Tinha ido à casa do campo descansar um pouco entre os meus turnos e apercebi-me que iria terminar toda a leitura que tinha levado antes de voltar para casa. Assim, roubei um livro ao meu pai (que irei devolver quando lá voltar, amanhã). Nunca tinha lido Italo Calvino (que se pronuncia "Ítalo" e não "Itálo", como eu pensava) e qual a melhor forma de começar do que pelo seu primeiro romance?
Inserido num estilo neo-realista, também presente em outras formas de arte, como o cinema e o teatro, "O Atalho dos Ninhos de Aranha" conta uma perspectiva da guerra, rebeldes italianos contra as forças fascistas alemãs, pelos olhos de um miúdo inadaptado e mal-comportado, que não encontra uma identidade e um lugar em nenhum lado, quer nas outras crianças, quer nos "grandes". Após roubar uma pistola, acaba por se envolver com um grupo reaccionário, onde também não encontra o seu lugar.
O livro funciona como uma espécie de relato da situação de guerra na época, num universo onde nada mais há para além destas milícias políticas e soldados de todos os géneros. Isto é especialmente interessante pois, na época, era mesmo esta a realidade. Pin, o miúdo, está muito bem caracterizado como dentro da sua faixa etária, comportando-se de maneira provocativa mas, mesmo assim, com reflexos de criança mimada que apenas procura a aceitação dos seus pares. No entanto, ele não é capaz de encontrar os seus pares, esforçando-se por se incluir dentro de outros grupos que não estão de todo preparados para tomar conta de uma criança.
A escrita é bastante simples, com relatos descritivos (mas apenas no essencial) da realidade horrífica da época. É um discurso directo, intuitivo, sem grandes comentários sociais: apenas uma descrição do que realmente acontecia.
Pelo que li, outros livros do autor são completamente diferentes e definem-no como único. Terei de os ler para confirmar.
Livro que me foi emprestado pela Ana-san durante o Anicomics.
Fique uma nota pessoal: arranjei um novo trabalho! Por enquanto estou só à experiência, mas acredito que se fizer um bom trabalho poderei ficar lá. :) Ora, nesta nova actividade é-me exigido que passe as noites lá, pois trata-se de um hospital com atendimento permanente. Este fim de semana fiz as minhas primeiras noites e descobri que há poucos tipos de actividades que se podem fazer, para além de tomar conta dos internados. São elas brincar com os bichos residentes, que não percebem o hip-hop, ver televisão (que não aprecio por aí além), ler e estudar. Também posso ver anime, mas teria de o passar para o portátil e isso dá um trabalhão medonho. Portanto, ler e estudar! Preparem-se para muitos comentários sobre livros! =D
Ora então, de que trata este livro? Não conhecia o autor e fiquei bastante curiosa acerca da sua escrita. Neste volume estão três histórias, uma novela e dois contos mais curtos, que falam sobre a vida diária de um Japão que já foi esquecido, um pós-guerra que a maioria dos nipófilos animados desconhece (pois os animes não falam muito sobre esta época). Assim, é uma experiência bastante interessante ler estes contos sobre a vida e os hábitos, polvilhados com uma certa dose de estranheza.
Em "Uma gata, um homem e duas mulheres", uma novela com mais ou menos 100 páginas, o autor fala-nos de um triângulo amoroso que tem como ponto central uma gata. As mulheres odeiam a gata, precisamente porque o homem ama a gata. Assim, quando o animal se muda para a casa da ex-mulher - a pedido desta e a mando da mulher actual - o que poderá o homem fazer senão colocar-se numa estranha situação de dependência? Além disto, a história foca-se sobretudo no comportamento do gato, sendo uma espécie de homenagem a este ser como animal de estimação. Afinal, mesmo as pessoas que o odeiam acabam por se sentir cativadas após conviver um pouco com eles. Para mim foi muito interessante ver o tratamento dos gatos nos anos 30 do Japão, que é muito diferente do da actualidade. No entanto, a história acaba num ponto em que poderia continuar, dando a sensação de que está incompleta.
A segunda história chama-se "O Pequeno Reino". Foi a que gostei mais. Fala sobre um professor e um aluno muito especial e na forma como este aluno estabelece um "reino" entre os outros estudantes, de tal forma influente - quer pela sua personalidade quer pelas necessidades das outras pessoas - que o próprio professor acaba por se envolver nele. Gostei bastante desta história precisamente porque o seu desenvolvimento é desesperantemente ilógico, de uma forma quase divertida mas ao mesmo triste dentro do contexto dos personagens.
Finalmente,"O Professor Rado". Não compreendi muito bem este conto, pois possui alguns elementos de caracterização de personagem que não são utilizados para o desenvolvimento da história e que acabam por paracer "fora do sítio". Fala sobre um Professor muito estranho, que quer saber mais sobre uma actriz e pede a um jornalista que o descubra. Esta história pareceu-me uma espécie de rascunho, mas ainda assim é bastante interessante.
Com estes três contos fiquei com água na boca para descobrir mais sobre este autor. A sua escrita é clara e simples, mas os temas abordados acabam por ter uma complexidade pessoal que caracteriza perfeitamente toda uma época. Se alguém tiver algum livro deste senhor que me possa emprestar, será muito bem vindo! =D
Tem uma história curiosa, este livro. Há algum tempo, o meu pai andava erroneamente viciadíssimo no chamado "Game of Thrones" (dun~dun~dun). Quando terminou a leitura dos livros existentes, continuava com o bichinho do romance fantástico, então decidiu comprar este, esperando algo semelhante. Mas, quando começou a ler, ficou tão desapontado que esse desapontamento se tornou em raiva: entregou-me o livro para eu me "livrar dele" através do BookCrossing (como se o BookCrossing fosse o sítio para onde vão os livros desapontantes, aiai...) Decidi, antes de o colocar a circular, lê-lo para saber o que causou a raiva do meu pai. E como o compreendo agora...
Este é um livro que toma claras influências do tal "Game of Thrones" (dun~dun~dun). Tal como o citado, é o tipo de literatura em que acontecem imensas coisas, onde estão constantemente a acontecer coisas, mas em que - infelizmente - não se chega a lado nenhum. Existem personagens que nunca mais acabam, que vão desaparecendo, mortos ou simplesmente eclipsados para lado nenhum. E nenhum deles tem atitudes desenvolvidas ou realistas, aparecendo com uma consistência semelhante a cartão.
Para começar, a autora propõe-nos um mundo de fantasia que, embora limitado, poderia ter a sua graça. Não fosse, desde logo, a definição do que cada país e seus habitantes é ou faz. Para começar, estão todos divididos por cores: negros e amarelos. Depois há caucasianos, para sermos menos racistas. Por alguma razão há indianos, apesar de não haver índia. E parece que ser "anão" é raça ou tom de pele. Fala-se uma série de línguas neste mundo, mas não assistimos a nenhuma conversa que não seja em português corrente, fora um feitiço ou outro. Assim, qual a necessidade? Para mais, este planeta, com um único continente, aparenta ser diminuto, mais ou menos do tamanho da ilha Terceira. Pois os personagens deambulam por todas as terras ao longo de um curtíssimo espaço de tempo. Este também não está bem definido, pois duas personagens cirandaram em ruínas subterrâneas por "dois meses" sem água e com um saco de tâmaras e três maçãs.
Finalmente, uma nota negativa para a reacção dos personagens, que se apaixonam de maneira veloz a ponto de ignorarem todas as outras coisas importantes. Por exemplo, quando o personagem principal fala pela primeira vez em *anos* com a mãe (aliás, parece que é a primeira vez que a vê ou ouve) essencialmente o que lhe diz é "espera aí que eu já te atendo, agora tenho de encontrar a minha amada"
Tiveram graça as gárgulas e as suas ambições de um dia virem a ser uma coluna num salão.
E, este sim, foi o último livro da Convenção do BookCrossing 2013 que recolhi e li, para depois voltar a libertar. Ufa! Finalmente!
Este é um romance extremamente profissional, que rapidamente cai no vulgar. São-nos, inicialmente, apresentadas duas personagens: Behrani, um antigo coronel iraniano que teve de fugir para os EUA com a sua família, e Kathy, uma alcóolica em recuperação. Kathy perde a sua casa, que é comprada por Behrani num leilão. E ela quer recuperá-la. Para isso, faz muitas coisas. Todas elas inconsequentes. A narrativa só toma algum sentido nos momentos finais da segunda parte, em que realmente acontecem coisas relevantes, todas elas trágicas.
Muito ênfase é dado à caracterização das personagens, com recurso a flashbacks por memórias. Para mais, cada capítulo tem uma linguagem distinta, conforme é narrado por uma personagem ou outra ou é dada uma mudança de perspectiva, a partir da segunda parte. Neste aspecto, a leitura tem algum interesse. No entanto, os personagens têm por vezes atitudes confusas. Por exemplo, Behrani apanha Kathy à sua porta e leva-a para casa como "um passarinho". Mas no momento seguinte, já a chama de prostituta. Isto não faz muito sentido.
O Qui disse-me que existe um filme, sendo que provavelmente este tipo de história funciona melhor nesse meio.
Ultimamente, tinha deixado de gostar muito do Tim Burton. Parecia que os filmes dele se limitavam a um grande guarda roupa e a uma constante estranheza perante as situações, todas elas passadas em universos fantásticos com características do gótico clássico. E isto era muito repetitivo. É neste contexto que aparece um novo filme, Big Eyes ("Olhos Grandes"). E desta feita, pareceu-me que Tim Burton voltou a ser ele próprio.
Este filme conta a história real de uma pintora que viu a sua obra ser vendida pelo seu marido como se tivesse sido este o autor. É uma história simples, com um toque de comédia, cujo elemento gótico que caracteriza a obra do autor se encontra no mote para a história: os quadros. Estes quadros teriam sido um sucesso na sua época e têm em si um certo toque de bizarro. Percebe-se desde logo a razão pela qual o autor gosta deles. A forma como as personagens dentro do filme lidam com os quadros, do comércio à própria crítica de arte, é em si mesma uma espécie de homenagem à autora real, que ainda se encontra viva e a pintar por aí.
Mas este filme distingue-se pelo cuidado dado à caracterização e desenvolvimento dos personagens e ao excelente trabalho de actor que lhes deu uma vida única e real. De um lado, temos uma mulher ingénua, com pouca experiência de vida que, ao acreditar no charme de um charlatão, se vê envolvida numa mentira que a consome, perturba e enlouquece. Isto força-a a crescer enquanto personagem, com ajuda da filha (que poderá mesmo ser considerada apenas um mecanismo narrativo, mas que tem muita importância), de forma a poder combater contra o seu nemesis. Este, o tal charmoso charlatão, possui uma dicotomia de sentimentos, em que acabamos por perceber que cai na sua mentira como forma de escape por nunca ter obtido respeito enquanto artista, se é que ele se pode considerar um artista. Nas suas cenas finais, isto toma contornos muito dinâmicos, em que o personagem é tido como louco e toma realmente atitudes que se enquadram nessa palavra. É uma relação muito interessante e o desfecho não podia ser melhor.
Todo o filme tem uma certa aura surreal por causa da variação da paleta de cores. Todo o filme parece demasiado luminoso para o contexto, e em oposição aos quadros. Isto oferece ao visionante um ambiente de quase sonho, em que se torna difícil de distinguir o que é mentira do que é verdade, contribuindo para a nossa compreensão dos dilemas dos personagens.
Em termos musicais, temos um tema recorrente muito interessante, mas podemos dizer que a pior parte do filme foi a intervenção de Lana delrei, ou como se escreve, que nos apresenta duas músicas desinspiradas e aborrecidas, que não se coadunam com o resto do ambiente do filme.
Mas no geral gostei muito: há muito tempo que não encontrava um personagem que odiasse tanto logo desde o início. :)
Mais um daqueles animes que, como passou nos States, é recomendado indiscriminadamente. Mas não é especialmente bom ou original.
As pessoas deste anime têm poderes dos elementos, fogo ou vento ou o que seja. Usam-nos para lutar contra as forças do mal, para lutar uns contra os outros e para fazer coisas em geral. Isto teria sido muito mais eficiente se houvesse uma linha condutora na história, em vez de arcos separados que aparentam não ter conexão uns com os outros. Assim, acabamos por assistir a aventuras diversas, com especial foco em cenas de lutas e muita acção , sem qualquer tipo de desenvolvimento narrativo ou das personagens. Estas, podem distinguir-se do nosso shounen habitual por não existir uma evolução dos seus poderes, que estão bastante estabelecidos como coisas estáveis e em toda a sua força, mas isto nem sempre é uma coisa boa: devido ao facto de as suas capacidades já estarem consumadas não há muitas oportunidades (dado que o anime se baseia sobretudo nas lutas) para o desenvolvimento psicológico e emocional.
Felizmente, temos uma arte bastante boa, com cenas bem coreografadas, apesar de alguns elementos digitais que não calham muito bem. A animação está fluída e não consegui detectar os erros mais comuns, pelo que podemos admitir desde logo que está bem cuidada. Os designs dos personagens estão dentro da normalidade, com uma associação de cores e roupas aos poderes respectivos que torna o visionamento bastante simples.
Existem momentos de comédia, que não apreciei por aí além.
Em termos musicais, não temos nada que distinga este anime do seu género, apesar de ter havido uma ED (no decurso da série) que até entrou bem na minha mente.
Afinal ainda tinha livros sobejantes da Convenção do BookCrossing 2013! Este foi um dos últimos (e para além deste resta apenas outro, que já estou a ler). Desconhecia este autor, laureado com o Nobel, e fiquei bastante curiosa ao ler na sua biografia o seu trajecto. Confesso que não conheço quase nada acerca de literatura do continente Africano e, assim, considerei este livro uma excelente oportunidade para saber um pouco mais.
O livro conta a história de um grupo de amigos, em que cada um tem uma actividade diferente. No entanto, à medida que a história se desenrola, vão acontecendo coisas que os influenciam, a cada um de uma forma diferente, melhorando a sua perspectiva sobre cada uma das actividades, desde o jornalismo à pintura. Apesar de tudo, o livro pareceu vagar com um rumo um pouco confuso, em que os acontecimentos pareciam não ter consequências de maior à primeira vista. Mas têm, apenas não são manifestações físicas: são pequenas alterações no discurso e acção dos personagens. No entanto, ao terminar, pareceu-me que o livro estava incompleto.
O livro está muito bem escrito, com momentos de elevada inteligência e diálogos extremamente bem montados e muito construtivos. Através dos diálogos, podemos perceber a influência da arte da dramaturgia na escrita do autor, o que funciona extremamente bem, devido à naturalidade com que as palavras são ditas pelos personagens e o realismo que lhes é impresso.
O livro passa-se na Nigéria e existem elementos na descrição e nos acontecimentos que nos remetem para esse universo, de uma forma um pouco inesperada: afinal, quando pensamos em países africanos a primeira ideia que temos será a das crianças que morrem de fome. Aqui é-nos mostrada uma sociedade diferente, com as suas características, mas eloquentemente semelhante ao que conhecemos na nossa realidade europeia.
A leitura pode ser um pouco difícil, pois são usadas muitas palavras dos dialectos originais e tribais. E os nomes, é muito difícil de perceber quem é quem, mas depois habituamo-nos. O livro contém um pequeno glossário no fim, mas para mim não foi muito útil.
Por mero acaso deixei-o com o meu pai (mostrei-lho e ele açambarcou-se dele), mas quando ele mo devolver irei pô-lo a circular no BookCrossing. :)
Parece que já estamos em 2015. Chega à Primavera e aí está mais um evento do nosso calendário habitual. Pois é, meus senhores... É tempo para mais um Anicomics! Desta vez percorri o evento de uma forma um pouco diferente do que costumo fazer. Tinha dedicado o meu tempo aos ensaios para o skit do Eurocosplay, que iria decorrer apenas no Domingo, assim o meu Sábado não foi passado propriamente no evento. Mas vamos ver as coisas por ordem cronológica, que fica mais fácil para todos nós. :)
Preparações, Sexta-Feira Ensaiante
Este ano houve uma série de festas e pré-festas em preparação para o Anicomics. Por razões diversas não pude estar presente em nenhum desses eventos anteriores: estive nos Açores, fui para o campo com o Qui, uma data de coisas da vida privada que são mais importantes que eventos e cosplay. Afinal, há uma gradação de importância nas coisas que se fazem e há prioridades. Mas enfim, nada disso é importante para o caso.
Ao longo destas semanas, apesar de já ter o fato todo preparado, tive bastantes problemas na gestão do tempo no que respeita aos ensaios do meu sukito. Era um sukito importante, como verão, e eu estava muito preocupada com o facto de vir a estar mal marcado, de correr mal, de caírem coisas, etc. Estava com aquele sentimento de desespero em que tinha a certeza de que tudo iria correr extremamente mal, sendo que no final iria chorar muito de frustração e horror e pânico. Tinha-me inscrito com pouca confiança, porque o meu audio não estava muito bem editado e era muita coisa para por no palco. Mas sexta-feira lá fui eu ensaiar, depois de ter ido a Santarém ver umas coisas lá na casa e a possibilidade de plantar um montão de árvores. Gosto muito de árvores.
Lá chegada, aparentava não estar ninguém. Entreguei a minha pen na regie e vesti os elementos essenciais do skit, os sapatos, o saiote (para ter noção da possibilidade dos meus movimentos) e uma peruca extra, a que vai ser para a Haruhi, para não estragar muito a peruca verdadeira. Como é muito comprida, a possibilidade de se enrodilhar toda sobre si própria é muito grande.
Ensaiei duas vezes, combinei os efeitos de luzes (para dar um aspecto mais nocturno) e estava feito. Parecia estar tudo a correr nos eixos. Mas quando desci do palco... Bem, a verdade é que não havia muita luz. Aquelas quatro escadinhas fazem um efeito especial interessante, sendo que uma delas é triangular e mais estreita que as outras. Evidentemente que me espetei delas abaixo, fazendo uma ferida no tornozelo no processo. Ainda me dói e já passaram estes dias todos! Mas não fiquei impossibilitada de andar, o que seria realmente uma grande chatice.
Depois dei uma volta por ali a falar com as poucas pessoas que lá estavam e fui embora. Ainda passei numa retrosaria para comprar umas tralhinhas. À tarde, refiz a minha coroa de pérolas. Estava muito feiosa e queria fazer uma mais bonita. Aqui está uma foto do processo:
Ainda ensaiei mais um bocadinho, uma espécie de ensaio geral, para estar tudo correctíssimo. Depois, não consegui dormir como deve ser, com pesadelos recorrentes sobre tudo o que podia correr mal. 8D
Sábado, uma Manhã
Para o meu sukito, necessitava de uma data de mobília, que roubei da minha casa (fora o espelho, que comprei no OLX de propósito para esta performance. O processo de compra e venda dá uma história engraçada, mas não interessa. Interessa é que é um espelho muito jeitoso). Assim, tinha combinado com a organização que deixaria estas tralhas todas no backstage durante o dia de Sábado. Empilhei tudo dentro do carro e dirigi até Telheiras, tendo arriscado alguns acidentes pelo caminho devido à maravilhosa organização da psicologia do trânsito que existe na cidade de Lisboa. Céus, detesto andar de carro! ;__;
Não havia lugares, portanto tive de estacionar mega longe, perto de uns prédios do lado direito de quem entra na estrada do evento. Primeiro transportei a cadeira e a mesa, que foram deixadas perto da banca da APC. Pedi que algum voluntário me ajudasse a levar a outra mesinha e o espelho, mas eles estavam ocupados e disseram para voltar às 10:30. Assim, pensei em ir tomar um café. Pelo caminho encontrei uma jovem que não via há séculos seculorum. :) Fomos tomar café as duas, conversando sobre aspectos musicais interessantes e intensos. Depois, ela ajudou-me a levar o resto do cenário e entrámos as duas. As partes que tinha levado anteriormente já estavam lá em baixo, pelo que levei tudo e depois organizei uma pequena pilha de móveis no cantinho mais cantoso do espaço. Tapei tudo com um pano branco (que por acaso é o pano do cosplay da Maya Kitajima) e fui andar por aqui e por ali falando com pessoas e outras coisas que não eram bem pessoas, mas que são boas criaturas na mesma. :>
Fiz as minhas compras. O resultado final das compras foi o seguinte:
O novo lançamento da Kingpin, a colecção de curtas "Casulo"
Um manga da Fumi Yoshinaga, autora que aprecio imenso
Um marcador de livros pintado à mão muito fofinho
Cartões de visita em geral
Encontrei a Ana-san, que me voltou a emprestar livros catitas e depois fomos almoçar, nós as duas mais o Pedro-san, que estava a organizar uma parte dos voluntários. Eu estava com desejos absolutos de pizza, mas tínhamos todos pressa e a fila estava magnânime, pelo que fomos a outro café próximo. Lá, alimentei-me de uma sandes de ovo com queijo, uma sopa e uma limonada.
Depois despedi-me e fui para a minha aula de costura, onde estou terminando o meu novo fato (Haruhi :) ). Mais uma vez, passadas essas horas e chegando à noite, não consegui dormir, com pesadelos sobre o meu fato e sobre o skit e todas essas coisas. .__.
O Domingo Fatídico
Acordei às sete da manhã, com a intenção de, bem, ficar mais um bocadinho a dormir. Mas não consegui. Então banhei-me, coloquei as lentes cinzentas e uma peruca. Fui de carro até Telheiras e depois tomei o metro. Na verdade, para o efeito pretendido para o meu sukito, eu precisava de uma maquilhagem um pouco diferente. Uma maquilhagem de Drag-Queen. Vi alguns tutoriais, mas não consegui perceber como se faziam as coisas, especialmente a parte de cobrir as sobrancelhas, nem que materiais deveria comprar. Por isso, procurei alguém que me ajudasse. Acabei por encontrar essa pessoa dentro dos contactos da minha mãe: ela tem uma amiga, a Ju, que faz maquilhagens. Assim, fui até ao estúdio dela nos Olivais para juntas fazermos aquilo que era preciso: transformar-me num homem. O resultado foi, mais coisa menos coisa, algo muito semelhante à Débora de Cristal enquanto jovem.
No regresso ao evento, tentei olhar fixamente para as pessoas que estavam no metro, para ver se as conseguia assustar de morte, mas a verdade é que vivemos numa capital europeia e as pessoas estão mais ou menos cagativas a todas as coisas diferentes do habitual. Não tive sucesso nas minhas tentativas de causar o terror.
Transportei a minha mala mais o saco do Pingo Doce que tinha mais cenários. A mala estava bem pesada e começou a atingir-me uma dor no músculo deltóide, que se mantém até agora (embora um pouco melhor, por causa daquele objecto fantástico chamado Voltaren Gel) Deixei tudo no único camarim que estava vazio. Estava lá um papel a dizer algo como "este camarim é das Mirai noi Yume" (não é uma citação perfeita), mas eu perguntei e achei que elas não se iam importar com a minha presença fedorenta, pelo que deixei lá ficar tudo na mesma. :)
Depois fui almoçar. Como estava com um batom espectacularmente histérico, não podia comer nada que envolvesse garfos ou copos. Por isso fui ao café Derby, que fica mesmo ao lado, e pedi um cruassã com queijo, que parti em bocadinhos manejáveis. No final pedi um café: tinha esquecido que precisava de tocar com os lábios na chávena. Por isso bebi-o com uma palhinha, o que deve ter sido uma visão altamente curiosa.
Vesti-me e a partir desse momento mantive-me em stand-by. Isto significa que passei todo o dia de Domingo, a partir mais ou menos da uma da tarde, sentada na cadeira que tinha levado, entre os camarins e o backstage. De vez em quando interrompia a minha espera para subir até à civilização, onde me tiraram uma foto ou outra e pude falar com uma série de pessoas interessantes. Depois na volta tudo se complicava, porque tinha medo de me atirar das escadas abaixo. Sempre que descia as escadas, descalçava-me e descia degrau a degrau, como uma pequena criança de dois anos ou como um gato que não sabe subir e descer escadas. Acho que a Biblioteca Orlando Ribeiro poderia melhorar estes acessos, imaginemos que tinhamos um actor com deficiência motora?
Entretanto, pude reparar, com algum espanto e tristeza, de que havia uma quebra monumental na afluência do evento. Em anos anteriores, uma pessoa não se podia mexer com a quantidade de gente que rodopiava pelo espaço. Este ano, não só nos podíamos mexer como até poderíamos fazer uma corrida em torno do espaço sem ter de mudar de direcção. Para ser honesta, não encontro outra explicação para isto sem ser a antipatia que algumas pessoas têm pelo espaço. É certo que se uma pessoa não participar nos concursos e actividades e não estiver no auditório, não há muitas coisas para ver (fora uma exposição muito interessante que estava no edifício da biblioteca). Mas não é o objectivo de um evento participar em actividades? O auditório tem uma lotação limitada, mas havia bilhetes especiais para obterem o vosso próprio lugar especial! E, segundo consta, nem sequer esgotaram! Assim, apesar das melhorias apresentadas para o problema do espaço, que não é muito grande (mas que faz parte da identidade do evento), parece que o público não as aproveitou. Mas bem, a verdade é que nunca ninguém fica contente com nada nunca. A mim não me faz diferença.
Falemos também da organização do espaço. Estava aproveitado de forma muito semelhante à do ano passado, com uma tenda central da Kingpin e os artistas (que são bons artistas) espalhados pelo edifício da biblioteca. Não visitei os andares superiores, porque me esqueci. Acho que desta forma a coisa até funciona bastante bem, embora o espaço do Foyer fique um pouco confuso nas entradas e saídas do auditório. Neste aspecto, talvez se possa pensar num tipo de aproveitamento espacial diferente, fica a sugestão ;)
Durante este tempo encontrei de novo a Ana-san, a quem devolvi o livro que ela me tinha emprestado anteriormente e mais outro que lhe ia emprestar (e que é muito interessante) e a Carolina², que me veio trazer mais exemplares do livro que escrevemos juntas enquanto trabalhávamos no Montijo. É um livro sobre os cães que habitavam o nosso Canil Municipal, para crianças (e para pessoas crescidas também), se o quiserem ler temos uma versão PDF e basta pedirem que a gente envia. =D
Convidaram-me também para assistir a diversas actividades que decorriam no Auditório, mas eu estava em modo stand-by e quando estou neste modo nunca vou para muito longe do sítio onde tenho de estar.
Entretanto, apareceu subitamente o júri fantástico que nos ia avaliar para o concurso. Expliquei-lhes com o máximo de detalhe possível, dentro do que me lembrei, como fiz o meu fato. A explicação completa estará no Cosplay Portfolio em breve, portanto se quiserem saber podem ir lá ver sempre que quiserem. :) Mas mais problemas se avizinham! Eu já sabia que íamos ser muito poucos concorrentes, entre dois e três. Eu esperava sinceramente que fôssemos só duas pessoas, porque assim ficaria em segundo lugar. Se fôssemos três, ficaria em último e era chato. Bem, isto não faz muito sentido, porque de qualquer das maneiras não era o primeiro prémio, mas na minha cabeça infantil estava a ser um dilema imenso! Para mais, foi feita a descoberta de que eu seria a primeira a actuar, o que ainda era pior porque dentro da minha ideia a performance teria mais efeito se fosse "no meio" em vez de "no início". Enfim, estava a dizer isto a toda a gente e toda a gente se ria e dizia que isto não fazia sentido. Não faz, mas estava a atrofiar a minha mente.
Aquando da montagem do cenário, comecei a ver mais problemas. Os voluntários são sempre pessoas esforçadas, mas eu espalhava sinalefas sobre onde as coisas deveriam estar e não me estava a fazer compreender: "À frente! Não, o outro à frente! Atrás!" Visto agora, até tem a sua piada. :) Outros concorrentes e participantes do show não ficaram contentes com o trabalho voluntário, apesar de tudo, mas eu aceito que acontecem sempre erros. Comigo, foi tudo impecalóide!
Agora, o skit. A Hota-chan fez uma gravação (podem ver os três sukitos no canal dela) que citarei aqui:
Ora, o que queria eu dizer com este cosplay? A base está na minha personagem: o Kuranosuke é um homem que gosta de roupa feminina. Mas imaginemos que, para além desta concepção básica, existe mais alguma coisa para além da roupa? A minha ideia era falar um pouco da dor que as pessoas travestis, transgénero e transsexuais devem sentir. Eu não consigo imaginar, porque nunca passei por semelhante coisa, mas penso que deve ser muito difícil para estas pessoas terem uma concepção de si próprias e terem de a recusar para poderem ser aceites na sociedade. Assim, coloquei este "travesti" numa luta interior, sobre "quem devo ser: homem ou mulher", como se tivesse de recusar a sua verdadeira identidade (a feminina) para ser aceite e amado, embora isso lhe cause imenso sofrimento. Assim, o personagem retira os elementos que o identificam como mulher, a coroa, a peruca, a maquilhagem, mas apesar de tudo é um NÃO, uma recusa de ser homem, uma tristeza, uma dor. Acho que, apesar de um pequeno erro na marcação, consegui transmitir isso e muitas pessoas vieram dizer que gostaram muito do meu skit. Isso deixa-me muito feliz :)
Quando voltei para o backstage, a minha maior vontade era tirar o fato. Estava cheia de calor e cheia de fome e sede e xixi, todas essas coisas que fazem os cosplayers sofrer. Mas disseram-me que não podia tirar o fato, pelo que decidi apenas refazer a minha maquilhagem (já que a especial tinha ficado estragada durante o skit) e pentear um pouco a peruca, que sofreu perturbações diversas. Então aguardei, em alegre cavaqueira com o resto do pessoal que lá estava, falando de skits, recomendando animes e por aí em diante. Quando nos chamaram para anunciar os prémios, muito (muito, muito) tempo depois, o meu maior desejo era que tudo acabasse para poder ir para casa, comer uma pizza - ainda estava com desejos - e fazer o maior dos ó-ós.
E aqui aconteceu o totalmente inesperado. Anunciaram o prémio. E quando anunciaram quem ia a Inglaterra, representar Portugal na final do Eurocosplay... Disseram o meu nome!
Nessa altura disse-me a Leonor Gracias, que era jurada também, que tinha de falar com a jurada Inês e que ia tudo correr bem e eu dei abraços a toda a gente e queria abraçar o público todo também, mas era muita gente e não dava e depois fui para dentro e abracei mais gente e gaaa e agora.
Cerca de cinco pessoas disseram-me a mesma coisa: "prepara-te para gastar muito dinheirinho" Tassbem, só preciso de arranjar trabalho até lá xD
Assim que me desembaracei do açambarcamento que me dominava, fui ligar ao Qui. A conversa foi mais ou menos a seguinte:
Eu: Nini, ganhei a cena, Nini, vou a Inglaterra, wtf, e agora, ohceus
Pessoas à minha volta: AAAAH GANHASTE PARABÉNS *abraços e beijos*
Qui: *ruídos incompreensíveis*
Eu: Ligo-te mais tarde, beijos! =D
E no meio desta alegria vi-me outra vez no palco a fazer uma dança bizarra e a dar abraços de grupo a mais gente, mas o público já se tinha ido todo embora, então não houve foto de grupo.
Em torno da confusão, tirei o meu fato, o que me possibilitou respirar de alívio pela primeira vez desde que tinha acordado. Arrumei tudo e compreendi que tinha perdido o saco da peruca do Kuranosuke. Assim, meti-a no saco da peruca da Haruhi e esta foi assim à solta. Como é curta e lisa, não se embaraça com facilidade. Requisitei uma série de voluntários para me ajudarem a levar o cenário de volta ao carro. Ah, tinham-me roubado no Sábado um bocadinho do carro, uma das grades do seu focinho :( Afinal Telheiras não é tão seguro assim. Pelo caminho ia encontrando mais gente que me felicitava e abraçava e beijava e eu estava tão feliz mas também tão confusa e não sabia o que fazer. Depois voltei para falar às pessoas e ficámos todos contentes!
Só cheguei a casa quase às nove, mas ainda fui buscar uma pizza, conforme desejava há imenso tempo. Afinal, acho que merecia uma celebração! =D
Conclusão
Foi um fim de semana muito cansativo. Eu não estava nada confiante com o que iria acontecer, mas afinal correu tudo ainda melhor do que eu estava à espera. Desejo dar parabéns a toda a gente, à organização, aos voluntários, às outras meninas concorrentes do Euro, aos concorrentes do concurso, ao pessoal do show... Bem, todas as pessoas que queiram ser felicitadas encontram aqui a sua felicitação. :) Momentos felizes são assim!
Eu tinha pedido a máquina fotográfica emprestada à minha irmã, mas apesar de tudo não tirei muitas fotos. Não calhou, por uma razão ou outra. Mas as que tirei, ficam aqui! Obrigada a todos! =D
Edit: Ah, sim! Eu já tenho duas ideias de coisas que posso fazer lá nas Inglaterras, mas vou precisar do apioi, conselhos e todas as coisas de toda a gente. Conto convosco, vamos fazer disto um espectáculo altamente traumático! =D
Tirei este anime para ver porque a sinopse me parecia fofinha: um grupo de jovens enterra uma caixa com recordações, combinando encontrar-se três anos depois.
Infelizmente, o anime não passa de mais um harem simplificado. Em dois episódios também não se podia fazer muita coisa, mas estes personagens são demasiado bidimensionais para se poder, de qualquer forma, dar-lhes algum tipo de desenvolvimento. Assim, a história limita-se a "que menina escolherei", havendo uma divisão clara entre duas. Existe um certo mistério, pois a caixa com as recordações foi movida e os jovens têm de resolver problemas para a encontrar. Mas como este não é o foco principal da história acaba por ser um elemento inconsequente.
A arte é suave, sem grandes cenas em que possamos observar animação. O design é bastante típico e nada que não tenhamos visto antes e os cenários de fundo não têm grande detalhe. Musicalmente, temos OP e ED, que não seriam propriamente necessárias devido à extensão do anime e que não são nada de especial.
Assim, é um OVA do qual me esquecerei rapidamente. Se é que não me esqueci já.
E, da season que passou, este foi aquele que me marcou mais.
Esta é a primeira série de animação produzida pela Ghibli. Nesta nova experiência, apostaram na moderna animação digital por cell shading. Isto causou uma impressão muito negativa ao início, sobretudo para aqueles que esperavam mais um filme da Ghibli animado em 26 episódios. No entanto, não desisti de ver e o resultado final é algo de fantástico!
Baseado na literatura infantil clássica da Suécia, este anime fala da vida diária de uma menina que vive num castelo rodeado por uma floresta. Ela é Ronja, filha de ladrões. Vive muitas aventuras, mais ou menos perigosas, num ambiente bucólico e fantasioso. Trata-se de um anime para crianças, uma história simples e carinhosa sobre o crescimento pessoal, a coragem e a família. As personagens são cativantes e amorosas e não conseguimos deixar de gostar de todos eles. As crianças são mesmo crianças e têm atitudes próprias para as idades. Mas os adultos, também eles são muito divertidos! Se a Ronja crescesse, como gostaria de fazer cosplay dela! Poderia fazer de Lovis, mas ela é um bocadinho maior que eu e não ia ficar bem...
Apesar da animação dos personagens necessitar de um certo tempo de habituação, temos de admitir que são extremamente expressivas e estão muito bem animadas, com movimentos sólidos e fluídos. Mas a melhor parte da arte será a arte cénica, que está descriminada ao máximo detalhes. São imagens lindíssimas da floresta. Infelizmente há algumas sequências repetidas, e acabamos por ver sempre os mesmos veados e as mesmas raposas. Ainda assim, considerando que os animes muitas vezes erram na anatomia animal, a vida selvagem florestal está muito bem caracterizada.
OP e ED transmitem a faixa etária à qual está dirigida este anime. Mas temos alguns temas no parênquima que são memoráveis e cheguei mesmo a escrever uma nova letra para a canção de embalar, que produzirei com o meu pessoal e usarei em skit de cosplay (para a Erin)
É um anime calmo, muito agradável, querido e memorável. Acredito que se ultrapassarem a primeira impressão da animação digital, poderão apreciá-lo tanto como eu!
Da season que passou, fiquei com dois que considerei os melhores. Um deles foi muito popular e o outro ficou aparte. O mais popular é este, Parasyte (ou "Kiseihuu: Sei no Kakuritsu").
Um jovem é invadido por um parasita alienígena. Graças a um garrote consegue limitar a acção do parasita à sua mão direita. Isto dá azo a muitas conclusões precipitadas, mas na verdade este jovem envolve-se numa luta pela sobrevivência da humanidade, enfrentando parasitas e descobrindo mais sobre eles. Estes parasitas consomem os corpos humanos e dão-lhes uma diferente elasticidade, o que os torna muito perigosos. Para mais, alimentam-se de seres humanos. O que fazer então? Destruí-los a todos? Ou tentar compreendê-los?
Estas perguntas são mote para um debate interessantíssimo sobre o próprio papel da humanidade. Já dizia Milan Kundera: "o homem é o parasita da vaca". Assim, porque não poderá haver um parasita do homem, que se alimente dele e o destrua, que o domine e do qual passemos a depender eternamente? O que torna o ser humano numa criatura especial perante todas as outras, o que lhe dá o direito de destruir os parasitas? São tudo questões interessantes para as quais não temos uma conclusão específica, mas que o anime trata com grande interesse.
Em termos de personagens, temos sobretudo uma interacção na dicotomia homem-parasita caracterizada pelos personagens principais, Shinichi e Migi. O seu envolvimento um com o outro oferece-nos uma evolução das personagens bastante complexa, em que cada um obtém características do outro, um pouco de alienígena e um pouco de humanidade. Dentro do resto do cast, há também alguns personagens memoráveis, nomeadamente aquelas que são parasitas (os seres humanos acabam por aparentar ser demasiado fracos emocionalmente para lidar com as situações). Estes referem alguns pontos apontados anteriormente e o seu diálogo está extremamente bem construído.
Na animação, temos momentos de grande intensidade, apesar da censura. São lutas muito bem pensadas, bem coreografadas e, sobretudo, bem animadas. A plasticidade dada ao corpo dos parasitas oferece toda uma nova perspectiva no que respeita a cenas de acção. Os cenários são apropriados, se bem que não muito detalhados. Por vezes detectei alguns erros, sobretudo nas perspectivas e no desenho de animais, mas nada que não se possa perdoar.
Finalmente, a música. A OP é extremamente original, com uma sonoridade de dubstep puro. Infelizmente não gostei nada dela, mas admito que tenha sido uma escolha bastante interessante. Os mesmos ritmos são utilizados ao longo de toda a série, o que funciona bem.
Acho que, apesar de não ser a série de gore e terror mais emocionante que existe, é um bom anime. Merece ser visto.
Depois da Primeira Season, foi com grande alegria que recebi a notícia de que iria haver um novo anime para esta série tão divertida. E aqui está ela, estreando no Inverno de 2015!
Em comparação com a season anterior, esta tem histórias diferentes e com uma estrutura um pouco mais longa. Isto é muito bom, pois fornece mais tempo para o desenvolvimento narrativo e das próprias personagens. Desde o início que estas não tinham nenhuma força especial, mas com esta season é-lhes dada uma outra voz, com mais detalhes e com melhor utilização dos momentos em que estão umas com as outras para desenvolver as suas relações para além do platónico.
A arte é muito simpática, com tonalidades suaves e boas sequências. Infelizmente os cenários não têm qualquer tipo de complexidade, muitas vezes limitando-se a painéis em branco ou com um ligeiro padrão. Também não é feliz a utilização de chibi em momentos mais leves, pois retira o foco do assunto em questão.
A música é muito interessante, mantendo a linha de leveza e pop que caracteriza todo o anime. São músicas doces e muito apropriadas, gostei muito delas.
Digamos que este foi o meu "anime leve" da season, uma coisa simpática, fofinha e que não requer muito pensamento. Para descansar. :)
Este anime foi inspirado numa curta-metragem muito interessante, de nome Death Billiards. Em doze episódios há um maior desenvolvimento da história e personagens, o que acaba por ser uma experiência curiosa.
Neste bar, as almas são julgadas e um juiz decide para que lado da morte irão: Paraíso (reencarnação) ou Inferno (o nada). Para serem julgadas, jogam jogos variados, em que se vão recordando do que fizeram em vida. E o juiz decide. Existem vários bares, mas neste em específico o dono chama-se Decim. Ele tem uma ajudante, sobre a qual vamos aprender muitas coisas.
O mais interessante para mim foram os jogos entre as pessoas, em que coisas sobre elas são reveladas e podemos nós próprios fazer um julgamento. Na verdade, quase nunca é claro qual a conclusão de Decim e da sua ajudante e há muitos pontos de debate em cada um dos episódios. Infelizmente, os jogos acabam por ser preteridos em favor da história tranversal dos barmans deste edifício, dos seus patrões e das pessoas que por lá ficam. Esta acabou por ser extremamente melodramática e anticlimática, pois o seu desenvolvimento foi demasiado rápido, apesar das dicas dadas ao longo de toda a série.
A animação tem momentos muito bons, mas também tem alturas em que é apenas medíocre. Todo o design, estrutura e variação de cor dá um ambiente muito bom ao bar, o que deixa de ter muita graça quando... Mudamos de bar. Os jogos têm algum toque digital, o que por vezes não se coaduna bem, mas as imagens dos andares superiores do edifício (onde estão pessoas mais importantes... Mais próximas do infinito?) são extremamente belas. Assim, foi uma experiência agridoce.
Musicalmente, temos uma OP muito animada, que pode não agradar a todos devido à pouca ligação que tem com o tema. A ED já está mais próxima do ambiente apresentado.
Foi um anime muito divertido de ver, sobretudo por causa dos debates que provocou no seio das minhas comunidades. De certa forma, fiquei com vontade de saber mais detalhes sobre este mundo depois da morte, já que é um tema que me interessa bastante.
Depois da primeira season, fiquei com muita vontade de continuar neste universo fantástico, a acompanhar as aventuras da guild Log Horizon, saber mais sobre este mundo e, no fundo, saber o que ia acontecer a estas pessoas.Infelizmente, acabou por ser talvez a série mais desapontante da season que passou (anterior a esta)
Para começar, não há qualquer desenvolvimento na história. Tudo o que parece acontecer, está lá sem um objectivo final que pareça relevante. Conquistar uma caverna, lutar contra as forças do mal, no sentido imediato é importante para os personagens, mas a longo curso torna-se numa narrativa inconsequente. Isto poderia ter sido ultrapassado se estas cenas, para além de cenas completamente irrelevantes como grandes festas, jantares e escolher roupinhas para tais, tivessem sido reduzidas ao essencial, guardando a maior parte da série para coisas que realmente interessem e que dêem força à história (tal como aconteceu nos finais dos finais).
As personagens, que ao início pareciam ter o seu interesse, nesta season são resumidas - ao contrário da história - aos seus traços essenciais. O grupo de pessoas que tanto nos fascinou na primeira season agora são um tipo inteligente, a loli tsuntsun, um gajo brutamontes e um gato. O anime podia ter-se redimido apresentando novas vertentes a personagens existentes, nomeadamente o grupo de miúdos, mas também estes são apresentados numa visão bastante redutora. Para além disso são apresentados novos personagens, uns atrás dos outros, a quem de repente é dado um papel muito importante mas que não têm qualquer tipo de suporte que nos faça dar-lhes importância.
A arte pareceu-me um pouco pior, já que também houve uma mudança de estúdio. As cores estão menos vivas e as cenas de grandes lutas, em que poderiam mostrar animação e técnicas, pareceram-me bastante salobras.
Musicalmente, tudo na mesma, se bem que a ED atingiu um dos meus nervos fatais: demasiado açúcar para o contexto.
Suponho que venha a haver mais uma season ou outra, mas irei deixá-las para trás.
Pois é, toda a gente tinha pensado que o Tomino se tinha despedido para sempre de nós. Que se tinha reformado ou assim. Quiçá até morrido. Mas não. Voltou e voltou a toda a força, com uma nova série de Gundam.
Ao início fiquei dividida: era muito confuso mas o ambiente era muito interessante, com certas influências de Turn A. Mas no final, a verdade é que um universo original não é suficiente quando tudo o resto é fraco. A história toma influências de Gundams anteriores, apesar de algumas diferenças (como piratas do espaço). O desenvolvimento do universo fantástico é feito aos solavancos, com pouco detalhe, de forma a que até ao momento final não conseguimos perceber onde estamos, quem são estas pessoas e o que fazem. E as pessoas... Bem, temos um grupo de juventude muito grande, demasiado grande para os memorizarmos, com um personagem principal com demasiada confiança (o que irrita), uma rapariga muda que tortura um peixe (o que irrita), uma rapariga mais alta que também inspira confiança a mais (o que também irrita) e mais uma série de gente: irritam-me todos. A paleta de personagens pareceu-me demasiado feliz e confiante, ao contrário de outros trabalhos do autor em que havia um desenvolvimento pessoal, história pregressa com um certo sentido e toda uma construção em volta de sentimentos e emoções que tornavam as personagens memoráveis. Aqui isto não acontece, de todo.
Além disso, o Haro tem rodas, que é a coisa mais sem sentido que podia haver.
Não poderei dizer que serve de compensação, mas a verdade é que a arte é muito boa. Apesar dos designs infantilizados e altamente modernos, o que é muito atípico nesta meta-série, temos um conjunto de cores muito agradável, cenários originais e detalhados e sequências de animação muito bem coreografadas.
Musicalmente, temos OPs e EDs pouco específicas, num nível shounenesco que mais uma vez caracteriza a infantilidade desta série em comparação ao resto.
Por um momento, logo ao início pensei "se calhar era mesmo isto que Gundam precisava". Mas não. Gundam precisa apenas de mais UC.
Recebi este livro num Ray do BookCrossing. Como era última, demorei um pouco a chegar até ele.
É um livro que, sob forma de romance, esconde uma nova filosofia de vida, uma espécie de Admirável Mundo Novo em que na verdade as coisas poderiam correr bem. Neste universo, relatado por personagens da nossa actualidade (final dos anos 90), a humanidade deixaria de se reproduzir de forma sexuada, atingindo um novo nível de felicidade apenas possível pela eliminação dos desejos humanos.
Para isso, o autor cria dois personagens, meios-irmãos filhos de uma mãe que viveu os anos 60 e 70 a toda a força. Confrontados com infâncias infelizes, são opostos um do outro. Bruno é uma pessoa com necessidades sexuais confrontadas com a sua falta de confiança e obsessão carnal. Michel é um cientista, aquele que depois descobrirá a solução para a humanidade, frio e apático. De certa forma, senti que ambos os personagens eram facetas do autor, que aparenta ter sofrido muito ao longo da vida.
Assim, os personagens acabam se relacionando com os desejos íntimos do autor, o "o que sou" contra "aquilo que eu gostaria de ser", numa dicotomia muito interessante, se bem que muito dolorosa na perspectiva pessoal.
O livro está recheado de cenas altamente sexuais, mas a sua descrição é tão directa e fria que uma pessoa não sente qualquer emoção perante estas actividades lascivas e, por vezes, horrendas. Na verdade, o sexo é uma parte muito importante da história na medida em que causa sofrimento aos personagens: é uma vertente do ser humano que, para atingir a felicidade suprema, deve ser eliminada. Apesar de tudo, pareceu-me que o livro se foca demasiado nesta necessidade primária e primitiva, fazendo falta outros exemplos sob como poderia haver melhorias para a nossa espécie através da fantasiosa ciência desta história.
Apesar de algumas pessoas poderem considerá-lo aborrecido, gostei bastante dos diálogos entre os dois irmãos, que em vez de se centrarem em lados pessoais apelam ao debate de livros, correntes filosóficas e outros géneros.
No geral, foi um livro que gostei bastante. Apesar de, ao contrário da crítica de aba de livro, não achar que seja a obra do novo milénio, gostaria de o recomendar.
E finalmente chegamos a uma noite extra. Para deitar cedo e cedo erguer vimos este curto filme.
Como todos sabemos, muitos gatos gostam de ir passear por aí e alguns têm mesmo várias casas onde dormem e comem e fazem todas essas coisas. Não é que não gostem dos donos ou não sejam fiéis, é assim que eles são e faz parte da sua estrutura social conviver com gente diversa. O gato deste filme tem dois donos: uma menina que perdeu a voz após a morte do pai, e que se encontra numa precária situação familiar devido à ocupação da mãe, polícia; e um ladrão de jóias.
Quando a menina descobre o ladrão, acaba por descobrir outras coisas que não deveria saber, e torna-se vítima de uma perseguição de um grupo de meliantes (com grande referência ao Reservoir Dogs). O gato e o ladrão acabam por a salvar e todos juntos vão vencer os meliantes. Como se pode ver, a estrutura da história está muito simplificada, se calhar até demais. Para um filme com um pouco mais de suco, gostaria que depois da primeira reviravolta tivesse havido um momento de reflexão, para depois haver uma outra reviravolta que levasse ao final. Assim, a relação entre o ladrão e a menina acaba por ficar um pouco falsificada, pois como se podem desenvolver semelhantes sentimentos em apenas alguns minutos? É certo que o ladrão é boa pessoa, mas...
Por outro lado, temos uma arte bastante clássica o que, hoje em dia, pode até ser tomado como muito original. Fazendo uso de um grande grupo de texturas, temos personagens realistas e com movimentos apropriados a felinos, passeando sobre cenários de telhados e céus que primam pelo detalhe e beleza.
Musicalmente, há algumas tonalidades com o seu interesse, mas nada de especialmente distinguível.
E com este filme fofinho, terminou o fim de semana do Pasco. :)
Segue-se então um filme bem diferente do anterior, apesar de se manter na mesma temática de criminosos e gente perigosa no geral.
Com uma estrutura um pouco diferente do habitual, este filme fala de várias histórias que se cruzam numa personagem central: Jackie Brown. Esta, é uma hospedeira de bordo que - por acaso - traz pequenos presentes (somas de dinheiro) dentro da sua bagagem. Quando é apanhada, torna-se na próxima vítima do grande chefe do tráfico de armas, que deseja matá-la para que ela não possa falar no nome dele. Tudo se vem a montar com outros personagens, desde o advogado de litígio aos parceiros do traficante.
Com um final inesperado, é uma história original, mas aparenta ser o único filme do Tarantino inspirado num livro, isto é, não foi ele quem teve a ideia. No entanto, a força motriz deste filme encontra-se nas personagens. Cada uma delas tem um tipo de personalidade diferente, em que nada é o que parece. Pessoas muito simpáticas podem ser psicóticas e o inverso também acontece. A massa unificadora encontra-se também num personagem: o advogado. Este aparenta ser a única pessoa puramente boa, de uma forma limpa, dentro de toda esta história. Com ele, desenvolve-se uma espécie de romance impossível, que acaba por ser comovente.
Não é um filme com grandes momentos de acção e ainda bem, pois devido ao poder humorístico e chocante do diálogo não necessitamos deles.
Foi um filme diferente dentro do universo Tarantino e gostei muito de o ver.
E já que Domingo é o dia do Pasco (uma pessoa interessantíssima que conhecemos durante as nossas micro-férias), decidimos dedicá-lo a filmes do Quentin Tarantino. Sendo que o Qui já os viu a todos, eu continuo com o meu visionamento bastante incompleto. Aqui, então, se apresenta o primeiro filme deste autor, que iniciou com força o seu estilo e movimento e o catapultou para o sucesso.
Um grupo de criminosos assalta uma loja de jóias. Eles têm nomes às cores. Porquê? Porque sim! Enfim, o assalto à loja corre muito mal, porque um dos assaltantes - Mr. Blonde - se passa da marmita e mata toda a gente e polícias e tudo. Os sobreviventes acabam por se reunir num armazém, onde discutem o que fazer uns com os outros, com um polícia, com os chefes e com um pobre infeliz que se está a esvair em sangue (Mr. Orange).
Apesar da intensidade dos diálogos, é irónica a forma como ninguém chega a conclusão nenhuma e tudo se transforma numa enorme confusão, com sangue e balas à mistura. Apesar dos personagens terem receio uns dos outros, também querem sobreviver com estilo e não se deixam sublimar pela presença mais ou menos forte dos seus pares, as outras cores.
O curioso neste filme é toda a aura minimalista que o rodeia. Os cenários são apenas os essenciais: um par de carros e um armazém. Os personagens são os essenciais. O sangue é o essencial. No fundo, está tudo muito condensado, sem abusos, sem exageros e limitado apenas àquilo que o espectador necessita para ter o seu espectáculo. Assim, em vez de um filme recheado de acção e tripas, como se veio a tornar um costume, temos um aspecto psicológico muito vivo, caracterizado por personagens de quem não gostamos mas que acabamos por aceitar como nossas.
É o tipo de filme que se acaba com aquele sorriso culpado. O que é sempre uma coisa boa.
Depois de viajar pela Macaronésia, fui com o Qui um pouco mais perto, até ao meu casinhoto na fantástica terra Moçarria, terra essa onde se lê bastante e se vêm filmes. Pelo menos na minha casa é assim. Chegámos no Sábado e achámos por bem dedicar esta noite à animação, vendo este filme Espanhol (e não Cubano, ao contrário do que seria de esperar) e o End of Evangelion. Quanto a este último, não escreverei um comentário sobre ele agora, pois estou a aguardar por uma outra celebração para escrever uma análise extensiva e completa.
Mas voltemos ao Chico & Rita.
Tudo começa na Cuba pré-Castro, em que a arte musical se encontra livre e altamente sensual. Chico é um pianista com sonhos e ambições, que acaba por se unir numa paixão acesa a Rita, uma cantora. Quando trabalham juntos, o resultado é maravilhoso, mas as tendências poliamorosas de ambos comprometem a sua relação e acabam por se separar, viajando para os Estados Unidos onde obtêm cada um relativo sucesso.
A história é bastante simples, envolvendo muita música e muita dança, mas levando-nos a um universo de erotismo naturista e sensualidade que apenas seria possível num país livre da América Latina. O choque cultural com o continente do norte está muito bem expressado, não só através do diálogo como das próprias atitudes dos personagens. No fundo, trata-se de um romance que nunca pode funcionar mas que é verdadeiro e puro. Aí reside a força dos personagens, que apesar de tudo podem ter alguns comportamentos erráticos (ainda que bastante humanos).
A animação é mista, com uma utilização um pouco evidente de CG que, fazendo parte da estética, não se coaduna muito bem com os cenários. Os designs dos personagens são realistas e cativantes, sobretudo na expressão do olhar. Poderia ter sido feito um uso mais alargado de uma paleta de cores vivas, o que poderia representar a alegria destas pessoas em contraste com os momentos mais pesados.
Sem dúvida que o aspecto mais forte é a banda sonora, com um misto de ritmos latinos e jazz. O tema recorrente é belo e inspirador. São feitas referências diversas a artistas da época, mas eu não as compreendi porque o meu conhecimento sobre o reino do jazz é limitado (foi o Qui que explicou). Talvez o filme tivesse sido imensamente mais divertido se eu tivesse captado estas referências todas.
E o epítomo do shounen dos 90s encontra-se aqui. Uma série de super-robots recheada de acção, alienígenas bizarros, um leão robótico e uma data de robots gigantes
A série toma um rumo de vilão da semana ao início, estabelecendo a história real a partir do meio. Existem vários mistérios por trás destes robots e das pessoas que os conduzem. Para mais, há super poderes místicos. Tem tudo para ser uma excelente série de sábado de manhã e se eu tivesse sete anos certamente que teria adorado. Mas ponham mais 20 em cima e a perspectiva acaba por ser um pouco diferente. Ainda assim, é tudo muito OTT e espectacularmente emocionante, o que se enquandra dentro do estilo da época e torna a viagem em fonte de diversão.
Artisticamente, temos momentos menos bons intercalados com momentos um pouco melhores. No entanto, nunca aparece nada de espectacular em termos cénicos ou de moviementos. Há uma grande reciclagem de cenas, sobretudo as da montagem e desmontagem dos nossos robots, o que dá uma estrutura um pouco repetitiva a toda a série. Em termos de maquinaria, tudo é muito colorido, uma espécie de power rangers robóticos, e os inimigos são estranhamente tentaculados. Ainda assim não se pode dizer que tenha envelhecido muito mal.
A banda sonora é bastante apropriada, se bem que muitas vezes anticlimática: em situações bastantes a música para para dar lugar a um silêncio seguido de explosão, que calha muito mal. Mas, individualmente, são peças indiscutivelmente interessantes, orquestrais. OP de tonalidade épica, como convém a um shounen dos 90s e ED pacífica.
Sinto que não me teria feito falta ver esta série, mas já que aqui está, porque não?
Recebido pelo BookCrossing, era um livro para o qual tinha expectativas completamente diferentes. Saindo frustradas, foi uma leitura aborrecida e irritante. Desde logo me irritou a cara do autor, hipster de Queens e claramente identificado com a sua identidade religiosa a ponto de não falar de outra coisa.
É certo que é muito difícil falar da segunda guerra mundial sem se falar de judeus e vice-versa. No entanto, este conteúdo foi forçado a um nível de pura falta de lógica e de imaginação, numa espécie de troça respeitosa aos trâmites da religião. Isto teria sido divertido se a coisa fosse simplesmente mais organizada, se tivesse sido feita uma pesquisa da época mais cuidada e se, no meio disto tudo, tivéssemos personagens um bocadinho menos irritantes. Pelo menos ao ponto de não me apetecer enchê-los de estalos a cada frase, sobretudo depois de perceber que cada capítulo era escrito por um deles.
Aqui, variamos de estilo, muito bem. Parte dos capítulos contam a história do avô judeu, na cidade de Trachimbrod, mas com uma falta de tacto e uma dose de fantasia tão grande que torna tudo simplesmente aborrecido e, muitas vezes, difícil de compreender. Mas não é uma dificuldade estilística: parece que a coisa se torna complexa e confusa pelo simples prazer de se fazer algo confuso ou mesmo, o mais provável, por o próprio autor estar a improvisar. A outra parte é narrada por um Ucraniano e é bem mais interessante. Para começar, está escrito de uma forma muito estranha (que acredito que seja muito mais engraçada no inglês original), que vai melhorando à medida que os capítulos decorrem, talvez pela interacção entre este personagem e o americano. Este personagem, Alex, é também desenvolvido de forma muito mais apelativa.
Ainda assim, a relação entre os personagens "Avô" e "Augustine" acaba por ser inconclusiva, o que nos leva a perguntar o porquê de haver tantas referências à sua envolvência um com o outro (ou com pessoas conhecidas de ambos?)
Gostei apenas de Sammy Davis, Junior, Junior, que acaba por ser a única personagem lógica no meio disto tudo.
Esta foi a minha primeira experiência com o franchise "Cobra".
Cobra é uma espécie de Lupin do espaço, num ambiente pulp e muito punk, que mistura todo o tipo de elementos que caracterizaram toda uma era da cultura pop. Esta versão é um pouco mais moderna, mas mantém o mesmo estilo: agressividade, muito metal e mulheres sem calças.
A história, apesar de bastante típica dentro deste estilo altamente masculinizada, acaba por ser um pouco infantil - considerando a agressividade dos eventos e dos personagens. O mesmo acontece com estes últimos, que apesar de terem raios laser nos braços e de estarem acompanhados por moças em cuecas de cabedal, acabam lutando contra um arqui-inimigo feito de vidro.
Neste OVA, a animação está bastante terrível. Apesar de haver momentos cénicos com algum interesse, a utilização de CG era completamente desnecessária e apenas dá à animação um ar barato, pouco cuidado e muito rugoso.
A música será a parte melhor, com OP e ED cantadas num estilo antiquado mas sempre muito apreciado e apropriado às origens deste género.
Apesar de tudo, fiquei curiosa para com os Cobras mais antigos.
Recebi este livro num RABCK do BookCrossing. Escolhi-o porque o Jorge é Amado e porque apenas me lembrava muito vagamente da novela (quase nada, eu nunca fui muito de ver televisão). Apresenta-se um livro à primeira vista difícil, com uma linguagem muito própria, mas que depois do choque inicial é deliciosamente divertido.
Contado numa estrutura próxima ao do folhetim de revista, fala da história de Tieta que regressa a casa décadas depois de ter sido expulsa, agora rica e cheia de sucesso. O seu regresso provoca uma série de acontecimentos públicos, políticos e pessoais, aventuras sexuais desregradas e toda uma confusão que acaba por se resolver quando tudo é revelado: Tieta obteve o seu sucesso não por se casar conforme deus manda - com um homem muito rico - mas por ser dona e gerente de um tal de "Refúgio dos Lordes" (cuja função poderão adivinhar pelo nome)
A narrativa tem momentos hilariantes e segue sempre em frente com poucas pausas para meditar. Quando estas acontecem, os eventos podem ser um pouco aborrecidos (não gostei, sobretudo, dos dilemas de Ascânio), mas na maioria das vezes são muito gratificantes em termos de desenvolvimento de personagem (como no caso das confissões de Cardo)
Todo o livro é de uma ironia ardente e acutilante, atacando a sociedade brasileira da actualidade do contexto com uma subtileza que não deixa de ter muita força. O resultado final dá para muitas gargalhadas.