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30.1.12

Ai no Kusabi

Ai no Kusabi
Akiyama Katsuhito - AIC
Anime OVA - 2 Episódios
1992
9 em 10
 Review original aqui: http://myanimelist.net/forum/?topicid=391775&show=0#post2

Deixem-me começar por dizer que nunca nomeei Ai no Kusabi. Nunca pensei que gostassem dele, se não pela razão óbvia, porque é antigo e não passou o teste do tempo. No entanto, eu amo este OVA e penso que merece um lugar de qualquer forma. Ai no Kusabi foi a minha primeira interacção com o conceito de "yaoi" (agora, BoysLove) e introduziu-me a um novo conceito de relação na literatura e anime. Tenho orgulho por ter sido introduzida por Ai no Kusabi. É um trabalho essencial e um clássico, não só em BL mas no anime em geral. É bom.

No resto do meu post vou fazer os meus melhores esforços para vos convencer a pelo menos vê-lo, apesar de não acreditar que a maioria de vós vá votar "sim".

Antes de mais vamos situar Ai no Kusabi no tempo e no espaço. Tempo são os primeiros 90s. Espaço é Japão. Este OVA foi o primeiro a incluir cenas de sexo homoeróticas em anime. Isto parece ser irrelevante, mas nos 90s japoneses, onde as mulheres começavam apenas a ganhar o seu espaço como demografia, isto foi certamente uma revolução. Pela primeira vez na indústria do anime existe pornografia para mulheres. De repente, um novo mundo estava aberto para ser explorado. E é como se a presença feminina tivesse ganho algum crédito nesta indústria. Tanto a nível económico como social, Ai no Kusabi tem um papel muito importante. Este OVA é a base de todo o género. Tudo seria diferente se Ai no Kusabi não tivesse aparecido quando apareceu e com a apresentação que teve. Tivémos BL antes, com Kaze to Ki no Uta. Mas agora temos gráficos. Agora admitimos que podemos fazê-lo. Não existe mais tabu.

Agora vamos falar do anime em si. Para tornar as coisas mais simples vou usar a fórmula do PO e desenvolver um bocadinho de cada elemento deste anime. Se tudo correr bem, as coisas vão ser um bocadinho diferentes do que estão à espera. :)

Animção

É claramente o pior desta produção. Vamo-nos situar de novo: princípio dos 90s. As técnicas são as medianas dessa época. Os designs de personagens são desactualizados e, na nossa perspectiva moderna, feios. Porque é gostávamos de gajos musculados em t-shirts de vinil nesse tempo é um mistério. Temos de considerar que este OVA foi baseado numa Light-Novel. O essencial dos designs é baseado nas ilustrações dos livros, mas - de certa forma - são mais apropriados ao ambiente e estilo do mundo circundante. No OVA temos realmente homens contra homens, enquanto que as ilustrações frequentemente mostram toda-a-gente-menos-os-Blondies com características infantis e magricelas. Fizeram bem em fazer de Riki um gajo giro, mas fizeram ainda melhor em fazer toda-a-gente-menos-os-Blondies bastante normais. Esta gente não viveu uma vida abençoada e protegida e o seu aspecto reflecte isso. E, já que falo disso, todo o design e cores usadas nos fundos são muito apropriados e caracterizam perfeitamente o ambiente deste anime. Tudo é escuro e cruel. As poucas cenas com mais cor são irónicas, pois mostram Minos e a indústria dos pets (que são, não interessa como olhamos para elas, bastante perturbadoras). Em resumo, a arte e animação são desactuaçlizadas e medianas, mas são essenciais na caracterização da história e do mundo. E, para ser honesta, prefiro algo que se integre com as outras partes do anime do que uma produção toda avant-garde que só funcione sozinha.

Som

A música não é memorável, mas apropriada. O que interessa aqui são os actores de vozes. Provavelmente nenhum destes actores tinha experiência a dobrar cenas de sexo. E fizeram um belíssimo trabalho. São muito bons actores e as suas vozes foram muito importantes para o estabelecimento do OVA de Ai no Kusabi como um clássico entre os fãs de BL (e no geral, digo mesmo mais). As vozes ajudaram muito na caracterização.

Personagens

Como sabemos (ou devíamos saberl), BL, shounen-ai, yaoi, o que quer que lhe chames, está centrado à volta do desenvolvimento das personagens e das relaões. No caso de Ai no Kusabi isto atinge proporções muito interessantes. Ignorando os personagens secundários (que, para ser muito honesta, estão apenas delineados no OVA, apesar das suas acções serem muito importantes para o desenvolvimento da história e dos personagens principais) devemos focar-nos em Iason e Riki. Vou começar por dizer que não devem ser iludidos pelas aparências. Atrás da imagem de S&M e da relatividade de Seme/Uke há muito mais que fanservice. Nem precisam de ler a Novel para perceber isto, só precisam de olhar para trás da cobertura do cliché.

Aparentemente, Iason é apenas um maníaco sádico que se apaixona pelo seu objecto. Na realidade, a verdade é que Iason não tem nada de sádico nele. O que ele faz ao Riki não é realmente a busca de uma qualquer perversão sexual. De facto, a sua obsessão não é de todo sexual. Ele está obcecado em dominar Riki de uma maneira psicológica. Riki é, de todas as maneiras, inferior a um Blondie. No entanto, ele não age como inferior. O seu comportamento é errático e estranho da perspectiva do Blondie e Iason precisa de controlar isso, para seu próprio bem, para garantir que ainda é superior. Por isso, Iason "domestica" Riki. "Domesticá-lo" significa reeducá-lo para obedecer e se comportar como inferior, tanto socialmente como mentalmente. Por isso Riki é transformado num pet, que é a pior forma de vida que existe neste mundo. Por isso é que é atacado sexualmente repetidamente. é só para o humiliar e para garantir que ele sai a saber o seu lugar.

E Riki, não é o vosso uke típico. De facto, isto é o que modernamente consideramos um "sekke", um uke que se comporta como um seme ou, melhor, um seme que funciona como a parte de baixo. Tem uma personalidade dura, é teimoso, é forte. Entrou na situação de ser um pet por acidente, por erro, ele não quer estar ali e ele não aceita o seu destino. Mesmo sendo maltratado e violado, os seus olhos nunca mostram um sinal de submissão e a sua personalidade nem sequer se mexe.

E assim temos duas personalidades fortes agarradas por correntes de obsessão e dominância. Esta relação começa complicada e desenvolve-se por todo o OVA. Quando Riki é mandado de volta para o bairro de lata, Iasson compreende que não pode esquecer o facto de que ainda não ganhou a luta. E, de volta aos seus amigos e amante, Riki não pode esquecer o que aconteceu no seu cativeiro. De facto, ele tem uma bonita recordação (objecto que deverá aterrorizar todos os homens, sim senhor). é isto amor? Creio que não. Acho que é uma forma diferente de atracção. Riki e Iason não se amam. Acreditop que a sua relação se desenolve na aceitação. O seu suicídio não simboliza que fizeram as pazes e que vão viver juntos no céu. Penso que significa que aceitam que nenhum dos dois é o vencedor. Que não há S ou M na sua relação. Que nem Iason nem Riki são a parte dominante da equação. Que estão os dois na mesma situação, que são os dois a mesma coisa. Que Blondies e Mongrels são, de facto, a mesma coisa e que vão ambos morrer. E assim, porque não morrer juntos e com um sorriso?

Acreditem-me, eu vi muito BL na minha vida. Ai no Kusabi foi o primeiro e único a seguir uma relação de ódio em vez de amor. Que se torna em absolutamente nada.

História

Aqui temos duas coisas importantes. A história da relação entre Iason e Riki, que desenvolvi na secção precedente, e a história do universo em que acontece a relação. Este segundo elemento é muito interessante e o OVA retrata-o perfeitamente. Alguns elements foram deixados por explicar. Quando vi isto pela primeira vez o "mistério" que rodeava os elementos em falta era bom. Depois de aprender os detalhes e ver isto pela 46352634534écima vez... Foi fantástico. Mesmo brilhante.

Isto é um mundo original, num ponto distante do espaço num futuro tecnologicamente independente distante. Neste planeta, as pessoas são dominadas por um super-computador que funciona como governo. Este super-computador tem toda a gente organizada num sistema de castas, uma estratificação da sociedade em que os elementos superiores desprezam os elementos inferiores na cadeia social, que começa em andróides orgânicos seleccionados artificialmente, onde Blondies como Iason estão inclusos, e termina nos mongrels criados naturalmente de Ceres, que é Riki. No meio estão as pessoas de Midas, a Las Vegtas deste mundo que vive para as indústrias do entretenimento e do sexo, pessoas como Katze que estão mais ou menos no meio, pets e furniture (mobília). Pets sendo o entretenimento dos altos círculos de tanagura e a mobília sendo os eunucos que tomam conta dos pets. Pets são brinquedos sexuais e orgulham-se disso (vêm como Riki estava inadaptado nesta situação?). Mobília... Bem, ninguém se interessa pela mobília.

Acho que esta estratificação, e a forma como é apresentada  (a relação entre duas facções opostas), é uma forma muito interessante de imaginar um possítvel futuro. No mundo como o temos agora, são seria possível - com o advento da tecnologia - que a humanidade acabasse assim? Isto é ficção científica, com motos voadoras e andróides biónicos e outras coisas ridículas como essas. No entanto, a criação deste sistema social distingue este universo dos oturos e torna-o numa criação original.

Há detalhes no livro que tornam esta exierpiência mais rica e vívida (nomeadamente Guardian), mas podemos viver sem elas.

E outro detalhe que estivémos a discutir antes! O papel da mulher em Ai no Kusabi. Muitas pessoas vivem sob o erro de que no mundo de Ai no Kusabi não existem mulheres. Existem. Elas são muito importantes. No OVA eles representam a sua importância por imagens e sequências curtas. Penso que isto dá um charme especial à est´tica do OVA e serve o objectivo de apontar de que apesar de isto ser tudo sobre homens as mulheres continuam a ser um factor importante.

Em resumo!

Um trabalho excelente que todos deviam ver. Ponham o coração ao alto. Eu sei que BL não é agradável, mas há muito mais do que sexo gay neste OVA e vale a pena vê-lo. Um verdadeiro clássico.

15.1.12

Os Cachorros - Os Chefes




Os Cachorros - Os Chefes
Mario Vargas Llosa
Vários
Contos

Mais um Vargalhosa, desta vez menos denso. Esta é uma colectânea com alguns dos seus contos, escritos em diversas eras da sua vida.

Todos eles são muito interessantes, com personagens vívidas e situações carregadas de significado. Por vezes um significado pequeno, mas ainda assim muito importante para essa gente que está no livro.

Mas o melhor é sempre a escrita. Neste livro encontramos contos diferentes escritos de maneira diferente e aí se vê como Vargalhosa é um mestre da narrativa. Consegue agarrar-nos pela alma até quase nos sufocar com as suas palavras. E quando de repente a história acaba é um misto de alívio, porque acabou a corrida na montanha russa, com tristeza, porque a história bem que podia continuar, com felicidade, porque efectivamente acabou e acabou de uma maneira que nos afecta de alguma forma.

De facto, estas histórias parecem afectar as outras histórias de Vargalhosa. Nomeadamente "Os Cachorros" poderá ter inspirado uma das secções d'"Os Cadernos de Don Rigoberto".

É muito interessante ler estes contos, sobretudo quando já se conhece um pouco (no meu caso muito pouco) do autor. É maneira de o compreender um pouco melhor e de estabelecer uma relação mais próxima com ele. Eu acho que quando lemos um livro é como se passássemos a conhecer o autor. Pelo menos se passar por um autor que conheça na rua cumprimento-o.

Marie Antoinette




Marie Antoinette
Sofia Copolla
Filme
2006
7 em 10

Uma produção gigante. Roupas que eu não me importava de usar todos os dias. Detalhes engraçadíssimos. Um filme saboroso.

Esta é a história da glória e queda de Maria Antonieta, rainha de França. História essa que eu conheço detalhadamente porque já vi Rose of Versailles 6 vezes. Mas nunca me cansa, apesar de não ter Oscar de Jarjayes e André. Sniff. O filme concentra bem a história, sem ocultar os detalhes mais interessantes e caracterizando cada fase da vida da Antonieta com exactidão e clareza. Os seus problemas, as suas dúvidas, os seus desejos, todos estão caracterizados.

Kristen Dunst faz o papel da rainha e mostra-nos uma Antonieta inocente e divertida, ausente do mundo que está fora de Versailles e impossibilitada de o ver. A personagem cresce com o tempo e passa por várias fases depois de enfrentar os seus pequenos-grandes problemas do dia a dia de uma rainha.

Música fabulosa. Adorei ver o pessoal todo maluco a bailar ao som de Siouxsie. A música dá ao filme a impressão de que é tudo uma brincadeira, e era assim a vida de Maria Antonieta. Por isso, funciona muito bem.

As cores são fantásticas e existem imagens muito bonitas, especialmente as do campo no Trianon. A produção é capaz de ter custado mais do que a própria corte francesa, mas ainda bem, porque está muito exacta em termos históricos e dá vontade de lá viver.

Juntamente com a vida da Rainha, este filme mostra-nos a vida na corte Francesa, o que o torna quase num documento de relato histórico.

Não gostei muito do tom do envolvimento de Antonieta com Fersen, que foi uma coisa muito mais apaixonada (acho eu, também não estava lá) e o fim caiu um bocado mal porque dava a sensação de que o filme ainda ia continuar. Se calhar foi o canal de televisão que o cortou.

Filme muito divertido, cheio de detalhes deliciosos.

1Q84




1Q84
Haruki Murakami
2009
Romance

O primeiro volume de três e uma coisa absolutamente fabulosa. Como é que este homem consegue passar 500 páginas a falar sobre quase nada e entreter-me tanto no processo é um mistério, mas sem dúvida que merece nota.

Seguimos as vidas de duas pessoas completamente diferentes, que não se conhecem e, em princípio, não estão ligadas uma à outra por nenhuma razão. Falamos de Tengo, um professor de matemática que escreve romances, e Aomame, uma instrutora de ginásio que mata homens causadores de violência doméstica. Aomame começa a sentir o mundo estranho, como se ele tivesse ficado diferente ou se fosse ela própria a ficar diferente de repente. Tengo, por sua vez, corrige um livro de uma jovem chamada Fuka-Eri, para que o possam candidatar a um prémio de literatura. Esta Fuka-Eri escreve coisas estranhas que diz ter vivido.

E é só isto.

Entretanto há uma descrição detalhada, mas quase acidental, dos procedimentos com vítimas de violência doméstica, e descrições desta, de procedimentos da máfia no mundo do negócio, das acções de grupos políticos e revolucionários e o funcionamento de seitas religiosas. Tudo isto como que por acaso. Encaixado perfeitamente, descrito com naturalidade, de uma fluidez incrível.

Os personagens, até aqueles que não são Tengo ou Aomame, são pessoas reais e perfeitamente palpáveis. Talvez sejam os detalhes sobre as suas vidas sexuais o que lhes trás mais vida. Talvez seja os detalhes do quotidiano. Mas são definitivamente os detalhes que os fazem viver. Nota-se que Murakami gosta de escrever.

Adorei este livro e recomendo muito, por agora. Espero ansiosamente o volume 2!

As Velas Ardem Até ao Fim




As velas ardem até ao fim
Sándor Márai
1942
Romance

A propósito da nova peça de teatro que estamos a tentar montar, este livro foi-me emprestado para ver se dava para ser adaptado a uma peça para duas pessoas, dado que se trata de uma conversa entre duas pessoas. Bem, não dá. É uma conversa muito egocêntrica.

Neste livro apresentam-se dois amigos de infância que de repente deixam de ser amigos. Muitos anos depois encontram-se e têm uma conversa. Nesta conversa o amigo que ficou explica a vida toda deles, mais da mulher dele, mais a morte dela, mais tudo isso, e questiona o porquê de as coisas terem acontecido como aconteceram. O outro diz "sim", "não" e "talvez" de vez em quando.

Está muito bem escrito, mas parece que falta algo a esta história. O homem fala que se desunha e nem deixa o outro responder, enquanto que o que eu queria saber era mais sobre o outro. Ficamos a saber tudo, mas só sobre um dos personagens. Ainda por cima do personagem que teve a vida mais aborrecida.

E, no final, ele acabou por não chegar a conclusão nenhuma. Vai morrer triste, este homem.

Men of Tattoos

Men of Tattoos
Aniya Yuiji
Manga - 1 Volume/6 Capítulos
2010
6 em 10

Pareceu-me bonita a capa por isso comprei este livro. E bem, não foi uma leitura má, até gostei, mas também não é nada de especial.

A arte é realmente boa. Tem um design original, com traços leves e firmes. Não há fundos detalhados, mas os rapazes são tão bonitos que nem se dá por isso. As cenas de sexo têm muito... Molho. Isso torna as coisas confusas, não se percebe quem está a lamber o quê e assim por diante. Enfim, passa-se à frente e acabou.

A história está bem montada, apesar de ser bastante simples (simples como em A vai para B, C vai para D e B vai para D) As histórias extra são parvas e não faziam falta nenhuma. 

Existe um personagem muito interessante, mas que não é muito bem explorado porque isto, bem, só tem 6 capítulos. Os outros personagens estão bem caracterizados mas não têm grande desenvolvimento.

Não é mau e é BL, a mim isso basta-me.


Crepúsculo - Amanhecer Parte 1




Crepúsculo - Amanhecer Parte 1
Bill Condon
Filme
2011
4 em 10

É nossa tradição ver o Twilight com os bilhetes grátis do Fonte Nova. Não questionem.

A minha primeira reacção foi: tiveram de partir o filme em dois para cobrirem o livro todo? Aquilo não é assim tão grande ou complexo! Mas enfim, este filme é introdutório ao que vai acontecer a seguir e até fizeram bem em dividí-los, até por uma questão puramente económica.

Mas olhem, tal como os livros, o filme também é uma bela porcaria. A história já por si é má. Não tenho aqui comentários aos livros porque ainda não tinha blog quando fui (obrigada) lê-los mas posso afirmar sem grandes explicações que são bastante maus. Nesta parte da história Bella, a menina humana, casa-se com Eduardo, o vampiro que brilha no escuro, para grande frustração de Jacó, o lobisomem todo bom. Entretanto fazem o amor numa ilha paradisíaca e têm uma criança que consome Bella a partir de dentro e quase que a mata. Mas não mata. Aliás, posso fazer um spoiler? A Bella nunca morre.

Isto tudo para dizer que por melhores intenções que tivéssemos não dá para fazer grande coisa desta história.

Os actores são deprimentes. A rapariga não sorri uma única vez. Aliás, ela tem sempre a mesma expressão de permanente infelicidade e aborrecimento onde quer que esteja. Até a casar-se. Até a beber sangue. A fazer qualquer coisa. Vai dar uma vampira excelente. O Eduardo afinal não é giro. Tem pêlos no peito e a boca torta, como eu. Fala em Português, o que é hilariante (sobretudo porque eles não puseram legendas, à espera que a gente percebesse), mas depois não faz mais nada, é uma mosquinha morta. O que está melhor ainda assim é o Jacó. Ele ao menos sabe fazer mais do que uma cara e sabe manifestar pelo menos dois sentimentos.

Parece haver uma grande produção, mas para que é que serviu? A cara de parva da Bella tira qualquer beleza a um filme.

Música para pitas, não me pareceu mal porque está bem dirigido ao seu público alvo.

E, agora, a grande questão. Porque é que a Bella quando se transforma em vampira fica maquilhada à medida que vai perdendo a cor?

Novos Contos da Montanha




Novos Contos da Montanha
Miguel Torga
1944
Contos

São 22 contos muito pequeninos, meia dúzia de páginas cada um. No entanto, não posso deixar de recomendar este livro como um dos melhores que li dentro da literatura Portuguesa.

Os contos são passados na montanha, em aldeias da montanha, onde há lobos, onde neva, onde as pessoas vivem com ovelhas e vivem como ovelhas. Há uma caracterização perfeita da vida destas pessoas e do ambiente que as rodeia. Cada uma é única e faz coisas únicas. Mas podiam ser outras pessoas quaisquer.

Está escrito de forma implacável e crua, com recurso a vocabulário que, para mim, é um pouco estranho, mas que é típico dessas terras e dessas montanhas. Isto demonstra um outro nível de erudição. Saber estas palavras antigas e saber usá-las tão bem é mais que um dom, é uma coisa que foi estudada até se tornar natural. Ou então já é natural de origem.

Com este livro fiquei curiosa para ler mais de Miguel Torga, autor que eu nunca tinha lido. Só agora sei o que perdi.

90 Livros Clássicos para Pessoas com Pressa




90 Livros Clássicos para Pessoas com Pressa
Thomas Wengelewski e Henrik Lange
2009
Banda Desenhada

A minha irmã não gosta de ler, por isso dei-lhe este livro no Natal de há dois anos para que ela soubesse sobre literatura clássica e tivesse mais assuntos de conversa. Mas parece que para as pessoas de 18 anos de hoje literatura clássica não é um tema de conversa muito recorrente, por isso ela nunca leu o livro.

Vou fazer o comentário tal e qual como o livro está escrito, mas sem os desenhos porque não tenho tempo para os estar a fazer.

O livro está giro porque resume cada livro em quatro frases e resume-os com piada.

Os desenhos também estão engraçados porque são muito anormalóides.

Mas definitivamente os livros mais giros são aqueles que eu já li. Recomendo especialmente a Alice no País das Maravilhas e A Bíblia.

FIM

A Flor Oculta




A Flor Oculta
Pearl S. Buck
1952
Romance

Vou começar por spoilar aquilo que a minha mãe me spoilou a mim. Preparados?

[spoiler]
O livro chama-se A Flor Oculta porque ela fica grávida
[/spoiler]

Bem, agora que já tirámos este peso do peito vamos falar um bocadinho de Pearl S. Buck. Esta senhora é um Nobel e um Pulitzer. Era sinologista e estudava a China. Trabalhou com mulheres violentadas e escravizadas e a sua literatura ajudou o mundo ocidental a compreender o Oriente, nomeadamente a China. Este livro é, por acaso, sobre o Japão. Sobre as relações entre homens e mulheres e famílias no Japão, comparadas com as dos Estados Unidos. Isto tudo caracterizado pelo infeliz casal da Japonesa Josui e de um soldado Americano que se apaixona por ela para se fartar dela logo a seguir.

Não é um livro bonito. As imagens que evoca estão descritas como bonitas, mas parece que lhes falta algum tipo de sentimento e que, por isso, as palavras não são imagens, são só palavras e não têm significado. Aliás, todo o livro está escrito de uma maneira tão fria e afastada que por mais que uma pessoa tente identificar-se com os personagens não consegue. É como se os personagens fossem fotografias tipo passe. O essencial está ali, podemos identificar aquela pessoa em qualquer sítio. Mas se fosse um nu artístico ficaríamos a saber exactamente o mesmo sobre essa pessoa mas com uma emoção associada. É isto o que falta neste livro, o que tornou a leitura uma experiência bastante frustrante.

Sendo um dos livros preferidos da minha mãe, espanta-me como ela gosta tanto destes livros que falam do Japão. Se calhar tenho a quem sair. Já com o David Bowie foi a mesma coisa.

Quem me dera ser onda




Quem me dera ser onda
Manuel Rui Alves Monteiro
1991
Novela

E logo a seguir um livro Angolano. Deste não gostei muito.

Tudo começa com um homem que tem ânsias de comer carne de porco. Por isso arranja um porco para criar no seu apartamento, apartamento esse que pertence a um prédio onde é proibido ter porcos. Toda a família se encanta com o porco e fazem várias maroscas para o esconder dos vizinhos maus que o querem roubar.

Isto seria muito divertido não fosse estar escrito de uma forma irritante e incompreensível. Eu adoro a língua portuguesa, adoro ler em português, seja daqui seja do Brasil seja de onde for. Mas este lingo angolano que até precisa de notas de rodapé para se perceber, só está aqui para dizer "este livro é angolano yo, somos tão especiais yo" e não serve para imprimir qualquer tipo de emoção ou detalhe à história.

Parece-me que há uma tentativa de caracterizar a Angola como ex-colónia pelos olhos das crianças, mas até as crianças estão tão alteradas pelo regime (regime esse que eu não compreendo, só ouvi falar assim por alto) que não há caracterização nenhuma, só uma amálgama de termos e de notas de rodapé.

E eu que nem como carne de porco...

O Testamento do Sr. Napumoceno da Silva Araújo

O Testamento do Sr. Napumoceno da Silva Araújo
Germano Almeida
1989
Ficção

Foi a primeira vez que li um livro cabo-verdiano. Diverti-me imenso.

Este livro fala do testamento de um comerciante bem sucedido, o Sr. Napumoceno da Silva Araújo, que deixa todo o seu dinheiro e negócios a uma filha secreta que todos (até ela) desconheciam em vez de o deixar ao seu sobrinho. O livro discorre sobre a vida deste Sr. Napumoceno, das vezes que se apaixonou, dos bons negócios que fez, das suas manias de higiene e de fatos para ocasiões sociais, do que sente pelas outras pessoas e porque razão se zangou com o sobrinho. E Germano Almeida faz isto com tanta mestria que a vida deste homem que nem sequer fez nada de especial se torna numa coisa muitíssimo interessante.

O livro prendeu-me do início até ao fim. Escrito em vários estilos, conforme o dita a necessidade, não deixa de nos surpreender, quer seja pela intensidade do relato ou pelos pequenos detalhes, que são tão engraçados.

Diz que também há em filme, mas em filme não deve ser tão giro.

The Fountain




The Fountain (O Último Capítulo)
Darren Aronofsky
Filme
2006
8 em 10

O chamado "filme alucinado da árvore que vimos no Ano Novo".

Existe um homem que está no espaço dentro de uma bolha com uma árvore. Aparentemente a árvore está a morrer e ele tem de a salvar. Ele fala com a árvore. Uns milénios antes, em 2005, um médico usa uma árvore para encontrar a cura para o cancro, doença da qual padece a sua mulher. E ainda mais anteriormente, em mil e qualquer coisa, um El Conquistador espanhol procura uma árvore maia para salvar a sua rainha da inquisição. Estes três homens são o mesmo e a mulher também. O homem procura salvá-la, mas ela não precisa de ser salva, porque é uma árvore. Acho eu. Confesso que não percebi muito bem.

Mas o filme é lindíssimo.

Utilizando recursos originais, foram obtidas imagens de uma beleza surpreendente. Uma beleza orgânica e simples, que faz o espectador voar. Imagens que combinam com a beleza da história, uma história simples da busca pela felicidade e do amor, com uma análise quase metafísica da vida e do seu significado.

Hugh Jackman tem uma prestação fantástica, intensa e comovente. Os personagens principais encontram-se em polos opostos da compreensão da vida e da morte e é esta busca o que define o desenvolvimento de Tom nas suas três formas. Através das três perspectivas temos um personagem completo, que se inicia no bárbaro, evolui para uma fase transitória de ciência e conhecimento e termina naquele que compreende o mais íntimo de si e da natureza, buscando na meditação as respostas e acabando por as encontrar inspirado pela visão do passado.

A música dá uma grande intensidade a todo o filme e acrescenta muita emoção às cenas.

Um excelente filme, que peca por não ser muito claro no final e não se associar à mensagem que tenta transmitir. Dizem-me que afinal não é assim tão bom, por isso acho que não o vou querer rever sóbria.

Destruir depois de ler

Destruir depois de ler
Joel Cohen e Ethan Cohen
Filme
2008
8 em 10

Filme de ano novo.

Bem, eu já tinha visto isto, mas não me lembrava o quão giro era! Visto uma segunda vez sob efeitos verdes, todo o filme me pareceu uma experiência ainda melhor. Bem, mas antes de começar esta review vou fazer o caro leitor prometer que cada vez que ler "Osbourne Cox" o vai dizer com a voz do Brad Pitt.

A história de base é sobre um agente da CIA, Osbourne Cox, que é despedido por ser um bêbado de merda. Para libertar a sua raiva Osbourne Cox decide escrever umas memórias. Só que, bem, Osbourne Cox não é exactamente uma pessoa relevante no universo da CIA, por isso as suas memórias são, digamos, uma bela merda. Ora, essas memórias de merda são encontradas por Chad e pela Linda Litzke, dois empregados de ginásio. Eles, coitadinhos, acham que estas memórias são documentos secretos da CIA e tentam fazer chantagem com Osbourne Cox para obterem dinheiro. Enquanto isso o George Clooney tem uma almofada triangular e corre regularmente.

Toda a história se une a pouco e pouco, com um detalhe e uma precisão incríveis. Existem várias pequenas histórias que se reúnem todas na confusão que se tornou a vida de Osbourne Cox (ainda estão a ler isto com a voz do Brad Pitt?) Está muito bem pensada e tudo encaixa perfeitamente, sem qualquer hesitação. Achei também que foi muito boa ideia colocar uns "comentadores" à história louca, os responsáveis da CIA. Eles dão um toque de realidade a esta história impossível (mas que até podia acontecer, reunidas as condições ideias)

Mas o mais delicioso deste filme são as personagens. Cada qual com o seu excelente actor, têm todas uma personalidade incrível e um desenvolvimento fantástico. E cada uma diz um palavrão diferente. Osbourne Cox, aka John Malkovitch, é um frustrado, um incapacitado psicológico, um homem furioso com a vida, cuja fúria se transforma numa raiva alucinada que ninguém percebe bem o que é mas que aceitamos (ou ele pode fazer-nos mal). Harry Pfarrer, aka George Clooney, é o personagem perfeito para o George Clooney, um fodilhão sem remorsos, um conquistador, cuja segurança se transforma em terror e paranóia. Linda Litzke é perfeita, a mais fina crítica à mulher de meia idade que está desesperada. E Chad é um encanto. Não tem conteúdo nenhum, mas o Brad Pitt fá-lo tão bem que o personagem se torna em mais um motivo para ver o filme.

A imagem e música, no entanto, não são dignos de nota. Mas fazer este filme como se estivéssemos a assistir aos acontecimentos por acaso funciona muito bem.

Sem dúvida um recomendado.



13.1.12

Up




Up
Pete Docter e Bob Peterson - Disney/Pixar
Animação Ocidental - Filme
2009
6 em 10

Filme que vi no dia de Natal. Eu tinha muita curiosidade sobre este filme, tinha-me sido muito recomendado, disseram-me que era bonito e eu gosto de bonecos bonitos. Desapontou-me bastante.

Comecemos pela animação. É boa, bastante boa. Os designs de personagens estão muito bem concebidos e caracterizam bem o que tencionam mostrar. As sequências de animação podem parecer simples, mas são fluídas, rápidas e plásticas, especialmente todos os movimentos do passaroco. As cores são bonitas e isto no cinema deve ter sido a loucura, com aqueles balões todos. Em resumo, animação e design excelentes.

Mas tudo o resto...

A história é muito simples e tem uma sequência muito bonita (a da vida do homenzinho), mas é cliché e incongruente. O que me chateou mais foi sobretudo isto, a incongruência. Se o explorador vai com dois cães  da mesma raça para a Patagónia (ou o que seja) como é que 70 anos depois tem cães de raças diferentes? Aliás, se o explorador tinha 25 anos quando foi para a Patagónia (ou o que seja) como é que 70 anos depois ele ainda está vivo, a mexer-se bem num sítio onde não há medicina e sem sinais de demência (fora um certo comportamento obsessivo)? Não questiono como é que uma casa voa presa a balões, porque isso é perdoável, mas o resto não consigo perdoar.

Os personagens têm muito pouco de palpável em termos de desenvolvimento e de relações entre eles. Sim, tentam fazer uma identificação do velho com a criança gorda, mas faltou-lhe ali qualquer coisa e acabou por não funcionar e não me comoveu. Aliás, eu já sabia que isto ia acontecer e tinha o lencinho pronto para chorar, mas nada disso.

A música recorrente é bonita, mas já me esqueci dela.

Bons gráficos, sim, mas a bons gráficos precisamos de aliar tudo o resto. Porque se não é só um desperdício. Seja anime seja outra coisa qualquer.

9.1.12

O Leitor




O Leitor
Stephen Daldry
Filme
2008
6 em 10

Foi este filme que vimos em família na noite de Natal. Foi um erro, mas começando-o tivemos de o acabar. Ninguém estava à espera que aparecesse tanta gente nua.

Este filme tem um argumento interessante, que dá uma volta muito engraçada mais à frente, mas não é especialmente bom. Com um foco demasiado intenso e bastante desnecessário em cenas de sexo e em gente a tomar banho, parece que as fizeram só para ocupar espaço. De certa forma elas caracterizam bem a relação dos dois personagens principais, mas não era preciso tantas.

Os personagens são bastante crus, se bem que a fêmea cresce e se torna mais profunda com a continuidade do filme. No entanto não deixa de ser básica. Nem uma actriz excelente consegue fazer de uma personagem básica algo mais do que isso.

Teve imagens bonitas mas nenhuma especialmente memorável. O mesmo para a música.

Um filme que não é bom para ver em família na noite de Natal.

Cross Game




Cross Game
Osamu Sekita - SynergySP
Anime - 50 Episódios
2009
6 em 10

O chamado "remake de Touch". Pois bem, isto pode ser o remake, mas Touch é superior.

Kitamura Ko é um jovem sem grandes interesses que tem uma amiga, chamada Akane. A amiga, bem, acontece-lhe uma tragédia logo no primeiro episódio. Restam as três irmãs da amiga, respectivamente uma gaja boa com ares de dona de casa, uma pita irritante e estúpida e Aoba, uma bacana que detesta o Ko e que é bastante boa a jogar baseball. Ora, Aoba mete-se a ensinar o Ko a jogar e fica-se a saber que com as técnicas dela aliadas ao je-ne-sais-quoi dele, o jovem é um dos pitchers mais geniais de todos os tempos. Entretanto há um gajo giro que é o quarto batedor e que é mega talentoso, há histórias de amor todas paralelas umas às outras e, avanço desde já, não há beijo.

Ora portantos, o anime de baseball ensinou-me a gostar de baseball. De certa forma Cross Game é um anime de desporto superior, porque não nos obriga a passar três episódios por jogo a ver em detalhe cada pensamento e flashback sobre a vida de cada jogador. No entanto, e comparativamente com a melhor série de baseball que vi (Touch), a carga emocional é muito inferior e mal explorada. Passamos metade da série a ter flashbacks emotivos da vida de Ko com Akane e a ver o seu amor que acabou por nunca se consumar por motivos exteriores a este pequeno casal de 10 anos de idade. Isto é, numa palavra, chato.

Gostei do estilo antigo numa animação nova, mas a animação em si não é nada de especial.

A OP é gira e as vozes estão bastante boas, mas de resto não há um ambiente musical bem definido, com recurso a temas marcantes. É fácil esquecer este sonoro.

Os personagens parecem não crescer desde que aparecem pela primeira vez (que era quando tinham, já disse, 10 aninhos). A partir do momento em que entram no secundário não crescem mais em altura e nunca cresceram em termos de personalidade. Também não estão muito bem caracterizados, aparentemente basta um lamiré do que são para mostrar a sua relação. Isto é falso. Eu precisava de personagens fortes na sua essência, personagens mais completos, para me envolver melhor emocionalmente com o caso Ko/Aoba.

Uma série divertida, séries de desporto são sempre divertidas, mas claramente inferior ao seu parente Touch.

8.1.12

Hataraki Man




Hataraki Man
Anno Moyoko - Kodansha
Anime - 11 Episódios
2006
6 em 10

Um bafo fresco no mundo do anime, finalmente uma série que fala sobre adultos e problemas de adultos, nomeadamente o problema da carreira e como a coadunar com uma vida pessoal.

Focado sobre uma mulher que trabalha numa editora, o anime dá uma olhada pelas vidas de outras mulheres que trabalham com ela ou com quem ela se cruza. Isto é interessante ao princípio, mas a vida a trabalhar num escritório não é exactamente estimulante, por isso ao terceiro ou quarto episódio já estava farta e com vontade de apresentar a minha demissão.

Não há personagens complexos, mas de certa forma são bastante realistas. Aliás, tinham mesmo que ser, pois se tencionam caracterizar pessoas reais com problemas reais há que fazer os personagens reais também.

A música é interessante ao princípio e caracteriza bem o ambiente da série, mas acaba por se tornar repetitiva e cansativa passado algum tempo.

Achei o design das personagens muito maduro e bastante original, o que torna a série mais refrescante em termos visuais.

Sem dúvida um bom escape aos romances de escola secundária.

Memento

Memento
Christopher Nolan
2000
Filme
7 em 10

Outro filme pelo qual eu nutria uma imensa curiosidade.

Memento trata da vida de um homem que não tem memória a curto prazo. E que, coitado, está à procura de quem lhe matou a mulher. Quando encontra novas pistas esquece-se delas, por isso tatua as mais importantes, tira fotografias às pessoas com quem está e toma notas. Para ilustrar esta falta de memória, o filme é contado de trás para a frente. E é engraçado que é no passado que está a solução de toda a questão, mas devido à incapacidade memorial (isto existe?) do personagem principal, o problema não é nem nunca pode ser resolvido. Coitado. Este final foi o que fez o filme valer a pena, porque de resto achei que o fazer o filme de trás para a frente foi uma coisa muito pretensiosa de se fazer,. Claro que se fosse um filme normal não tinha tanto sucesso nem ilustrava tão bem a situação, nem o filme era único, mas ainda assim não gostei.

Os personagens são básicos, e todos eles têm uma faceta "esquecida" que é revelada mais para a frente no filme. As coisas que o homem pensa serem verdadeiras afinal não são, o que dá um pouco mais de sal às personagens. As interpretações não são nada de especial ou extraordinário, mas estão bem. Pareceu-me que mais que caracterizar personagens fortes, o que o argumentista deseja é caracterizar a patologia da falta de memória, usando para isso de um exemplo com outros personagens, que pertenciam a um passado longínquo (e que, portanto, não foram esquecidos)

Todo o filme é muito cinzento, com imagens cruas e bastante feias. A música também não é nada de especial, porque nem me alembro dela.

Uma boa experiência, este filme, mas não creio que vá repetir. Bem, pelo menos agora sei que existe uma doença em que se perde a memória a curto prazo.

Fight Club

Fight Club
David Fincher
1999
Filme 
8 em 10

Após um mês de ausência estamos de volta no ar! Com muitas coisas giras para recomendar! Vamos começar pelo Fight Club!

Ora bem! Eu sempre tive curiosidade acerca deste filme. Sem qualquer perspectiva sobre ele, aventurei-me e acho que o resultado é bastante bom. Agora compreendo porque é que a internet se identifica tanto com este filme. E vejo um paralelismo nos acontecimentos dos dois universos. Mas isso é outra história, e há-que sempre lembrar a regra número 1, por isso vamos abster-nos de comentar.

Um gajo que não consegue dormir encontra um vendedor de sabão e, por acaso, descobrem que andar à porrada é giro. Formam então o Clube de Combate, um sítio onde se pode andar à porrada com desconhecidos para libertar a raiva. O destino do Clube de Combate, que cresce a proporções épicas, é a parte engraçada (e assustadora por razão que referi acima) do filme. Temos personagens interessantes e cheios de um humor negro e delicado. São perfeitamente interpretados pelos seus actores, que demonstram grande habilidade, em especial Edward Norton.

No entanto o filme apresenta algumas incongruências no argumento. Estas tornam a realidade, que deveria ser clara e evidente, confusa. Confusa do tipo "como é que ele estava ali e no outro sítio ao mesmo tempo?" Enquanto essas coisas não forem esclarecidas o filme nunca pode ser excelente e fica-se apenas pelo muito bom.

Um filmaço feito para homens másculos, mas que uma rapariguinha como eu até gostou.