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14.12.15

Ghost in the Shell: Innocence

Ghost in the Shell: Innocence
Mamoru Oshii - Production I.G.
Anime - Filme
2004
8 em 10

Este filme está nomeado para o meu clube e, para mais, o Qui tinha interesse em vê-lo. Assim, foi boa ocasião para o rever, pois pouco me lembrava dele além do facto de ser brilhante. E isso confirma-se numa segunda visualização, apesar das legendas desta versão estarem um pouco aquém das expectativas.

Este filme acaba por complementar o primeiro da saga e franchise. Se no primeiro filme falávamos da máquina enquanto entidade, Innocence é uma humanização desta, um exercício contemplativo sobre a capacidade de adaptação das pessoas neste universo, sobre o verdadeiro sentido de Ghost e sobre o funcionamento da mente humana.

Após o desaparecimento do Ghost da Major Makoto Kusanagi no meio da rede, Batou e Togusa vêm-se juntos em equipa para investigar uma série de assassinatos perpetrados por robots sexuais, que têm vindo a assassinar pessoas de importância e cujo caso pode ser, ou não, uma manifestação de terrorismo. Vemos a vida tal como ela é depois do elemento aglutinador da Section 9, a Major, ter desaparecido. Estão todos à deriva e vemos, da perspectiva de Batou, como procuram adaptar-se a uma vida sem este elemento tão importante. Batou arranjou um cão, mas nem o cão é uma coisa viva. Será que conseguirá encontrar um sentido de família e pertença?

À medida que a investigação prossegue, vemos uma narrativa de detectives mas, sobretudo, vemos a interacção entre os personagens e a sua caracterização, a forma como Togusa sabe que não pode substituir a Major, a forma como Batou não consegue lidar com a sua perda. A força da caracterização é impressionante e comovente, acabando todo o filme por culminar numa cena natalícia em que finalmente, parece, os personagens se encontram consigo mesmos.

No entanto, não é apenas das personagens que o filme vive. Toda a situação do "crime" leva a um debate filosófico sobre a função do robot, sobre a alma da máquina, sobre o que é na realidade o Ghost e o cyberbrain. À medida que a nossa equipa se depara com diferentes situações, todos estes conceitos são postos em causa, sendo que acabamos por perceber mais diferentes opiniões sobre a situação do mundo "actual", sobre a realidade do filme. Esta, é a pura caracterização do cyberpunk, de tal forma aperfeiçoada que o universo se torna assustador: quão próximos estamos já de um mundo como este?

Para complementar tudo isto, temos sequências de arte maravilhosas. Este filme é uma verdadeira viagem visual, por um universo de cores, texturas e maquinaria, apresentando-nos momentos que - associados à banda sonora - são altamente intensos e muito esclarecedores. Sem dizer uma palavra, o autor consegue mostrar-nos o que se passa, consegue apresentar-nos os conceitos e explicá-los apenas com recurso apenas a estes momentos animados. Apesar de tudo, alguns deles estão um pouco desactualizados e não envelheceram muito bem, mas devemos considerar que era o melhor que se fazia na época, sendo que o valor de produção do filme foi muito alto.

Quanto à música, essa... Retomando os fogos corais a que nos tinham habituado no primeiro filme, são muito intensos e levam o espectador a encontrar novos significados nas cenas que ilustram.

Um filme muito completo, mas também muito intimista. Para fãs, mas não só.

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