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29.12.18

Ensaio sobre o Dever

Ensaio sobre o Dever (Ou a Manifestação da Vontade)
Rute Simões Ribeiro
2017
Romance
Recebi este livro, de uma nova autora que foi finalista do Prémio Leya, através do BookCrossing, num Ring. Diz a contracapa do livro que a autora é muito fã de Saramago e Hitchcock, o que se reflectiria na sua escrita. Isto deixou-me muito ansiosa por saber como seria o livro.

Fiquei um pouco desapontada.

A ideia é que uma entidade misteriosa "do além" irá tirar todos os sentidos às pessoas com mais de 18 anos, excepto um que podem escolher. Ora, nesta altura o governo decide intervir e escolher pelas pessoas, o que fará com que surjam movimentos de contracorrente. Depois tudo se desenvolve até uma paz aparente.

Apesar de termos uma ideia divertida, muito detalhada e com personagens que são curiosamente interessantes, a escrita ainda tem muito por onde melhorar, sendo que o livro também beneficiaria de uma edição mais profunda.

Existe um abuso de pontuação, sempre com a autora a interromper o discurso para nos falar. Isto funciona bem a primeira dúzia de vezes, mas a partir daí começa a arrastar a história e faz com que a narrativa perca o ritmo, tornando-se desinteressante e confusa.

Ainda assim, é uma autora para manter debaixo do radar. 

Com a Cabeça na Lua

Com a Cabeça na Lua
Vários
2009
Antologia de Contos
Comprei esta Antologia na Feira do Livro de Lisboa. Trata-se de um conjunto de contos reunidos para comemorar os 40 anos dos primeiros passos na Lua. Escolheram uma série de contos escritos antes da chegada à Lua propriamente dita, o que nos mostra o quão grande era o fascínio por esta empreitada e o quanto se fantasiava acerca dos acontecimentos.

Curiosamente, a maior parte dos contos tem uma informação científica tal e uma preparação pela parte dos autores que as histórias são muito realistas e sentimos que, num episódio alternativo, poderiam mesmo ter acontecido desta forma! Acabamos por viver intensamente todas estas aventuras espaciais e embrenhar-nos nestas realidades imaginárias até passarmos a viver - nem que seja por uns instantes - mesmo no seu centro.

Apesar de o editor ter feito um óptimo trabalho na recolha e organização desta antologia, existem alguns erros graves de ortografia, edição e tradução. Os problemas nas traduções, cheias de palavras anglicizadas, é por demais flagrante e deixa-me um pouco triste.

De resto, um livro cheio de aventuras divertidas que vão fascinar até os mais cépticos. :)


Eight Grade

Eight Grade
Bo Burnham
2018
Filme
Os filmes coming-of-age (o despertar da idade, penso) são sempre relaxantes para mim. Ajudam-me a reconhecer coisas que posso fazer e a forma de as aplicar. Mesmo que a acção seja passada no oitavo ano!

Kayla é uma rapariga que gostaria muito de ser popular, ter muitos amigos e seguidores nas redes sociais. No entanto, tem uma certa ansiedade que a impede de ser "fixe", em comparação com os outros miúdos. 
 
Reconheço-me desde já nesta personagem, realista e bem escrita, com uma interpretação sólida da actriz infantil. Consigo rever o meu próprio oitavo ano, a busca pela popularidade e por amigos do peito e de fé. E a falha. Mas este filme leva as coisas a outro patamar porque fala dos dilemas da adolescência no *agora*.
 
O retratar da competição social entre os adolescentes dos anos 10 é o elemento mais interessante deste filme.  Com sentido de humor mas ainda assim um grande tacto, o autor mostra-nos as dúvidas e sonhos de toda uma geração, que será sempre atormentada pelo fantasma da internet e da afirmação do eu nesse espaço.
 
Recomendo este filme!

Cidade Solitária

Cidade Solitária
Fernando Namora 
1959
Contos

Este livro foi-me oferecido pelo meu aniversário, que já lá vai. Em tempos conheci uma familiar deste autor, pelo que sempre tive alguma curiosidade em lê-lo.

Cidade Solitária é um conjunto de contos que retratam de forma belíssima o dia a dia do início dos anos 60 em Portugal. O autor, em pinceladas escuras e melancólicas, apresenta-nos um conjunto de personagens que tanto têm de palpável como de irreal. Parece que esta Lisboa onde as aventuras se instalam, algumas mais estranhas, outras mais terra a terra, é uma Gotham, uma cidade chuvosa com um saxofone jazzístico tocando ao fundo.

Os contos em si têm o seu quê de emocionante, mas a escrita faz com que o observador - nós - se sinta ligado de outra forma à narrativa. Se por um lado queremos saber mais sobre os factos inusitados deste conjunto de pessoas, por outro não podemos deixar de nos afastar deles, olhando-os de um plano diferente, como a famosa mosquinha que eu queria ter sido.

Um livro interessante e viciante!

14.12.18

O Tumulto das Ondas

O Tumulto das Ondas
Yukio Mishima
1954
Romance
Um dos meus autores preferidos está de volta à minha estante! Comprei este livro na Feira do Livro 2018 :)

Desta feita, Mishima opta por uma história simples, um romance juvenil pontuado por uma aura de esperança, coragem e paixão. Mas, no final, poderemos vir a ser supreendidos.
 
É esta tensão que se forma no narrar da relação entre Shinji e Hatsuo que nos faz sempre estar ligados à história. Uma paixão tumultuosa mas, como o Pacífico japonês, de traços delicados, calmos e - talvez mesmo - frios. O gelo da água é o gelo do narrador, a violência das vagas essa é a força dos personagens.
 
Aproveitando para fazer uma caracterização tão delicada como aguçada da sociedade das ilhas remotas do seu país, no pós-guerra, Mishima não se poupa aos detalhes sobre a grande pobreza em que todos vivem, mas sem se deter para momentos de comiseração pelos habitnates deta história. Estes enfrentam a sua vida naturalmente, com sinceridade e até humor.
 
O remate final do livro é comovente e dilacerante.
 
Um livro que, simples à primeira vista, dá muito que pensar.

Livrarias

Livrarias
Jorge Carrión
2013
Livro de Viagens

Recebi este livro pelo BookCrossing! Parece que estou de volta às leituras partilhadas! :)

Ao ouvir dizer que este era um livro que falava das aventuras das livrarias, confesso que pensei algo diferente. Neste volume, Jorge Carrión descreve a sua viagem pelas livrarias à volta do mundo, referindo alguns pedaços de trivia sobre elas. Infelizmente, o autor parece ter gasto mais tempo a "coleccionar" as livrarias do que realmente a conhecê-las e a encontrar a história íntima de cada uma delas.

O livro passa a ser, então, um catálogo de livrarias, um catálogo frio e que não mostra nada do encanto do livro e do espaço do livro enquanto objecto. Existe um foco muito evidente na parte comercial e no livro enquanto objecto comercial, esquecendo as memórias dos sítios onde habitaram.

Apesar de existirem simpáticas referências a três livrarias portuguesas, o texto faz com que o passeio não pareça valer a pena. 

O próprio livro parece estar organizado por um critério muito pouco rigoroso, fazendo a análise desorganizada de vários "tipos" ou "regiões". Até mesmo sobre os que não se visitou ou mal conhece. Esta pesquisa parece ter sido feita para cumprir um contrato (quem sabe), em vez de uma busca apaixonada pelo objecto de maior interesse.

Não-ficção sem paixão é feio.

Aggressive Retsuko

Aggressive Retsuko
Rareko - Fanworks
Anime - 10 Episódios
2010
6 em 10

A vida de trabalhador é impecável, fora o facto de ter de se trabalhar. E com o trabalho vêm os chefes chatos e os colegas chatos e aquele ambiente que nos leva ao desespero. Para Retsuko, uma pequena panda vermelha num mundo de animaizinhos, isto tem solução.

A solução final: RAIVA

Um anime muito curto, de dez episódios de um quarto de hora cada um, esta história da REtsuko furiosa foi distribuída na Netflix, para felicidade dos potenciais-fãs-de-anime que ainda estão por vir. Com uma narrativa simples e directa, acompanhamos as aventuras numa grande empresa, conhecendo a fundo os seus funcionários e os seus problemas pessoais.

Com um conjunto de personagens memoráveis, Aggretsuko procura caracterizar os diversos estereótipos da sociedade japonesa actual pela caricatura. No entanto, esta é tão convincente e torna os personagens tão únicos e individualistas, que mais que uma qualquer paródia nos sentimos no seio da novela e do drama da vida social.

A animação é muito simples, mas suficientemente convincente. O problema deste anime prende-se, pelo contrário, à sobre-repetição, em que as piadas e os acabamentos finais acabam por se gastar, fazendo com que a fonte de riso seque.

Ainda assim, um excelente entretenimento! Ansiosa para ver mais!

12.12.18

Braveheart

Braveheart
Mel Gibson
1995
Filme
7 em 10
Um épico do cinema que eu nunca tinha visto. Um filme de aventura e guerras medievais que, sendo muito divertido, tem muitas coisas a apontar.

Em idos séculos, naquela a que chamamos hoje "idade das trevas", bravos escoceses procuram defender as suas terras e as suas esposas dos invasores ingleses, dominados por um rei ambicioso e maléfico. Um destes guerreiros se destaca e começa a ganhar batalhas, com ajuda do seu fiel grupo de seguidores. É motivado pelo desgosto de lhe terem assassinado a esposa a sangue frio e está a causar um grande fervor quer entre os seus companheiros quer entre os inimigos.

Apesar deste mote romântico e épico, o filme é muito simples, quer estruturalmente quer em conteúdo. As personagens têm um desenvolvimento concreto, mas este é pouco realista e improvável, tornando-as muito simplórias e pobres em complexidade emocional e humana. Mas, ao mesmo tempo, as personagens ganham o seu espaço no coração do espectador através da narrativa bem humorada, plena de pequenas piadas e deixas engraçadas, até nos momentos mais trágicos. Assim, esta viagem de três horas pelo coração das planícies escocesas torna-se numa verdadeira aventura, em que estamos a lutar ao lado destes guerreiros e pensamos com eles, através deles.

Gostaria também de referir que, embora o design dos cenários e guarda roupa, assim como os traços gerais da sociedade da época, tenham algum fundo de verdade, os materiais utilizados na produção são pobres e demasiado modernos para o contexto em causa.

Gostei muito deste filme e sobretudo do final emotivo e emocionante!

Castlevania: Curse of Darkness

Castlevania: Curse of Darkness
Yamada Sakurako
Manga - 4 Capítulos / 2 Volumes
2005
5 em 10

Recordo-me perfeitamente que comprei este manga através de um utilizador do AnimePortugal, entretanto extinto. Este utilizador, que poderei chamar de cabeça de escroto neste espaço, prometeu-me que o manga tinha apenas um volume. Podem imaginar a minha felicidade quando descobri que o segundo volume também existia e que ainda por cima era bastante difícil de encontrar (o que significa que sim, que foi caro). Com ajuda de um amigo, encontrei-o à venda e consegui obtê-lo, apenas para descobrir que deveria ter existido um terceiro volume que a autora nunca completou.

Agora, esta autora. Uma incompetência flamejante. A história, supostamente baseada no jogo, está apenas focada em Hector e Isaac depois do castelo do Drácula ter sido destruído. Hector tenciona ter uma nova vida com uma amiga e Isaac tenciona provocar o caos no mundo. Mas esta história, cheia de potencial, é difícil de descortinar devido ao estilo narrativo deste manga.

Vinhetas confusas, imagens passando de umas para as outras em traços muito finos que tornam difícil de distinguir as cenas e a quais corresponde o diálogo, uma leitura simples porque simplesmente temos de ignorar os desenhos. A maior parte não se entende porque os traços gerais estão incompletos, havendo uma utilização medíocre de um valor de produção que, aparentemente, também é medíocre.

Parece que a autora desenhou várias vinhetas e as atirou todas para um escorredor de esparguete. Um manga que me enfurece e desaponta, porque o cabeça de escroto do utilizador me enganou para se safar deste livro e porque gastei um pedaço da alma a tentar encontrar o resto.

A Viagem de Théo

A Viagem de Théo
Catherine Clément
1997
Romance
Recebi este livro gargantuesco através do BookCrossing. A sua leitura, um pouco prejudicada por me contarem o final (que eu não queria que fosse assim), foi morosa e desapontante. Mas esta autora já me tem desapontado mais vezes do que gostaria.

Théo é uma criança encantadora e riquíssima que está doente com uma doença misteriosa que nunca é revelada. A sua tia riquíssima leva-o então a uma viagem à volta do mundo, para descobrir as religiões todas do mundo e participar em todo o tipo de rituais que tenham em vista a sua purificação física.

O que mais me irrita nesta autora é como todos os intervenientes são "ricos". Não uma qualquer burguesia francesa, mas os extremamente ricos. Todos são cônsuls e pilotos de aviões e grandes industriais e todos são muito cultos e todos falam de uma maneira afectada. As interjeições entre os diálogos ("zangou-se a Tia Marthe", "reclamou o Imã", "retorquiu Ashiko") fazem com que todos pareçam ser horrivelmente antipáticos e fazem com que o ódio ao capitalismo se inflame dentro de mim. Assim, o meu desejo ao longo do livro foi que Théo morresse, de uma forma longamente explicada, infeliz e dolorosa. Ver acima o spoiler.

De resto, as explicações sobre as religiões são enfadonhas e pouco esclarecedoras, incluindo muitos viés da própria autora (se a Tia Marthe é ateia, porque diz "nós, os cristãos") e pouca atenção ao detalhe histórico e social.

Quando a autora, para falar dos intocáveis da Índia, escolhe uma pessoa da casta superior a todas as outras, algo me soa mal.

First Reformed

First Reformed
Paul Schrader
2017
Filme
6 em 10
Apesar de também ter um motivo religioso, não quero significar com este filme que estamos viciados em religiões. Mas calha. :p

Um padre de uma igreja turística vive a sua vida com grande calma e, um dia, decide fazer um diário para falar com deus. Pensa ele que não consegue mais rezar e, por isso, a sua chama enquanto clérigo começa a ceder. No meio das suas ocupações, um casal jovem procura-o para aconselhamento: o rapaz tem uma visão do mundo altamente pessimista e está envolvido com diversas associações ambientalistas. A partir desta relação se constrói uma análise de personagem.
 
Apesar desta análise ter o seu interesse, do encontro de deus num novo tipo de obsessão e no não-esquecimento da humanidade pessoal, parece-me que a personagem tem certas fragilidades que perturbam a narrativa da história. A sua bondade inerente, a placidez da sua loucura e o facto de estar cada vez mais doente fazem com que este padre fique aquém da revolução que pretende representar.
 
Também existem estranhos momentos de comédia que, apesar de darem alguma cor ao filme, parecem não vir a calhar na maior parte das vezes. No final, fica uma grande aventura social por contar.

5.12.18

InuYasha: Kanketsu-Hen

InuYasha: Kanketsu-Hen
Furuta Jouji - Sunrise
Anime - 26 Episódios
2009
6 em 10

Se a primeira season de InuYasha, composta por quase uma centena de episódios, se revelou inconclusiva, esta segunda season pega nas pontas soltas e dá-lhes um nó tão gorducho que a conclusão não podia ser pior. O falhanço anacrónico da autora original, a Rumiko, é provado uma e outra vez com estas conclusões para séries longuíssimas.

Estes vinte e seis episódios constituem-se de InuYasha a lutar contra monstrengos variados, cada um mais poderoso que o outro, enquanto existem conspirações palacianas que envolvem os seus familiares. Enquanto isso, a heroína Cagou-me sofre horrores e faz brilhar o seu grande-grande amor.

Tudo isto pontuado por uma animação infeliz, com um valor de produção desadequado e mal utilizado, em que os erros anatómicos, erros no design das cores, erros no design em geral e ua completa ausência de cenários, fazem com que a experiência seja um falhanço.

Também não temos uma banda sonora digna desse nome.

Felizmente, se há algo de bom que este anime faz é dar algum tipo de espécie de conclusão à série, por mais previsível que ela seja, o que até foi um bocadinho emocionante. Daí dar-lhe uma nota tão dentro da média em vez de o destruir. Mantenha-se sempre a esperança!

28.11.18

Disobedience

Disobedience
Sébastian Lelio
2017
Filme
7 em 10


Como pode o amor entre duas mulheres florescer num meio altamente religioso e ortodoxo? Este filme é uma comovente análise do desejo e da libertação do amor sensual, num contexto altamente improvável.

Quando falamos de judaísmo, certamente recordamos o tradicional germanismo e os EUA. Mas a comunidade judaica está viva e muito forte em alguns lugares do Reino Unido, sendo que o filme caracteriza uma dessas comunidades. Desde já é um filme curioso nesse aspecto. Desconhecia muitas coisas acerca da tradição judaica harmonizando-se com o quotidiano da realidade e o local onde se encerra esta narrativa é um caldeirão perfeito para tirarmos algumas conclusões.

De resto, a história que nos é apresentada é apaixonada, muito explícita e desesperada, fazendo recurso a personagens com um conteúdo polposo que permite muito desenvolvimento (se calhar mais do que o tempo limitado do filme nos permite) que só conseguem ser trazidas à vida por um conjunto impecável de actores.

Fica uma nota para a cinematografia simples e para a parca utilização de cenários e adereços, de certa forma virando as costas à tecnologia e dedicando-se mais ao lugar de todos os dias.

Recomendo bastante!

Maya - O Romance da Criação

Maya - O Romance da Criação
Jostein Gaarder
1999
Romance
Depois de Sofia, sempre fiquei um pouco curiosa acerca deste autor e do que mais me poderia ensinar sobre o pensamento filosófico. Por isso, pedi este livro no BookCrossing, por onde o recebi. 
 
O autor confunde-se e confunde-nos com uma série de narrativas dentro de narrativas, em que ficamos sem compreender exactamente o que se passou na realidade e o que realmente as pessoas conversaram. Penso que, na contemplação do novo milénio (o livro foi publicado em 99), o Gaarder procura estabelecer uma ligação entre a nossa evolução humana e a evolução do planeta e das outras espécies.
 
Só que em vez de se dedicar aos excelentes diálogos entre as suas personagens, o autor decide enfiar a martelo por ali no meio uma fantasia sobre cartas de jogar e um anão imagin~a´rio. Isto apenas confunde os pensamentos de quem lê, sobretudo quando se vem a chegar à conclusão final de que o narrador era apenas uma personagem, mas uma personagem que existe e a quem aconteceram todas as coisas, excepto aquelas que afinal não aconteceram. Confuso, certo?
 
Apesar de o livro nos colocar uma série de questões interessantes, elas acabam por ficar para trás devido à desnecessária complexidade da narrativa.

Castlevania Season 2

Castlevania Season 2
Netflix
Animação - 8 Episódios
2018
7 em 10

Depois do (não) sucesso da primeira season, não conseguimos resistir em ver imediatamente e de seguida todos os oito episódios desta segunda.

Agora, Trevor Belmont, Sypha e Alucard estão juntos para encontrar o castelo do Drácula e destruí-lo para evitar o holocausto de toda a humanidade. No entanto, Drácula reuniu os seus vampiros generais e estão a tentar organizar uma guerra. Mas, no meio disto tudo, qual o verdadeiro objectivo do velho vampiro?

Desta feita, houve um melhor desenvolvimento das personagens e das relações uns com os outros, sobretudo na relação pai-filho entre os vampiros e no desenvolvimento de amizades (e inimizades) com novos personagens. Isto permite caracterizar melhor os vampiros enquanto comunidade e estabelecer melhores âncoras com os vários passados e, com isso, com o que se está a passar na série. Infelizmente, fazem questão de mencionar isso ao longo de todo o último episódio, o que é ligeiramente parvo e parolo.

Se a animação das cenas de diálogo é extremamente fraca (e estas também, devido ao uso constante de piadas que não correspondem em nada às personagens), já aquela das cenas de acção não se fica por menos de surpreendente. Com recurso a técnicas bastante simples, sem nenhuma profusão digital, temos o melhor aproveitamento de coreografias muito bem pensadas, tornando cada luta num corropio de emoções e num tornado de sensações visuais.

Apesar do final ao mesmo tempo foleiro e extremamente tocante e comovente, ainda nos deixaram espaço para mais uma season. Tenho esperança que seja como os jogos e agora passem para um novo capítulo, com outras batalhas e outros inimigos.

The Ballad of Buster Scruggs

The Ballad of Buster Scruggs
Joel Coen & Ethan Coen
2018
Filme
7 em 10
Desta feita, os nossos irmãos Coen surpreendem ao fazer um filme produzido e distribuído pelo novo gigante televisivo: a Netflix. No entanto, este é um filme digno de figurar entre aqueles com maiores valor de produção e maior dedicação dos autores. Baseado numa série de histórias escritas na infância dos irmãos, este é um conjunto de contos cinematográficos que nos remete para um universo de livros de cowboys e fantasias.

Dividido em seis partes, que são também seis histórias distintas, algo une todas as histórias. Para começar um mordaz sentido de humor que deixará por terra até os mais fortes. Tendo isso em consideração, as histórias são surpreendentes, trágicas e, ao mesmo tempo, terrivelmente engraçadas. Depois, todas elas têm um tema em comum. Todas falam, de uma forma ou de outra, da morte e da contemplação do fim.

Para além disso, temos um conjunto de imagens fotográficas ao longo do filme que nos remetem para um passado longínquo e para uma natureza distante e agressivamente selvagem, mas em que o pior continuam a ser sempre - e para sempre - as pessoas.

Um filme que passa num instante, de uma comicidade culpada e filosófica.

23.11.18

Popee The Performer

Popee The Performer
Masuda Ryuuki - Nippon Animation
Anime - 39 Episódios
2000
4 em 10
São trinta e nove episódios, com quatro minutos cada um. Portanto, pouco mais de duas horas e meia de puro horror e sofrimento.

Um anime que se popularizou durante uns instantes porque envolve um palhacito, cócó e sangue do nariz, trata-se nada mais nada menos que uma sequência de historietas sobre o circo, que envolvem desgraças em maior ou menor nível. Um anime infantil (fora o facto de os bonecos sangrarem), meio demente, que seria muito engraçado se não fosse absolutamente horroroso.

A animação desta coisa é um objecto de negação da arte. Não há uma linha direita nestes sprites digitais e a sua textura, estrutura, anatomia, design geral e movimento são tudo menos coerentes. Tudo falha, há erros em todos os momentos e parece que cada episódio foi feito pelo mais incompetente estudante do curso profissional de animação do novas oportunidades.

Temos um conjunto de musiquinhas assustadoras e perturbadoras que ligam muito bem com o pavor que é isto tudo.

Fica um pontinho a mais pela originalidade.

Captured in her Eyes

Detective Conan: Captured in her Eyes
Kodama Kenji - TMS Entertainment
Anime - Filme
2000
6 em 10
Ver os filmes de Detective Conan tem sido uma aventura e, ao mesmo tempo, um enorme sacrifício. Mas este filme, o quarto da saga, foi moderadamente agradável e simples de aturar. Um alívio!

Mais uma vez, Conan tem de encontrar um misterioso assassino que nem mesmo os mais profissionais detectives conseguem descortinar. As pistas são poucas mas, como habitualmente, são muito simples e evidentes. Mas não é o caso que torna este filme interessante. O que faz este filme, até agora, mais ou menos único na saga é o facto de se explorar um pouco a relação entre as personagens e de quase se perceber que Conan é um adulto preso no corpo de uma criança. Nesse aspecto, o filme torna-se bastante original e foi isso que me manteve a vê-lo com alguma atenção.

Temos também uma animação superior à média destes filmes, com utilização inteligente dos cenários em proveito da acção. A qualidade de imagem está aprimorada e temos algumas cenas de acção bastante intensas, com um valor de produção bem usado.

Musicalmente, temos um tema final que não faz muito sentido mas que pode ser agradável ao ouvido.

Ainda me faltam ver alguns filmes, mas agora tenho a esperança renovada!

Sara

Sara
Bruno Nogueira / Marco Martins
Série - 8 Episódios
2018

Mais uma série portuguesa com o cunho de Bruno Nogueira. Dá vontade de dizer "claro que é uma comédia". Faz rir, mas não diria que é bem uma comédia.

Sara Moreno é uma actriz, de teatro e filmes portugueses daqueles que estreiam em Cannes. Sempre teve jeito para chorar mas, um dia, decide que não consegue mais. A partir daí a sua vida altera-se imensamente, porque passa a encontrar o seu lugar no seio das novelas mais parolas e deprimentes de que há memória. Enquanto isso, tem de ler os escritos do seu pai doente e deprimido.

Se esta série tem momentos hilariantes (a maioria das vezes protagonizados pelo bizarro "agente" Albano Jerónimo), trata-se mais de uma análise àquilo que é ser actor e ao lugar do actor no panorama cultural. Se não há espaço para uma actriz que, talentosa, é remetida para o lugar da novela porque "não consegue chorar", qual a função do entretenimento? Qual a função da televisão?

Enquanto isso, temos personagens que - mais que uma caricatura - simbolizam um certo sorriso de desespero, um sorriso carnívoro da realidade brutal em que não há lugar para os inadaptados.

No entanto, penso que a série não está perfeita. Encontro-lhe algumas falhas. Por exemplo, se ao início havia uma maior exploração do sentimento de Sara, a narrativa toca em pontos como a gravidez e as relações que depois são abandonados sem mais nem menos. Também é difícil de compreender algumas das interacções de Sara com os seus amigos, sendo que nos episódios finais existe mais uma contemplação da morte que não justifica algumas das atitudes dos personagens.

Ainda assim, fartei-me de rir em alguns momentos, assustei-me em outros. Recomendo!

The Unspoken Life

The Unspoken Life
Kimberly Pope-Robinson
2017
Auto-Ajuda
 
O tema da auto-ajuda não é especialmente frequente neste blog. Este livro "The Unspoken Life", surge nas minhas mãos após uma palestra pela autora, num congresso da minha ordem profissional no início do ano. As suas palavras tocaram-me e, por isso, decidi comprar o livro.
A minha profissão é conhecida por todos por ser altamente emocional e, ao mesmo tempo, técnica. No entanto, nem todos sabem que é aquela com maior taxa de suicídios a nível mundial, causados pelo elevadíssimo stress no trabalho, falta de respeito entre colegas e pelos clientes, a elevada carga emocional que lhe está inerente e, sobretudo, pela falta de valorização da pessoa enquanto trabalhador e enquanto indivíduo.
 
Este livro vai de encontro à ideia de que todos nós somos importantes e insubstituíveis. Com exemplos únicos do nosso trabalho, mas que podem ser extrapolados para qualquer profissão, a autora sugere que encontremos os nossos próprios "balões", que nos elevarão acima da linha do mar, para onde os "sinkers" da vida diária nos afundam.
 
O livro é precioso como referência, mas fiquei um pouco desapontada por a palestra a que assisti ser uma cópia ipsis verbis deste volume. Assim, acabei por não aprender muita coisa de novo.
 
De todas as formas, a autora disponibiliza o contacto e uma comunidade para que possamos praticar essas suas sugestões. Penso que me vou inscrever :)

Batman: O Príncipe Encantado das Trevas

Batman: O Príncipe Encantado das Trevas
Enrico Marini
2017
Banda Desenhada

Comprámos esta obra em dois volumes na CCPT 2018. A arte da capa fascinou-nos e, assim, não resistimos em adicionar esta graphic novel à biblioteca.
 
Nesta balada de Gotham City, o autor toma uma série de liberdades com o nosso herói morcego, misturando muitos elementos bastante amados do universo numa só história. Tudo começa quando uma mulher acusa Bruce Wayne de ser o pai da sua filha de 9 anos. Ao saber disso, Joker decide raptar a criança, de forma a obter um avultado resgate.
 
Apesar das liberdades narrativas e de design, que por ora até são bastante interessantes (uma mota-gato para a Catwoman!), esta é uma aventura viciante que nos permite encontrar novas análises neste conjunto de personagens. A caracterização é especialmente boa no caso de Jokjer e Harley Quinn, que aparecem com um discurso cheio de humor negro e com personalidades malévolas e, ao mesmo tempo, muito divertidas.
 
Os diálogos casuais entre todas as personagens fazem com que a leitura seja rápida, o que é ajudado pela sequência cheia de acção entre os painéis. O autor faz uso de grandes e largos cenários ao longo das páginas, com uma coloração muito suave que oferece uma boa sensação de movimento. Quase podemos ver cada um dos músculos dos desenhos a vibrar.
 
Uma excelente aventura com uma conclusão improvável!



Lisboa Games Week 2018

Lisboa Games Week 2018
Evento

Se por momentos duvidei que pudesse ir a este evento, foi com muito gosto que consegui terminar o meu cosplay, inscrever-me para o concurso individual, ensaiar E AINDA ter folga nesse dia! Hoje vou falar-vos da minha experiência neste evento de videojogos e no respectivo concurso de cosplay :)

Como saberão, eu não sou a pessoa mais experiente em termos de jogos. Isto significa que, fora uma ou outra incursão no retrogaming (que na altura não era retro), sei muito pouca coisa. Mais uma vez, fui ao evento com esperança de experimentar a realidade virtual e, mais uma vez, não foi possível de todo.

Depois de obter a minha credencial, procurei por todo o lado o local onde fazer a confirmação da minha inscrição. Organizado em dois pavilhões da FIL, este ano a organização mudou o locao do palco, pelo que foi um pouco difícil de encontrar. Para além disso, a Cosplay Hour - organizadora do concurso de cosplay - estava num lugar nada adequado, muito longe do palco e misturados no meio da confusão. Esta empresa disponibilizava vestiários (que careciam de um espelho...), aluguer de cosplay e bolachinhas! Adorei as bolachinhas! Mas foi difícil de os encontrar e, mais difícil, reencontrar o local do palco.

Nos vestiários, conheci umas meninas muito simpáticas que me emprestaram linha e agulha (a minha armadura, que tinha estado a coser ao fato de manhã, descoseu-se do fato assim que a coloquei, lol) e que me apoiaram moralmente enquanto eu tentava calçar as minhas botas maléficas sem rebentar as costuras das minhas calças, demasiado apertadas nesta fase da minha vida em que enfardo comida em barda sem controlo. Fica a sugestão de, num próximo evento, disponibilizarem pelo menos um banco ou cadeira no vestiário e um espelho. Saí de lá sem ter a certeza se a peruca estava bem encaixada na moleira ou se, pelo contrário, tinha um aspecto ridículo, embora as meninas me tenham tranquilizado relativamente a isso. Noutra nota, fica também a sugestão de fazer o vestiário unissexo, pois assim dá mais espaço para todos.

Aproveitei para tirar algumas fotografias a pessoas bonitas que circulavam naquella área e de eu própria ser receptáculo do olho de fotógrafos, o que me causou grande agrado. Afinal, eu não estava exactamente confiante a usar o meu cosplay de guerreira dos yoyos à la anos 80, sobretudo devido ao facto de a minha camisa ser COR DE LARANJA e de as minhas calças serem AMARELAS, que são cores que - como todos sabemos - não ficam bem em nada, em ninguém nem uma com a outra.. Depois fomos todos juntos até ao palco, onde confirmámos os últimos detalhes e nos alinhámos por ordem de entrada.

Foi quando descobri que um terço dos concorrentes inscritos havia desaparecido misteriosamente pelas rachas da terra. Evidentemente que este belíssimo sistema de "quem concorre não paga" faz com que muitos chicos e chicas espertos e espertas se aproveitem para se inscrever, entrar sem pagar e depois fugir da organização aos risinhos, de forma a não participarem no concurso - que é um elemento de grande stress e ansiedade para todos nós.

Tanto stress e ansiedade que várias das pessoas à minha volta me descreviam o seu prjecto de skit e se afirmavam altamente nervosas e eu dizia "nã val a pen"e eu dizia "vai lá e faz" e lá foram e izeram e ganharam e venceram e eu fiquei toda contente! =D

Entretanto, eu mesma. O meu cosplay era da Mamiya, de Hokuto no Ken. Conforme bem citado pelo apresentador, isto é uma série de 83, altura em que quase ninguém do público era nascido (eu ouvi gritos a dizer que não, mas não inventem porque nem eu era nascida e eu sou de imensa antiguidade). Portanto, decidi pegar nos jogos dessa altura e fazer um skit animado e divertido de murros e pontapés ao som de 8 bits! Na verdade, eu só tinha tido tempo para ensaiar uma hora no dia anterior. Mas foi uma hora muito intensiva, em que perdi pelo menos uma grama de massa corporal, e acabou por correr tudo bem! Fiquei muito satisfeita, apesar de muito cansada, e fiquei contentíssima de as pessoas terem gostado e várias me dizerem que se riram e se divertiram! =D Mas, repare-se, fiquei mesmo muito cansada. Ia-me desfalecendo. Felizmente a organização providenciou-me um golo de água e um sofá, onde pude hiperventilar até recuperar a minha frequência cardíaca normal.

Em breve terei o skit na minha página de Facebook! Mantenham-se atentos a ela, pois irei transferir muito material de cosplay para lá, ok? :)

A imagem do sucesso =D
 
No final do concurso, antes da entrega dos prémios (parabéns a todos! <3 ), houve uma pequena surpresa. Duas moças vestidas com trajes de um certo videoclip das danças coreanas, foram fazer a referida dança coreana para o palco, convidando todos os cosplayers a fazer a dança corean. Como eu não sei do que se trata, dancei a macarena. :)
Depois fui dar uma volta pelo evento, falar com pessoas amigues e lindes. e ver se conseguia experimentar algum jogo. Queria experimentar o Kingdom Hearts (não consegui), o Spyro (não consegui) e qualquer coisa com realidade virtual (também não consegui). Sei que não o consegui por vergonha ou incompetência, mas a verdade é que não sei como ficar numa fila para jogos nem quanto tempo posso gastar a jogar. Ficará para a próxima em que, espero eu, irei acompanhada por alguém mais experiente nestas lides e conseguirei aguardar pacientemente a minha vez.

O espaço, no entanto, poderia estar melhor organizado. O facto de as estruturas não estarem todas viradas para o mesmo lado torna o percurso do evento muito confuso, sendo que várias vezes fui parar a becos sem saída que não tinham nada. As lojas, organizadas numa espécie de molho de bróculos, estavam tão juntas que era muito difícil transitar. Para além disso, não sei o que é esta coisa dos geeks com as mochilas, mas toda a gente tinha mochilas ao nível da minha cabeça/tronco/ombros/pernas, que me batiam com toda a força, com frequência. Isto poderia ser evitado se contassem com espaço para as mochilas, em vez de calcularem a área necessária baseando-se apenas em pessoas de pequenas dimensões. Os artistas, bons artistas, estavam remetidos num canto misterioso e difícil de encontrar. Comprei uma boneca para um bebé que conheço e ganhei ainda uma pokébola, que fez as alegrias da gata Joplin durante (mais ou menos) 4 minutos, altura em que desapareceu debaixo de um móvel para não mais ser encontrada. :)







Observando o público do evento, gostaria de comentar que vi vários pais (que não eram muito mais velhos que eu!!) com um ar de sacrifício imenso, cientes de que os seus filhos não queriam estar ali com eles e que não estavam à vontade. Gostaria de lhes deixar a dica: se jogarem também, vão ver que é giro! Aproveitem que estão com os putos para se divertirem todos juntos!
De resto, havia muito cosplay e bastante variado. Considerando que este ano havia pré-inscrições para as entradas gratuitas (que eram MUITAS), seria de esperar que o evento estivesse muito bem recheado, mas penso que os cosplayers se diluíam um pouco na multidão incessante de mochilas. Falando nisto das entradas grátis, considero uma parvoíce que os mascarados exijam a entrada sob o argumento de "damos alegria ao evento". Nem se notava que havia cosplayers, tantas eram as pessoas. Ainda assim, o meu olho clínico captou a imensa e intensa beleza e talento de alguns seres humanos, que passarei a mostrar:

Cosplayers Humanos de Grande Talento e Beleza!























E assim se passou mais um ano de Lisboa Games Week. Mais um ano em que não joguei nada. Mas mais um ano em que curti totais de fazer o meu cosplay e o meu skit! Já tinha saudades de coisas assim calmas e relaxantes, embora muito cansativas!

Espero ver-nos no ano que vem!

Uma careta de parveta para finalizar!
Obrigada! <3