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4.1.16

Sonatine

Sonatine
Takeshi Kitano
Filme
1993
7 em 10

Começa agora a enchente de comentários sobre todas as coisas que foram observadas durante as festividades de Ano Novo. Estas, foram passadas em companhia do Mr. Brown, aquele Oficial da Earth Federation a quem eu fiz mal na MCM Expo. Mas bem, confesso que não poderei falar de tudo o que vi, porque não me lembro de algumas coisas... Foi por causa dos chocolates licorosos, creio eu.

Mas falemos de Sonatine. Depois de Hanabi tinha ficado bastante curiosa com o cinema de Takeshi Kitano, pelo que fiquei bastante feliz quando o Qui se apresentou com este filme no seu disco rígido. É um verdadeiro filme da Yakuza, a máfia do Japão, mas com uma atenção ao detalhe emocional invejável. Murakawa, um yakuza antigo e respeitado no seu meio, é enviado para Okinawa para resolver uma escaramuça entre gangs rivais. Lá, conhece um grupo de pessoas e, por força das circunstâncias, acaba isolado numa praia sem acessos.

Se por um lado a história aparenta ser muito simples, há nela muito mais do que um pequeno conto sobre a máfia. É uma análise soberba e comovente da emoção humana e daquilo que leva as pessoas a fazerem coisas que, em princípio, não seriam moralmente aceites. O personagem de Takeshi tem uma evolução curiosa: ele não cresce em direcção à conclusão, antes regride. O isolamento a que o grupo é obrigado leva-os a entreter-se com jogos diversos, brincadeiras de criança, em que o personagem é revelado como pessoa involuntariamente sádica, uma pessoa condenada à violência mesmo que esteja fora do contexto. A sua infantilização acaba com a cena final, em que há o abandono completo de si próprio e do mundo, a única solução possível para um sofrimento que poderia ter sido evitado se a escolha inicial (aquela que não vemos no filme) tivesse sido diferente.

A violência é rápida e eficiente, fria, sem chocar ou emocionar. Emocionam, sim, as imagens paisagísticas de praias e falésias, o retrato da solidão. Mas o que me impressionou, sobretudo, foi a forma de actuar de Takeshi Kitano: um génio. Dizem que tem pouca expressão, mas quem precisa de expressão quando consegue transmitir todo o tipo de sentimento apenas com o olhar?

Agora sinto-me pronta para ver ainda mais filmes deste autor!

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