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29.10.17

Confessions of a Mask

Confessions of a Mask
Yukio Mishima
1949
Romance

Yukio Mishima é um dos meus autores modernos preferidos e nunca recuso a leitura de um livro dele. Quando no meu novo grupo de leitura apareceu esta sugestão, pedi imediatamente que me indicassem uma boa tradução para inglês, já que não teria possibilidade de o encontrar na nossa língua. Foi uma leitura que teve tanto de fascinante como de belo.

Kochan, o narrador, usa máscaras. E agora, culpado, se confessa. Que máscaras usa? A máscara da neutralidade, a máscara da indiferença. Uma máscara de normalidade. Uma máscara na sua sexualidade. Mas o narrador vive uma sucessão de sentimentos e emoções que nem ele próprio consegue compreender. Terá, no entanto, de se confinar a estar escondido. Afinal, ele tem horror da sua própria ideia.

Este livro explora o tema da criança enquanto ser inflamável, altamente sexual e muito tétrico e da forma como essa infância incompleta, perturbada e difícil de compreender influenciam a criação de um adulto que, disfarçado de membro perfeito da sociedade, enfrenta dentro de si uma série de demónios de índole sensual e mórbida. O mais curioso disto tudo é que o próprio narrador não consegue distinguir em si o que está certo e errado, não consegue compreender porque razão é que as suas preferências devem ser escondidas, ao mesmo tempo que as reprime de uma forma absolutamente hermética, coisa que não deixa de lhe causar um constante sofrimento e incapacidade de adaptação.

A escrita é poética e muito sensual, com descrições de elementos que muito adicionam a um sentimento de pânico com um toque de melancolia.

Foi uma leitura maravilhosa que recomendo vivamente!

Figure 17: Tsubasa and Hikaru

Figure 17: Tsubasa and Hikaru
Takahashi Naohito - OLM
Anime - 13 Episódios
2001
6 em 10
 
Há algum tempo que não via nenhum anime desta época. Apesar de não ser o meu estilo preferido, temos e admitir que no final dos 90s, início de 00s, era aparente que as pessoas se dedicavam mais à história e ao desenvolvimento de personagem que ao aspecto das coisas.

Tsubasa é uma menina que se mudou para Hokkaido e que não tem muitos amigos. Um dia, vê um alienígena a lutar contra um monstro, sendo que um dos elementos dele se junta a ela para formar a "Figure 17", uma entidade poderosa que poderá lugar contra os inimigos. O elemento transforma-se em Hikaru, uma gémea que a ensinará a viver uma nova vida social em pleno.

O anime é muito interessante precisamente por causa destas partes slice of life em que Tsubasa e Hikaru criam uma relação fraterna e, juntas, conseguem ultrapassar os obstáculos da vida diária de uma criança de dez anos. Os personagens são muito realistas e têm muito de humano dentro deles, sendo que as situações também nos transmitem uma sensação de realidade e ligação à terra que é rara em anime.

As secções de ficção científica acabam, então, por aparecer mais como um doce para o visionante, com boas cenas de animação e boas coreografias, sendo que o pouco que é esclarecido sobre a situação dos alienígenas acaba por ficar um pouco atrás das coisas que realmente são verdadeiras.

Temos uma banda sonora adequada. Os cenários são pouco detalhados, mas existe um cuidado a fazer os montros com uma anatomia plausível. Quanto à animação, como digo, temos momentos de batalha muito bons.

Um anime que me deu gosto ver. :)

Delta de Vénus

Delta de Vénus
Anaïs Nin
1940s
 Contos

Este é um conjunto de 15 contos eróticos escritos na década de 40, por encomenda de um fulano muito rico. Só foram publicados, postumamente, nos anos 70, devido aos conceitos e exploração sexual que neles figuram e que, para o público da altura, seriam demasiado explícitos ou agressivos.

É verdade: são explícitos e agressivos. Pessoalmente, eu não sou a maior fã de literatura erótica de  que há memória. Mas, quando bem escritas, histórias deste género podem ser fascinantes. No caso, as primeiras histórias foram muito interessantes, mas rapidamente cheguei à conclusão de que qualquer acção que os personagens tivessem servia apenas como motivação para uma tórrida cena sexual sem pés nem cabeça e que isso acontece a toda a hora, em todos os momentos e em qualquer lugar. O que se torna bastante aborrecido, numa de "ah, ok, estão outra vez a foder".

O que mais me chocou no meio disto tudo é a visão que a autora tem da própria figura feminina. Nestas histórias, as mulheres têm sempre um papel passivo, um papel de entidade constantemente violada, um papel de pessoa que não pode resistir aos avanços do macho porque não tem controlo do seu próprio corpo, colocando as suas personagens à mercê de situações violentas e terríveis e não lhes dando a possibilidade de decisão ou de fuga.

Ainda assim, existem expressões muito belas que são utilizadas ao longo dos contos e que acabam por tornar a leitura de alguns deles em algo muito agradável, apesar de pouco excitante devido ao poder do choque.
 
 

Iberanime OPO 2017

Iberanime OPO 2017
Evento
Há uma série de anos que eu não ia ao Iberanime do Porto! Desta feita, decidi testar as águas do famoso concurso CWM. :) Hoje é dia de vos contar a história tragicómica da minha viagem solitária aos confins da pronúncia nortenha!

Tudo começou...

Com a minha inscrição para o concurso. Ora bem, o meu plano, para poupar tempo e dinheiro, seria viajar de propósito para o Porto de avião e regressar no mesmo dia. Portanto, inscrevi-me atempadamente no concurso para conseguir os bilhetes mais baratos. Infelizmente, o problema começou logo na comunicação: quando recebi a confirmação da inscrição, não recebi qualquer tipo de informação relevante. Apenas uma nota de agradecimento pelo meu interesse. Não vai de modas, a Je liga para lá para falar com o Senhor António Paisana, que estaria encarregado deste concurso.

Foi um telefonema engraçado que me revelou a dimensão imensa dos escritórios do Iberanime. O Sr. Paisana ficou um pouco baralhado por eu lhe ter telefonado, mas deu-me as informações que necessitava. A verdade é que eu tinha muito medo que não me aceitassem a inscrição, depois de um pequeno filme de que fui vítima na primeiríssima edição deste concurso (já contei a muita gente e, é sempre engraçado :p ). Logo, logo, fui marcar a viagem para apenas descobrir que a Ryuanair reduziu na totalidade os seus vôos e não têm mais nenhum vôo nocturno entre Lisboa e Porto. Assim, ficou decidido que voltaria de comboio assim que me despachasse.

Muito mais tarde, recebi um e-mail de confirmação com o horário das actividades que estabelecia que lá teríamos de estar às 8 da manhã para ensaiar. Foi necessário mais um momento de comunicação com o Sr. Paisana, pois o meu avião não aterraria de todo por essa hora.

Depois de tudo alinhavado, restava apenas pegar na minha pessoa, na minha bagagem de mão e nos meus peludos sovacos e apanhar um Uber até ao avião.

Depois...

Adormeci no avião. À chegada, apanhei outro Uber para o Pavilhão Multiusos gde Gondomar, em que o motorista fez questão de xeretar sobre o que era o evento e para que é que eu lá ia, etc. Foram as minhas primeiras vezes a viajar de Uber e fiquei muito satisfeita com o serviço. Não só é mais barato que um táxi, como os motoristas (aparentemente) não são taradões como não há problema com dinheiros e trocos e afins. Para além disso, eles aparecem logo que a gente os chama e ´+e muito prático desde que seja internet.

Lá chegada, deram-me a credencial e mostraram-me o caminho para o backstage. O ensaio estava marcado para ser até às 10:30, pelo que estava bastante satisfeita por ter chegado a tempo! Troquei de sapatos para os meus saltinhos dourados e fui ensaiar. Mas... Os ensaios já tinham terminado! Mais uma vez, marcam um intervalo de horas e decidem terminar tudo quando toda a gente que já está presente termina, chamando os outros de "atrasados" (mentais?). Ora, eu tinha avisado muito especificamente que me ia atrasar, sendo que até tinha um contacto telefónico no caso de ser necessário avisar de mais coisas. Cheguei lá à espera que Às 9:45 ainda fosse um horário conveniente para o ensaio, já que estava marcado até às 10:30. Desta vez não fui eu que fui disléxica numericamente. Está escrito no mail que nos mandaram!

Enfim, deixaram-me ensaiar na mesma, mas não deu para combinar nada sobre luzes e afins porque o jovem que tomava conta das luzes (um jovem alto e africano, segundo me disseram) tinha desaparecido em combate. Felizmente eu tinha enviado uma lista de iluminações e efeitos de palco que queria, mas não sei se aconteceram ou não porque ainda não vi qualquer vídeo da minha coisita.

Depois, passeei um pouco pelo evento, que ainda estava quase todo encerrado ao público, com as bancas ainda em preparação.

O espaço deste evento não deixa de ser, de certa forma, uma opção infeliz. Tem um pé alto muito grande que causa muito eco e ruído e a organização do espaço é estranha em absoluto. Na verdade, os espaços estão divididos de uma maneira que muito revela a falta de actividades que existem este evento. No centro, lojas e lojas de coisas inúteis: tudo acerca do anime da season do momento, acerca do memé geek do momento e de coreanos aos beijos. Nada old-school, nada de banda desenhada, nada que se distinguisse da normalidade. O próprio Mário da Kingpin revelou que não trazia nada de banda desenhada "normal" porque neste evento não valia a pena!Isto, para mim, é realmente muuuuito estranho. D:

Uma microscópica secção de gaming sem nada de realmente interessante (mas ainda não foi desta que experimentei a realidade virtual) e em volta, um espaço circundante, os artistas (que são bons artistas) e algumas bancas de coisas tipicamente asiáticas.

Em termos de alimentação, bastante incompleto, se bem que desta feita havia alguns doces típicos Japoneses que nunca tinha visto em outros eventos, o que foi uma coisa muito boa!











Depois desta voltinha, vesti o meu fatinho e aguardei nos camarins. Foi-nos informado que não poderíamos sair de cosplay para o evento, para "não estragar a surpresa". Ora, eu acho isto absolutamente anti-produtivo: se o público vir os cosplays a concurso a cirandar por aí, terão mais vontade de ir ver o concurso! É a oportunidade de conhecerem os cosplayers, escolher os seus favoritos, vibrar por eles e tornar o concurso muito mais interactivo. Portanto, pensem nisso para uma próxima vez!

Nos camarins encontrei uma série de pessoas conhecidas e amigas, todas de extrema simpatia ebeleza. Lá estivemos (fartei-me de cantar sozinha) a trolitar umas com as outras, de forma a ocupar este vazio no espaço tempo que era a espera entre a vestimenta e o concurso propriamente dito.

A melhor parte foi que consegui tirar uma foto com a Yaya Han, que era uma das convidads do concurso! Disse-lhe uma coisa que sentia há muito: apesar de todas as coisas horríveis que dizem sobre ela, RESPECT! Ela disse que eu era "so cute" e morri! ;___; E ficou muito espantada quando lhe disse isto, acedendo a tirar a foto. :)



Também tive a oportunidade de falar um micro-bocadinho com a Neeko, que não pescav a nada de Inglês. Uma miúda um bocadinho esquisitóide, mas simpática. :) 

Finalmente, portanto, chegou a hora. Falemos do...

Concurso Propriamente Dito

Descobri no próprio dia que este concurso teria um pre-judging. Fiquei logo chateada: se o souvebsse teria levado um fato um pouco mais decente (mas que ainda assim fosse fácil de transportar). Dizem "ah, é normal que nestes concursos haja pre-judging", mas no meu tempo - que é o da Maria Cachucha - não havia.

Enfim, estive a falar à porta da sala dos julgamentos com a organizadora, revelando-lhe que na verdade eu não vinha para este concurso com um espírito altamente competitivo. Vinha só para experimentar e fazer as pessoas divertirem-se um pouquinho, né? :) Um rapaz estava na mesma situação que eu e, curiosamente, ele lembrava-se de mim de um concurso de 2012, no Porto! Ao tempo que isto já foi, oh céus!!

Na salinha dos julgamentos, estavam quatro jurados: a Neeko, o amigo da Neeko, uma rapariga e um rapaz da escola de moda do Porto. Foi este que falou mais, sendo que me deu algumas dicas muit úteis para futuros cosplays. Infelizmente, tivemos de falar em Inglês, o que torna tudo muito mais complicado logo à partida.

Após mais algum aguardo, dirigiram-nos para o backstage. Passámos por TODO o evento de cosplay! Então e o conceito de que se nos vissem já não ia ser surpresa? :3 No backstage havia quadradinhos com os nossos números (eu era o 6) e deram-nos garrafinhas de água. Lá estivemos a ouvir azeite coreano aos berros: é algo que continua a supreender-me, a paixão que a população tem por estas músicas. Transcende-me na totalidade, mas enfim, eu já sou a kota neh...

Quanto aos skits, não pude ver nenhum deles. Apenas sei o que ouvi no backstage e as luzes e, por elas e tendo em conta os fatos, as vencedoras foram mais que merecidas! Achei apenas que o rapaz que ganhou o prémio da escola de moda (para mim o melhor deles todos e o que eu queria para mim!) ficou com um ar de extremo desapontamento na sua face, o que me deu vontade de lhe arrancar o cheque das mãos e fugir dali aos gritos com os bracinhos no ar, muahahaha. Mas como isso é, além de ilegal, pouco delicado, resta-me desejar que - POR FAVOR AMIGO - o jovem aproveite bem o prémio. <3

Quanto a mim, tentei fazer um skit um pouco diferente, um pouco mais populista, usando uma música que toda a gente conhece e poses que toda a gente conhece. Senti-me um pouco incompelta e aborrecida, porque realmente o skit não tinha nada de teatral, especial ou sentimental além de um grande amor pelas Navegantes da Lua. Mas pareceu-me que toda a gente gostou e bateu palminhas, coisas que me trouxe grande alegria e pela qual vos agradeço IMENSO! <3 <3 Gostava era agora de ver a minha figura, pelo que se alguém tiver o vídeo e fizer a fineza de mo mandar eu ofereço em troca um piparote no nariz. :)

Finalmente...

Fui tirar o fato (estava toda pegajosa) e fui dar umas voltitas pelo evento. Comprei algumas coisinhas nas bancas dos artistas (que são bons artistas), das quais não tirei foto mas que irei enumerar:
  • Um chikorita de peluche para dar a um bebé que eu vou conhecer
  • Um pin com um cão, ganho numa rifa
  • Um bloquinho com uma família de pássaros
  • Uma comission de um desenho do Joker, que dei ao Qui
Adoro todos estes meus novos objectos, yay!

Já que falamos dos artistas (que são bons artistas), fiquei com uma questão interna... É verdade que as miúdas de agora se excitam com fanart de pessoas QUE EXISTEM, a fazer coisas indecentes? Creepy..... Mas, sei lá, a gente no nosso tempo também era assim, acho eu, lol

Nas voltitas, encontrei uma banca com umas pessoas muito simpáticas que faziam uma mini-sessão de reiki grátis. Aproveitei! Nunca tinha feito e foi realmente muito relaxante. A senhora que me fez a sessão disse que, por várias razões, se ia focar mais na minha cabeça. E a verdade é que, eu estando de olhos fechados e não sabendo o que se passava, fui sentindo as dores de cabeça e o pesotodo do corpo a descer para os pés! Portanto, ficou a doer-me os pés ainda mais do que já doíam...  Mas a senhora disse que era uma coisa boa, que estava tudo a "enraizar"... Acho que vou ter de experimentar outra vez! =D

Também aproveitei para lanchar um Taiyaki, alimento que sempre quis provar (aquele pastel que é um peixinho), mas não me soube tão bem como estava à espera... Era só massa de fartura em forma de peixe! :(



No meio tempo, fiz a parte mais importante! Tirei as vossas....

FOTOFOTOS









 É um nabo!!



 Oh deus, como o teu fato é tão mais lindo que o meu! :o







 Fiquei histérica com este!!






Em conclusão

Apanhei o autocarro do Iberanime até Campanhã para apanhar o meu comboio. Foi aí que desciobri quão grande foi a minha estupidez ao ir e voltar no mesmo dia... O comboio que eu queria apanhar estava esgotado e só saí do porto às 19:52! Cheguei tardíssimo e isso causou-me grande sofrimento, sobretudo porque tive de ir trabalhar no dia seguinte...

De resto, apesar de ser um evento grane, este IBeranime tem muitas falhas, sobretudo porque é um evento muito incompleto: mais um supermercado do anime da season do que um sítio com actividades para uma pessoa se entreter. O concurso foi fixe, no entanto: muito bom ambiente, toda a gente na boa e um nível competitivo simples e agradável. E gostei imenso de fazer o meu skit e que toda a gente se tenha divertido com ele!

Acho que para o ano vou tentar de novo, hihihi!

20.10.17

Yuri Kuma Arashi

Yuri Kuma Arashi
Ikuhara Kunihiko - Silver Link.
Anime - 12 Episódios
2015
5 em 10

Este anime foi criado e realizado por um senhor que conhecemos bastante bem de excelentes trabalhos, nomeadamente Revolutionary Girl Utena. Este anime segue-se numa linha semelhante em termos simbólicos mas acabou por ser uma experiência desapontante.

Neste universo, os seres humanos conviviam normalmente com ursos. Mas os ursos tornaram-se selvagens e agora as estudantes de uma escola dedicam-se a destruí-los. Duas raparigas, apaixonadas amantes, ingressam nessa escola. Mas o reino dos ursos ainda tem muito para revelar.

Para mim, o problema principal deste anime é que, até muito tarde, ele não se leva a sérrio, sendo uma sucessão de cenas lesbo-eróticas que, de uma forma ou de outra, terminam sempre com as raparigas a lamber-se umas às outras. O simbolismo existente é inconsequente porque não existe uma base de caracterização narrativa ou de estrutura de personagem que a suporte, acontecendo precisamente o contrário: os símbolos é que tentam transmitir a evolução da história, sendo eles mais importantes que esta.

No episódio final tudo isto se junta e acabamos por ter uma excelente conclusão, mas até lá não existe nada que nos cative neste anime, a menos que tenhamos uma necessidade intrínseca de ver miúdas a lamberem-se.

A arte está bastante capaz, sendo que os designs das personagens são muito simpáticos e cativantes e temos, em alguns episódios, algumas cenas bastante surrealistas em termos de mistura de formas e cores. As cenas de acção existentes não têm uma animação espectacular, apesar de funcionarem.

Musicalmente, temos uma banda sonora bastante fraca, da qual se distingue apenas a OP.

Um anime um pouco estranho, que não apreciei devidamente.

O Príncipe

O Príncipe
Nicolau Maquiavel
1532
Teoria Política

É raro encontrar livros tão antigos que continuam a ser lidos nos dias de hoje e, sem dúvida alguma, a influenciar as actividades políticas de muitos líderes mundiais, que nele se baseiam como inspiração para a sua tomada de decisão.

Maquiavel ensina a um jovem príncipe italiano o que é, na verdade, ser um príncipe. E, com isso, acaba por explorar todos os temas políticos que envolvem a governação de um território. Quando nso referimos a "maquiavélico", falamos de algo malévolo, com consequências nefastas. Mas Maquiavel apenas deseja o melhor para o seu príncipe, mesmo que isso não seja uma coisa boa para aqueles que vivem debaixo do seu poder.

No fundo, Maquiavel indica que em qualquer ocasião devemos apenas confiar em nós próprios, estabelecer-nos nas áreas conquistadas e conquistar o povo, soldados e corte através de uma violência ponderada, que por vezes pode parecer terrível mas que é sem dúvida necessária. Impressionou-me, por exemplo, "para dominar o povo deves destruí-lo ou tirar-lhe os bens, sendo que esta opção é a melhor pois um homem esquece mais rapidamente a morte de um pai do que a perda da sua propriedade".

Este tipo de sentimento pode, hoje em dia, ser considerado desactualizado: nos dias de hoje, penso eu, há uma maior valorização da vida colectiva de um povo, sendo que a sua destruição, considerada inumana, tornaria o príncipe moderno num inimigo da humanidade como um todo.

Uma excelente leitura que muito nos ensina sobre a própria natureza do que é governar.

Turning Girls

Turning Girls
Otsuka Masahiko - Trigger
Anime - 7 Episódios
2013
5 em 10

Um animezinho que se vê em meia hora. Afinal, são sete episódios com cinco minutos cada um!

Fala, de maneira um pouco inespecífica, de quatro raparigas que estão num ponto de viragem da sua vida. Quase nos trinta anos, sem ainda terem conseguido cumprir com os seus objectivos, as únicas coisas que as podem aliviar são aquelas que lhes causam algum tipo de diversão.

Por um lado, este anime é bastante original por falar de um tema e de uma demografia pouco usuais no mundo da animação japonesa. Mas o valor de produção mínimo acaba por não ajudar muito e, apesar de as história e personagens estarem bem feitas e serem cativantes, o anime não consegue nem nunca pode vir a ser bom. No entanto, penso que o anime faz um bom trabalho em admitir isso logo ao início.

Há aqui toda uma aura de comiket e doujinshi, como se esta animação não tivesse sido feita por um grande estúdio mas sim pelas próprias raparigas intervenientes no anime, nas suas casas.

Não se perde nada em vê-lo!

Big Fish and Begonia

Big Fish and Begonia
B&T
Filme
2016
7 em 10

Este é um filme de animação chinesa e a minha primeira experiência com animação deste país. Tem também produção coreana e japonesa e quase se pode caracterizar como anime.

No início, todas as pessoas eram peixes. Agora, são peixes que nadam por todo o mundo em busca de alguma coisa mais. No entanto, existe um outro mundo: o mundo dos seres que controlam a natureza. E as pessoas desse outro lugar têm de passar, aquando o seu décimo sexto aniversário, por um ritual em que visitam, sob a forma de golfinhos vermelhos, o mundo dos humanos e aprendem sobre ele. Uma rapariga, no entanto, sofre um acidente, sendo que é salva por um rapaz humano que morre no processo. Arrependida, ela fará tudo o que estiver ao seu alcance para lhe devolver a vida, mesmo que isso possa causar uma situação caótica no mundo da magia.

Este é um filme que nos mostra muito da cultura chinesa e do imaginário bestial deste país. Os designs são maravilhosos, curiosos e surpreendentes, sendo que existe um cuidado e atenção ao detalhe que em cada cena recebemos uma nova surpresa. Fique a nota que quero um daqueles rabos voadores! Também a aniamção está muito bem conseguida, com cenas de acção muito dinâmicas e com recurso a técnicas muito modernas, com uma mistura entre os elementos e os cenários que tem um resultado muito agradável à vista. Fique apenas a nota para o abuso de elementos digitais que estão muito desadequados, na medida em que nã se conseguem integrar com o resto dos cenários.

Se a história é muito simples, com personagens eficientes mas sem uma caracterização muito profunda, as acções dos personagens dentro deste universo levam-nos para sentimentos de pura magia e fascínio.

Já a música, perfeitamente adequada, adiciona muita emoção a cada uma das cenas. No entanto, enquanto peças singulares, não há nenhuma das músicas que me chame a atenção.

Gostei muito deste filme! Muitas boas coisas virão aí da China, certamente!

18.10.17

Blade Runner 2049

Blade Runner 2049
Dennis Villeneuve
2017
Filme
7 em 10

Trinta anos depois do Blade Runner original, vamos ao cinema para ver uma sequela que nos mostra a vida neste universo perdido no pó, também três décadas após o que aconteceu no original.

Agora, os replicantes mal fabricados são perseguidos e eliminados por outro tipo de Blade Runners: androides que funcionam perfeitamente e que foram fabricados por uma nova empresa que domina a terra devido à sua tecnologia de alimentação artificial. Neste filme seguimos a busca pela identidade de K, um androide sem nome, apenas o seu número de série, que após destruir um replicante muito antigo encontra algo que não devia dentro de uma caixa.

Novos conceitos nos são apresentados: para começar, os androides sem defeitos. Depois, alguns eventos como um grande "apagão" que destruiu todos os dados há muito tempo atrás. Tendo isso em conta, viajamos pelo mesmo tipo de cidade, atormentada por anúncios e publicidades invasivas, atormentada por uma identidade que se divide entre o que é real e humano e o que é a alma do andróide.

Quando vi o filme, não gostei muito de algumas partes, nomeadamente do argumento. Achei que foi forçado relativamente às personagens (note-se que eu lembro-me muito melhor do livro do que do primeiro filme) e que, por isso, não fazia muito sentido dentro do contexto. No entanto existem alguns elementos que, numa segunda análise, são preciosos: a relação do andróide com a sua inteligência artificial de estimação, o valor das memórias falsificadas... Tudo isso nos leva a que possamos explorar conceitos de identidade e da definição do que é realmente a humanidade. Não gostei da dica para a sequela, que tem todo o ar de vir a ser um filme de acção descerebrado. No entanto, o final ambíguo também nos dá um certo alívio.

Outro aspecto que não apreciei foi o uso e abuso de efeitos digitais. Estão, realmente, muito bem disfarçados. Mesmo muito bem. Mas da chuva à neve, não há maneira de dizer que não são falsos. De todos os modos, é um filme contido, com cenas de acção apenas utilizadas nos momentos chave, rápidas e eficientes.

Os actores fizeram todos um excelente trabalho, embora a caracterização física dos androides seja estranha, pois estão estruturalmente demasiado ligados à humanidade. A banda sonora não é de todo tão intensa como a do primeiro filme, sendo utilizada de maneira errática e, muitas vezes, induzindo as emoções do espectador em erro.

No entanto, é um filme que vale a pena ver, sobretudo para aqueles fãs do primeiro.

Gals!

Gals!
Fujii Mihona
Manga - 40 Capítulos/10 Volumes
1999
  4 em 10
 
Os pequeninos sobreiros que me acompanham há mais tempo, saberão que em tempos li o terceiro volume deste manga, para o qual cheguei a fazer um comentário. Na minha decisão de tornar Plan to Read todos os mangas e novels que tinha empatados, chegou a altura de ler os dez volumes por inteiro.

Não poderia eu ter ficado mais horrorizada. Vejamos:

Kotobuki Ran é uma GAL, palavra que - na época - definia as moças que se vestiam de maneira histericamente vistosa. Também uma palavra para "prostituta". Ora, Ran é efectivamente histericamente vistosa. É precisamente em Ran que o manga falha em todos os aspectos.

A história mostra-nos a vida diária das Gals de Shibuya, que por sinal estão quase todas na mesma escola e que, por sinal, tem o seu interesse resumido a ir às compras, salvar pessoas em apuros e desesperar sobre namorados. Parece uma vida adolescente perfeitamente normal, excepto pelo facto de que estas adolescentes são as personagens mais insuportáveis que vi nos últimos tempos. O seu diálogo é, como dizem os brasileiros, "abobrinha". Só abobrinha. Nada do que elas dizem tem interesse, valor ou consequência. Tudo acaba bem em todos os momentos. Estas raparigas, sobretudo Ran, não têm qualquer tipo de objectivo nem rumo na vida, sem ser o de "divertir-se até ao fim, porque somos jovens". Também a sua história pregressa, embora a autora a tente desenvolver, peca por falta de realismo e por forçar situações demasiado trágicas para que o leitor se sinta emocionado por elas.

A arte, que eu achava fofa, é na verdade pouquíssimo detalhada. As caras são todas iguais e muitas vezes é difícil de distinguir as personagens quando a autora usa sombras diferentes do habitual para os cabelos. As roupas, que deveriam ser uma parte integrante e muito importante deste manga, aparecem pouco acentuadas e não há qualquer tipo de apontamento ou referência a estas pelos intervenientes da história.

Todo este manga falha por tentar cativar uma adolescente que nunca existiu em mim. Se calhar só sou eu, apesar de tudo. Mesmo assim, não conseguiria recomendá-lo a ninguém.

15.10.17

Guardiões da Galáxia Vol.2

Guardiões da Galáxia Vol.2
James Gunn
Filme
2017
7 em 10

Repare-se que nunca vi o primeiro filme. O Qui prometeu-me que não seria difícil compreender este sem ver o anterior.

Os Guardiões da Galáxia são um grupo de aventureiros do espaço que, mais uma vez, se metem em problemas. Um deles encontra o seu pai perdido, um alienígena que o deixou na Terra, sendo que descobrimos que se trata de EGO, o planeta humano. Vão ter de encontrar uma solução apra que o universo não seja destruído na totalidade.

Para além disso, é um filme que se esforça por abordar as relações familiares e de amizade entre os personagens, com uma forte componente moral no respeitante a este assunto.

Filme muito divertido, cheio de pequenas piadas e auto-referências que só funcionam dentro do contexto. A parte mais espectacular são sem dúvida os efeitos especiais, que têm uma animação bastante realista e muito detalhada, com um valor de produção sem dúvida excepcional. Também a banda sonora tem imensos elementos referenciais e conjuga-se muito bem com as batalhas que vamos encontrando.

É entretenimento leve, muito divertido, sem grandes qualidades mas também sem nenhum especial defeito. Filme pipoca para pipocar. Pipoquemos.

13.10.17

The Suicide Club

The Suicide Club
Robert Louis Stevenson
1878
Contos

Juntei-me a um novo grupo de leitura que todos os meses irá propor um livro novo para petiscar. O primeiro que votámos foi este (votei nele porque o nome parecia interessante). É um volume que consiste em três contos de dimensões moderadas, todos interligados através das suas personagens.

A ideia inicial é realmente muito engraçada: dois amigos, muito ricos e poderosos politicamente, disfarçam-se para ir a sítios. Vão parar ao "Suicide Club", um clube de suicidas. A ideia de que este tipo de lugar poderia existir e o seu método de funcionamento são muito originais e uma fortíssima crítica social dentro da sua época. As personagens estão construídas de uma maneira tanto ácida como cómica, sendo que as suas atitudes, boas ou más, trazem sempre algum tipo de preversidade.

Agora, a partir da segunda história devo confessar que me senti um pouco confusa. A verdade é que todas as histórias estão ligadas de certa maneira, mas para quem não tinha uma expe3ctativa sobre isto a leitura acaba por se perder um pouco, já que o autor retira o foco inicial e dirige-o para outros lugares de que ninguém estava à espera.

Infelizmente a edição que li (e-book) era terrível, mas foi um livro que me deu gosto. :)

No Vazio da Onda

No Vazio da Onda - Trio e Quarteto
Robert Louis Stevenson
1894
Romance

Deste prolífico autor havia apenas lido a famosíssima "Ilha do Tesouro", pelo que nunca esperei voltar a encontrar-me com ele. Este livrinho revelou-se, infelizmente, uma chatice sem fim.

Nas ilhas do Pacífico existem muitos europeus que estão perdidos e querem voltar para casa. São criminosos, apátridas que não vêm maneira de sair das ilhas que tanto os aborrecem. Um dia, após várias conversações, um conjunto deles rouba um navio, tendo por base um grande esquema com condições monetárias favoráveis que envolve garrafas de champagne.

No trio vemos como estas pessoas se perdem no mar e o quão irresponsáveis são com a bebida. No quarteto, chegam finalmente a uma ilha, onde um misterioso europeu bem qualificado lhes apresenta a opção de redenção, apesar de os outros o quererem (e tentarem) matar.

O problema aqui não é tanto a história nem o tema, mas a forma como tudo está escrito. Os personagens são todos detestáveis e, por isso, é muito desinteressante ver o que eles estão a fazer, sendo que a maior parte do livro é isso. Também o ritmo da narrativa é demasiado lento e sem acções de grande consequência.

A sorte é que é muito pequeno.

Mobile Suit Gundam - Confrontation

Mobile Suit Gundam - Confrontation
Yoshiyuki Tomino
1981
Light Novel
 
O último volume da novel de Gundam! E a prova final de que o anime é completamente diferente. Na verdade, uma versão muito infantilizada dos acontecimentos.

Aqui, os personagens correm realmente risco de vida. E finalmente percebemos o que é realmente um NewType. As suas acções estão muito mais condimentadas com detalhes pessoais que dão toda uma dimensão emocional à história, sendo que as consequências das acções, os acidentes, as descobertas,, tudo isso contribui muito para a nossa percepção do que é a guerra no espaço.

Noutra nota, a intriga política é altamente detalhada e muito atemorizadora, pois ficamos a conhecer um pouco das mentes perversas dos que estão por detrás das grandes tragédias. A famílçia Zavi é apresentada de forma muito mais aberta, sendo-nos possível participar activamente nos seus dramas internos e naquilo que significam para o desenvolvimento das batalhas.

Desapontou-me um pouco o final, que me pareceu muito apressado e pouco detalhado.
 
Mas, no geral das três novels, gostei imenso de ver esta versão desta história de que tanto gosto! 

Mobile Suit Gundam Thunderbolt 2nd Season

Mobile Suit Gundam Thunderbolt 2nd Season
Matsuo Kou -  Sunrise
Anime OVA - 4 Episódios
2017
  6 em 10
 
Depois da primeira season de Thunderbolt, surgiu-me agora a oportunidade de ver a sua continuação.  Desapontou-me um pouco.

Desta vez vamos lutar, na eterna guerra entre Zeon e a Earth Federation, no próprio planeta terra. Este tipo de terreno dá azo a uma série de batalhas muito interessantes em que, numa das raríssimas vezes neste franchise, descobrimos que o Mobile Suit Gundam propriamente dito não é, de tpdp,. invencível e super-poderoso: também tem os seus calcanhares de aquiles.

A animação está tão boa como na primeira season e é-nos apresentada alguma maquinaria nova que é muito interessante de observar no seu espaço ideal. Também a banda sonora tem o brilhantismo a que fomos habituados. Aliás, recomendo vivamente a que tirem a banda sonora para a ouvirem com atenção, porque vale mesmo a pena!

No entanto, esta aparece como uma season de transição. Temos alguns personagens novos que são introduzidos, alguns elementos que não existiam no original mas que talvez possam vir a ser utilizados de maneira interessante, mas a reviravolta que acontece é muito ambígua e deixa-nos com água na boca para uma continuação.

Nesse aspecto, achei este anime bastante incompleto e, como estância individual, não o recomendaria. Veremos o que virá daí.
 

The Reflection

The Reflection
Nagahama Hiroshi - Studio Deen
Anime - 12 Episódios
2017
5 em 10

Outro anime da season que termina. Esta é o tipo de série que começa com uma premissa muito interessante mas que se perde completamente dentro do seu próprio conceito. Inspirada de maneira um pouco rígido na tradição do comic americano, distingue-se sobretudo por ter um design bastante diferente do habitual.

Ora, um dia na vida destas pessoas, acontece algo estranho: The Reflection. A partir daí, algumas das pessoas ficam com super-poderes, sendo que subitamente se vêm perseguidas por uma terrível organização. Isto é estranhamente semelhante a um certo comic americano, não é? O anime segue a vida deste conjunto de pessoas que são super-heróis, confrontando-as com diversas situações que têm tanto de fascinante como terrível. Mas a sucessão de acontecimentos acaba por facilmente previsível para quem tenha o mínimo de noção da estrutura da banda desenhada referida.

A arte é curiosa ao início, pois os designs estão muito ocidentalizados, assim como todo o sombreamento e cores. Temos a sensação de estar realmente a ler uma banda desenhada, pois os temas utilizados são muito reminiscentes desta, quer nos personagens quer nos próprios cenários. A animação não é, no entanto, extraordinária, sendo que o nível de produção não é especialmente notável.

A música é interessante, sobretudo a ED, sendo a banda sonora discreta mas, ainda assim, bastante eficiente.

Talvez este seja um bom anime introdutório ao universo da animação japonesa mas, fora isso, não lhe encontrei grandes qualidades.