Ora Ponha Aqui o Seu Pézinho!
Relato da fantástica viagem desta parola e sua entidade maternal à ilha do Senhor São Miguel, com todas as atribulações inerentes a estar no meio da floresta rodeadas de água por todos os lados.
Pois bem... A minha mãe tinha de ir aos Açores a uma reunião e achou por bem que eu fosse com ela. Afinal, já tinha feito uma Viagem à Macaronésia, mas nunca tinha estado na ilha principal. Assim, aviámos malas, deixei o Qui com comida e água e tomámos um avião da Ryanair. Esta companhia fez com que viajar para as ilhas fosse muito mais acessível, embora as condições de conforto do bólide voador não sejam as mais perfeitas. Assim, eu e a minha entidade maternal, doravante conhecida como Minha Mãe, fomos separadas na viagem. Mas graças a um truque de uma entidade qualquer juntámo-nos mais tarde.
Chegámos e, desta forma, se inicia nesta saga o seu
Primeiro Capítulo
De como obtive revelações espirituais diversas
Ao chegar fomos buscar o carro que a minha mãe havia alugado com toda a antecedência. No entanto, o senhor que estava no atendimento do aluguer dos carros provavelmente sofria de algum distúrbio mental, pois na plenitude da sua má-vontade não nos queria dar o carro (previamente alugado!) sem que comprássemos um seguro cinco vezes mais caro. Após uma lavagem cerebral emitida pela minha mãe, lá conseguimos um Renault todo branquinho. Ficámos também a saber que eu não o poderia conduzir sem pagar um extra de 25€ ao dia, embora tal estivesse estabelecido quando se fez o negócio no continente. Vá-se lá saber.
Pois portanto, a primeira parte foi dirigirmo-nos a Ponta Delgada, onde a minha mãe iria ter a tal reunião. Trata-se de uma vila toda branca com as bordinhas pretas, com casinhas baixinhas. Estava tudo decorado para a festa do Senhor Santo Cristo, coisa em que as pessoas acreditam e que poderia ter tudo consequências fatais, como veremos de seguida. Em frente o mar, muito semelhante a um rio só que infinito. Por todo lado, flores e velas gigantes (penso que se chamem círios). Almoçámos num lugar chamado "A Favorita", onde comi o tradicional "bife à regional". Achei muito horrível, porque o molho é todo baseado em vinho e o bife propriamente dito não era nada interessante...
Fomos atrás de uma multidão e descobrimos uma fila para uma "roda". Ora, esta "roda" era onde punham as crianças indesejadas para serem alimentadas pelo clero, nos tempos do antigamente. Hoje em dia, coloca-se um objecto - viemos a descobrir que tem de ser dinheiro - que será trocado por um objecto sagrado de igual valor. Pensei em colocar um lenço de papel sujo, porque era o que tinha.
Vimos o lugar onde o Antero de Quental decidiu por termo à vida da sua barba e vimos também o busto dele, onde se constata que realmente tinha uma grande barba. O lugar da fatalidade é um banquinho. Queria ter tirado uma foto lá sentada, mas estava uma pessoa a olhar para o telemóvel no mesmo lugar. Lá se manteve durante toda a nossa visita ao centro.
De resto, fui reparando que a principal vida vegetal de Ponta Delgada se trata de uma espécie de árvore deficiente fística e mental, que só tem troncos enormes com folhitas na ponta.
Árvore def
Onde o Antero de Quental decidiu ir para outra dimensão
Entretanto, chegou a hora da reunião. A minha mãe havia conversado com um amigo dela dos Açores, o Senhor Filipe, que faz parte da Associação Espírita da ilha. Ora, como eu havia lido recentemente O Livro dos Espíritos, que até me tinha sido oferecido por tal pessoa, achámos por bem que eu tivesse uma "conversa" fraternal com ele para que pudesse esclarecer as minhas dúvidas.
Estivemos a falar mais de duas horas! Devo dizer que não esclareci muito as dúvidas (afinal, que seria de nós sem elas?) mas foi uma conversa interessantíssima. Não revelarei muito sobre o que falámos, mas foi mesmo muito curioso ver como as nossas crenças se entrecruzavam, apesar das diferentes interpretações. Fiquei mesmo com vontade de aprender mais! O Senhor Filipe foi muito simpático e ofereceu-me um livro sobre o sentido da vida. Espero ter dúvidas neste também! ;) A parte boa desta associação é que eles também têm um cariz social muito forte: alimentam os sem-abrigo da ilha, que estão todos identificados por eles, sendo que tentam prevenir situações de risco, entre outras coisas. Afinal, podemos ter uma religião qualquer: se a usarmos para coisas boas, é sempre uma coisa fixe. :)
Depois, fomos para o nosso alojamento. Era um alojamento local (uma casa reconvertida para isso), numa terra chamada Nossa Senhora do Campo. Não posso contar muito sobre ele, por ordens superiores, mas devo dizer que foi dos sítios mais relaxantes que visitei nos últimos tempos. Se ficasse lá uma semana teria vindo recuperada de todas as minhas maleitas! Deixo-vos só a vista da janela do nosso quarto:
Claro, fui tirando muitas fotografias dentro do carro. Esta terra é pequenina e não tinha absolutamente ninguém. Tinha uma estátua dedicada à raça de cães típica da ilha, o Fila de S. Miguel. Como tenho um paciente dessa raça, achei muito engraçado! Além disso, vi um destes em bebé a passear com uma mitra e disse olá. Curiosamente, fui reparando, ninguém nesta ilha se vestia bem. Era tudo chunga.
Fomos jantar ao restaurante O Jaime, que tem várias sucursais todas chamadas Jaime por toda a cidade. Infelizmente, o Jaime propriamente dito teve alguns problemas pessoais e entretanto dedica-se à bebida. Portanto, o restaurante estava completamente vazio. O que era um pouco triste, porque o senhor era muito simpático e a comida estava boa. Embora...! Bem, eu comi uma coisa muito, muito estranha. Era uma fritada de peixe e eu pedi aquilo convencida que seria algo semelhante a douradinhos Pescanova. Mas eram pedaços aleatórios de quatro peixes diferentes, incluindo uma cabeça. Estava muito bom, apesar de tudo, eram peixes muito saborosos e dava para distinguir perfeitamente o sabor de cada um. Só não comi a cabeça, porque nem sequer sei como é que aquilo se arranja.
Depois fomos dormir, em preparação para um fantástico....
Segundo Capítulo
De como nos perdemos na montanha arriscando as nossas próprias vidas
Neste segundo dia da nossa estadia, experimentámos um excelente pequeno almoço composto de queijos variados, pães açoreanos, ovos cozidos e outras coisas diversas que eu não sei o que eram. Depois, seguimos viagem.
Primeiro fomos tomar café à Caloura. Tem o mar e o mar faz uma piscina. E tem pedras.
Ora, uma das características essenciais desta ilha é que todos os lugares que não são perto do mar são montanhas. Montanhas com 200% de inclinação, ao que parece, porque íamos morrendo e não haveria ninguém para contar a história. A minha mãe lá foi conduzindo, curva a curva, subindo longamente as imensas florestas, encontrando gado vacum vadio, tractores vacuns vadios e autocarros completamente descontrolados. Curiosamente, a técnica de condução da minha mãe inclui apitar em todas as curvas e entrar nelas em contra-mão, o que torna tudo ainda mais excitante do que seria se não corrêssemos um perigo mortal.
Assim, chegámos à nossa primeira lagoa: a Lagoa do Fogo.
Fomos a Ponta Delgada outra vez, para comprar umas coisas e souvenires, coisas que só há lá (apesar de não serem muitas, são giras).
Depois subimos tudo outra vez.
Mas vimos as lagoas de perto. :)
Posteriormente, voltámos a subir a montanha. Fomos parar lá não sei onde, mas subitamente vimos uma placa que indicava outra lagoa: a Lagoa do Canário. Estava bem escondida, mas encontrámo-la!|
Depois... Já sabem? Pois é. Descemos tudo outra vez! =D
Fomos parar a um Farol, que estava fechado e não tinha grande graça. Começámos a reparar em outros carros alugados: todos com matrículas novas e de cores claras. Quando estávamos a sair do Farol, chegaram dois desses.
Regressámos a base. Adormeci uns minutos. Mas logo depois tínhamos de acordar, pois havíamos combinado com o Senhor Filipe jantar na Ribeira Nova, num restaurante que ele conhecia. O restaurante chamava-se Alabote e comi maravilhosamente bem. Partilhei com o Senhor Filipe uns filetes com molho de manga e um folhado de cherne. Tudo óptimo, óptimo, óptimo!
Após tão cansativo dia, caímos na cama e roncámos. Para seguirmos para o
Terceiro e Último Capítulo
De como visitámos o habitat natural do pum e apanhámos uma carga de nervos.
No terceiro dia, só tínhamos até meio da tarde para podermos ver mais coisas. Então, decidimos ir às Furnas. A principal característica das Furnas é que se trata de um local onde o planeta está a dar puns. Cheira tudo a pum e saem puns da terra. As pessoas utilizam os puns da terra para cozinhar cozido. Tem de se ter muito cuidado para não cair lá dentro, ou ficamos cozinhados também. Em frente deste rabo do mundo, está uma lagoa, a Lagoa das Furnas.
A minha mãe quis mostrar-me as Termas Dona Beija. Um sítio muito bonito, fez-me muita pena não ter nem fato de banho nem a depilação feita... Águas termais, quentes (piscinas a 39ºC) e um ambiente lindíssimo!
Almoçámos no restaurante Miroma. Finalmente, FINALMENTE, comi o bife que merecia. Finalmente! Estava tão tenro e tão bom e tão bom!
Para finalizar a viagem, fomos ao Jardim Botânico Terra Nostra. Foi das coisas mais maravilhosas que vi. A qualquer momento poderia aparecer uma fada ou outro mito qualquer. Tirei mil milhões de fotos e ficava lá a viver para sempre!
E chegou a hora de voltar para casa! E aqui foi a parte mais enervante: as senhoras da Ryanair, em vez de fazerem o check-in como pessoas normais, começaram a fazê-lo um a um a todas as pessoas da sala de espera, até as que estavam sentadas! O voo atrasou-se, foi o caos! Depois, dentro do avião, uma senhora insistia que queria ficar junta com a sua mãe, mas ninguém dava o lugar ao lado, pelo que se empatou ainda mais o descolar: as pessoas não se podiam sentar! Também foi o caos! E, chegadas a Lisboa, uns idiotas de uns turistas queriam-nos roubar o táxi! Baaaaaah
Mas foi uma viagem muito boa e, sobretudo, muito relaxante. Quero voltar lá com vocês todos! =D
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