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15.2.16

Poesia Ortónima

Poesia Ortónima
Fernando Pessoa
Anos 20 
Poesia

Esta colecção de livros saiu com o Jornal Expresso, mas só fiquei com alguns (o meu StepFather só compra o jornal de vez em quando). Trata-se de uma colecção com a obra essencial do nosso muito querido Fernando Pessoa.

Com este volume, vemos alguma da sua poesia, aquela que foi escrita por ele e não por nenhum dos outros malucos. De qualquer forma, ficamos a saber um pouco mais sobre o autor através dos seus poemas e a conclusão a que chego é que ele estava completamente doido ou, pelo menos, extremamente deprimido.

Pois todos os poemas falam de uma vida sofrida e de um desejo de morte. Diz ele que "O Poeta é um fingidor", mas não me parece que ele esteja a fingir quando fala do horror emocional que sente. Os poemas são muitas vezes belos, outras vezes indiferentes. Um ou outro chega a ser cómico. Mas todos eles falam da infelicidade do autor, o que me deixa um pouco triste porque ele haveria de ter sido boa pessoa e ninguém merece estar envolvido neste spleen
 
Deixo aqui o poema que mais gostei, que é parte de um poema um pouco maior.

Chuva Oblíqua - II
 
Ilumina-se a igreja por dentro da chuva deste dia,
E cada vela que se acende é mais chuva a bater na vidraça...
 
Alegra-me ouvir a chuva porque ela é o templo estar aceso,
E as vidraças da igreja vistas de fora são o som da chuva ouvido por dentro...
 
 O esplendor do altar-mor é o eu não poder quase ver os montes
Através da chuva que é ouro tão solene na toalha do altar...
Soa o canto do coro, latino e vento a sacudir-me a vidraça
E sente-se chiar a água no facto de haver coro....
 
A missa é um automóvel que passa
Através dos fiéis que se ajoelham em hoje ser um dia triste...
 
Súbito vento sacode em esplendor maior
A festa da catedral e o ruíd da chuva absorve tudo
Até só se ouvir a voz do padre água perder-se ao longe
Com o som de rodas de automóvel...
 
E apagam-se as luzes da igreja
Na chuva que cessa...

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