A Ilha de Sukkwan
David Vann
2008
Romance
Livro que recebi num BookRing do BookCrossing.
É um livro incomodativo e muito desagradável, logo desde o início. Um pai vai com o seu filho de treze anos viver para uma ilha isolada do Alaska. Vivem o dia a dia construindo coisas e caçando, até ao momento em que acontece uma desgraça e a vida do pai se desorienta, entrando numa espiral depressiva sem limites.
As descrições são sinistras e todo o ambiente natural da ilha está retratado de forma a que o leitor possa compreender que estes personagens não estão, nem podem nunca vir a estar, felizes ali. A caracterização é feita com muito recurso a imagens da vida passada, a momentos felizes que se passaram, em oposição aos momentos horríveis que ali se estão a viver. No entanto, houve dois elementos que me deixaram de pé atrás. O primeiro é a questão: como é que um rapazito de treze anos tem a capacidade mental e a força física de estar a serrar troncos, a cortar lenha e a caçar veados com uma carabina? Isto não me parece muito lógico e acaba por quebrar um pouco a realidade da história, porque, simplesmente, não é verosímil. O segundo elemento duvidoso é o porquê da desgraça que se abate sobre eles. Porque é que o rapaz tem aquela atitude? Nada na sua caracterização, nem depois na avaliação do pai, indica que tal possa acontecer. Funciona como surpresa para os personagens tanto como para o leitor, mas nada nos leva a acreditar nessa realidade. Assim, o realismo do livro perde-se e as atitudes futuras, as que vêm depois do acontecimento, parecem um pouco irreais.
No entanto, o livro funciona perfeitamente como forma de caracterizar uma depressão, retratando perfeitamente o desespero de um pai perante tal situação. A forma como a segunda forma está narrada é palpitante e perturbadora, levando-nos a unir-nos em cada momento e a questionar como vamos sobreviver nesta ilha estranha até ao dia seguinte.
Assim, não se pode dizer que tenha gostado muito do livro ou mesmo que seja um dos "livros mais interessantes da temporada", como diz na contracapa. É interessante em certa medida (tanto que o li num único dia), mas aparenta ser um choque pelo simples facto de desejar chocar, sem ter realmente um conteúdo lógico e unido.
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