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30.10.11

Sex Pistols




Sex Pistols
Iwanami Yoshikazu - Frontier Works
Anime - 2 Episódios
2010
5 em 10

As minhas palavras a meio do primeiro episódio do OVA: Isto é idiota. As minhas palavras agora: Isto é muito idiota.

O OVA de Sex Pistols não tem ponta por onde se lhe pegue. Não há uma história coerente que se perceba. Não há personagens interessantes. É tudo gay ao cubo desnecessariamente. Comédia forçada, drama forçado, tudo forçado. Eu não estava à espera de nada quando vi isto, aliás eu só espero que anime BL seja mau porque é o costume, mas saí daqui a bater com a cabeça nas paredes.

A arte não está mal de todo, mas os designs dos personagens são bastante irritantes. O mesmo para as vozes, aqueles gemidos são de levar qualquer um ao suicídio. E não é por serem excitantes.

Além disso, sabe-o toda a gente com três dedos de testa, os seres humanos não evoluíram dos macacos. Nem sequer somos do mesmo Género. Somos é da mesma Família, porque evoluímos do mesmo dinossauro e, por isso, somos todos primatas.

Uma bela bosta, mas nunca se pode esperar mais que uma bela bosta de um anime de BL. Tudo o que é melhor que cócó é uma jóia e deve ser amado. Sex Pistols não.

Spring and Chaos




Spring and Chaos
Kawamori Shoji - Group TAC
Anime - Filme
1996
6 em 10

Este filme é uma estranha biografia do famoso autor Kenji Miyazawa. Criador de Night at the Galactic Railroad, Miyazawa distingue-se pelas suas histórias carregadas de simbolismo e por os seus personagens serem normalmente animais. Pegando nisto, o director deste filme decide caracterizar o autor como um animal, um gato. Ele e todas as pessoas que o rodeiam. Este gato vai vivendo a sua vida, análoga ao seu equivalente real, rodeado de outros gatos e cães e outros bichos que tais.

Infelizmente, não descurando a sua grande imaginação e belas histórias, Miyazawa não aparenta ter tido uma vida especialmente interessante. Assim, o filme não tem grande coisa por onde pegar. Tenta caracterizar a vida e as relações de Miyazawa com os outros, mas estas não parecem ser muito profundas. Há poderosos momentos que ilustram o processo criativo do autor e estes estão muito bem concebidos, mas fora isso não há muito por onde se lhe pegue.

Os designs parecem um pouco mal-tratados e a arte no geral parece ser descurada. Excepto no processo criativo, em que se utilizam uma série de técnicas originais, tudo o resto está abaixo do normal.

A música é boa, como só a música clássica pode ser, mas é uma confusão. A versão japonesa do Ave Maria de Shubert é bonita, mas fora isso é tudo o caos (e a Primavera, hah).

Uma boa homenagem ao autor, mas fora isso nada fora do vulgar.

KITE




KITE
Umetsu Yasuomi - Arms & Green Bunny
Anime - 2 Episódios
1998
6 em 10

Apesar de ser de 98, KITE fez-me lembrar a razão pela qual eu gosto de anime old-school. É um hentai, é verdade, mas ainda assim consegue ser qualitativamente superior a muito boa coisa que anda por aí.

Apresentam-nos Sawa, uma estudante que também é assassina a soldo, "pertencente" a um polícia corrupto que tem um estranho fascínio por ter sexo com ela frequentemente. Em KITE vê-mos Sawa em acção, matando quem lhe mandam matar, mas também vemos as razões pelas quais ela se tornou assassina e temos um lamiré sobre o seu futuro próximo. Sawa distingue-se das personagens vulgares do Hentai: Sawa toma decisões e as suas acções são sempre deliberadas. No entanto isto não é suficiente para a distinguir de personagens de uma série normal, pois a sua caracterização não é muito profunda nem detalhada.

A história é manejada com mestria. Mantém-se até ao fim uma constante de reviravoltas em que nos apercebemos quais as vontades da personagem principal e a sua maneira de as concretizar. O sexo, infelizmente, aparece completamente ao calhas, desregrado e sem nexo. Está ali só para mostrar e não se inclui verdadeiramente nem na história nem nos personagens.

A arte é bastante boa, se bem que parece bem mais antiga do que a verdadeira data do OVA. As cenas de acção são bem animadas e os designs bem concebidos.

A música, absolutamente deliciosa. Piano e saxofone, num tom muito melancólico. É a OST a melhor parte deste OVA, pois caracteriza cada cena como única e cria um ambiente muito próprio para as acções.

No geral, um bom OVA. Eu não tenho por uso ver hentai, mas arrisco a dizer que será um dos melhores dentro do género. Fora do género já não posso ter tanta certeza.

28.10.11

Black Lagoon: The Second Barrage

Black Lagoon: The Second Barrage
 Katabuchi Sunao - Madhouse Studios
Anime - 12 Episódios
2006
6 em 10

Bem, eu estava a adiar ver esta segunda season. Adiei, adiei, até que finalmente vi. E ok, não está mal. Mas também não está bom. Vamos a ver:

A história é a mesma. Rock é um empregado de escritório que decide abandonar a sua vida aborrecida para se tornar num pirata dos tempos modernos. Temos outra vez uma natureza quase episódica, com histórias diversas. Cada uma destas histórias está um pouco melhor concebida em comparação com a primeira season. Se bem que o que eu desejava (assim algo que falasse sobre a complexidade dos sentimentos humanos) não existia ou foi visto apenas muito superficialmente. Houve mais conversa, mas continua a haver porrada a mais, o que não deixa as histórias atingirem o ponto de rebuçado.

Os personagens são... Os mesmos. Excepto que desta vez deram uso ao potencial (que eu tinha dito! Eu tinha dito!) de Rock como personagem e o desenvolveram até meio. Falta o resto, mas também falta uma season. Rock é, sem dúvida, o personagem mais interessante do conjunto. Nesta season é-lhe impressa uma importância diferente e há espaço para que ele possa colocar as suas dúvidas. Infelizmente os seus objectivos e a sua moral são suficientemente difusos para que não se chegue a conclusão nenhuma. Todos os outros, tudo na mesma. Os intervenientes de cada história têm o seu quê de engraçado, mas também não são nada de especial.

Música é a mesma.

Arte é a mesma.

Enfim, tudo na mesma, leva 6 à mesma.

District 9

 
District 9
Neil Blomkamp
Filme
2009
6 em 10

Os aliens chegaram. À África do Sul. Logo aí começa bem. De premissa extremamente original, District 9 fala-nos de um um bairro de lata habitado por aliens viciados em comida de gato. Através de um homem que, por infelicidade do destino, se começa a transformar num alien (apesar de os odiar) passamos a conhecer a vida destas criaturas no seu Distrito, os maus-tratos de que são vítimas pela parte dos seres humanos e as formas como lutam pela sua sobrevivência e liberdade. Não será por acaso que isto dá uma belíssima analogia para a forma como tantos seres humanos vivem. Como se fossem aliens indesejados.

Apesar desta boa história, District 9 não se distingue nos outros aspectos. O design dos aliens é interessante, mas não estão especialmente bem feitos. A caracterização do bairro de lata está muito boa. No entanto há algumas incongruências na direcção, como o pular de cena em cena sem concluir o assunto ou a grande questão "como é que os homens e os aliens percebem as línguas uns dos outros". A apresentação como se fosse um documentário é sem dúvida original, mas a partir do momento em que deixam de documentar para passar a narrar a história do homem-que-se-transforma-em-alien, o método torna-se obsoleto.

Além disso, é tudo muito previsível e todos os clichés de todos os filmes acontecem aqui. Até há um alienzinho bébé fofinho.

Ainda bem que não fui ver isto ao cinema, apesar de na altura querer ter ido. Não valia a pena o dinheiro.

O Concerto

O Concerto
Radu Mihaileanu
Filme
2009
8 em 10

Queríamos ir ao cinema e não havia nada de jeito para ver no cinema. Por isso ficámos em casa a ver O Concerto. E ainda bem que ficámos! 

Produzido em vários países, nomeadamente França e Rússia, este filme possui o humor próprio dos europeus. Sórdido, negro, mas tão envolvente!

Temos uma história simples. O maestro da Orquestra Bolshoi do antigamente tornou-se no empregado da limpeza da Orquestra Bolshoi do agora. Ao encontrar um fax que convida a tal orquestra a tocar em França, ele decide reunir todas as pessoas do antigamente e fingir que são o agora. Ora portanto, isto não corre lá muito bem, porque agora as pessoas de antigamente são todas umas loucas. À mistura temos a misteriosa história da solista de violino. O grande defeito é que este mistério não é mantido no ar por tempo suficiente e depois de termos as revelações só nos resta ver a Orquestra. Mas vê-la é brilhante e o filme vale a pena só por esse momento final.

Temos personagens originais, simples mas eficazes. Não há uma grande evolução na maioria deles, sendo os únicos contemplados o maestro e a solista. Estes, efectivamente, têm um crescimento baseado na sua relação com a música.

A direcção é exemplar e detalhada. Há um toque pessoal em todas as cenas, o que torna o filme numa experiência bastante intimista.

No geral, um excelente filme. Muito divertido e com um final bastante bonito. Excelente para uma noite de Sábado sem ganzas.

Ai no Kusabi 4 - Suggestion

Ai no Kusabi 4 - Suggestion
Rieko Yoshihara
Light Novel
1986

Ora bem, volume 4. Este volume resume-se em duas frases:

"Kiri volta para Iason depois de coagido sexualmente" e "Kirie aprende a verdade sobre Guardian enquanto possui por trás o herdeiro do cargo mais importante em Ceres"

E eu sinceramente não compreendo porque é que foram precisas 140 páginas para dizer isto. O único aspecto positivo deste volume é que, pela primeira vez, é-nos dada a oportunidade de ver as coisas da perspectiva de Iason. E aí se compreende que o que Iason sente por Riki é algo muito mais visceral do que simples passatempo, o que torna o desenvolvimento do personagem mais rico e interessante.

Fora isso, parece-me que são usadas muitas palavras para dizer muito pouca coisa. As cenas de sexo estão bem concebidas, mas o vocabulário é muito cansativo. Ainda continuo a tentar descobrir se o livro é mesmo assim ou se é a tradução que é manhosa.

Agora... O volume 5 está esgotado, só o encontro a 50£ em segunda mão. Até encontrar o livro a preço acessível ainda vai demorar, por isso é uma pena o volume 4 ter sido tão desapontante.

27.10.11

Conversa n'A Catedral

Conversa n'A Catedral
Mario Vargas Llosa
Romance
1969

Ora bem, eu andava com um certo calhamaço dentro da mala. E as pessoas perguntavam-me: "que livro é esse" e eu dizia "é um livro do mário vargas lhosa". E depois perguntavam-me "e é sobre o quê" e eu dizia "não sei".

Porque acontece que a Conversa n'A Catedral é mesmo uma conversa. Não é sobre nada. É sobre a vida. Sobre a vida de Zavala e de Ambrosio, mas das perspectivas de Zavalita, de Amalia, de Hortensia, de Hipólito, de uma série de gente. Tudo isto sob o jugo do General Odría no Peru dos anos 50.

Muitíssimo bem escrito, com todas as palavras nos lugares certos, em que até o mais estranho vocabulário se torna simples, este livro apresenta uma narração algo confusa, uma mistura de várias descrições e narrativas ao mesmo tempo. Custa um bocado a apanhar o estilo, mas quando se entra nele tudo se torna claro e fácil. É isto o que distingue o bom escritor do escritor vulgar? Creio que sim.

Existem muitos personagens, todos eles únicos, realistas, afrontados pela dureza que os rodeia, portadores de sentimentos e problemas que caracterizam toda uma era. Este livro é feito das situações que são feitas pelas pessoas. É o facto dessas pessoas estarem tão bem desenhadas que transmite os sentimentos da época e a torna, a nós que nunca lá estivemos, palpável.

Um livro excelente. Eu pensava que ele nunca ia acabar, mas acabou. E todos vamos morrer um dia, não é?

Planetes

Planetes
Taniguchi Goro - Sunrise
Anime - 26 Episódios
2003
8 em 10

A verdade é que existe anime sobre tudo. Até existe anime sobre homens do lixo. Mas, para dar uma certa classe à profissão, não são uns homens do lixo quaisquer. São homens do lixo do espaço.

Planetes é uma delícia, uma cornucópia de visões e de sentimentos e uma viagem ao espaço, 10.000 anos depois entre Vénus e Marte. Começando pela história. De uma simplicidade única, apresenta-se como um dos argumentos mais originais da década. Conta-nos o dia a dia daqueles que, por competência própria ou do destino, acabaram a apanhar o debris espacial criado ao longo dos anos. É uma profissão importante, tal como qualquer outra, mas sobrevalorizada na empresa a que pertence. A luta do dia a dia dos personagens é contrabalançada pela luta entre as várias esferas de poder empresarial e do mundo do doismilesetentaepico. Assim temos a vida das pessoas equiparada à vida do mundo, e do universo, de uma forma tão equilibrada que se torna bela. E o anime não se coíbe de aproveitar a deixa para promover a paz no mundo, por um planeta unido e sem guerra.

Planetes não é só "planetas". Planetes é "wanderers", os que "andam por aí", os que procuram. Planetes não é só uma história do dia a dia, mas é também a história das pessoas. Cada personagem é único e tão real que o podemos palpar. Todas as pessoas são normais e vivem na normalidade. Têm problemas como os nossos, têm crises como as nossas, têm desejos como os nossos. São pessoas como nós. E, tal como nós, mudam com as suas experiências, para melhor ou para pior. Cada personagem cresce à sua maneira, de forma perfeita, nunca apressada, cada personagem busca em si própria a maneira de mudar para atingir os seus objectivos. E, tal como nós, por vezes falham neste processo. E voltam a por-se de pé. Hachimaki tem das melhores progressões alguma vez criadas, passando por várias fases até descobrir verdadeiramente o que deseja e sente. Tanabe Ai também muda de forma perfeitamente orquestrada, crescendo, passando de menina ingénua a mulher, mas sem nunca mudar a sua perspectiva de ver a vida. São pessoas.

A arte é muito bela. O espaço não tem muito que ver, mas da perspectiva destes homens e mulheres até no quotidiano se encontram paisagens maravilhosas. A animação é muito cuidada e as cenas com acção são detalhadas. Os designs dos personagens são adequados e a estrutura de toda a maquinaria e tecnologia é extremamente realista. Porque, efectivamente, um fato de astronauta nos doismilesetentaepicos provavelmente será parecido com os de agora e não será um plugsuit perfeitamente ajustado às curvas dos enormes seios da bela pilota da nave espacial que, com os seus longos cabelos a esvoaçar no vácuo, faz movimentações e lança raios laser. Gostei especialmente da manutenção do efeito da gravidade (ou falta dela) nos movimentos dos personagens e dos objectos. Também das várias visões que temos do planeta Terra e do Sol e da Lua, a girarem sobre eles próprios a uma velocidade que não vemos.

A música é apropriada, mas não memorável. Pessoalmente, eu consigo ver a Equipa de Debris a trabalhar ao som de Fuga para o Espaço, mas se calhar sou só eu.

Um anime carregado de mensagens importantes e tocantes. Uma delas impressionou-me especialmente: a imagem da rapariga da Lua a brincar no "mar". Vou reter esta imagem durante muito tempo e vou falar dela a toda a gente até se fartarem: foi belo. Foi intenso. Foi perfeito.

Não estava à espera que um anime sobre homens do lixo fosse assim. Mas a verdade é que Planetes passou a figurar na minha lista de favoritos. Extremamente recomendável.

Shigofumi

Shigofumi
Satou Setsuo - J.C. Staff
Anime - 12 Episódios + 1 Special
2008
6 em 10

(Nota: Não sei se repararam, mas passei a adicionar o estúdio produtor juntamente com o realizador, para o Anime. Porque num anime a equipa é por vezes mais importante que a pessoa individual)

Uma boa premisa. Shigofumis são cartas que os mortos mandam a quem de direito. E Fumika é aquela que serve de carteiro, auxiliada pela sua colega Kanaka (que, coitada, não passa de um bastão). No entanto, se há algo que pode caracterizar este anime é a palavra... Mediano.

Esta história tem uma natureza episódica, com um ou dois ou três episódios dedicados a cada carta. A meio caminho começamos a falar de Fumika. Mas tudo é previsível a partir da primeira pista e não se guarda uma pinta de mistério para nos agarrar. Aquilo que me agarrou foi tentar saber o que cada carta dizia, mas as probabilidades eram simples e a novidade serviu sempre como uma simples confirmação.

Os personagens são normais. Nada fora do vulgar. As suas histórias também não eram fora do vulgar, por isso não se podia esperar muito deles. Não há um desenvolvimento entroncado e as suas acções baseiam-se sempre na opção mais simples e no lugar comum. Além disso, porque é que tinham de fazer Chiaki de bêbada (e porque é que lhe tinham de dar importância? Só para ter uma personagem loira no elenco?) O único personagem interessante será talvez Kirameki, pelo seu belo psicótico, mas até ele se perde no exagero e no vulgar.

A arte não é nada de mais. Não há grandes detalhes nem grande originalidade na concepção do design. Talvez os fatos dos carteiros sejam engraçados de se fazer, mas não saem muito dos parâmetros estipulados para os carteiros que aparecem em séries de anime.

OP de Ali Project, o que dá sempre um ar de mistério clássico à obra a que se refere, mas aqui não há mistérios nem classicismos, por isso é desapropriada. Tudo o resto, das vozes ao resto da OST, é algo já visto, mais que batido, mais que repetido.

Interessante, até mantém uma pessoa mais ou menos agarrada, mas não se distingue dos outros animes sem ser pela premisa, mal aproveitada.

26.10.11

Bokurano

Bokurano
Morita Hiroyuki - Gonzo
Anime - 24 Episódios
2007
6 em 10

Olá. Lembram-se de Narutaru? Sim, aquela coisa traumatizante que fazia a desconstrução do género "Magical Pets"! Lembram-se? Então bem vindos a Bokurano! Aquela coisa traumatizante que desconstrói o género Mecha!

Bokurano começa de forma simples. 15 cachopos estão na praia e encontram uma gruta com computadores, onde um misterioso homem chamado Kokopelli (que raio de nome) os convida a entrarem num jogo em que vão guiar um robot gigante e lutar contra 15 inimigos. Aquilo que eles não sabem é que o robot gigante existe mesmo, os inimigos são outros robots gigantes e todos juntos vão provocar o advento apocalíptico! Oba!

Começa bem. A história é original e bem concebida, mas à medida que progride compreendemos que nunca vamos perceber exactamente o que se passa. Na realidade, até me parece que nem o próprio autor sabe muito bem o que se passa. A história tem um tom crescente de calamidade, cada vez mais calamitosa, cada vez mais urgente, cada vez mais horrenda... E no fim não acontece nada. Isto foi muito sensaborão e o que podia ter sido uma corrida épica... Foi por água abaixo.

Pela primeira vez que eu tenha visto, temos uma série enorme de personagens principais, 15 ao todo, mais uma outra que aparece lá pelo meio, cada uma com o seu próprio desenvolvimento. Ao início o anime foca-se em específico nos problemas e na vida de cada um. E é aí que vemos o pior da natureza humana, coisas horríveis, coisas que me traumatizaram e coisas que não gostava de voltar a ver num anime. No entanto não se compara ao seu irmãozinho Narutaru, nem de perto nem de longe. Infelizmente, quando os elementos de fora, os da cidade, os dirigentes, o povo, se começam a envolver, eles passam a falar de política e começam a ignorar este ponto focal que é cada um dos personagens. Como se os que sobram por esta altura não tivessem grandes problemas na vida como os outros. Além disso há um exagero na história de um dos miúdos, que ocupa quase um terço do anime (às vezes por trás de outra história, outras às abertas, mas ainda assim é como se ele fosse mais que os outros!)

A OP liga muito bem com o tom catastrófico do anime, mas as outras músicas não têm muito que se lhe diga.

A arte, um desapontamento. Tudo muito mal feito, muito mal desenhado. Designs de personagens extremamente badalhocos, fundos e tecnologias simplificados e abuso constante de CG e repetição de frames durante as cenas de acção. Uma produção muito mal aproveitada, que poderia ter sido melhor distribuída se a série fosse de menor duração.

Eu estive a ver Bokurano e Bokurano esteve a traumatizar-me. Mas, de alguma forma, perdeu-se a meio caminho e não conseguiu voltar a encontrar o rumo certo.

Kimi ni Todoke

Kimi ni Todoke
Kaburaki Hiro
Anime - 25 + 12 Episódios + 1 OVA
2009
7 em 10

Sawako é uma rapariga triste e solitária, que está na escola e não tem amigos. Todos têm uma imagem muito má dela e evitam-a. Sawako é aquilo que eu era. Numa história que aquece o coração, é-nos mostrada a evolução de Sawako (ou Sadako) à medida que ela vai fazendo amigos e popularizando-se. É essa a diferença básica entre mim e ela. E o facto de ela ter um rapaz giro que gosta dela...

Gostei muito deste anime, ambas as seasons, apesar de me ter deprimido um pouco. Identifico-me muito com a personagem principal, mas fez-me triste ver que ela conseguiu aquilo que eu teria conseguido se não fosse uma criança idiota. 

Em termos de história, temos algo de original, em que por uma vez é o rapaz que gosta da rapariga e a tenta conquistar e não o contrário. É uma história delicada, de progressão muito lenta, mas ainda assim agradável. É frustrante e irritante ver as coisas a acontecer pelo lado pior e não poder intervir. Os personagens estão muito bem concebidos, se bem que Sawako tem atitudes um pouco autistas e impossíveis. Espantou-me a sua capacidade de se culpar sempre a si própria, o que é uma característica muito pouco natural. As suas relações são realistas e bem cuidadas, se bem que a sua falta de perspicácia não é de todo normal. Ainda assim há uma perfeita caracterização da rapariga adolescente e das suas relações com o universo que a rodeia, de várias perspectivas (pois temos várias raparigas, cada uma com as suas características, dilemas e problemas. E soluções!)

A arte é bonita, com um design apropriado. Todas as personagens são "normais". Ninguém, excepto Kurumi, é extraordinariamente bonito ou especial. Isso torna-as, de certa forma, únicas. As cores são belas, mas há pouco detalhe nos desenhos. Num todo, tudo tem um aspecto mais antigo e mais frágil, o que torna tudo uma belíssima experiência visual.

A música é deliciosa, cheguei a encontrar as partituras para a poder tocar no piano. Tanto as OPs como as EDs são apropriadas e boas peças individuais.

Foi uma experiência agridoce. Pensei muitas vezes neste anime enquanto o estava a ver, a questionar-me "será no próximo episódio que há o beijo?" Mas o final acabou por ser desapontante, embora bastante lógico. Uma boa obra e um bom exemplo do género, bastante recomendável.

25.10.11

Fujoshi no Hinkaku

Fujoshi no Hinkaku
Amagi Reno (Design Original)
Anime - 1 Episódio
2010
5 em 10


Primeiro eu pensei: OHMEUDEUSUMANIMESOBREPESSOASCOMOEU! Depois vi. E depois eu pensei: bem, eu não sou assim nem conheço ninguém que seja graças a deus.

Porque este anime não caracteriza as Fujoshis. Nem sequer tem graça a parodiar-nos. Primeiro, deviam ter escolhido um verdadeiro bishounen (e feito um esforço para o desenhar como deve ser) como objectivo da fandom das criaturas em causa. Depois, deviam ter caracterizado o que fazemos realmente com os bishounens. Não é só uma questão de SemexUke. Uma verdadeira Fandom tem muito mais que isso.

Além disso a arte mete nojo, os actores de vozes parecem estar mal treinados e não teve graça nenhuma.

Valeu o 5 pela originalidade: vemos muita coisa sobre otakus para aqui, otakus para ali, mas ninguém olha para nós. E nós também somos filhas de deus.

Genji Monogatari Sennenki

Genji Monogatari Sennenki
Osamu Tezaki
Anime - 11 Episódios
2009
6 em 10

Fã como sou do livro original, esperava ansiosamente por ver o anime. Detesto comparar animações com as suas obras precedentes, mas desta vez é-me completamente impossível. Porque eu esperava ver uma tradução visual do livro e, infelizmente, tal não aconteceu. Antes de mais, esta história é narrada por Murasaki, o que de certa forma impossibilitou a sua caracterização completa. E, depois, foca-se sobretudo na relação de Genji com Fujitsubo, o que é apenas uma pequena parte desta grande obra. Assim, grandes coisas como a maldição da Princesa Rokujou, acabaram por ficar para trás, pouco desenvolvidas, pouco exploradas.

A arte é bonita e estilizada. Há belos fundos, mas ainda assim não se comparam em vivacidade com as descrições do livro. Segundo o que me dizem há uma grande exactidão histórica no design, o que significa que eu só tinha ideias erradas sobre a história. Quem diria que gente tão rica não mudava nunca de roupa?

As vozes agradaram-me quase todas. Estava especialmente temerosa do que podiam fazer a Genji, mas foi uma escolha soberba, combina mesmo com ele. O mesmo não posso dizer da princesa da Sexta Avenida, que eu sempre imaginei mais... Má. E mais vermelha (aqui a cor dela era o verde). No entanto a música é básica e a OP não tem nada a haver com nada.

A história é a do livro e, portanto, brilhante. Infelizmente, como venho referindo, não houve um seguimento correcto e ideal. Não houve tempo. Fizessem uma série de 50 episódios e isto ia tudo ao sítio. Apesar de ser de progressão muito lenta, o ambiente sereno do livro não foi bem captado. E adicionando algumas cenas de acção completamente desnecessárias, quebraram com o ideal que eu tinha da Genji Monogatari.

Pode ser um anime muito bom por si só, mas eu não sou capaz de deixar as comparações de lado.

Cencoroll

Cencoroll
Uki Atsuya
Anime - 1 Episódio
2009
7 em 10

Se há coisa que eu admiro são as pessoas que querem fazer as coisas e que as conseguem fazer, mesmo sem ajuda. Cencoroll é o resultado de um desses esforços e sinto orgulho em ser fã de um meio em que isso é possível. E em que é possível fazê-lo e ter um bom resultado.

Uma cornucópia animada, Cencoroll é um exemplo do melhor que a tecnologia de hoje nos consegue oferecer. E foi feito por um só homem, Uki Atsuya. Arte agradável à vista, simples mas eficiente, excelente design, muito original, e sequências de animação brilhantes, de uma incrível fluidez. Não há beleza nos fundos ou nos designs, mas são suficientemente detalhados para dar uma boa ideia do ambiente.

Infelizmente, Cencoroll peca no fraco desenvolvimento da história. Existe uma história, isso sim, e pelo que parece é bastante original. No entanto, não há tempo para a desenvolver. Não se sabe o essencial, não se sabe quem é quem nem qual a sua função no mundo. Os personagens estão num rodopio e não têm desenvolvimento. Não parecem estar bem caracterizados, apesar de eu ter a sensação de que o autor os criou com cuidado. Enfim, não há tempo. Se houvesse, se isto fosse um filme de uma hora, provavelmente seria uma das obras excelentes desta década e seria recordado para sempre. Temo que venha a ser esquecido um dia destes, o que é uma pena: o Cenco é a coisa mais fofinha que há.

Gundam Seed Destiny

Gundam Seed Destiny
Yatate Hajime - Sunrise
Anime - 50 Episódios
2004
5 em 10

Existem muitos Gundams e o meu preferido é o Zeta. Com isto em mente, qual será o que gosto menos? Fora o Wing... É o Seed.

Esta sequela pareceu-me completamente desnecessária. Quem é que afinal quer saber qual é o destino da Cosmic Era? Afinal, CE não é UC... E mesmo teorizando que alguém tem interesse em saber isto, Destiny não cumpriu com o objectivo e finalizou a série com um apocalipse, uma mortandade e nenhuma perspeciva de futuro.

Os personagens continuam míseros. Há a adição de algumas pessoas potencialmente interessantes, mas o seu interesse empalidece perante o cliché e a sobredosagem de carga emotiva mal encaixada. O que-vem-substituir-o-Char-Aznable-que-eu-nem-malembro-do-nome é um bocadinho explorado, mas ainda assim... Mal.

A arte, toda brilhante e modernaça, não combina com Gandamu. Meninas bonitas a cantar cheias de brilhos e florzinhas, isso não é Gundam, isso é Macross. Ainda assim há boas sequências de animação e não há grande uso de CG (pelo menos que se note).

OPs e EDs que eu já gostava antes, mas ainda assim tão pop pastilha elástica, a combinar com os cabelos cor de rosa da Lacus Clyne.

A única coisa excepcional aqui é que eles são capazes de estar a chorar no meio do espaço e não podem tirar os capacetes para limpar o ranho da cara, que lhes deve fazer comichão.

RAINBOW

RAINBOW: Nisha Rokubou no Shichinin
Koujina Hiroshi - Madhouse Studios
Anime - 26 Episódios
2010
6 em 10

Existiram várias razões para eu começar a ver este anime. Além da obrigação dos críticos e tal, a principal razão foi a de ser slashable, cheio de homossexualidade latente para alimentar a minha esfomeada goela de fujoshi. Mas acabou por ser uma série aborrecida, longa, inútil e apenas mais um número para a minha lista.

RAINBOW são sete cores, e RAINBOW são os sete rapazinhos trancados por injustas razões numa prisão juvenil do Japão pós-segunda guerra, anos 50. Este conceito demonstra um enorme potencial. Podiam ter analisado as condições das prisões juvenis, podiam ter caracterizado uma era, podiam ter analisado histórias sobre a condição humana e sobre o que leva as pessoas a cometerem crimes hediondos e impensáveis. Mas não fizeram nada disso. A história acaba por se tornar numa fábula de violência injustificada contra os pobres rapazinhos que, inocentes, só desejam cumprir com os seus sonhos. E, depois de libertos, torna-se num conto de provações impossíveis em que os rapazinhos são, efectivamente, incapazes de cumprir os seus sonhos da maneira mais lógica. Tudo se torna num entrave e, no fundo, são 26 episódios de gente a ser miserável e a ser tratada abaixo de cão.

Os personagens principais não são sólidos. Cada um tem um passado e espera ter um futuro, mas no fundo acabam por ser de cartão, sem qualquer tipo de densidade. Os antagonistas não têm qualquer razão para as suas acções sem ser o puro sadismo e as metanfetaminas. Passe a palavra que as metanfetaminas não tornam as pessoas más. Ou então haveria muito estudante de medicina a lançar-se em sagas homicidas pelas ruas de Lisboa...

Música pouco memorável, excepto a OP que é bastante interessante e muito bem aplicada ao tema da história.

A arte é boa, com uma animação regular e aceitável. Gostei da utilização de stills em aquarela, que dão sempre um charme muito próprio a qualquer anime. Toda a arte caracterizou perfeitamente a época em que a história se passa: sendo moderna, faz parecer a produção antiga. Isso é um aspecto muito positivo.

Em resumo, 26 episódios de rapazes com olheiras a serem maltratados, estropiados e violados. Só o An-chan os pode salvar e ainda bem, porque o An-chan é o mais giro deles todos.

23.10.11

Wings of Honneamise

Wings of Honneamise
Yamaga Hiroyuki - Gainax
Anime - Filme
1987
6 em 10


Acabei de ver este filme com a minha avó. Ora bem, a minha avó não sabe Inglês, por isso não podia ler as legendas, mas ainda assim gostou do filme. :)

Honneamise foi o filme de estreia do famoso estúdio Gainax e o filme de maior produção e investimento da sua era. O resultado é um exemplo de soberba animação. Não é muito original e não utiliza nenhuma técnica especial ou interessante, mas é extremamente detalhado e muito bem feito. Este é o principal aspecto deste filme e adorei. Os fundos são ricos, as cenas de acção sumarentas e tomaram atenção a cada movimento.

No entanto uma boa animação não faz um bom anime. A caracterização foi apenas a suficiente para identificar os personagens. A sua evolução não foi convincente e pareceu muito apressada, sem uma base forte para a sustentar. A história é muito simples (e isso é bom! Mas...), não especialmente original ou bem escrita.

Mas para mim o principal defeito deste anime foi toda a sua exposição. As cenas transitam sem nenhum sentido definido. Estamos a ver a nave a ser construída e de repente vemos pessoas a a cortar colheitas. Isto foi o principal elemento de que a minha avó não gostou e ela, como não conhecedora de anime, tem uma visão pura sobre tudo isto. Tendo a concordar com ela.

Recomendo este filme pelo seu significado histórico e pela animação, mas não creio que seja merecedor de uma recomendação mais abrangente.