A Travessia
Samar Yazbek
2016
Não-ficção
Apesar do seu exílio em França, esta é uma autora Síria. E, enquanto mulher Síria, ela vê a Síria de uma forma muito diferente de nós, os leitores. Através deste livro, a autora gostaria de nos fazer viajar tal como ela: através da fronteira e até aos cenários da guerra.
Desta forma, ela deseja mostrar ao mundo que está muito enganado em relação ao que se passa naquela guerra. Que está a apoiar o lado errado e que existem muitas formas de resolver o problema, se a comunidade internacional assim o quiser.
Os horrores contados no livro não me impressionam. Está escrito da forma jornalística habitual, odo jornalista enquanto herói, que torna esta história em algo longínquo, improvável e fantástico. é como se estivéssemos a ler um romance (e o ritmo rápido bem lembra o de um romance) "baseado em factos verídicos". Portanto, para mim o valor deste livro não se encontra nem nas descrições, nem na qualidade da escrita, que não é especialmente forte, nem no tom geral de desespero.
Para mim encontra-se num detalhe que pode ter falhado à primeira vista: no discurso político. A autora, ao entrevistar os rebeldes e todos os outros, mostra-nos que há uma política muito difgerente do que aquilo que poderíamos pensar: os rebeldes não são os terroristas. Os terroristas vêm de ouros países para se juntar aos rebeldes. Mas o que os rebeldes querem é libertar-se de Assad e nada mais. A obsessão religiosa vem, digamos, como complemento.
A forma clara, embora discreta, como a autora afirma esta posição política é o que torna este livro numa leitura essencial.
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