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20.4.15

Big Eyes

Big Eyes
Tim Burton
2014
Filme
7 em 10

Ultimamente, tinha deixado de gostar muito do Tim Burton. Parecia que os filmes dele se limitavam a um grande guarda roupa e a uma constante estranheza perante as situações, todas elas passadas em universos fantásticos com características do gótico clássico. E isto era muito repetitivo. É neste contexto que aparece um novo filme, Big Eyes ("Olhos Grandes"). E desta feita, pareceu-me que Tim Burton voltou a ser ele próprio.

Este filme conta a história real de uma pintora que viu a sua obra ser vendida pelo seu marido como se tivesse sido este o autor. É uma história simples, com um toque de comédia, cujo elemento gótico que caracteriza a obra do autor se encontra no mote para a história: os quadros. Estes quadros teriam sido um sucesso na sua época e têm em si um certo toque de bizarro. Percebe-se desde logo a razão pela qual o autor gosta deles. A forma como as personagens dentro do filme lidam com os quadros, do comércio à própria crítica de arte, é em si mesma uma espécie de homenagem à autora real, que ainda se encontra viva e a pintar por aí.

Mas este filme distingue-se pelo cuidado dado à caracterização e desenvolvimento dos personagens e ao excelente trabalho de actor que lhes deu uma vida única e real. De um lado, temos uma mulher ingénua, com pouca experiência de vida que, ao acreditar no charme de um charlatão, se vê envolvida numa mentira que a consome, perturba e enlouquece. Isto força-a a crescer enquanto personagem, com ajuda da filha (que poderá mesmo ser considerada apenas um mecanismo narrativo, mas que tem muita importância), de forma a poder combater contra o seu nemesis. Este, o tal charmoso charlatão, possui uma dicotomia de sentimentos, em que acabamos por perceber que cai na sua mentira como forma de escape por nunca ter obtido respeito enquanto artista, se é que ele se pode considerar um artista. Nas suas cenas finais, isto toma contornos muito dinâmicos, em que o personagem é tido como louco e toma realmente atitudes que se enquadram nessa palavra. É uma relação muito interessante e o desfecho não podia ser melhor.

Todo o filme tem uma certa aura surreal por causa da variação da paleta de cores. Todo o filme parece demasiado luminoso para o contexto, e em oposição aos quadros. Isto oferece ao visionante um ambiente de quase sonho, em que se torna difícil de distinguir o que é mentira do que é verdade, contribuindo para a nossa compreensão dos dilemas dos personagens.

Em termos musicais, temos um tema recorrente muito interessante, mas podemos dizer que a pior parte do filme foi a intervenção de Lana delrei, ou como se escreve, que nos apresenta duas músicas desinspiradas e aborrecidas, que não se coadunam com o resto do ambiente do filme.

Mas no geral gostei muito: há muito tempo que não encontrava um personagem que odiasse tanto logo desde o início. :)

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