves na estrutura e na lógica. Para além disso, o filme deixa uma série de pontas soltas e de questões não respondidas que, dando o desconto de não termos de saber tudo, soam mais a "não sei o que acontece às personagens e confesso que nem me tinha lembrado disso".

De resto, temos um ambiente de thriller que funciona bastante bem, excepto o facto de que o mistério nunca vem a ser revelado. Os actores são medianos dentro dos papéis estranhos que lhes deram. Existe um foco exageradíssimo nos actos de masturbação, que não contribuem em nada quer para a história quer para o desenvolvimento da personagem.

Tem um gato fofinho.


A Sentença

A Sentença
Manfred Gregor
1960
Romance

Arranjaram-me este livro, vindo de uma biblioteca caseira perdida. Foi uma leitura muito mais interessante do que estava à espera.

Estamos no pós-guerra, na Alemanha semi-ocupada pelas forças americanas. Um dia, uma jovem é violada por quatro soldados. Após as acusações, serão sentenciados. Mas a rapariga também não está livre de julgamento.

Com uma escrita muito simples e directa, personagens bem delineados mas com pouco recheio, é um livro que se lê numa penada. Acaba por se tornar muito interessante por causa da visão do mundo destes anos passados, em que a primeira a ser julgada é sempre a mulher, tendo isso consdequªencias graves na vida dela e de todos os que a rodeiam.

O tal delinear das personagens também as torna sensíveis, ajudando o leitor a formar um elo de ligação com todas elas, até mesmo aquelas que têm contas erradas nesta história toda.

Se tiverem oportunidade, acho que é um volume que vale a pena ler.

O Feio

O Feio
Companhia de Teatro de Almada / Marius Von Mayenburg
2017 (2019) /2007
Teatro
Fomos também ver esta peça da Companhia de Teatro de Almada. 
 
Lette é um homem normal que descobre um dia que é feio. Muito feio. Então submete-se a uma cirurgia plástica para se desfazer dessa fealdade. O resultado é tão excelente que não pode correr tudo bem...
 
Este é o tipo de peça que está encenada com uma mecânica de modernidade absurdista, em que não há regras, não há sentido e não há um comum trabalho de personagem: porque nada é o que parece e nada obedece às regras que comummente atribuímos ao teatro. O resultado é tanto ilógico como engraçado, mantendo sempre a peça um grande ritmo.
 
Embora não tenha percebido os objectivos e símbolos por trás de alguns momentos menos vulgares, achei este Feio hilariante e nada feio. Também uma grande lição sobre (uma grande lição, parece que há uma moralidade aqui) o desejo intenso de beleza que atormenta a geração telefone-esperto.
 
A repetir!

Infinita

Infinita
Familie Flöz
2016 (2019)
Teatro

Estes comentários vêm um pouco atrasados, porque me esqueci completamente deles, mas não podia deixar de falar de todas estas coisas a que assisti. Infinita é uma peça sem palavras pela companhia Familie Flöz, que viajou até ao Teatro Municipal Joaquim Benite para uma única sessão da sua peça.

É uma narrativa que fala sobre o início e o fim da vida e da forma como ambos se ligam nos comportamentos e na forma de acção dos seus intervenientes. Tudo isto é feito com uma alegria imensa e um trabalho fantástico no que respeita ao movimento. Aparece-nos um conjunto de figuras muito expressivas, mesmo com as máscaras, cada uma com um laivo de personalidade.

O final é belo e poético e faz com que toda esta aventura que é a vida pareça quase a fingir.

No entanto, pareceu-me que os processos narrativos eram muito lentos e muito tempo foi dado a secções e elementos que não contribuíram especialmente para a construção desta hist+irua. Isto fez com que muitos momentos me parecessem aborrecidos e estivesse quase a adormecer em grande parte da peça. Mas eu estava doente, portanto perdoem-me.

Fiquei com muita vontade de ver a peça que ganhou o festival de teatro de Almada no ano passado, por esta mesma companhia, embora esta Infinita me tenha desapontado.

12.2.19

Mary Poppins

Mary Poppins
P.L. Travers
1934
Infanto-Juvenil

Um livro que eu queria ler há algum tempo e me veio parar às mãos de forma inusitada. :)

Mary Poppins é o tipo de romance infanto-juvenil que me teria apaixonado imenso quando eu tinha essa idade. Agora, enquanto adulta, é um pouco difícil chegar ao verdadeiro significado do livro: penso que os adultos perderam aquela capacidade de "não questionar" e de admitir as coisas mais inusitadas como sendo normais. Porque Mary Poppins é uma senhora que faz coisas inusitadas a toda a hora.

Apesar de as imagens icónicas popularizadas pelo filme da Disney não serem assim tão importantes no livro, toda a imagética de fantasia criada à volta da personagem só nos dá vontade de estar lá e de a conhecer. Acabamos por não saber se os acontecimentos são sonho ou realidade, mas será que isso interessa?

No fundo, é um conjunto de pequeninas histórias que nos dão o mais amoroso da brincadeira infantil, permitindo ao pequeno leitor que dê asas à sua imaginação. Para isso, coisas como caracterização e desenvolvimento narrativo e de personagem acabam por ficar para trás e por não ser de todo importantes. A figura misteriosa mantém-se e é assim que gostamos dela.

Recomendo vivamente aos pequenos da família.

O Sexo Inútil

O Sexo Inútil
Ana Zanatti
2016
Não-Ficção
Nota: eu não faço ideia de quem seja a Ana Zanatti e, por isso, as suas experiências pessoais não me interessam grande coisa.

Tendo isto em conta, vejamos este livro que recebi através do BookCrossing: esta escritora/actriz/mulher de mil talentos expõe neste seu livro uma troca de "cartas" (e-mails ou mensagens no facebook) entre ela própria e uma rapariga, estudante de medicina, que tem muitos problemas familiares. Por acaso também se vem a revelar homossexual. Pontua a análise do problema da rapariga, a Joana, com outras mensagens e entrevistas que fez, de outras pessoas com problemas semelhantes.
 
A questão aqui é que, sem desvalorizar de todo o problema da aceitação da homossexualidade, este livro parece mais um diário da Joana do que uma análise concreta desta questão. Dei por mim a desejar uma vida infeliz à pobre Joana, pois ela movimenta-se no seu texto de forma obtusa e infantil, não recebendo ajuda de parte nenhuma sem ser da parte da fantástica Ana Zanatti. Também mistura a história da Joana com o seu próprio diário entre os 11 e os 17 anos.
 
Este diário é outro problema: a escrita é sempre igual, não existindo uma gradação da maturidade da "personagem" de Ana. Assim, o livro que pretende ser um relato super realista do que pode acontecer quando se é um jovem adulto homossexual, acaba por parecer algo inventado, uma pequena fantasia que a autora usa apenas para poder escrever o seu livro..
 
Para mim, Joana não existe. Nunca existiu. O culminar da sua história é tão improivável e conveniente que nos deixa a pensar "porque estivemos este tempo todo a conversar"?

The Shawshank Redemption

The Shawshank Redemption
Frank Darabont
1994
Filme
7 em 10
Sim, eu sei, é um pouco criminoso nunca ter visto este filme. Mas onde estava em em 1994? À espera da minha vez para jogar Magic e a não me deixarem, certamente.

Um homem é, supostamente, preso injustamente e vai para uma prisão terrível, cujo método de reabilitação consiste em violência e na bíblia. Ora, este homem faz imediatamente alguns amigos e, graças à suas capacidades enquanto banqueiro, cria todo um esquema que lhe traz vantagens junto dos guardas e da direcção da prisão.

O grande problema aqui é que, para uma prisão tão horrível, o filme até dá a sensação de que nem é assim tão mau ser um detido. Têm biblioteca e diversão diversa, a violência é relativa. Além disso, os presos são colocados em categorias muito convenientes. "Bichas" horrorosas que nem são humanas, os bons, os maus e não há exactamente vilões. E nesta prisão de fantasia, o culminar do filme - não sendo óbvio - não parece de todo improvável ou complicado.

Apesar dos discursos motivadores (temos de admitir, estão muito bem interpretados), toda iste não verosimilhança com o que seria a realidade faz com que seja mais uma aventura fantástica, divertida é certo, e menos uma história trágica de amizade e libertação.

Os prisioneiros de Shawshank vivem num sítio óptimo, parece-me.

Golden Kamui 2nd Season

Golden Kamui 2nd Season
Nanba Hitoshi - Geno Studio
Anime - 12 Episódios
2018
6 em 10
Uma da segunda seasons mais esperadas da (season) passada, mas que me desapontou bastante. Continuamos a seguir as aventuras e desventuras de um soldado perdido e de uma rapariga da tribo ainu, que andam pela neve em busca de um tesouro e, agora, do pai da rapariga.

Para mim, o grande problema é que a partir da segunda parte da história o foco muda radicalmente para uma história de luta entre os bons e os maus. Todos os aspectos relativos à sobrevivência na floresta, que eram a parte mais interessante da primeira season desaparecem, assim como são introduzidas uma série de novas personagens que não adicionam grande coisa sem ser momentos cómicos que eram, por si só, desnecessários.

Também a animação parece ter piorado um pouco, existindo erros fatais na animação de expressões das personagens. Os seus designs também são progressivamente mais estranhos, até deixarem praticamente de fazer sentido.

Apesar de este novo caminho para a história não ser especialmente do meu agrado, não é um mau caminho e acaba por ter um desenvolvimento curioso e interessante dentro do seu conontexto. Por isso, não fiquei assim tão zangada com este anime e posso dar-lhe uma nota mediana.

Banana Fish

Banana Fish
Utsumi Hiroko - MAPPA
Anime - 24 Episódios
2018
6 em 10
Só agora estou a terminar a season de Outono de 2018, devido a várias razões. Começo precismente pelo anime que gostei mais, uma obra baseada num manga que adoro.

Esta é uma história da máfia e daqueles que vivem e fogem dela. Esta história tem um romance belíssimo, mas também tem muitos horrores e muitas drogas misteriosas. Banana Fish é uma droga que faz com que as pessoas se auto-destruam. Uma equipa inusitada, junta pelos sentimentos mais puros que conseguem desenvolver, irá tentar encontrar a solução e, assim, combater a poderosa máquina da máfia.
 
É um romance trágico, com um final espectacularmente comovente e belo, mas penso que no anime não foi dado suficientemente tempo aos personagens para que se apaixonassem. Assim, os sentimentos que nutrem um pelo outro acabam por soar um pouco falsificados e exagerados, retirando sentido e poder à história.
 
De resto, temos uma animação bastante satisfatória, apesar de algum uso de CG em armas e cenas de acção que me pareceu desnecessário. Os designs mantêm-se puros, embora um pouco modernizados demais para o meu gosto.
 
Musicalmente, fiquei muito agradada com a primeira OP e ED, mas muito desapontada com as segundas, todas popularuchas.
 
Foi uma agradável viagem e, embora o manga seja largamente superior, posso dizer que foi uma boa adaptação.

Haikara-san ga Tooru: Benio, Hana no 17-sai

Haikara-san ga Tooru: Benio, Hana no 17-sai
Furuhashi Kazuhiro - Nippon Animation
Anime - Filme
2017
6 em 10

Um amigo enviou-me o link para este filme, com legendas brasileiras (as segundas a sair, por sinal), pensando que me agradaria. Acertou em cheio, porque este anime faz mesmo as minhas medidas!

Benio é uma rapariga despachada no Japão dos anos 20. Tenciona viver uma vida independente e plena, mas infelizmente a família tem planos diferentes para ela. Tem um casamento arranjado com um rapaz militar filho de uma família muito rica e europeizada e a sua relação não vai ser a mais fácil.

Este é um anime que caracteriza bastante bem a forma de viver no início do século no Japão, quando ainda havia uma mistura dos hábitos ocidentais e orientais muito marcada. Os cenarios são um reflexo disso e sobretudo os designs de cabelos e roupas, que são muito coloridos e originais. Também a história é muito ligada aos acontecimentos da época e está programada de uma maneira muito "70s" (altura do manga): melodramática, trágica mas igualmente recheada de elementos cómicos, com um mistério fascinante que não podemos deixar escapar.

Também as personagens, apesar de bastante simples ao início, vêm a revelar-se detentoras de grande força de vontade e dedicação, mesmo depois dos acontecimentos que vão decorrendo. Quase que fiquei com vontade de fazer cosplay de Benio, mas acho que vou aguardar que ela "fique um pouco mais velha" ;)

Um filme que adorei! Fiquei ansiosa para ver o segundo, que já saiu no cinema mais ainda não em BD. Aguardemos com paciência!

10.2.19

Fahrenheit 11/9

Fahrenheit 11/9
Michael Moore
2018
Filme
6 em 10
Michael Moore volta à carga com um documentário revelador sobre o "estado da nação" americano. Tendo como ponto de partida a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais, Moore mostra o quão corrompido se encontra todo o sistema bipartidário.

Se existe uma coisa excelente neste filme, é que o autor não toma lados nem posições. Não existe uma esquerda direita  ou esquerda contra direita. Existe uma crítica observadora e incisiva sobre todos os que tiveram acções menos éticas, sejam azuis ou vermelhos.

Tanto Trump está na mira de ataque, como Obama não é poupado a críticas.  Partindo de casos reais e terríveis de como os direitos humanos, sobretudo os das faixas sociais menos beneficiadas, são postos completamente de lado, o autor descasca todo o sistema e mostra-nos que as coisas têm urgentemente de mudar.

Uma visão clara, se bem que um pouco paranóica, e um apelo à luta.

 

The Lady and the Unicorn

The Lady and the Unicorn
Tracy Chevalier
2003
Romance Histórico
Da autora da Rapariga com Brinco de Pérola, temos aqui uma outra aventura de romance e paixão que nasce da observação de uma obra de arte. Desta vez a tapeçaria com unicórnios, feita algures na Alta Idade Média, que se vem tornando cada vez mais famosa devido à sua aura de mistério e encantamento.
 
Seguimos as paixões do criador dos desenhos da tapeçaria, que se inspira nas mulheres que conhece e com as quais se relaciona intimamente para pintar as figuras que vão aparecer entre os unicórnios. Uma ideia simples (como colocar esta rapariga na pintura) aliada à figura do unicórnio, com um inuendo sexual muito patente.
 
Infelizmente, não gostei nada do personagem principal, que tem uma carga sensual fortíssima e que não respeita nenhuma das intervenientes na sua vida. As suas atitudes são tão detestáveis que uma pessoa não consegue de todo nutrir um sentimento de interesse por ele, sendo que a leitura do livro se torna um pouco enfadonha graças a ele.
 
Também a observação da tapeçaria fica um pouco aquém do esperado, sendo as descrições pouco vivas e ausentes de cor.
 
Desapontou-me um pouco.