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In English: Cosplay Portfolio (Updating) | SALES

31.3.13

Hakkenden: Touhou Hakken Ibun

Hakkenden: Touhou Hakken Ibun
Yamazaki Mitsue - Bandai Visual
Anime - 13 Episódios
2013
5 em 10

Estava eu passeando pelos fóruns da Aarinfantasy (onde lurko regularmente mas já não digo grande coisa, deixei de ter coisas para dizer) quando vejo um tópico sobre este anime. Mmmm, mangaka de BL, deve ser fixe. E passei a season a vê-lo. Muito defeituoso, infelizmente.

A história não está bem contada. É sobre uma guerra entre a igreja, que domina as coisas normais, e os yokai, um bando de anormais. Como todas as guerras, é muito complexa. Mas em vez de simplificarem a narrativa de forma a percebermos bem o nível de conflito em que estas pessoas vivem, eles bombardeiam-nos com personagens até ao fim. Personagens é o que esta série tem mais. É mesmo muita, muita gente (muitos gajos giros) e destes só... Três? Quatro? Parecem ser importantes para o que se está a passar. O único que apreciei foi o que se transformava em cão, porque tinha uma personalidade muito canina e eu gosto de cães. Além disso a história não é original da autora e já tinha sido animada antes. A história original é literatura clássica e é ""Nanso Satomi Hakkenden", por Bakin Kyokutei Takizawa. Fiquei com certa curiosidade em lê-la, o que pode contar como aspecto positivo. Se alguém conhecer uma tradução em formato físico por favor informe (não em formato digital. Nunca!)

Animação e arte muito fraquinhas. Temos ênfase em cenas de acção, mas elas não estão assim tão bem feitas. Os designs não fazem grande sentido, sobretudo no que respeita às roupas. Em que época é que estas pessoas vivem para usarem fardas de segunda guerra, quimonos e t-shirts tudo ao mesmo tempo? A música também não ajuda em nada, porque não podia ser mais vulgar. Não adiciona mistério nem suspense e passa completamente ao lado.

Ficou muito por explicar, porque foram 13 episódios a apresentar personagens, mas já foi anunciada uma segunda season. Não tenho grande vontade de a ver, mas sinto-me na obrigação de dar uma oportunidade a esta história, por causa do cão.

Tamako Market

Tamako Market
Yamada Naoko - Kyoto Animation
Anime - 12 Episódios
2013
6 em 10

Ao que parece no Japão existem estes bairros com comércio, galerias comerciais ao ar livre. Aqui em Benfica só há o mercado e umas galerias comerciais que vão dar ao outro lado da rua. Tamako é uma moça que vive num destes bairros, é a filha da loja dos mochis (umas cenas que são boas). Um dia ela encontra Dera, uma catatua falante vinda de uma ilha tropical em busca de uma esposa para o seu príncipe. Adicto a mochis, engorda e vai ficando. E é só isto. Queriam alguma coisa mais? Vejam o Rei Leão, ou assim.

´É um anime sem qualquer tipo de conteúdo. Mas tem uma coisa: tem um sentimento. Acredito que este anime tenha por objectivo não as aventuras das personagens no seu dia a dia, como todo o fatia-de-vida, mas sim a caracterização da galeria comercial e das várias personalidades que vivem nela. São pessoas muito curiosas, pela sua simpatia fulminante e contagiante.

A série tem um certo ambiente nostálgico, catalizado por uma banda sonora de um pop simples quase clássico. São músicas muito coloridas e ficam muito bem numa galeria comercial ao ar livre. Aliás, se eu as ouvisse no café acho que ia ficar a gostar mais do café.

Além disso temos Dera, uma catatua gorda. É ele que trás o espírito à série e torna tudo muito mais engraçado.

É um anime muito simples, mas que é agradável. Não nos lembraremos dele, mas foi bom enquanto durou.

Major

Major
Kasai Kenichi - Shogakukan Productions
Anime - 26 Episódios
2004
6 em 10

Mais um anime sobre baseball, esse chato desporto. Diz que este é dos melhores, mas ainda assim não toca nos calcanhares de Touch.

Goro é um menininho de cinco anos órfão de mãe que tem o sonho do baseball. O pai dele é pitcher, o sonho do baseball! Porque é que todo o anime de baseball é sobre o pitcher? Porque não sobre o catcher ou sobre um centerfield? Enfim... Bom, digamos que o anime não é de todo desinteressante, porque está a lidar com os dramas do pai, que tem uma lesão, e os dramas do filho, cujo pai tem uma lesão. Mas depois, tragédia.

Spoiler: o pai morre com uma dead ball atirada por um gajo americano.

Três anos depois está Goro a jogar baseball na little league. Adoptou-o a educadora de infância. Esta personagem.... Isto é, aparentemente ela conheceu o pai do Goro uma semana e meia antes dele ter morrido. Mas a paixão era tão grande que ficou com o filho dele. E como tem um fetiche por gajos com grandes tacos acaba por se casar com o melhor amigo do gajo (isto é spoiler, desculpem). Mas que badalhoca mais sem sentido!

O problema deste anime é que a partir da little league se transforma num vulgaríssimo anime de baseball. Excepto que com crianças de nove anos em vez de adolescentes de dezassete. Não que isso faça uma grande diferença, porque estas crianças de nove anos é como se tivessem dezassete. Não lançam uma bola de 150 km/h, mas estão lá quase. Apaixonam-se tal qual adolescentes e não têm atitudes de criancinhas, como deveriam ter se isto obedecesse à lógica.

A arte é vulgar, às vezes mete nojo. Estamos em 2004, já devíamos saber desenhar caras com um certo nível de simetria! Sobre música não posso dizer grande coisa, já que apanhei uma versão com as OPs e EDs cortadas. Mas as do parênquima não são nada de especial e parecem recicladas de outros animes de desporto.

Os jogos até são engraçados, mas nada que não tenhamos visto antes. Claro que depois de ter visto tantos já sei as regras do baseball e já consigo mais ou menos apreciar um jogo destes, apesar de ser um desporto cheio de complicações que eu não veria voluntariamente no caso de estar a dar na Sport TV. Isto se eu tivesse a Sport TV. A minha irmã gostava de a ter, para poder ver os jogos do sporting.

Carne Trémula

Carne Trémula
Pedro Almodovar
Filme
1997
7 em 10

Agora já estamos na fase do digestivo e eu grito "um filme do Almodovar!" Vamos ver este, diz que é trágico e tem rabos na capa.

Não é trágico. Ou melhor, é trágico mas à Almodovar. Tudo começa com um filho da puta (literalmente) que nasce dentro de um autocarro. A vida dá muitas voltas e vinte anos depois (em francês, para o estilo) ele está em casa de Elena, uma carocha, a tentar convencê-la a ir para a cama com ele. Dois polícias, um dos quais com duas garrafas de whisky em cima, invadem-lhes a privacidade, acontece um tiro. Seis anos depois (em francês) Victor - o nosso filho da puta - está fora da prisão, o polícia que apanhou o tiro está agora na equipa de basket dos paralímpicos (como este actor aprendeu a andar tão bem de cadeira de rodas é um mistério fascinante. A menos que ele tenha mesmo ficado paraplégico entre a primeira parte do filme e esta) e está casado com Elena. E a partir daqui desenvolvem-se uma série de casos amorosos com muitos rabos, numa composição estranhamente humorística como só o Almodovar sabe fazer.

É um filme que trata de relações. Relações de índole sexual, sobretudo. Que é um tema que sinceramente não me agrada por aí além. Mas está feito com tanta graciosidade que não me importei. O comportamento dos personagens pode parecer errático por vezes, mas é justificado pelos seus íntimos desejos, que nunca são revelados directamente.

Um filme sensual, para acompanhar licor de maracúja.

Merry Christmas Mr. Lawrence

Merry Christmas Mr. Lawrence
Nagisa Oshima
Filme
1983
9 em 10

Sei lá, às vezes os filmes valem a pena pela experiência de os ver e pelas pessoas com quem os vemos. E depois há aqueles que além disso têm o Bowie.

Lawrence é um soldado inglês que, como outra meia dúzia de centenas de soldados ingleses, foi capturado pelos japoneses durante a segunda guerra. Ao contrário dos outros, Lawrence é fluente em Japonês. Por isso, até se dá bem com os seus captores e serve de mediador entre eles e os seus companheiros, no caso pouco frequente de haver problemas. Porque todos obedecem aos japoneses. Porque eles têm espadas e uma maneira de viver mesmo estranha, matam-se por tudo e por nada. Até ao dia em que aparece o Bowie (Cellier de seu nome, mas Bowie). E este gajo não é como os outros. Primeiro porque é maluco. E depois porque desafia a autoridade. A autoridade é personificada por Yonoi (o pianista Ryuuchi Sakamoto), que é um gajo tradicionalmente mau. E por Hara (Takeshi, grande nome do cinema japonês do qual eu nunca tinha ouvido falar. Santa ignorância!) que é um gajo mau que às vezes é simpático e que gosta muito do Lawrence.

São estas as relações do filme e o filme é todo sobre elas. Porque não são relações quaisquer. São relações dotadas de uma força sentimental exuberante e trágica, de uma mobilidade quase homoerótica. A caracterização das personagens dá profundidade fractal aos sentimentos que os personagens desenvolvem e o seu culminar é ilustrado por algumas cenas curtas mas muito fortes. Comer flores, os beijinhos, as borboletas, a canção de natal. Isto não podia acontecer se não houvesse um trabalho de actor intenso por detrás desta construção, muito evidente em todos os quatro actores. Mas sobretudo no Bowie, porque ele naturalmente já tem o ar de demónio que os japoneses lhe atribuiram.

Em contraste com a negatividade destas relações o colorido do filme é muito leve, uma ilha quase paradisíaca onde toda a gente é bem tratada, apesar de uns serem os prisioneiros e os outros serem os aprisionadores. As cenas de flashback da cabeça do Bowie estão muito bonitas e filmadas de forma a que tudo pareça estar, efectivamente, dentro de uma memória. E isto tudo é coroado por uma banda sonora infalível, autoria do nosso amigo Yonoi (ou Sakamoto). São músicas alucinantes que trazem um ambiente estranho e surreal às situações, nada adequadas à época mas muito próprias do local imaginário para onde nos remetem.

E depois tem o Bowie. É naquela...

27.3.13

Mangirl!

Mangirl!
Dogakobo
Anime - 13 Episódios
2013
5 em 10

A razão pela qual me pus a ver este anime prendeu-se com o facto de que é sobre o editorial de um manga. Assim, pensei que ia aprender mais sobre o universo das edições de manga. Não. De todo.

Este corpo editorial é composto por quatro meninas que aparentam ter doze anos. Só uma delas aparenta ter uma cabeça e por isso usa fato e gravata. As outras são, pois bem, a atrasada mental, a comilona e aquela que nem se dá por ela. Não há desenvolvimento de personagem de nenhuma forma e elas não estão suficientemente bem caracterizadas para trazerem qualquer tipo de emoção. Aliás, o anime não deseja inferir qualquer tipo de emoção. É só uma comédiazita, muito leve e inconsequente, desde o primeiro volume da revista de manga até ao anime. E é só isso.

Arte vulgar, sem animação que se veja. Música reduzida a efeitos de ridículo e a uma canção de abertura que dura quase tanto tempo como o resto do episódio.

Porque sim, são episódios com três minutos. Daí a série se ver mais ou menos bem. De uma forma ou de outra, não trás nada de novo.

Dominion Tank Police

Dominion Tank Police
Mashimo Koichi - Agent 21
Anime OVA - 4 Episódios
1988
6 em 10

Ora então era uma vez uma moça que se junta a uma polícia que combate o crime com tanques. Ela tem um tanquezinho amoroso chamado Bonaparte e luta contra um gajo maluco que é ajudado pelas irmãos Puma, duas gajas malucas com orelhas de gato. E está feito um OVA dos 80s.

Infelizmente há dois elementos que não funcionaram nada bem neste OVA: o universo e a comédia. O universo não está nada bem caracterizado. Não há explicações, está muito incompleto e o tempo que foi passado a ver Leona a tomar conta de Bonaparte poderia ter sido utilizado para explicar melhor em que situação é que eles vivem. O outro factor, a comédia, pareceu-me simplesmente que não funcionou bem. O assunto que o anime trata é grave e rir de assuntos graves desta maneira não é coisa que eu aprecie. O exagero das irmãs Puma, os gatos, contraposta à sua frequente nudez, pareceu-me anti-climático e aborrecido.

Por outro lado, a arte está bastante capaz para a época, com grandes efeitos no tanquezinho Bonaparte, que é mesmo fofinho e dá saltinhos enquanto coisas à volta dele explodem. Não achei positivos os exageros das expressões faciais, aliadas à fraca comédia, pois impedem-me de levar o anime a sério.

Musicalmente, temos o típico da época, com as músicas de amor épicas meio ridículas de que tanto gostamos. Mas são sempre as mesmas, o que para OVA é um pouco inexplicável, podiam perfeitamente ter usado sempre músicas diferentes.

Vale a pena pelo tanque fofinho.

26.3.13

Shinsekai Yori

Shinsekai Yori
Ishihama Masashi - Aniplex
Anime - 25 Episódios
2012
6 em 10

Da season de Outono, que se continuou pelo novo ano. Era a série que eu achava que tinha mais potencial, mas desapontou-me grandemente, devido a inconsistências em todos os aspectos.

Este anime segue a vida de um grupo de miúdos, que vão crescendo à medida que a série vai decorrendo. Eles vivem num universo distópico em que a humanidade está reduzida a aldeias de paz e de amor devido ao seu poder de telepatias e outras coisas telepáticas, o "cantus". O código genético da humanidade foi alterado para que vivam todos em amor e não sejam capazes de se matar uns aos outros. Em compensação, existem umas criaturas não-humanas mas lá quase, que estabelecem uma guerra contra os homens em guisa de revolução. Infelizmente, uma história com tanto potencial acabou confusa e sem destino devido a uma má direcção. Aparentava que a equipa de produção não fazia ideia do que estava a fazer nem para onde se dirigia, o que por vezes terminava em voltas sobre si mesma e confusão. Houve alturas em que eu pensava que isto nunca mais ia acabar e só se tornou interessante já na recta final, já na parte em que eu não estava mais para aturar isto.

O mesmo aconteceu com a arte. Ao que parece, foram várias as equipas que trabalharam nisto, mas não se esforçaram por dar consistência ao aspecto geral da série, o que resulta numa amálgama desconexa. Por vezes temos fundos muito bonitos, que logo se perdem para animações em CG pavorosas.

Acho que a única coisa aproveitável foi a música. Repetitiva, é certo, mas as peças continham um certo poder emocional que não pode ser ignorado.

A moral é positiva, mas a execução ficou aquém das expectativas. Não recomendo.

Amnesia

Amnesia
Ohashi Oshimitsu - Brains Base
Anime - 12 Episódios
2013
4 em 10

E o primeiro anime da season de Inverno de 2013 é possivelmente o mais deprimentemente deprimente de que há memória desde que comecei a acompanhar seasons (que foi no Outono, por isso não era muito difícil).

Isto é sobre uma gaja atrasada mental que cada vez que lhe dão um encontrão vai para um universo paralelo. A única diferença entre os universos paralelos é o gajo com quem ela anda. Então a badalhoca anda de gajo em gajo durante todos os episódios (porque são uma data deles) e no fim o mistério afinal é culpa do único que não apareceu. Ah sim, e ela tem uma fadinha (um fado) chamado Orion, que também é meio atrasadinho, coitadinho.

Enfim, história pouco temos e personagens ainda menos. A única coisa que os distingue uns dos outros é a cor da roupa e o cabelo, porque de resto foram todos recortados da mesma resma de papel cavalinho. E estes designs, alguém é capaz de me explicar o que se passou na cabeça desta gente? É que eu não quero fumar o que eles fumaram, não me quero tripar de maneira assim tão estúpida! Parece que foram desenhados por uma fã americana de J-rock que pensa que numa banda de visual-kei cada um tem de ter a sua cor. Uma coisa eu vos garanto: não há banda de visual-kei que tenha tão mau gosto para se vestir.

Música? A única coisa gira era o turuturu a meio do episódio. A dizer o intervalo. Acho que o intervalo devia ser a melhor parte desta série.

E arte? Isto foi feito a partir de um jogo para meninas e parece mesmo um jogo. Porque de animação temos pouco ou nada. Está toda a gente parada. As cores são horríveis, os olhos não fazem sentido, o cabelo em degradé não funciona nem nunca funcionará fora do ecrã de um jogo manhoso para gajas sem mais nada que fazer.

Um anime horrível. Desesperante porque a "heroína" nunca morria, apesar de tantas oportunidades que tiveram para a matar. Uma perda de tempo e um desperdício de recursos que podiam ter sido usados para me comprar um palacete no Príncipe Real.

Coelho Radioactivo

Coelho Radioactivo
Concerto
E passou-se a noite e eu não dormi. Por boas razões, mas começava a bater a ressaca, lentamente, como uma onda (uma onda morna). Mas o que fazer num domingo à tarde? Porque não ir a outro concerto? E lá fui eu mais um amigo até um bar/restaurante/café chamado Dedecadente (ou só decadente, não sei bem), ver o Coelho Radioactivo. Engraçado que no decadente encontrei a servir às mesas um colega meu do grupo de teatro. Fiquei feliz por o ver, gostaria de lhe ter perguntado se sempre é verdade que pintou um vidrão.

Adiante.

Foi um concerto bom para  a ressaca, porque são músicas calminhas e aparentemente o próprio coelho estava na mesma situação que nós. Obrigada, somos pessoas reais. Mas por vezes as coisas que dizia pareciam um pouco inconvenientes. Acho que teria gostado mais de silêncio.

E depois a história do amigo que ele não via há seis meses (ou seria um ano?), que foi tocar e cantar também, mas estava todo desafinado, e o coelho também. Diz que o dream pop é suposto ser assim, se é suposto ser assim então o que é que eu hei-de fazer do dream pop?

Seguiu-se busca por sítio para jantar e a ruína total.

Fica aqui para vocês ouvirem:


Norberto Lobo

Norberto Lobo
Concerto

O Teatro Municipal de Almada tem coisas fantásticas. Nomeadamente uns concursinhos em que toda a gente ganha, no Facebook. E, tal como toda a gente, ganhei um par de bilhetes com desconto para o concerto de Norberto Lobo. Eu já tinha visto um concerto, no LX Factory, mas não tinha sido com muita atenção. Este foi com mais atenção. Rápido e indolor.

Meia dúzia de músicas e um encore, foi o que este concerto durou. O Norby, como o apelidei mais tarde, sabe tocar o seu instrumento, por isso pode fazer o que quiser. Fez coisas impressionantes, só a brincar. O que mais me chocou foi quando ele desafinou a guitarra e no final ela terminou afinada. Que magia foi esta?

Faz todos os efeitos sonoros só com um instrumento, uma guitarra, por isso deve ter passado muito tempo sozinho com ela. Pareceu ser uma pessoa simpática, mas terá a sua pancada (todos nós temos). As gravações não fazem jus ao que assistimos neste concerto, mas ainda assim fica aqui uma, apenas para conhecerem o artista (que é um bom artista).

Enjoyate.


22.3.13

Rurouni Kenshin: Tsuiokuhen

Rurouni Kenshin: Tsuiokuhen
Furahashi Kazuhiro - Studio Deen
Anime OVA - 4 Episódios
1999
8 em 10

Quatro episódios, como são quatro as estações do ano. Tuiokuhen, as memórias, é a prequela de Rurouni Kenshin, o samurai da nossa infância. Mas desta vez não é o Samurai-ai-ai-ai que nos fazia rir com as suas patanisquices. Esta é a história da sua origem, de como obteve a sua famosa cicatriz em cruz.

É um anime exemplar em todos os aspectos. A história tem as suas nuances, mas resume-se a um romance trágico. A evolução dos personagens faz este curto OVA valer a pena. Kenshin apresenta-se como um assassino sem dó nem piedade, quase sem alma, que cresce em função do amor de Tomoe, uma mulher que ele encontra uma vez na rua e que adopta como sua por força das circunstâncias. Esta, por sua vez, tem uma faceta vingativa, que empalidece perante os sentimentos que crescem na sua convivência com o assassino. É a paixão a força motriz de todo o anime e o seu culminar é mortificante, no sentido literal. É com esta história que nasce o Kenshin de muitos segredos que todos conhecemos e é esta história que o torna num personagem ainda mais interessante do que se poderia pensar inicialmente.

A arte é algo de extraordinário. Numa mistura de aguarelas com fotografias, dá-nos paisagens de uma beleza quase poética, que imprimem memórias de um Japão clássico como só o vimos na literatura. Temos algumas lutas animadas de excelente forma, mas elas não são o enfoque principal do anime. Sangue em grandes quantidades, mas a maneira como ele aparece não é desadequada nem exagerada, é algo que surge com naturalidade e como consequência dos sentimentos das pessoas envolvidas.

Tal como as paisagens, a música remete-nos para os sentimentos nipónicos, com grande ênfase nos instrumentos tradicionais do país. Está sempre enquadrada nas cenas e adiciona-lhes o tempero tão necessário para que o público partilhe das emoções transmitidas.

Pode ser visto por qualquer um, mesmo que não tenha visto a sequela original. Assim, recomendo vivamente. São duas horas que se passam muito bem.

Koutetsushin Jeeg

Koutetsushin Jeeg
Kawagoe Jun - Actas
Anime - 13 Episódios
2007
5 em 10

Mais uma voltinha, mais um mecha genérico sem graça nenhuma!

Realmente, porque é que eu me ponho a ver estas coisas? A minha sorte desta vez é que eu não sabia que isto era uma sequela, então não me ocorreu sequer ver o original, que ainda por cima é dos 70s.

Então temos uns miúdos que andam de mota muita bem. E uma má muito má que faz rituais malévolos enquanto canta "jabajabajabajaba". Essa má muito má envia monstros super fortes e muito maus. Sorte destes miúdos que existem umas miúdas em fatos de latex que lhes acentuam as formas do corpo, dentro de aviões, que os ajudam a vencer os maus muito maus. E a mota transforma-se num robot todo colorido e com a força da amizade vão poder vencer! Já vimos esta ideia oito mil novecentas e cinquenta e três vezes na nossa vida. Já chega!

Nada na história ou nos personagens é original ou interessante. Os arquétipos são sempre os mesmos e as conclusões são sempre as mesmas.

A animação é decente, é certo, mas estamos a falar de um anime dos 00s. É de esperar que seja decente. É tudo muito épico, grandes explosões e mísseis de mamas (arma de destruição maciça muito prática, sugiro à Coreia do Norte que experimente). A música adiciona ao épico e é a parte mais divertida, porque é nostálgica e lembra o exagero dos 70s. Mas é parca, repetitiva e vulgar.

Ainda falta muito mecha nos meus planos de visionamento, mas espero sinceramente que não seja todo tão mau como isto.


21.3.13

Tatakau Shisho: The Book of Bantorra

Tatakau Shisho: The Book of Bantorra
Shinohara Toshiya - Geneon Universal Entertainment
Anime - 27 Episódios
2009
6 em 10

(Que giro, vi dois animes do mesmo estúdio de seguida ^__^)

Eu vejo anime em quantidades copiosas. Especialmente ultimamente, que não tenho muito mais coisas para fazer. Mas só muito raramente é que um anime me prende de tal maneira que eu o vejo com atenção do início ao fim, sem me distrair com conversas no IRC ou outras conversas em sítios mais modernos. Finalmente, após tanto tempo, aqui está um anime que me divertiu do início ao fim! E agora é altura de perguntarem: "então se gostaste porque é que lhe deste uma nota tão mediana?" E eu respondo, como sempre digo: não precisamos de gostar só de coisas boas e há coisas boas que não precisamos de gostar. Este anime encaixa-se no primeiro estatuto.

Book of Bantorra passa-se num universo paralelo quase fantástico, mas não exactamente (porque continua a ter aviões, como os universos normais). Neste mundo, as pessoas quando morrem transformam-se em livros de pedra que, ao ser tocados com as mãos nuas, revelam toda a vida da pessoa. E existe uma biblioteca, a Biblioteca de Bantorra, onde guardam esses livros. E existem os Bibliotecários Armados, que são quem toma conta da biblioteca. Entretanto, existe uma igreja do sétimo dia "vamos afogar-nos nas graças de deus" que tem uns atritos com os bibliotecários de Bantorra. A história é-nos revelada sobretudo em flashbacks, isto é, pessoas que lêem os livros umas das outras, e a narrativa está dividida em pequenos arcos que se dedicam um pouco a cada uma das personagens mais importantes. Por vezes a história parece pouco fluída, com uma transição pouco clara, sobretudo entre cada arco.

Os personagens são interessantes, mas apenas Hamyut, a bibliotecária directora, sofre evolução. Evolução essa totalmente dependente dos flashbacks do seu passado. Todos os outros estão bem definidos à partida, sobretudo pelos seus poderes, sofrendo alguns um bocadinho mais de pintura interior nos seus arcos. No geral, gostei de toda a gente e estava sempre à procura de um que fosse um bocadinho mais denso para ver se podia fazer cosplay dele. Mas não, não tenho ideias para nenhum. A Ireia mais nova fascinou-me (ia ser tão difícil fazer semelhantes roupagens!) mas não posso fazer nada com ela num palco, por isso fica para outra pessoa que se lembre. :3

A arte é muito díspar. Temos grandes momentos de animação, com lutas excelentes, mas por outro lado temos outras cenas ridiculamente mal feitas, sobretudo quando há uso de CG. Logo no primeiro episódio, aqueles barcos mais pareciam caixas de cartão. Os designs de personagens são engraçados, mas continua a fazer-me espécie que... Bem... Se todos os bibliotecários têm uma farda porque é que os personagens principais podem usar a sua própria roupa? E porque é que têm de ser todas tão mamalhudas?

Musicalmente, nada de especial: uma música coral, uma música com uma gaja da ópera, um piano, um violino e tá feito. Nenhuma das duas OPs ou EDs me prendeu especialmente, apesar da primeiríssima animação da OP ser muito interessante. A música chegava a ser anti-climática e era muito repetitiva.

Enfim, uma série que eu adorei, mas à qual não posso dar uma nota superior ao 6. Seis significa, claro está, "na média". Mais uma vez a prova fatal de que nem tudo precisa de ser bom para ser divertido! =D

18.3.13

Gun X Sword

Gun X Sword
Taniguchi Goro - Geneon Universal Entertainment
Anime - 26 Episódios
2005
6 em 10

Então estava eu muito contente a ver um anime que parecia um western. Tinha tudo para ser um western. Mas de repente, aparecem mechas. O que me leva a questionar a validade da minha Plan to Watch actual (era para dizer "nova PtW", mas já não é nova, já ando nela há um par de meses). Eu sabia que tinha mecha, mas nunca imaginei que tivesse tanto. Enfim, não se podem só ter coisas boas. Não é que eu desgoste de mecha, mas mecha à paulada já cansa um bocadinho.

Este anime fala de uma arma e de uma espada. Aliás, das pessoas que as carregam. São elas uma miúda que procura o seu irmão mais velho e um homem à guisa de anti-herói que procura vingar a sua noiva, assassinada no dia do seu casamento por um homem conhecido por "Claw" (porque só o conseguem reconhecer pela garra que ele tem em vez de mão). Seguem por um universo desértico, com cidades perdidas pelo meio como oásis, onde têm aventuras e vão descobrindo a história por trás do malfeitor. Nisto o anime é interessante, no universo, apesar de ser muito (muito) semelhante a Trigun. Não é original, mas é giro e cada cidade tem um conceito muito bem definido que por vezes é muito divertido. Os personagens também não têm nada de original, quer na personalidade quer no design, mas têm os seus momentos. Por vezes, são mais interessantes os personagens secundários do que a espada e a arma, diga-se de passagem.

E diga-se de passagem também que este anime tem uma das mascotes mais fofas de sempre, uma tartaruga que é uma jóia, que é um colar e anda pendurada ao pescoço da miúda e que faz uns barulhinhos fofinhos (pouco naturais para tartaruga, é certo)

A animação é bastante fluída e os designs dos mechas são originais e divertidos (especialmente aquele com cara de gato). Temos algumas cenas de luta muito bem coreografadas, mas por vezes um excesso de brilhantina tira o realismo às situações.

Em termos musicais não me pareceu nada de extraordinário, apesar de a música ser variada. Temos não uma, nem duas, mas SEIS EDs! A OP estabelece um ritmo de western que depois não é entregue, como visto anteriormente. No meio, umas cordas épicas para as lutas e pouco mais. Muito insosso.

No geral um anime divertido, mas não o suficiente para eu o recomendar.


17.3.13

Allison & Lillia

Allison & Lillia
 Nishita Masayoshi - Madhouse Studios
Anime - 26 Episódios
2008
6 em 10

Ora aqui está um anime que podia ter sido muito giro. Mas que, por uma razão ou outra, não conseguiu. Manteve-me focada a cem por cento durante os primeiros seis episódios. Depois perdeu-se.

tudo começa com o conceito. Estamos no ano três mil e troca o passo. Mas conduzimos biplanos e sidecars. Porque não estabelecer isto na época correcta? Será que iremos regredir no futuro, só para ser giro? Nada o indica. Enfim. Temos dois países em guerra e dois adolescentes envolvem-se na busca de um tesouro que poderá acabar com a guerra, de biplano. São eles Allison e Wil. Descobrem o tesouro muito rapidamente, em quatro episódios ou o que o valha. Diga-se de passagem que o tesouro não é nada de especial nem de impressionante e que só nos desenhos animados é que graças a uma coisa destas acabaria a guerra. Um casal de palestinos num biplano devia ir procurar um tesouro igual, tudo estaria solucionado! Depois descobrem uma princesa e depois passa para a segunda parte, a parte de Lillia. Que é

[nãoháspoiler]
A filha de Allison e Wil. Note-se que Wil, convenientemente, morre quando ela é pequena.
[/nãoháspoiler]

E desenvolve-se uma história em tudo semelhante à da primeira, parte, excepto com outros personagens. A história, como se pode ver, podia ter o seu interesse se se focasse nos dramas políticos com mais seriedade, mas é tudo demasiado leve para ser levado a sério.

Os personagens estão bem caracterizados ao início, especialmente Allison, mas não saem do mesmo sítio. Os filhos são recortes da caixa dos chocapitos. E, facto interessante, nestes dois países a quantidade média de habitantes deve ser de 10 a 15 pessoas, porque são todos filhos uns dos outros.

Em termos de animação, temos muitas perseguições como cenas de acção. Perseguições de aviões de todos os feitios, de motas com sidecar, de jipes, de comboios, temos meios de transporte para todos. O CG só funciona de vez em quando e a maior parte das vezes está enfiado a martelo de uma forma muito desagradável.

De música, só a OP se aproveita. É muito bonita e caracteriza bem a série. O parênquima quer dar uns ares de "sou muito épico", mas falha quando associado à animação.

É uma série leve e divertida, mas inconsequente. Agora percebo as pessoas que desistiram dela no episódio 6.

Quem Tramou Roger Rabbit

Quem tramou Roger Rabbit
Robert Zemeckis
Filme
1988
7 em 10

A propósito da Monstra, Festival de Animação, passei a tarde toda no Cinema S. Jorge. Perdi o filme de anime, porque cheguei meia hora depois de ter começado, mas vi o Roger Rabbit. Que é um filme que sinceramente não me importo nada de ir ver no cinema, porque sempre gostei dele.

Um policial com um twist: os desenhos animados são pessoas. Pessoas loucas, mas pessoas vivas. Valiant é um detective privado que já teve melhores dias e que um dia tem de ir tirar umas fotos pornográficas à mulher do Roger Rabbit, um coelho toon. Depois alguém morre, Roger é acusado e o detective protege-o e esconde-o enquanto tenta perceber quem é o verdadeiro vilão da história. O resultado é um filme divertidíssimo.

Groundbreaking (partidor de chão) na utilização de animações que interagem com actores e objectos, é um excelente exemplo das coisas que se podem fazer com desenhos. Foram precisos muitos animadores para fazer isto, mas cada detalhe está no sítio certo e até coisas difíceis, como a cena do candeeiro, foram conseguidas.

Os actores verdadeiros não estão a fazer nada fora do comum, mas funciona. As vozes dos desenhos também funcionam. E é o conjunto que trás um resultado divertido.

A única coisa que eu não gosto deste filme é que os desenhos são todos "toons" antigos e eu não aprecio toons. Não acho graça a coisas que caem e se magoam. E Roger Rabbit passa o tempo a dizer que os desenhos animados foram feitos para rir e isso não é assim tão verdadeiro.

Depois do Roger Rabbit ainda vi a sessão de competição das Curtíssimas, Super Shorts. Foram 72 minutos e eu estava a ver que nunca mais acabavam. Porque quando digo Curtíssimas... São mesmo curtas. Com 30 segundos. A dois minutos. Bom para ver no youtube, mas numa sala de cinema, dezenas delas umas a seguir às outras, já me estava a alucinar. De qualquer forma, a minha preferida chamava-se Woof Woof e era com quadradinhos e triângulos. Perdi o lançamento da revista Banzai porque fui lanchar, mas estava lá uma exposição.

Gosto sempre de ir à Monstra, vou todos os anos. Talvez para o ano finalmente vá acompanhada. Quizas quizas quizas

14.3.13

Arve Rezzle: Kikaijikake no Yoseitachi

Arve Rezzle: Kikaijikake no Yoseitachi
Yoshihara Tatsuya - Zexcs
Anime Special - 1 Episódio
2013
6 em 10

Afinal de contas, o que é isto? É uma light novel que se tornou special, um episódio de 20 minutos sem consequências, animado por uma das revelações que trabalhou em Sket Dance. Lançado na niconico, pelo que indica a watermark no vídeo.

Bom, infelizmente isto é - como disse - apenas um episódio de 20 minutos. Se fosse uma série teria muito potencial. A história é complexa e envolve almas que trocam de corpo e ficção científica. Os personagens têm potencial para crescer. Este special fez um bom trabalho a apresentar a história e as personagens, mas deixa-nos com vontade de desenvolvimento.

A animação é bastante boa, com uma utilização interessante de texturas e cenas de acção envolventes, quiçá um pouco confusas porque não nos apresentaram as "formas de lutar" deste universo convenientemente.

Gostei bastante do trabalho dos voice actors, mas a música não é nada de extraordinário, com uma ED meio punkosa sem graça nenhuma.

Enfim, uma pena que seja só um episódio. Pode ser que façam mais.

12.3.13

Ikoku Meiro no Croisée

Ikoku Meiro no Croisée
Yasuda Kenji - Satelight
Anime - 12 Episópdios + 1 Special
2011
7 em 10

Desde que se foi lá a primeira vez que existe um fascínio mutuo entre o Japão e a Europa. Sobretudo entre o Japão e a França. Até hoje, como se pode ver pela secção de manga da Fnac, pelas lojas de roupa lolita em Paris e pelo tamanho da Japan Expo (onde irei um dia, quiçá). Ora bem, este anime fala precisamente sobre o choque entre as duas culturas.

Yune é uma japonaise pequenina que vai viver para França, criada de uma loja de ferragens numa galeria comercial. O anime é episódico e fatia-de-vida, falando sobre os pequenos momentos da sua vida em França e as diferenças entre hábitos. Rapidamente faz uma amiga, uma weeaboo do século XIX, e convence o seu patrão, Claude, do seu valor como criada e como pessoa.

É um anime muito agradável na arte, com belíssimos retratos da arquitectura parisiense e excelente caracterização da época. Excesso de gatos, como é habitual no anime, mas nada de irrealista. As cores são suaves, com um resultado muito bonito. Adicione-se a isto uma música muito leve e ambiental num estilo europeu clássico e o que temos no final é um universo muito bem explorado e suave.

Os personagens têm muitos dramas na vida deles, sobretudo no seu passado. Isto é um grande exagero e tira lugar a sentimentos presentes mais importantes, nomeadamente as saudades de Yune. Houvessem menos flashbacks e a série teria sido muito melhor.

No geral, é um bom fatia-de-vida, bastante original. Lembra-me Aria, por vezes.

Em relação ao Special, fiz um comentário específico para ele que traduzirei aqui de seguida:

Enquanto que o episódio 4.5 é muito belo por causa da sua componete musical, não foi impressionante no geral. A história deste episódio baseia-se demasiado  numa coincidência e não explora muito bem o facto de Yune estar a lidar com um país e cultura diferentes. Fala sobre as suas saudades, mas apenas toca a pele do assunto.

A minha verdade é o amor

A minha verdade é o amor
Luanne Rice
2007
Romance

Porque é que eu pedi este livro no BookCrossing? Sei lá, pareceu-me interessante. Quando o mostrei aos meus amigos disseram "é mesmo literatura de gajas". E é mesmo, apercebi-me mais tarde.

Bernie é freira e Tom é o seu jardineiro. Amam-se e tiveram um filho, mas depois ela virou freira, coisas da vida. Teve uma revelação da virgem. Entretanto o seu filho, Seamus/James vive no orfanato com Kathleen. E amam-se. Mas acabam separados. E assim o livro consiste em: Bernie e Tom à procura do filho; todos à procura de Kathleen. Com revelações da Virgem Maria à mistura, mas isso não é nada impressionante.

Não é que o livro esteja mal escrito. Foi claramente feito por uma dessas "profissionais da escrita", o pessoal que tira cursos para aprender a escrever e que eu desprezo profundamente. Mas não tem alma. As descrições são estéreis e existem demasiados personagens sem qualquer relevância para a história que são explorados em pormenor desnecessário. A história em si é previsível, com os seus momentos trágicos mas acaba tudo em bem. Acaba sempre tudo em bem. Estava-se mesmo a ver que ia acabar tudo em bem.

Não foi um livro motivante. Deixa-me triste que uma árvore tenha de ter morrido para que este livro exista.

11.3.13

Bubblegum Crisis

Bubblegum Crisis
Obari Masami - AIC
Anime OVA - 8 Episódios
1987
7 em 10

Depois de um falso clássico, é hora de um verdadeiro! Bubblegum Crisis, o anime que não tem quase nada de pastilha elástica!

Este é um futuro que hoje em dia não é muito distante. Ainda assim existem uns andróides chamados Boomers que são um perigo para a sociedade. A AD Police está encarregada de os destruir mas devido aos seus elevados níveis de incompetência existem as Knight Sabers, quatro gajas dentro de fatos robotizados que lhes dão uma força super-poderosa e a capacidade de transformar os boomers em grandes explosões de óleo!

Elas são quatro e cada uma está extremamente bem definida dentro do seu arquétipo. Têm as suas vidas além da luta pela justiça, têm as suas personalidades e têm os seus problemas. Também têm passado. São um conjunto de personagens interessante e bem caracterizado. A natureza episódica da série trás-nos um conjunto de novos personagens a cada episódio, cada qual também muito bem caracterizada e realista. O drama atinge o seu pico a meio da série, tudo o resto é um intercalar entre momentos muito sérios e momentos de humor muito próprios derivados da personalidade de cada personagem.

Os designs são típicos da época, mas a animação é muito boa. É muito detalhada e bem coreografada, sem abuso nas cores. O ambiente criado é o primórdio do cyber-punk, para sempre imortalizado com Ghost in the Shell mas que vê os seus inicios em Bubblegum Crisis. A vida e interacção com robots eram grandes preocupações dos anos 80 (infundadas, como se pode ver) e a funcionalidade de todas as máquinas desta série está muito bem estruturada, sobretudo a nível artístico.

Mas a melhor parte é sem dúvida a música. Pastilha elástica? Sim senhor! O melhor pop dos 80s Japoneses,  beat electrónico e letras sensuais. Duas grandes músicas por episódio, ilustradas por fantásticas sequências de animação. A abertura do primeiro episódio, o concerto de Priss, é memorável. Estes momentos musicais contribuem muito para o ambiente geral da série, uns 80s futuristas, e tornam-na absolutamente deliciosa.

Um clássico recomendado, e não só para quem se deseja informar.

7.3.13

The Big O

The Big O
Katayama Kazuyoshi - Sunrise
Anime - 26 Episódios
1999
6 em 10

Quando fui ler algumas críticas deste anime, pouco depois de o começar, vi-o classificado como "noir". E achei interessante que estivesse a ver um anime noir. Mas depois fui ver algumas características dos verdadeiros film noir e não creio que esta classificação esteja correcta. Existe um anti-herói, no caso um negociador de sequestros e uma femme fatale. O ambiente é tristonho e deprimido, muito pouco colorido e com algum ênfase no preto contra o branco, sobretudo no que respeita aos designs dos personagens. Mas a  história e a motivação dos elementos desta não correspondem ao trope original. Assim, conforme sugestão, permitam-me que classifique este anime como "neo-noir".

Big O é um robot gigante, conduzido pelo negociador de sequestros Roger Smith. Tem uma android como governanta e ajudante e um criado zarolho que carrega grandes armas consigo. Todos os episódios encontra um robot gigante novo com quem lutar, um megadeus, e destrói toda a cidade no processo. Tem um amigo na polícia. E são episódios de destruição atrás de episódios de destruição até que, circa episódio 18, temos uma história um pouco mais completa, mas ainda assim sem grande mistério e complexidade.

Os personagens Roger e Dorothy são interessantes pois trazem momentos de humor algo irónico. Roger, apesar de estar apresentado como um pouco anti-herói, até é uma pessoa bastante simpática e bem humorada, que gosta de dormir até tarde. Dorothy tem alguns momentos geniais de humor, pois - sendo um robot - não tem qualquer expressão. Ainda assim diz coisas muito desadequadas para robot, que revelam a sua humanidade que, em minha opinião, não deveria existir. O episódio do gato é um exemplo forte disto.

Assim o anime ganha interesse não pela história ou personagens mas pelo ambiente artístico. As cores são parcas e a animação tem traços fortes, apesar de não ser nada de extraordinário. Muitas explosões e prédios a cair. Esta cidade onde vivem tem uma característica especial: é uma cidade sem memórias, pois há 560 anos toda a gente se esqueceu de tudo (o que lembra bastante A Wind Named Amnesia). Não me pareceu que este conceito fosse suficientemente explorado. O ambiente é coroado por uma excelente banda sonora, com muito jazz e blues, muito piano e saxofone. A música trás muita melancolia à série, o que por vezes não corresponde às personalidades dos personagens nela inseridos.

Tinha tudo para ser um clássico. Talvez se não tivesse mechas feiosos o tivesse conseguido.

Comer Orar Amar

Comer Orar Amar
Elizabeth Gilbert
2006
Memórias/Auto-ajuda

Tinha curiosidade por este livro desde que saiu o filme (que não vi), por isso aparecendo a oportunidade li-o. E, bem... Enfim...

O livro está escrito de uma maneira engraçada. Tem muitas piadas, tem comparações giras, fala de uma maneira casual de um problema sério, que é a depressão da autora. Mas não me vou demorar muito. Este livro ensina como curar a depressão. E a resposta é simples: é preciso ter dinheiro para ir a Itália enfardar massa e pizza, à Índia aprender a meditar e à Indonésia, Bali, arranjar um amante brasileiro. Foi a parte do Amar a que gostei mais, diga-se de passagem, não pelo amante brasileiro mas pelo mestre curandeiro, que é uma personagem muito engraçada (real, mas personagem) e que pensa exactamente da forma que eu tento pensar todos os dias.

Mas convenhamos... Se eu fosse rica também curava a depressão num instante.

Sinceramente, não acho que este livro valha a pena o tempo. Achei que depois de o ler iria ter vontade de fazer uma caminhada espiritual e encontrar deus/falar com deus/qualquer coisa divina, mas a verdade é que me deixou completamente indiferente. Liz, tiveste sorte em arranjar alguém que te pagasse as férias. Mas as pessoas normais não são assim.

6.3.13

Ookami Kodomo no Ame to Yuki

Ookami Kodomo no Ame to Yuki
Hosoda Mamoru - Madhouse Studios
Anime - Filme
2012
7 em 10

Eu antes de ter um fascínio por cães, tinha um fascínio por lobos. Os lobos eram a minha vida e ainda tenho as memórias de quando queria ser um. Uivava melhor do que ninguém. Por isso este filme veio mesmo a propósito.

Hana conhece um homem lobo. Apaixonam-se e têm filhos, crianças lobo. E este filme conta a história do seu crescimento e da maneira como a mãe os educou, depois da morte inusitada do homem lobo. É uma história sobre o amadurecimento e a auto-descoberta e os diferentes caminhos que pessoas na mesma situação podem tomar. Foi realizado pelo mesmo autor de The Girl that Leapt through Time, ganhou um prémio num  festival espanhol. Promissor.

Os personagens sofrem uma evolução constante, marcada por momentos essenciais da sua vida diária, momentos bastante fortes que deixam sinais na personalidade dos intervenientes. Hana tem uma caracterização sólida e é a sua personalidade que a ajuda a adaptar-se e a mudar conforme necessário. Já Yuki e Ame tiveram soluções diametralmente opostas ao que nos foi apresentado inicialmente, o que me pareceu um pouco inadequado, pois a evolução teria de ter sido mais lenta e gradual. Também creio que teria sido mais realista, na medida em que um filme sobre crianças lobo é realista, se estas mudanças se tivessem passado na adolescência e não durante a escola primária.

A animação está interessante, com as transformações dos lobos em crianças e crianças em lobos a tornarem-se nos momentos mais giros do filme. Temos paisagens soberbas, extremamente detalhadas, e por vezes a simplicidade do design das personagens não se conjuga bem com o que está por trás deles.

Efeitos sonoros que correspondem à força visual, apesar de a banda sonora não ter nada de extraordinário. Nota para a actriz que deu voz à Yuki pequena, Kuroki Haru, que deu uma vivacidade impressionante à personagem.

No geral um bom filme. O ritmo é muito bom e manteve-me sempre atenta, o que já de si é difícil, por isso considero-o um filme bastante acessível e agradável. Pode puxar a lágrima no final, se estiverem motivados para isso.

5.3.13

Minami-Ke

Minami-Ke
Oota Masahiku - Daume
Anime - 13 Episódios
2007
6 em 10

É interessante observar como a minha nova Plan to Watch (Planeio Ver), de animes escolhidos sem critério das recomendações de gente que supostamente sabe o que está a dizer, está recheada de anime fatia-de-vida. Que é um género que me cansa cada vez mais, todos os dias. Mas este... Não está mal.

Minami-ke é um anime sobre a vida, em casa e na escola, das três irmãs Minami, Haruka, Kana e Chiaki (por ordem decrescente). Não é um anime para ser levado muito a sério. E eles admitem isso logo desde o primeiro momento:


Ora, a vida de adolescentes, pré-adolescentes e crianças, no Japão e em qualquer lugar do mundo, não é particularmente excitante ou fascinante. Por isso, o que é mais válido num anime fatia-de-vida são as personagens e as suas interacções. Minami-ke, por estranho que pareça, consegue manter um nível bastante bom no que lhes diz respeito. Haruka, a mais velha, é caracterizada como boazinha, talentosa (na perspectiva das irmãs mais novas), bonita e tudo o mais, uma verdadeira perfeição. Quando confrotada com outros personagens, nomeadamente o jovem que está apaixonado por ela (e que foi quem mais me fez rir durante toda a série. Não ri muito, confesso), não demonstra grande personalidade, excepto para responder aos gags de comédia. Kana, a do meio, coitadinha, é meio atrasadinha. Faz sempre tudo errado e é do facto de ser desastrada que advém, ou deveria advir, grande parte da comédia deste anime. Mas eu sou incapaz de me rir com pessoal a cair. Por isso ela apenas me irritou. Finalmente, Chiaki, a mais nova, é possivelmente a mais interessante do conjunto. Está sempre a chamar toda a gente de bakayaro (sp? O meu japonês fica pior de dia para dia... E pensar que eu conseguia manter uma conversa sobre animais com uma criança de três anos!) e aparenta ter grande maturidade para a idade, dado que todas as coisas a chateiam. No entanto há momentos em que se revela a sua infantilidade, como a aventura da pedra Yamada. E tem uma cornucópia na cabeça. As personagens por si só não são grande especialidade, como se pode ver nesta pequena análise. Mas a relação entre elas, enquanto irmãs, torna-se bastante especial. O fascínio de Chiaki por Haruka, o fascínio de Kana por Chiaki e as suas respostas às situações revelam que são uma família unida e que se ama. Apesar de não terem pais (fiquei para saber onde arranjam o dinheiro para comer e para pagar a conta da luz, mas diz que explicam na terceira season).

Em termos artísticos, não temos nada de especial. Em absoluto. Os designs são muito simples, apesar de funcionarem como "a(s) rapariga(s) da porta ao lado". Podiam ser qualquer pessoa e com os seus designs podemos identificar as suas aventuras de todos os dias com as nossas. Detestei as boquinhas de gato, constantes e que nunca desaparecem.

No sonoro, há uma caracterização forte da série como "situação que na verdade é normal e não interessa muito, passem à frente". O que é bom, porque era esse o objectivo inicial, não era? As vozes não me pareceram nada adequadas, sobretudo a de Chiaki, muito nasalada.

Enfim, um anime agradável, não mata de riso mas também não é muito chato. Não estejam à espera que eu vá ver as próximas três temporadas. Pelo menos em breve.

2.3.13

Yuru Yuri

Yuru Yuri
Oota Masahiku - TV Tokyo
Anime - 12 Episódios + 1 Special
2011
5 em 10

Olá amigo! Gostas de meninas pequeninas? Gostarias de ser preso um dia? Tens um atraso mental? Então este é o anime ideal para ti!

Yuri é a arte do lesbianismo em anime. E normalmente, por estranho que pareça, é feito para um público feminino. Yuru Yuri não. É feito para o público ota-cu mais deprimente que existe. São 12 episódios mais três minutos de pura diarreia mental e é incompreensível para mim como é que alguém se pode sentir atraído por uma série como esta. Já é sabido que o ota-cu gosta bués de coisas sem conteúdo. Talvez não seja de admirar que gostem de coisas sem conteúdo em que as personagens são todas (quase)lésbicas.

Porque é isso, essencialmente. Temos uma personagem principal que serve como observadora, dada a sua absoluta falta de dimensão (e eles até admitem isso, caracterizando-a como "apagada" e "normal") e temos meia dúzia de outras meninas que têm relações de intensa amizade/quase amor umas pelas outras. Acham-se fofas umas às outras, por isso apalpam-se. Gostam umas das outras, por isso tomam banho juntas. Tentam beijar-se, na maior das purezas que uma amizade permite. Olham para a roupa interior umas das outras, mas por pura curiosidade, onde está a perversão nisto? E é disto que o ota-cu gosta? É isto que um ota-cu espera de uma mulher? De uma rapariga? De uma criança? Sim, porque estas personagens são crianças. Têm 12 anos, acabaram de entrar para a escola básica. Mas estão desenhadas como alunas de escola secundária e têm atitudes que seriam mais plausíveis numa outra idade. Não admira que exista um grupo de pessoas com ideias completamente distorcidas sobre a realidade. Ainda por cima o anime é produzido pela TV Tokyo! A TV Tokyo devia cingir-se a produzir coisas que não alterassem a visão do que é real e do que ´é fantástico de um grupo de pessoas perturbadas que podem ser potencialmente perigosas. E que obrigam adolescentes que cantam em grupos a rapar o cabelo por terem tido sexo.

A única coisa que se safa é a arte, que tem traços muito suaves e agradáveis à vista. A música também está mais ou menos, com OP e ED especialmente feitas para ilustrar isto.

Quem gostar disto tem de me dar mesmo uma muito boa razão para gostar disto, porque me parece impossível e anormal. Repare-se que ainda vou ter a dor de ver a segunda season, porque me enganei e fiz download dela. E como está aqui, terá de ser vista...