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28.11.14

Martian Successor Nadesico

Martian Successor Nadesico
Satou Tatsuo - Xebec
Anime - 26 Episódios
1996
5 em 10

Realmente, eu acho que tenho um problema. Tenho vários, até. Como, por exemplo, ter escrito 30 posts neste blog só neste mês. O que a desocupação faz às pessoas... Mas bem, o meu problema de hoje é diferente.

O meu problema, acho eu, é que devo ter perdido o sentido de humor no dia em que chumbei pela oitava vez a osteologia. Porque, por mais que me digam que há animes de comédia muito engraçados e me digam para os ver e eu, efectivamente, os veja... Eu não lhes acho piada! Foi o que aconteceu com Nadesico.

Vem dos 90s, mas não o consideraria um clássico. Essencialmente, trata-se de um tributo mais ou menos engraçado às séries de mecha do antigamente. Para isso, temos um conjunto de pessoas improváveis que estão numa nave espacial e lutam dentro de robots contra inimigos também improváveis. Para lutarem, inspiram-se numa série inventada (uma série dentro de uma série), um tokusatsu com todas as características necessárias para ser generalista.

Há uma ligação entre o fantástico da série inventada e a realidade, que também não foge muito à invenção. Essa é a parte mais interessante. Infelizmente, a história tem muitos pontos em que lhe falta lógica e senso comum e os personagens não têm densidade suficiente, nem graça, para apoiar isto. Na verdade, aparentam todos ser recortados de pacotes de leite meio-gordo, reunindo-se à volta de um personagem principal sem características distintivas, num harém típico. Existem muitos, muitos personagens, tantos que a certa altura deixamos de dar conta de quem é quem, mas nenhum é especialmente interessante ou cativante.

em termos de animação, não está má para a época, embora haja erros flagrantes em certos aspectos do design de personagens (olhos na testa). De resto, temos robots que se mexem bastante bem e as cenas da série inventada têm um certo ar retrospectivo, tributo aos clássicos.

Para se apreciar esta série será, sem dúvida, precisa uma certa dose de bom humor que eu não consegui recuperar quando finalmente passei a osteologia (ao vigésimo quinto exame).

25.11.14

Space Battleship Yamato 2199

Space Battleship Yamato 2199
Izubushi Yutaka - Xebec
Anime OVA - 26 Episódios
2012
7 em 10

Saberão certamente que eu, pessoalmente, não gosto muito de comparar animes com outros animes. Ou com o que quer que seja. No entanto, hoje será necessário. Pois isto trata-se de um remake da série de 1974, por Leiji Matsumoto, Space Battleship Yamato. Poderão ler a minha opinião sobre ela aqui.

Quase trinta anos depois, a forma de celebrar uma das grandes Space Operas da história do anime talvez seja, realmente, fazer um OVA em que voltamos a tratar da história, mas com algumas melhorias que apenas seriam possíveis com a evolução da indústria e das técnicas. As minhas impressões primárias foram "está tão diferente!", seguidas de "afinal está muito parecido...", finalizando com "é completamente diferente". Isto é bom é certa medida, mas noutros aspectos o anime original é bastante superior.

Para começar, temos uma melhoria flagrante no que respeita à arte. Desta feita temos uma grande dedicação aos cenários espaciais, que são extremamente bonitos, e na concepção de cidades alienígenas, aspecto que não tinha sido tocado no original. Muitas cenas são puramente digitais, com um uso de CG exacerbado, sobretudo na estrutura da nave espacial Yamato. Se isto joga bem com o aspecto geral do anime, muito moderno, brilhante e limpo, não posso deixar de recordar com carinho a granulosidade do anime original, que tinha aquele groove dos 70s que torna tudo sempre mais engraçado.

Quanto à história, ao início é bastante semelhante: a Terra está prestes a ser destruída e a única forma de a salvar é conduzir Yamato até ao planeta Iscandar e obter a peça essencial para evitar o apocalipse. Durante a primeira metade do anime, a série seguiu em linhas gerais a mesma estrutura narrativa do original, com algumas variações importantes, sobretudo no respeitante aos personagens. Falaremos disso mais tarde. A partir da segunda metade, há já algumas variações que me desagradaram bastante. Para começar, o inimigo Gamiliano (as pessoas azuis) é apresentado como uma força muito mais poderosa do que no original. E para além disso perdeu-se completamente o facto de os Gamilianos, apesar de diferentes no aspecto, serem portadores de uma grande humanidade. Na verdade, são apresentados como uma força antagonista puramente maligna, sendo que o anime mostra muitas vezes provas de que são um povo conquistador e injusto, em que há facções motivadas para a revolta. No original, a guerra Gamiliana contra a Terra era muito mais simples e pura: queriam simplesmente salvar o seu planeta. Não tinham intenção de conquistar pelo puro prazer de aumentar o seu território e, no fundo, eram pessoas tão boas como nós. Também no final da história há uma variação na parte mais comovente da narrativa, que trata da chegada a Iscandar e das revelações feitas ao personagem principal.

Falando dos personagens, há uma diferença muito evidente, bastante positiva. É um sinal dos tempos, na verdade. Nesta versão da história, há muito mais mulheres. Na verdade, o elemento positivo é essencial, desenvolvendo-se histórias amorosas paralelas à narrativa principal. Isto é de certa forma importante para trazer um realismo próprio à situação. Se nos 70s seria normal que um grupo de homens fosse para o espaço apenas acompanhado por uma enfermeira, nos 10s é evidente que a equipa é constituída em partes iguais de homens e mulheres. Existem variações ligeiras em quase todos os personagens, mas as mais evidentes são naqueles que anteriormente eram o alívio cómico e que hoje em dia são tão considerados como os outros: o médico e o robot. Não só os seus designs estão mais realistas como a ambos é dada uma função importante no seio de Yamato, que não tinham anteriormente. Tive pena de, desta vez, o gato não ter ido a Iscandar. Com todas estas diferenças, mais ou menos importantes, é natural que o decurso da história se tenha tornado um pouco diferente. Agora temos grandes paixões e o arquétipo da equipa shounen está diluído. Isto torna todo o anime um pouco mais directo para o espectador, mas retira grande parte do charme que existia no original. Também os antagonistas, que não tinham muito tempo de antena, sofrem algum desenvolvimento, o que é uma coisa boa. Mas considerando que este se baseia bastante numa história amorosa, acaba por cair dentro da normalidade (que era uma coisa que o Yamato original não tinha: normalidade)

Musicalmente, há um piscar de olho muito simpático à banda sonora original, sendo que são utilizadas novas versões, remasterizadas, das músicas que já todos conhecíamos. Para além disso, há uma grande variedade nos temas utilizados, sendo que todos e cada um representam algo bem bonito. Em termos de efeitos sonoros, estão bem utilizados de forma geral, trazendo um bom grau de emoção às situações.

Vi este anime agora porque apareceu no meu clube habitual para discutir. No entanto, acho injusto que tenha sido este o escolhido, ao invés do original. Esta é uma boa série, uma boa homenagem, e está muito apropriado à sua época, trazendo modernidade a um franchise que sofreu bastante com a evolução da inústria e rapidamente se tornou obsoleto. No entanto, no aspecto emocional e humano a série original é bastante superior. Por isso, irei recomendá-la primeiro. Depois, se tiverem interesse, vejam esta versão.

Pacific Rim

Pacific Rim
Guillermo del Toro
Filme
2013
6 em 10

Pelos vistos o Guillermo del Toro é fã de mechas, portanto porque não fazer um filme de mechas virado para o mercado ocidental?

Neste universo, a civilização está a ser atacada a partir de dentro: uma fissura no Oceano Pacífico anda a libertar monstros, os Kaiju, e há duas opções para defender a humanidade. Robôs gigantes, os Jaeger, e uma parede. Não funcionando a parede, vamos aos robôs. Sobram poucos, é verdade, mas ainda servem.

Para conduzir o robô principal, que se vem a revelar essencial, chamado Gypsy Danger, temos dois pilotos com traumas na vida passada, que se vão conhecendo, apreciando e apoiando até conseguirem vencer todas as forças do mal.

O filme tem claras influências do anime Japonês e tokusatsus, da sua concepção à estrutura. As relações entre os personagens são muito previsíveis, apesar de serem emocionantes e de, no final, trazerem um sorriso.

A melhor parte do filme foi sem dúvida o alívio cómico (nome que passarei a dar a "comic relief"), protagonizado por dois cientistas meio malucos, que aparecem como antagonistas um do outro ao início e que - também de forma previsível - se unem para chegar a conclusões. É graças a eles que ficamos a conhecer mais sobre os Kaiju, que é a parte sobre a qual estava mais curiosa (o que são e ao que vêm). Se bem que segundo as suas explicações não faria sentido haver um Kaiju grávido. Mas acho que se perdoa.

Temos uma grande riqueza em efeitos especiais, que são apenas perturbados pela flagrante evidência da animação digital. De certa forma, acho que o filme teria funcionado muito melhor se tivessem sido utilizadas marionetas, fatos e maquetes. Mas isso gastaria mais dinheiro, certamente.

Mas é um filmezinho divertido. Boa pipoca.

Nota: para mim o nome será sempre o Rim Pacífico. Por outro lado temos o Rim Agressivo. Os dois juntos fazem o Sistema Renal Passivo-Agressivo.

A Most Wanted Man

A Most Wanted Man
Anton Corbijn
Filme
2014
6 em 10

Para a segunda double session começamos com este filme.

O derradeiro filme de Phillip Seymor Hoffman, falecido recentemente. O actor interpreta um investigador de actos terroristas, em Hamburgo, que se envolve num complicado caso em que tem tanto que salvar um emigrante ilegal checheno como prender um famoso muçulmano que, advogando pela paz no exterior, trafica fundos para comprar armas para a guerra islâmica.

O filme tem uma narrativa bastante simples e é baseado num livro do famoso escritor de policiais John le Carré. Nunca li um livro do senhor quadrado e agora também não desejo ler. Pois a história, como aqui demonstrada, está básica demais e não capta o meu interesse com suficiente intensidade.

Assim, o filme vive muito das suas personagens, nomeadamente o protagonista - Günther. Este personagem tem as suas camadas de complexidade e está perfeitamente interpretado, embora este papel não seja o trabalho definitivo do actor. Aliás, nota-se - aliado ao personagem - uma exasperação e cansaço, que já poderiam predizer o estado mental do actor e as consequências decorrentes. Quanto aos outros personagens, nenhum deles é interessante o bastante, estando muito presos a dramatizações e esperanças adolescentes.

Não direi que o final fosse previsível, mas faz bastante sentido. Fiquei bastante feliz por não terem continuado com a história para além do que já foi dito, pois tornaria o filme desnecessariamente longo.

24.11.14

How to Train Your Dragon 2

How to Train Your Dragon 2
Dean DeBlois e Chris Sanders - Dreamworks
Animação - Filme
2014
6 em 10

Depois de treinarmos o primeiro dragão, temos de ver a sequela!

Cinco anos depois do primeiro filme, a vida na aldeia de Berk é bastante boa e divertida, com dragões como animais de estimação. Mas Hiccup e Toothless vão por outros caminhos, tentando mapear as ilhas e descobrir outro dragão da mesma espécie. O que eles encontram é (bem, nem tanto assim) surpreendente.

Neste filme são apresentadas novas personagens, com uma nova aliada e dois novos antagonistas, mais poderosos que os anteriores. Há um certo piscar do olho às associações de protecção aos animais e ao treino positivo. O design das novas criaturas tem o seu interesse. Mas de resto, o nível do filme mantém-se, se é que não se reduziu um pouco.

O ambiente está mais negro, há mais cenas de acção. Citando o Qui, tudo sintomas de uma sequela.  Para mais, há alguns pontos em aberto que chamam pelo terceiro filme. Isto é, um filme tão agradável sofreu com o poder do franchising.

Em termos de animação, há algumas variações, nomeadamente o uso de marionetas em alguns momentos, sendo que nem sempre a animação é puramente digital. Achei que a luta final poderia ter sido um pouco mais espectacular. Na verdade, o final poderia ter sido um pouco diferente e não me deixaria tantas dúvidas em relação ao futuro dos personagens (e, sobretudo, dos dragões)

Existe um ênfase grande no romance e em momentos musicais, mas não é suficientemente credível para nos emocionarmos grandemente com a tragédia que aparece mais tarde.

No geral, achei o filme menos interessante e menos divertido do que o primeiro. Não deixa de ser um filme simpático, mas podia ter ficado na gaveta.

The Wind Rises

The Wind Rises
Hayao Miyazaki - Studio Ghibli
Anime - Filme
2013
9 em 10

Duas double sessions, muitos filmes. Falaremos bastante deste nos tempos vindouros.

Durante muito tempo, sempre houve anúncios de que o Sr. Miyazaki se ia reformar, que ia deixar de fazer filmes e todas essas coisas. Na verdade, três ou quatro filmes foram o seu "último filme". Então, deixei de acreditar que ele se fosse reformar. Mas apareceu o "Wind Rises", que viria a ser o filme definitivo. Ouvi e li críticas agressivas, intenso desapontamento dos fãs. Mas, apesar de todas as subversões, quando terminei de ver este filme, decidi comigo própria: é este o filme definitivo. Para finalizar uma era, seria necessária uma obra prima. E aqui está ela. Acredito que este filme venha a ser um dos exemplos pilar para todos os visionantes. Acredito que este se tornará um filme essencial.

Para começar, neste último filme, o Sr. Miyazaki decide cortar todas as relações com o passado. Assim, apresenta-nos um filme de não-ficção, inspirado na vida e obra de uma pessoa que realmente existiu, passado no mundo real, relatando coisas que efectivamente aconteceram. Para além do mais, é um drama. E, finalmente, não será de todo o mais apropriado a crianças muito pequenas.

A pessoa escolhida para protagonizar este filme chamava-se Horikoshi Jirou. Na impossibilidade de se tornar piloto de aviões, o seu fascínio desde criança, torna-se um dos mais importantes engenheiros a trabalhar nos primórdios da Mitsubishi. E desenha, com sucesso relativo, aquilo que virão a ser os aviões que proliferaram durante a segunda guerra mundial e que interviram de forma muito importante no seu desfecho.

O tema é o sonho. Jirou sonha constantemente com o seu ídolo - Caproni - uma pessoa de um passado mais remoto, que desenhou aviões. Tendo este homem como exemplo, Jirou sonha em construir o melhor avião. Ele não quer uma máquina de guerra, ele não se interessa sobre o destino que irá ser dado ao seu avião. Ele deseja construí-lo pelo simples prazer de criar. E aqui, desde já, se estabelece uma força na personagem impossível de contornar. É um sujeito estranho, este, que fala de forma monocórdica e trabalha a toda a hora, sem dormir, fumando e fumando. Será um indício de autismo? Mas são estas pequenas coisas, que ao início são irritantes, que definem o personagem como uma pessoa real e única dentro do seu contexto.

Paralelamente ao sonho dos aviões, o vento levanta-se de outra forma. Desenrola-se uma história de amor de contornos trágicos, mas com sentimentos tão puros que não podemos deixar de desejar que sejam simplesmente felizes. É uma história comovente e muito realista, falando da epidemia de tuberculose que decorria na época, não só no Japão mas um pouco por todo o mundo. Os momentos do casal são extremamente simples, mas com um romance implícito que vem apenas a tornar a conclusão ainda mais triste, apesar de lógica e necessária.

No respeitante à animação, temos o melhor que este estúdio tem para oferecer, e ao qual já estamos bem habituados. Como a história não se passa num mundo fantástico, e sim no mundo real, não temos grandes complexidades estruturais ou extremamente originais. No entanto, há tal delicadeza no detalhe dos cenários, profundidade e suavidade que este filme se torna surpreendentemente belo. Os cenários são pintados por meios tradicionais e apesar de existir um tratamento digital, sobretudo evidente na cena do terramoto, este integra-se bastante bem e não nos faz estranhar. Em todos os desenhos técnicos se revela uma pesquisa profunda sobre o tema. É também de notar o excelente trabalho de fotografia e enquadramento, que nos trazem cenas muito realistas e, sobretudo, muito belas. 

Gostaria também de falar da excelente animação de todas as cenas de sonho, em que viajamos em cima de aviões impossíveis e em que Jirou se consegue aperceber dos seus erros, aprendendo e evoluindo. Cada cena representa um pilar importante na evolução, no vencer dos medos e na concepção do avião ideal, que depois tem a sua inspiração final dentro do romance. Estas cenas de sonho transladam-se também para cenas em que o personagem se encontra extremamente concentrado. São a única parte fantástica do filme e trazem uma frescura estonteante e inspiradora.

Musicalmente, temos um tema recorrente, interpretado em vários tempos e vários instrumentos, conforme seja mais adequado à situação. É um tema muito positivo, que acrescenta ao filme uma onda de optimismo que não corresponde à realidade. Quero eu dizer que este filme apresenta todos os temas, o sonho, o romance, sob uma perspectiva muito positiva. E a verdade, aquilo que aconteceu no mundo real, no nosso mundo, não podia ter sido pior.

E é por isto que me apaixonei por este filme.

A narrativa tem vários elementos autobiográficos. Miyazaki não só fala sobre uma pessoa por quem terá a maior consideração: ele revisita-se em várias cenas. Temos muitos momentos que nos recordam filmes anteriores, como Porco Rosso e A Viagem de Chihiro, o que demonstra uma capacidade auto-crítica de louvar. Mas o mais importante, para mim, é o momento em que nos apercebemos do verdadeiro conceito do filme. Acredito que nunca o Estúdio Ghibli fez algo tão negativista, apesar de o apresentar sob uma luz de  aparente felicidade.

Porque, apesar dos aviões serem o sonho de Jirou e de ele dedicar a sua vida à sua concepção, a verdade é que estaríamos todos melhor se ele tivesse abandonado o seu sonho logo antes de ele existir. Porque Jirou construiu os aviões. E depois veio uma bomba atómica. E qual é a moral disto tudo? Por vezes os sonhos são belos, mas as consequências são tão destrutivas que temos de ter a capacidade de avaliar quais os sonhos que se devem tornar realidade ou não. Foi o que Jirou, enquanto personagem (enquanto pessoa?) não conseguiu fazer.

Assim, o final apresenta-se muito agridoce, controverso e intenso. A cena final é subtil e maravilhosa, tornando toda a experiência do filme muito extrema.

Assim, gostaria de recomendar a toda a gente que veja este filme. É a obra de arte que vem a provar a verdadeira capacidade de Miyazaki, é o seu filme definitivo. É a película que condensa todo o trabalho de uma geração e que vem finalizar uma era na indústria cinematográfica e de anime. Será certamente uma peça importantíssima no crescimento do anime como arte visual e acredito que a sua importância será devidamente reconhecida quando os ânimos acalmarem. Pois o filme não corresponde às expectativas. No entanto, cria novas expectativas. E a essas, ultrapassa-as.

22.11.14

Majokko Shimai no Yoyo to Nene

Majokko Shimai no Yoyo to Nene
Hirao Takayuki - ufotable
Anime - Filme
2013
7 em 10

Um filme muito divertido, especialmente para os mais novos.

Duas bruxinhas, Yoyo e Nene, dedicam-se a resolver maldições. Até ao dia em que começam a aparecer estranhos edifícios no mundo mágico! Quando dão por elas, estão separadas e Yoyo vai parar ao mundo real, ao nosso mundo. E no mundo real também se estão a passar coisas estranhas: pessoas transformam-se em bichos estranhos e edifícios desaparecem! Como resolver o caso? Com muita magia... E bom humor!

A história é muito simples, mas este universo mágico está cheio de pequenos detalhes encantadores. Por exemplo, o facto da magia de Yoyo ser "desenhos infantis" e o gato andar com a cabeça à roda. O mundo mágico não faz sentido, pois é mágico, mas as pessoas que vivem nele parecem estar felizes e isso é o que importa.

No respeitante a personagens, há uma certa aprendizagem sobre a vallorização da vida, mas o desenvolvimento não é muito patente. Teremos de admitir desde logo que Yoyo, que está no mundo real, é muito mais velha do que parece e que, portanto, não poderá desenvolver os laços que esperaríamos normalmente com as pessoas da terra. A história paralela, a história de amor entre a bruxa e o humano, essa sim é muito simpática.

O ponto forte do filme será, sem dúvida, a animação. É realmente digna de tripanário. As cores são muito vivas e existem cenas muito intensas, de busca e perseguição. Também existem coisas divertidas, como courgettes a dançar. E há muitos momentos de simples surpresa, de não compreendermos exactamente o que se passa, mas é tão agradável à vista que nos mantemos sempre focados.

Musicalmente, temos uma certa variedade, incluindo um momento musical no meio do filme. São músicas infantis, simpáticas e amigas.

No geral, um bom filme para mostrar a miudagem. Espero que alguém lhe coloque legendas em português, para que eu possa fazer isso. :)

21.11.14

Strike Witches

Strike Witches
Takamura Kazuhiro - Gonzo
Anime - 12 Episódios + 1 OVA
2008
6 em 10

Parafraseando o que uma amiga disse: "Este é um anime que fez tudo bem em todas as partes erradas"

Estamos em 1944, mas existe magia e alta tecnologia. O mundo está a ser invadido por uns bicharocos voadores, os Neuroids, e a única maneira encontrada de lutar contra eles foi reunir um grupo de menininhas e dar-lhes umas pernas robóticas com asinhas de helicóptero, que lhes permitem voar em todas as posições possíveis e dar tiros portentosos nesses tais bichos (que parecem mais robots, mas aparentam estar vivos, à medida que a história progride)

Por alguma razão muito pouco convincente, elas não usam parte de baixo. Calças? Saias? Calções? Nada. Só a cuequinha. Por alguma razão que nem sequer é explicada ("porque magia" parece ser suficiente) cada vez que elas usam os seres poderes voadores aparecem-lhes orelhas e caudas de bicinho, cãozinho, gatinho, coelhinho, inho.

Enfim, em termos de história a coisa não é propriamente a rainha da cocada preta. Em termos de personagens também não. Passamos os doze episódios a assistir à sua vida diária, com umas lutas voadoras por aqui e por ali. Elas simplesmente não fascinam, não têm suficiente densidade e humanidade para que realmente acreditemos nos seus sentimentos e emoções. Cada uma é um estereótipo muito mal cortado da caixa dos Cheerios. O facto de não usarem parte de baixo também não ajuda nada, sobretudo quando estão a tentar convencer uma série de senhores de uniforme que são elas que estão com a razão.

No entanto, e aqui a suína torce as suas vértebras caudais, no entanto... A arte. A animação. São estrondosas. O cenário é o mar, num Verão calmo e com poucas nuvens. É bem bonito. E as cenas de acção, têm momentos únicos e apaixonantes. Quase que dá vontade de gostar de tudo o resto, para que possamos dar uma melhor classificação a isto. Há, certamente, um grande exagero em mostrar volumes vulvares (que, se formos pelo lado negativo, se parecem muito com volumes penianos do universo shota. éÉ tudo uma questão de perspectiva) e uma vez até aparece um mamilo aos pulos, mas perdoemos isto, tendo em conta de que é uma série para rapazinhos hiperexcitados.

Musicalmente, nada de bom, nada de mau. OP e ED vulgaríssimas, parenquimatosamente nada de muito especial.

Enfim, eu cá gosto de ver todas as coisas. Serve como experiência. Recomendo a rapazinhos hiperexcitados.

O Cónego

O Cónego
A. M. Pires Cabral
2007
Romance

Tive a boa sorte de receber este livro pelo BookCrossing. Trata-se de uma edição rara, difícil de encontrar, que está esgotada há muito tempo. Felizmente, uma membra teve a oportunidade de adquirir o livro e a bondade supersónica de o partilhar cá com a gente. :)

Devo dizer que há algum tempo que um livro não me dava um gozo tão grande como este. É maravilhoso, tanto que até o li à noite antes de dormir, coisa que faço muito raramente e apenas em livros que estou a adorar positivamente.

Um jovem padre de Trás-os-Montes é colocado a paroquiar uma aldeia nos confins do país, muito próxima de outra aldeia de onde veio uma pessoa que conheço e é muito minha amiga. Isto é, este lugar existe mesmo! Será que os personagens também existem? Pelo livro, tudo indica que sim. Enfim, este padre, ao longo de várias conversas com o antigo padre, que está acamado, e outros personagens, vai descobrindo - segundo diversas perspectivas - tudo sobre a vida e obra de uma figura que muito marcou esta aldeia: o Cónego.

É no retrato deste homem, que aparece tanto como figura mitológica como ser humano irascível, que ficamos a conhecer muito sobre a vida nestas aldeias, numa época em que ainda estavam completamente isoladas daquilo a que se poderia chamar civilização moderna. Os personagens são únicos e realmente acreditamos que todos eles possam ter existido. Não pude confirmar com a minha amiga, pois a narrativa passa-se nos anos 30-40 (não consegui perceber com muita precisão) e ela ainda não era nascida. Senti, talvez, falta de que aparecessem outras pessoas da aldeia para além do eixo referido constantemente, os quatro personagens essenciais na partilha das histórias sobre o Cónego.

Mas aquilo que gostei mais foi, sem dúvida, a maneira de escrever. Toda a escrita está cheia de pequenos detalhes, talhados em ourivesaria, pequenas expressões, palavras, maneiras de dizer, todas típicas do tempo e do espaço onde decorre a história. Assim, o relato torna-se vivo e está inserido dentro de um lugar que passamos a desejar visitar, para falarmos com estas pessoas e comermos o que elas comem, todas essas pequenas coisas.

Sinto-me uma sortuda e muito feliz por ter tido a oportunidade de ler este livro. Se houver outros do autor, gostaria de os encontrar e lê-los todos também!

20.11.14

Waga Seishun no Arcadia

Waga Seishun Arcadia
Katsumata Tomoharu - Toei Animation
Anime - Filme
1982
8 em 10

Há bastante tempo tinha visto o anime de Captain Harlock, pelo qual não morri de amores. Assim, não alimentava grandes esperanças quanto a este filme. Mas fiquei muito surpreendida, e pela positiva!

Waga Seishun Arcadia, ou "A minha juventude em Arcadia", passa-se antes de Harlock ser um pirata. Na verdade, conta a história de como se tornou um, como perdeu o olho e como reuniu o grupo de pessoas que viriam a ser os seus amigos, companheiros e parceiros. É uma história dolorosa num ambiente de guerra muito semelhante àquilo que se vivia depois da Segunda Guerra Mundial, no Japão.

O filme explora diversos elementos neste cenário de guerra, em que no fundo Harlock consegue reunir um grupo de pessoas que estão contra o sistema e que desejam a serem livres de viver e de se expressar num mundo governado pela opressão. Não há histórias comoventes do passado, não há relatos das maldades cometidas para com estas pessoas. No entanto, os personagens revelam uma dor muito forte, expressada pela emotividade de cada cena. E, no meio disto, há sempre uma mensagem de esperança, uma mensagem de que a revolta pode realmente acontecer se nos reunirmos e acreditarmos que é possível.

Os personagens, dos quais não tinha gostado na série original, apresentam-se aqui muito mais humanos. Logo na cena inicial, falando da juventude passada em Arcadia, sobre como Arcadia é a nossa juventude, percebemos que estes personagens viveram algo inexplicável, inconcebível. E é isso que nos vão mostrar. São personagens que têm sentimentos muito fortes e que acreditam verdadeiramente naquilo porque podem lutar. O seu desenvolvimento é a descoberta: partimos de um ponto em que estão completamente indefesos, para ver como abandonam esses medos e percebem que podem, efectivamente, marcar uma diferença no panorama actual.

Se o design dos personagens varia um pouco do original, estando mais adaptado aos anos 80 (em que o filme foi feito), nem por isso deixam de ter variações muito interessantes, sobretudo no respeitante às expressões faciais. Em termos de maquinaria, existe uma atenção intensa no detalhe. A animação, não sendo soberba, está bastante boa para a época. Mas o que mais me impressionou na arte foram os cenários, sobretudo os espaciais, que são feitos num tom aquarelável e têm, por si só, uma intensidade fora do vulgar.

E tudo isto não seria possível sem uma banda sonora primorosa, feita de peças instrumentais que marcaram toda uma geração de animes. São estas peças que acrescentam a emotividade às situações, como falava anteriormente, sendo essenciais para que o espectador consiga captar com exactidão o que realmente os nossos personagens estão a pensar e querem dizer. No final, temos uma música característica da época e do género em que o anime está inserido.

Não posso deixar de recomendar este filme. Parece-me uma peça importantíssima no universo de Leiji (o Leijiverso) que deve ser vista por todos aqueles que tenham interessa na história do anime. E por todos aqueles que, simplesmente, gostem de anime!

David Bowie is...

David Bowie is...
Documentário de Exposição
Isto foi uma experiência diferente, portanto o melhor é começar pelo princípio.

Eu costumo ler um blog, que sigo, chamado Sound+Vision. É administrado pelo João Lopes e Nuno Galopim que são, respectivamente, críticos de cinema e música. Ambos são fãs inveterados do David Bowie. Então, anteontem, apareceu um passatempo no blog, para ver o documentário de uma exposição que estava instalada no museu V&A em Londres, sobre a vida e obra de Bowie. O passatempo consistia em dizer em que cinema queríamos ir ver o filme, o nosso álbum favorito do Bowie e porquê. Eu escolhi aleatoriamente o Space Oddity e inventei um porquê, pois realmente não tenho um álbum preferido (gosto de todos). Ganhei os bilhetes e, assim, fui com um amigo.

A minha experiência com Bowie vem, desde o seu ponto inicial, da minha paixão por tudo quanto é belo, nomeadamente Gackt. Um dia, a minha mãe, ao ver-me em adoração ao meu altar de Gackt (sim, tenho um) comentou casualmente: 

"Isso que tens por esse Japonês, é aquilo que eu tinha pelo David Bowie"

A partir daí, a curiosidade apareceu e imediatamente segui para ouvir a discografia completa. Fiquei maravilhada, pelos sons, pela imagem, por todas as coisas. Por isso, ter oportunidade de saber sobre um dos que se tornou artistas favoritos foi uma experiência única.

O dia foi estranho. Chovia torrencialmente, vi uma árvore a tentar atravessar a estrada (caindo, com um som "ploft" com toda a sua massa vegetal em cima da passadeira. Ainda bem que não estava a passar ninguém), a estrada ficou cortada por causa da árvore, etc. Comi, pela primeira vez, um frozen yogurt, que é delicioso. E, com isto, entrei na sala para ver o filme.

Antes do filme, os críticos ainda falaram sobre toda a discografia e videografia do artista durante um tempo que estava entre os trinta e os sessenta minutos (quarenta e cinco, portanto). Mostraram três videoclipes essenciais e falaram muito. Passado certa altura, confesso, já não os estava a ouvir. Finalmente, veio o filme.

Essencialmente, era a visita guiada à exposição, com comentários dos visitantes e com comentários de pessoas que conheciam o Bowie. Começavam pela infância, mostrando fotos de bebé nunca antes vistas e pedaços do trabalho prematuro de Bowie, que desde logo se interessou pelo aspecto gráfico da música e não só pelo facto de tocar e cantar. Depois, passou para toda a cenografia, incluindo os fatos e máscaras utilizados ao longo do tempo. Como eu não sou muito de ver vídeos, desconhecia a maioria deles. Realmente, o homem é dono de um estilo muito único, que veio a influenciar géneros, modas e atitudes de toda uma geração.

Falaram, também, de material como as fotografias e capas dos discos. Vi pela primeira vez a imagem completa da capa do álbum "Diamond Dogs", que é estranhíssima e fascinante. Vi também muitas outras fotografias que nunca tinha visto. A partir daí, passaram para o trabalho cinematográfico, que nunca pensei ser tão grande (vi apenas dois filmes). Falaram bastante de "Labyrinth", que nunca vi mas parece ter um estilo próprio, e do "Homem que veio do espaço", que é um filme bastante estranho e sobre o qual tenho sentimentos mistos.

De entre as pessoas que foram falar, estava um estilista Japonês que muito influenciou Bowie ("Bowie is Bowie, Kansai is Kansai"), um historiador de cinema, um coleccionador de memorabília que tinha a avaliação escolar do artista. Mas o mais interessante foi ver aquilo que os visitantes, fãs normais como nós, tinham a dizer.

Para concluir, o mote da exposição era "David Bowie is..." Isto porque, apesar de tudo, ninguém sabe exactamente quem ele é e o que é que ele é. Durante muito tempo a sua identidade estava presa a personagens, tendo renascido como uma versão integral dele próprio durante o período de Berlim e vagueando por aí até agora em que, no topo da sua maturidade, Bowie apresenta novos discos e novas músicas e novos vídeos, sempre frescos e excitantes. Portanto, o que é David Bowie?

eu tenho a minha resposta.

David Bowie is Love.

19.11.14

Mobile Suit Gundam Seed Destiny Special Edition

Mobile Suit Gundam Seed Destiny Special Edition
Yatate Hajime - Sunrise
Anime Special - 4 Episódios
2006
5 em 10
 
Tinha esta pasta guardada há muito tempo e foi tempo de a ver e arrumar (quase toda, pois ainda falta um filme). São quatro filmes com uma hora e meia cada um, que vi mais ou menos de seguida, se não rapidamente perderia a vontade e deixa-los-ia para sempre no limbo.
 
São filmes que resumem a história de Gundam Seed Destiny, segundo outra perspectiva. Para saberem mais sobre a série original, remeto-vos para o meu post sobre ela. Na verdade, a história não varia em nada. Uma fraca imitação do universo UC, com pequenas variações.

Os personagens não sofrem mais nenhum desenvolvimento ao longo destes filmes, mantendo-se insossos e aborrecidos.
 
A arte estará um pouco pior, por causa de um uso constante de CG nas cenas mais emocionantes, como naves espaciais a levantar voo.
 
Musicalmente, temos alguma variedade, mas não ultrapassamos a barreira do pop.
 
No fundo, um conjunto de filmes que nada acrescenta à série, se não talvez uma certa idoneidade na perspectiva. Não os poderia recomendar nem para fãs, que já viram a série e gostaram (pois será ver tudo de novo) nem para pessoas interessadas em conhecer, porque isto não é um bom representativo de Gundam.
 
quem quer conhecer Gundam, vê United Century.

Zone of the Enders: Idolo

Zone of the Enders: Idolo
Watanabe Tetsuya - Sunrise
Anime OVA - 1 Episódio
2001
6 em 10

Hoje é dia de aviar alguns filmes.

Zone of the Enders, ou Z.O.E., é uma série que eu não vi. Aparentemente, trata de uma guerra civil em Marte, contra um sistema terráqueo opressivo. Este OVA conta como foi o primeiro atentado à integridade terráquea, por acção de um super robot chamado Idolo.

A história não está muito desenvolvida. Desenrola-se em volta das relações entre três personagens, com o homem no eixo e duas apaixonadas, uma oficial e outra que ainda não o admitiu. Assim, o filme tem potencial para ser altamente romântico, tendo no final uma cena bastante comovente, até. No entanto, falta-lhe alguma coisa, falta-lhe um certo desenvolvimento quer na explicação do contexto quer na evolução das personagens, que é demasiado rápida. Como estes eventos se passam antes da série propriamente dita, acredito que não sofram qualquer tipo de referência nela.

A arte não está má, mas para início dos 00s está bastante desactualizada. Nesta altura já deveríamos ter efeitos um pouco melhores e uma paleta de cores um pouco mais alargada. O facto de toda a acção se passar em Marte, um planeta desértico, não ajuda à caracterização do universo. O design dos robots não parece muito funcional e Idolo, o super robot, não tem qualquer beleza.

Musicalmente, não há grande coisa a apontar.

Neste caso, não fiquei muito curiosa em ver a série. Portanto, acho que vou passar.

18.11.14

Shin Getter Robo

Shin Getter Robo
Kawagoe Jun - Brains Base
Anime - 13 Episódios
2004
5 em 10

Aparentemente este anime é uma versão alternativa de uma coisa do antigamente, de nome Getter Robo. Porque é que eu tinha este na Plan to Watch e não o original é um mistério para mim e pura responsabilidade de quem me recomendou.

Porque é realmente uma coisinha má.

O mundo, presente, passado e futuro e todos misturados, está a ser invadido pelos Oni, criaturas maléficas e demoníacas que têm intenções destrutivas de razão não clarificada. Para lutar contra eles, um grupo de maluquinhos reune-se para conduzir um robot, tipo um Megazord mais redondinho com um machado e um raio laser no umbigo. A história não chega a ser um monstro da semana porque os episódios são poucos, mas a verdade é que eles estão num futuro em que há robots e depois vão à época Edo em que há casas voadoras com metralhadoras incorporadas e depois têm de lutar contra Onis cada vez maiores e mais feios até os vencerem. Pelo meio morre um tipo que se transforma em Oni, mas depois renasce dentro do robot, o que significa que o robot é super... Bem, uma confusão pegada. Em termos narrativos, não tem ponta por onde se lhe pegue.

O ponto forte serão as personagens, que são sem dúvida uma trupe bastante original para combater demónios gigantes. Entre um tipo que sabe o que está a fazer, um monge budista e um chefe de um gang, o nível de psicose eleva-se a um píncaro que é consumado pelo banho de sangue e tripas decorrente de todas as lutas. Fora a sua caracterização inicial, não há mais nada nestes personagens que nos faça dizer "epah, que gente tão interessante!" São assim e já está.

A arte é bastante forte, com traços a negrito e um estilo altamente masculinizado, como um shounen no final da adolescência. A animação, no entanto, não é o ponto mais positivo, pois tem partes muito simplificadas e pouco fluídas, assim como muitas cenas em que estão simplesmente parados à espera do próximo movimentos.

Musicalmente temos um épico típico, força para vencer o mal até ao dia da tua morte.

O conceito poderia ter sido aproveitado de melhor forma, com uma história melhor contada e personagens mais carismáticos. Como está, não lhe posso dar melhor classificação.

17.11.14

Bombaim - A Um Mundo de Distância

Bombaim - A Um Mundo de Distância
Thrity Umrigar
2005
Romance

Disseram que este livro era muito bom, portanto inscrevi-me no BookCrossing para o ler. E digo-vos que está a ser o ring mais popular de ultimamente! Infelizmente, não gostei do livro por aí além.

Bombaim, Índia, agora. Uma senhora do bairro da lata é empregada de uma senhora rica. Castas diferentes, vidas diferentes. A senhora rica gosta muito da sua empregada, então dá-lhe todo o apoio possível. Até ao ponto de fractura, que acontece quando a neta da empregada engravida misteriosamente. Tendo este cenário como ponto de partida, observamos a vida passada das duas mulheres e os maus-tratos que lhes foram infligidos pelos respectivos maridos. Também a neta terá sido vítima? Quem sabe...

No fundo, esta é apenas uma história de violência doméstica, nas suas várias perspectivas, e nas violências cometidas para com mulheres. Tanto se podia passar na Índia como noutro sítio qualquer, pois todo este tipo de história, sendo diferente de pessoa para pessoa, se assemelha na sua génese: há pessoas que, por alguma razão, fazem mal a outras. Nisto, o livro é realista. 

No entanto, o facto de se passar em Bombaim não é nada concreto. A sinopse, a capa, o título em Português, tudo nos remete para uma viagem à Índia moderna. Mas a verdade é que em poucos momentos os personagens estão puramente inseridos dentro do seu contexto, dado que os seus problemas são - de certa forma - generalistas. Fora algumas expressões indianas cujo significado não compreendemos, e de todas as vezes em que a autora demonstra o seu nojo por todas as coisas pobres, tudo isto poderia passar-se tanto lá como aqui, em Portugal, ou na Alemanha ou na Austrália ou no Polo Norte.

Para além disso, achei que a maneira de escrever, para além de ter certos erros (como por exemplo, frases com tempos verbais no presente e passado ao mesmo tempo: "E ela lembrava-se que faz coisas"), é extremamente negativista. O livro está escrito de tal forma que é quase impossível identificar-mo-nos com as vítimas ou sequer ter pena delas, pois a forma como tudo está contado parece indiferente, quase como "as coisas más são assim e nada se pode fazer"

Enfim, talvez a minha expectativa para o livro fosse diferente, mas não sei se o aconselharia.

xxxHOLiC

xxxHOLiC
Mizushima Tsutomu - Production I.G.
Anime - 24 Episódios + 13 Episódios + 1 Filme + 2 OVA + 2 OVA
2006
5 em 10

Lembro-me quando há muito muito tempo, quando começou a aparecer manga em Francês por aí à venda, este me fascinava completamente, pelo título. "xxx deve ser uma coisa pornográfica, um hentai ou algo que o valha". Mas não. Eu ainda não sabia que as CLAMP existiam e que a missão delas é dar nomes aleatórios às coisas. Enfim, de uma forma ou de outra tinha sempre deixado este anime para trás. Finalmente vi-o. A minha expectativa era elevadíssima e foi frustrada.

De natureza semi-episódica, este anime trata de um tema que tantos outros já trataram, antes e depois dele: aventuras com o sobrenatural do folclore Japonês. Watanuki é um jovenzito, sem ligações terrenas fora uma paixoneta na escola, que tem um desejo: deixar de ter de aturar as criaturas estranhas que vê por todo o lado, fantasmas, espíritos, youkai, e outros bicharocos do género. Quando é puxado para dentro de uma casa misteriosa, a sua dona - Yuuko - diz-lhe que se trabalhar para ela (a cozinhar e isso) poderá concretizar esse desejo. E assim começam as aventuras diária de Watanuki e os seus parceiros no mundo da bicharada mística. Cada história por si só não é nada que não se tenha já visto. Em termos de originalidade, não há muito.

Agora, este anime poderia ganhar todas as taças se, com este tema, tivesse um estilo de arte e animação a condizer. E, aqui, é caso para dizer: o manga deve ser muito melhor. O design dos personagens é muitas vezes apelidado de "noodle". E é verdade. Compridos e moles como um tagliatelle aldente. Isto em manga, em que está tudo parado, deve funcionar lindamente. Em anime, é de bradar aos céus, com as dores decorrentes dos olhos partidos em pedaços manejáveis. Há um esforço por tornar as coisas interessantes, com efeitos visuais e padrões, mas é tudo tão pouco detalhado que simplesmente não capta o interesse. Em termos de roupas, objecto de adoração característico das autoras, só Yuuko parece variar nos modelitos. E ainda assim são tão pouco mostrados, têm tão pouco pormenor, que passam ao lado e não têm o efeito pretendido. No filme e nos OVAs a animação está bem melhor, mas isso não pode salvar a classificação geral.

Musicalmente, se no parênquima temos pouco ou nada, nas OPs e EDs temos valiosas músicas, muito estilosas, com um certo beat irónico que nos prepara para a aventura de mistério que vem aí. Saquei-as quase todas, pois fiquei very in love com o seu estilo.

Fiquei curiosa em ler o manga, mas o anime não é para repetir.

How to Train Your Dragon


How to Train Your Dragon
Dean DeBlois e Chris Sanders - Dreamworks
Animação - Filme
2010
6 em 10

Qual o melhor filme para se ver à uma e meia da manhã? Que tal uns dragonitos?

Hiccup é um viking muito mal adaptado à sua realidade. Pois tal como outras aldeias têm pragas de gafanhotos, eles têm uma praga de dragões. E Hiccup é tão mal jeitoso com o seu machado que não consegue ter sucesso no que respeita a matá-los.

Até ao dia em que ele encontra um dragão, de raça periculosamente rara, e se torna amigo dele, chegando ao ponto de lhe arranjar uma prótese para uma asa que perdeu numa batalha e andar em cima dele. Este dragão, Toothless, assemelha-se muito - coincidência ou não -  a um gatinho preto abandonado. 

A história é divertida, uma história de respeito e amor pelo próximo, uma história de amizade pelos animais. No fundo, é o conto de um miúdo que encontra um bicho abandonado e, contra todas as expectativas, toma conta dele, sendo recompensado com respeito e carinho. Também nos dá a lição de que nem tudo é o que parece e que às vezes tudo aquilo que sabemos sobre algo pode estar completamente errado: temos de dar sempre oportunidade para as coisas se demonstrarem como elas são, em vez de partirmos logo para a destruição.

No entanto, achei que a narrativa - que não tem muito conteúdo - se desenvolveu demasiado rápido. Por exemplo, a aproximação ao dragão, criatura desconfiada, foi quase imediata. Daí a voarem foi um instante. Também a aceitação por parte da rapariga, Astrid, não correspondeu às expectativas de uma realidade.

Em termos de animação temos muitas coisas boas, com uso a técnicas difíceis e alguns cenários extremamente bonitos. As coreografias não são confusas, embora o dragão grande seja tão grande que acabou por ser um pouco difícil aperceber-me da sua anatomia. Em termos de cores e de texturas, temos escamas muito fofinhas e talvez barbas demasiado leves, mas de resto não tenho nada a apontar. No geral, o efeito está muito bem concebido, com resultados bastante agradáveis à vista.

Uma coisa que falhou, sem dúvida, foi a música. A banda sonora não tem muito por onde pegar, sem temas memoráveis. A música final é simpática, mas para o teor do filme estava à espera de uma coisa diferente, talvez mais instrumental.

Agora terei de ver o segundo. Parece-me um excelente filme para mostrar a miudagem. :)

14.11.14

Tamako Love Story

Tamako Love Story
Yamada Naoko - Kyoto Animation
Anime - Filme
2014
7 em 10

Para lerem sobre a série cliquem aqui. :)

A série não deixou grandes memórias, mas ainda assim decidi experimentar o filme. É sem dúvida muito melhor, em todos os aspectos.

A história pega precisamente onde nos deixaram, abordando alguns temas que tinham permanecido duvidosos. São eles coisas como o futuro, o amor e os laços familiares, todos eles interligados por um conjunto de personagens muito agradável. O filme é, de certa forma, uma conclusão simpática para a vida destas pessoas, que acompanhámos ao longo da série. Os assuntos são tocados de forma leve e alegre, sempre com uma onda de grande positividade.

A arte tem momentos de grande beleza, sobretudo as imagens do rio. Todas as cenas passadas dentro de casa têm atenção ao detalhe, sobretudo nos padrões dos cenários, que são muito fofinhos. Em termos de animação, temos uma mistura grande entre cenas muito bem animadas, aliadas ao design extremamente querido dos personagens, e cenas cómicas sem qualquer atenção ao pormenor.

Musicalmente, é um filme bastante completo, com muitos momentos musicais que fazem lembrar um rock mais integral e original. Neste filme há sempre música, seja na abertura, no final ou apenas porque os personagens estão a ouvir rádio. Tal como na série, este elemento é importante para o desenvolvimento da narrativa e das emoções dos personagens.

Senti-me bastante bem ao ver este filme, pois é realmente muito amigo. Não sei se o recomendaria a quem não viu a série, mas é claramente uma boa conclusão.

13.11.14

Bayonetta - Bloody Fate

Bayonetta - Bloody Fate
Kizaki Fuminori - Gonzo
Anime - Filme
2013
6 em 10

Há muito, muito, muito tempo atrás, sugeriram-me que fizesse cosplay de Bayonetta. Ora, eu tenho um pequeno problema... É que eu não jogo jogos! Falando disto a uma amiga, ela referiu-me que - ainda por cima - não teria o corpo ideal para fazer a personagem, que é muito alta e musculada. Mas, depois de tudo isto, fiquei extremamente curiosa para com a personagem. Afinal, quem é ela? E o que faz? Assim, quando apareceu a oportunidade de ver o filme de anime baseado no jogo, não a pude perder!

Fiquei, então, a saber que a Bayonetta é uma bruxa, fruto de uma relação proibida. Ela vagueia por aí, a matar umas criaturas que são anjos, em busca do seu passado. Pelo menos neste filme, não sei como será no jogo. No processo encontra alguns personagens que não a ajudam em nada e estão simplesmente lá para acrescentar mistério.

A história pareceu-me bastante incompleta, assim como o desenvolvimento dos personagens. Certamente que isto será melhor desenvolvido no jogo, que o anime almeja publicitar, mas como não estou dentro desse contexto nada poderei dizer. Aquilo que, realmente, me pareceu foi que havia muito material que se poderia explorar. Por exemplo, gostaria de saber mais sobre os reais poderes de Bayonetta, como funcionam aquelas armas, qual o sistema mágico deste universo. A história de volta das memórias tem o seu interesse, mas não está especialmente bem concebida.

O ponto forte do filme será a animação, mas esta tem os seus momentos falhos frequentemente. Se as técnicas utilizadas são bastante fluídas na maior parte das vezes e o CG está admitidamente bem integrado no contexto das lutas, as coreografias tornam-se, muitas vezes, bastante confusas, tornando difícil de perceber qual a posição de cada elemento na luta. Os cenários são bastante simples, com bastante CG, com excepção da única cena em ambiente natural (a do pai do jornalista) que está muito bem pintada e é bem bonita. Se fossem todos os cenários assim, falaríamos de outra forma da arte deste filme.

Musicalmente, não temos nada fora do normal. As lutas têm como ilustração auditiva peças sinfónicas, com bastante órgão, que - solitárias - não têm grande interesse. A música dos créditos pareceu-me demasiado açucarada para o teor altamente sensual do filme.

Fiquei a conhecer a personagem assim por alto. Estou curiosa em jogar o jogo, mas não tenho maneira nem grande vontade, portanto fica para a próxima. De certeza que não irei adicionar Bayonetta aos meus planos de cosplay.

Dr. Strangelove

Dr. Strangelove or How I Learned to Stop Worrying and Love the Bomb
Stanley Kubrick
Filme
1964
8 em 10

Chegados a casa, vamos ver um filme. Mas a mim não me apetece nada de muito pesado, de muito pensativo, apetece-me algo um pouco mais simples. E, assim, colocámo-nos a ver o Doutor Estranhoamor. :)

Sátira enlouquecida daquilo que foi a Guerra Fria, este filme cria um cenário absurdo - a recordar muito o Catch-22 - em que uma catástrofe nuclear está iminente. E porquê? Porque um general paranóico com a mania dos fluídos corporais decidiu activar o Plano R, que implica que todos os aviões B-52 com bombas atómicas se desloquem até à Russia e as deixem cair lá.

Infelizmente o plano não pode ser parado, devido a uma série de regras impostas pelo próprio plano. Depois de uma conversa entre presidentes, ficamos a saber que para nossa desgraça a queda das bombas irá activar aquilo a que se chama "Dommsday Device". E vamos morrer todos :) Mas Dr. Strangelove tem a solução? E qual é...? Terão de ver o filme. :)

Todo o absurdo das situações, dos diálogos e dos personagens torna este filme uma experiência absolutamente hilariante. Está cheio de pequenos detalhes cheios de graça, completamente gargalhantes. E como está a preto e branco (segundo consta porque não havia dinheiro suficiente para o fazer a cores), tudo isto aparece com um certo ar negativista e gótico que não liga nada com a hilariedade das situações. Tornando-as ainda mais engraçadas!

Este filme não seria a mesma coisa se não fosse o actor Peter Sellers. Decorem este nome, pois foi das melhores performances - seja cinema ou teatro - que vi nos últimos tempos. Apesar de ser antiga, o trabalho de actor é sempre actual. O actor interpreta três personagens distintas, cada uma com as suas características. O general inglês, desesperado por salvar a situação, cheio de paciência. O presidente Americano, passivo-agressivo perante o seu equivalente russo. E o Dr. Strangelove, génio da ciência que tem a solução ideal para todas as coisas e uma mão independente que continua a gostar de fazer as saudações nazis. Cada personagem tem um trabalho corporal completamente diferente, não só nos movimentos mas também nas expressões e na voz. É verdadeiramente extraordinário.

Não me ria tanto num filme há muito tempo. Até o final (catastrófico) foi calmo, bonito e simpático. Porque se tudo pode correr mal, porque não?

Aparentemente este filme foi altamente criticado pelas esferas do governo americano na época, porque eles são paranóicos e não perceberam que o filme era a gozar com a situação toda. Agora, olhando para trás e considerando que estamos praticamente na mesma situação, o meu sentimento é: venha o holocausto nuclear. Vamos morrer todos de qualquer forma! =D

Interstellar

Interstelllar
 Cristopher Nolan
Filme
2014
7 em 10
 
Fomos ao cinema! Quarta feira é um dia um pouco estranho, mas foi o que se combinou com o pessoal. Até se reuniu bastante gente. :)
 
PAra vermos este filme temos de partir de um princípio, uma verdade inabalável: o mundo está a acabar. Pragas assolam os terrenos de cultivo e imensas tempestades de pó perturbam todos os habitantes que restam neste planeta. Cooper costumava ser engenheiro e astronauta antes de se dedicar às ceifeiras debulhadoras. Mas quando um misterioso "fantasma" envia uma mensagem, descobre que tem a capacidade de ir ao espaço e descobrir um mundo novo para a humanidade viver. 
 
E a partir daqui tudo poderá ser um spoiler grave.
 
No aspecto das viagens espaciais, o filme está bastante bem construído. As ideias têm um fundamento científico, o que as torna bastante realistas. Existe uma dinâmica importante relacionada com a teoria da relatividade e o factor "tempo", que está explorada de forma interessante através das relações entre os personagens.
 
Estas, são muito fortes e são aquilo que dão a humanidade ao filme. Vive-se um drama familiar, não só pela distância mas também pelo tempo, que apenas tem resolução no final e que é muito bonita e comovente. Os actores participam nisto com excelentes capacidades, transmitindo com emotividade estes valores. Pois a certo ponto, não queremos saber muito mais sobre se vão salvar a humanidade ou não. Infelizmente, aparentamos estar todos condenados. Queremos saber apenas se Cooper se vai reunir com a família ou não.
 
Dentro da teoria dos wormholes e buracos negros, o final dá uma perspectiva muito interessante, em que o tempo se torna uma dimensão física. Ficou apenas a dúvida: se foram os seres humanos do futuro que enviaram o wormhole e deram a Cooper a capacidade de encontrar a solução para o problema, como é que eles chegaram lá ao início? É um argumento circular, uma pescadinha de rabo na boca, e se alguém tiver algum esclarecimento lógico pode por favor por aqui como comentário... Pois foi essa a minha dúvida principal.
 
Gostei também da perspectiva extremamente negativa do nosso futuro, dado que os três planetas visitados são todos horríveis. E são também muito originais! Um tem água, outro tem gelo, outro é um deserto... Parece uma perspectiva bem triste. Mas fiquei com a ideia de que, certamente, nos iremos safar. :>

12.11.14

Star Driver The Movie

Star Driver The Movie
Igarashi Takuya - Bones
Anime - Filme
2013
6 em 10

Antes de mais, vamos esclarecer algo: a minha estupidez não tem limites. Por isso, quando me apareceu no feed este filme acabado de lançar, eu fui toda contente sacá-lo. Nem eu sabia que isto era o filme resumo de uma série. Uma série que eu não vi. Portanto... -_________- 

Talvez por não ter visto a série original, foi extremamente difícil acompanhar este filme. Simplesmente não compreendi, de todo, a história. Por aquilo que percebi, um jovem deu à costa e torna-se amigo de outros jovens. Depois cada um deles usa uma máscara e tem um poder, que é um robot e lutam uns com os outros. Ou algo do género. Sem contexto é realmente difícil perceber o que se passa. Mas como isso é mea culpa mea culpa, não vou mandar abaixo o filme por essa razão.

Nem por outra razão qualquer, porque é um filme realmente agradável. Apesar de o ter visto em duas levas (uma a noite passada, outra esta manhã) porque é muito longo, duas horas e meia, é um filme muito giro. Os designs são muito interessantes, tanto dos personagens como dos robots e a arte é extremamente colorida, com muitas formas diferentes para olharmos e nos entretermos. Os cenários também estão bastante bem feitos. No respeitante a animação, temos alguns bons momentos, mas outros podem ficar aquém das expectativas, considerando que é um filme e não uma série.

O que gostei mais foram todos os momentos musicais, que são muitos e variados, com várias músicas diferentes. São momentos inspirados e muito bonitos dentro do contexto.

De certa forma o filme conseguiu o seu objectivo: deu-me vontade de ver a série! Vou já adicioná-la aos meu planos e, mais tarde ou mais cedo, lá chegarei :)

A Bruxa de Oz

A Bruxa de Oz
Gregory Maguire
1995
Romance Fantástico

Desde que vi este livro numa livraria que tinha vontade de o ler. Assim, quando apareceu no BookCrossing não perdi a oportunidade. É um livro longo e complexo e não tenho a certeza se gostei dele ou não, embora tenha estado estes quinze dias absolutamente imersa no seu universo.

O Feiticeiro de Oz é um livro infantil muito simples, bastante chato diria até. Mas o universo de Oz, este país estranho, tem muito para explorar. Pegando na personagem da Bruxa Má do Oeste, o autor faz precisamente isso. Oz passa a ser, então, um universo altamente politizado, apesar de ter as suas características fantásticas.

O livro está dividido em quatro partes. Na primeira, acompanhamos a infância de Elphaba, a Bruxa, uma menina estranha, de cor verde. Depois, podemos vê-la na universidade, onde conhece Glinda, que virá a ser a Bruxa Boa do Sul e uma série de outros amigos. Neste momento acontece o primeiro momento altamente político e altamente confuso: a luta pelos direitos dos Animais (animais com consciência). O grande problema é que os personagens têm elevadas conversas filosóficas e teóricas sobre este assunto. No entanto, o assunto é-nos estranho, a nós que somos do Planeta Terra e não de Oz. Portanto, torna-se bastante difícil de acompanhar estas conversas. A terceira parte, e para mim a mais interessante, é a história de amor, num ambiente escondido e revolucionário. A imagética desta parte tem uma grande simplicidade e beleza, pelo que foi a que gostei mais. Finalmente, Elphaba retira-se do mundo e torna-se a Bruxa Má. Numa quinta parte que serve de epílogo, em que aparecem as personagens que conhecemos do conto original, tudo me pareceu extremamente confuso, como se Elphaba tivesse ficado bêbada para sempre e perdesse completamente todas as características que foi obtendo ao longo do livro.

Tudo isto está escrito com uma linguagem bastante confusa, com muitas palavras estranhamente desnecessária. As descrições não são especialmente ricas e ficamos apenas a aprender o aspecto das coisas quando os personagens se referem a elas.

É um livro um pouco bizarro, mas que certamente me marcou, pois vou lembrar-me dele durante muito tempo.

11.11.14

Uchuu no Stellvia

Uchuu no Stellvia
Satou Tatsuo - Xebec
Anime - 26 Episódios
2003
5 em 10

Tinha escrito uma review toda catita, mas o firefox crashou e apagou-ma toda. Portanto fica aqui mais resumida:

A história tem partes que não fazem sentido e no fundo isto é um fatia-de-vida no espaço, em ambiente escolar. Só que não tem as cenas espaciais, portanto podia passar-se noutro sítio qualquer.

Os personagens são bastante simples e o seu desenvolvimento é relativo apenas às suas relações interpessoais de amor e amizade, sendo que não se explora o facto de poderem todos morrer a qualquer momento com excepção de uma lágrima ou outra.

A arte é bastante má. Não aprecio o estilo da época, mas neste caso parece-me especialmente desiquilibrado. A maquinaria está em CG e é medonha. Podiam ter aproveitado o facto de estarem a flutuar no vácuo para mostrar coisas bonitas, mas não o fizeram.

Das músicas, só a OP tem interesse, pois estabelece um ambiente calmo para o anime.

Não recomendaria.

E a minha review original era muito, mas muito, mas infinitamente muito mais interessante. Odeio o firefox, mas também odeio a google, portanto nada posso fazer.

10.11.14

Venus Wars

Venus Wars
Yasuhiku Yoshikaze - Shochiku
Anime - Filme
1989
6 em 10

Vi este filme por recomendação do Qui, que o tinha em cassete quando era um Qui pequenino. Depois vim a reparar que já estava na minha Plan to Watch, o que é sempre uma coisa boa. :)

Filme que pertence bem à sua época, trata de uma guerra em Vénus, planeta que sofreu com a aquosidade de um asteróide e, agora, se encontra habitado. E em guerra, mas isso é um detalhe. Os nossos personagens principais, no meio de uma grande confusão e de forma puramente acidental, vêem-se envolvidos nesta guerra de ataques e contra-ataques, sendo que o nosso jovem protagonista vai parar mesmo às linhas da frente. A sua sorte é que tem um talento inato para conduzir umas motas-monociclo e vai-se safando das explosões.

O filme poderia ter apresentado muito mais complexidade no tema, se falasse com mais profundidade dele. O dilema da guerra foi apenas abordado num curto diálogo, sem dúvida o mais interessante do filme. Em termos de personagens, parecem-me ser demasiados, o que torna a sua existência bastante inconsequente. Eles vão desaparecendo ao longo do filme sem qualquer tipo de explicação e o seu envolvimento na narrativa fica muito limitado. Assim sendo, questionamo-nos porque apareceram em primeiro lugar. Se de certa forma podem existir para ilustrar a vida normal, fora da guerra Venusiana, estas imagens não duram tempo suficiente para nos convencer da sua veracidade.

AA animação tem momentos bastante interessantes, sendo que as cenas de acção são quase todas perseguições nestas máquinas de uma só roda e explosões bastantes. Em algumas partes há uma bizarra mistura de imagens fotográficas com animação. De resto, o filme aparenta ter uma boa produção mas não há nada de especialmente distinguível de outros filmes da época com temas semelhantes. Fica a nota de que a maquinaria tem um design bastante interessante e realista, sobretudo porque na maioria das vezes (como seria normal na realidade) não funciona muito bem.

No som, há uma variedade de efeitos sonoros muito habituais dentro desta década, com pequenas peças nas cenas de acção que nos remetem para outros trabalhos. A ED é o power-pop de sempre, mas tem uma boa energia para finalizar toda a sequência de acções.

Sem dúvida que o melhor do filme são os pequenos detalhes que poderão passar desapercebidos a um olhos menos treinado. Pequenos dizeres espalhados por todo o lado (como um tanque a dizer "Limusine" ou o símbolo "Proibido Fumar" num camião cisterna que carrega gasolina), um bom range de expressões faciais e corporais nos personagens, tudo isso torna o filme divertido e uma boa experiência.

Gostava que tivesse sido um dos filmes da minha infância, mas o meu clube de vídeo não tinha muito anime...

9.11.14

Ghost in the Shell: Arise - Border:3 Ghost Tears

Ghost in the Shell: Arise - Border:3 Ghost Tears
Kazuchika Kise - Production I.G.
Anime - Filme
2014
6 em 10

Poderão ver neste mesmo local comentários sobre o Primeiro e Segundo filmes desta nova leva do franchise.

Desta vez exploramos um assunto muito pouco falado nos takes anteriores de Ghost in the Shell: a vida amorosa da Major Mokoto Kusanagi. O filme inicia-se precisamente com uma cena de certa carga erótica, que relata o amor entre cyborgs. A partir daí, ficamos a conhecer este amante, enquanto os personagens procuram o autor de um ataque terrorista.

Existem alguns elementos interessantes que são debatidos ao longo do filme, sobretudo nas conversas entre os amantes. Parece que neste momento Kusanagi aprende a gostar do seu corpo artificial e a admiti-lo como parte de si própria, para além do seu Ghost. Isto poderá ser muito importante como elemento de uma prequela, pois liga directamente com a evolução da personagem para a fase em que todos a conhecemos.

De resto, a história do filme é bastante simples e, sobretudo, demasiado previsível.

Em termos de animação, temos dois momentos de destaque: as cenas de acção e as cenas de amor. Nas primeiras, a animação é bastante fluída, embora a coreografia das lutas seja extremamente exagerada, dando uma panóplia de capacidades físicas virtualmente impossíveis a todos os personagens, mesmo os que não são totalmente artificiais. Nas outras, aparece-nos um cenário marinho, muito azul, que tem uma beleza muito própria. Infelizmente, o efeito visual que estas cenas têm perde-se na sua repetição.

Musicalmente, temos um techno que nos recorda a verdadeira onda cyber dos anos 90, bastante equilibrado com uma ED muito calma, como um oceano.

Depois da maravilha que foi o primeiro filme, da surpresa e tudo o mais, acho que este - até agora - é o melhor da versão Arise. Ainda assim, parece-me que poderiam ter feito um melhor trabalho no geral.

Futari wa Precure: Splash☆Star

Futari wa Precure: Splash☆Star
Kawamura Toshie - Toei Animation
Anime - 49 Episódios + 1 Filme
2006
5 em 10

A minha primeira e única experiência com Precure foi o Heartcatch. Tinha gostado tanto que foi com alguma excitação que me pus a ver o Splash Star, por recomendação do clube. E fiquei bastante desapontada.

Antes de começar, fique a nota de que eu pensava que o franchise Precure era muito mais antigo. Dos 80s ou assim. Afinal começpou em 2005-2006. Portanto, há aqui coisas que são injustificáveis.

A história é a básica: duas meninas obtêm o poder de se tranformar magicamente para lutar contra as forças do mal que ameaçam destruir a vida verde e transformar o mundo num deserto. Todos os episódios um inimigo cria um monstro diferente, os Uzainas, e elas vencem-no graças a uma grande tenacidade, força de vontade e todas essas coisas que fazem magia. Excepto que a vida não funciona assim. E é realmente cansativo ver que elas estão quase a ser vencidas em /todos/ os episódios e graças aos poderes da amizade ou algo que o valha dão sempre a volta, apesar de raramente terem os seus poderes mágicos acrescentados.

Processa-se este luta-vence ao longo de quase cinquenta episódios. Os inimigos mudam, mas - fora os seus poderes naturais - têm pouco que os distinga uns dos outros e que lhes dê individualidade. Existem duas personagens que mudam de lado, que poderiam ter sido muito mais interessantes se tivessem um resquício de personalidade e não se limitassem a responder com "sim", "não" e "agora somos amigas".

A animação é algo de terrível. As cenas de transformação e utilização dos poderes são sempre repetidas e são muito monótonas e aborrecidas. De resto, a acção é transmitida de forma muito simplificada, o que não funciona dentro do contexto mágico em que as personagens se encontram.

A música tem a sua alegria, mas se a ouvirmos muitas vezes acaba por cansar muito rapidamente.

Um anime que beneficiaria imenso se fosse imensamente mais curto e se fosse completamente diferente. Bem Precure, acho que fica para a próxima...

Enter the Void

Enter the Void
Gaspar Noé
Filme
2009
5 em 10

Se o primeiro filme até foi bastante simpático, este segundo foi uma experiência terrível. Gosto de filmes dignos de tripanário, mas parece-me que neste dia em que o vi... Bem, não foi o melhor dia. Não me encontrava mentalmente preparada.

Tudo começa com um conjunto de créditos altamente epilépticos. Depois, tudo começa. Com Oscar, um dealer e adicto às mais variadas drogas, a fumar um poucochinho de DMT. Rapidamente entramos num conjunto de animações alucinadas. Mas depois Oscar morre. Mas a trip dele continua. Conhecemos a sua vida passada, os eventos traumáticos e tudo o mais, e ficamos a saber o que acontece à sua família e amigos.

Tudo isto com muitos momentos de animação colorida e muitas cenas de sexo explícito. E muitas cenas do evento traumático, repetidas, repetidas. Música atemorizante. Grandes vistas da cidade de Tóquio por cima, pois isto se passa tudo numa Tóquio negra, neon e exasperante. E, o pior disto tudo, um truque de câmara recorrente em que ela anda à volta, gira, giratória, não para de girar.

Todo o filme se passa na primeira pessoa. Isto é, nunca vemos o personagem principal, excepto num espelho. De resto está sempre de costas. Isto é interessante ao início, mas - misturado com o psicadelismo constante e a música tensa - acaba por ser muito cansativo. Confesso que isto girava tanto que eu já estava cheia de dores de cabeça.

De resto, é altamente explícito em todos os temas sexuais. Como eu não tenho necessidade de ver estas coisas, acabei por me virar para o outro lado quase no fim do filme e perder estas partes essenciais. Já estava fartíssima. Porque na verdade, o filme nunca mais acaba. São quase três horas de trip, mas nem sequer é uma boa trip.

Só lhe dou cinco porque algumas animações estão muito bem feitas. De resto, foi uma experiência para esquecer (e tinha quase a certeza que ia ter pesadelos, mas ainda bem que não tive)