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30.10.14

Tight Rope

Tight Rope
Primetime
Anime OVA - 2 Episódios
2012
 5 em 10

Ora bem, tinha o primeiro episódio no computador desde o primeiro momento em que saiu. Depois... Depois esqueci-me dele. A verdade é que eu, que era tão activa nos fóruns da aarinfantasy, fartei-me um pouco da comunidade e deixei de os consultar frequentemente. Agora que me lembrei, foi altura de ver um bocadinho de BL, que não via há algum tempo e que continuo a gostar bastante.

Este OVA, na verdade, não tem nada de especial acerca dele. Tem tudo para ser normal. O herdeiro de uma família yakuza está apaixonado pelo seu amigo de infância, com todas as consequências que isso traz. Assim, temos promessas de amor eterno muito másculas, algumas lutas contra gangues rivais, inícios de violação e tudo culmina na verdadeira paixão. O que me parece muito bem. É simples, resulta e o diálogo é muito amoroso e simpático.

Os personagens também são bastante agradáveis, apesar de desenhados num estilo que eu não aprecio por aí além (e que é uma moda constante, ultimamente, no universo BL). Têm personalidades bastante vincadas e são muito claros nas suas expressões, embora pudessem ter sofrido mais desenvolvimento. Isto seria um pouco difícil, dada a duração do OVA (cerca de 45 minutos), mas não seria de todo impossível.

A arte, essa, é bastante fraca. Não há nada de especial na animação, os designs já falei deles, as cores são muito pálidas e está tudo, no geral, muito pouco detalhado. O mesmo acontece com a música, que seria toda ela apropriada para passar num elevador.

Mas enfim, já tive o meu BL dos últimos tempos e isso deixa-me contente. :)

29.10.14

Yuru Yuri♪♪

Yuru Yuri♪♪
Oota Masahiku - TV Tokyo
Anime - 12 Episódios
2012
5 em 10 
 
Aquele momento da vida em que há tão pouco para fazer que se arruma uma série de 12 episódios num dia. .___.
 
Para verem a minha fraca opinião em relação à primeira season, clicai aqui.

Em resumo: um anime acéfalo. Um grupo de meninas com cabelos de cores diferentes (as únicas em toda a escola com estes cabelos, aparentemente) fazem coisas fofinhas e dão beijinhos umas nas outras. Graças a deus que não são tantos como na primeira season. O seu amor fraternal feminino é tão fofo, tão fofo, tão fofinho, que é adorável (quem me conhece sabe como eu odeio esta palavra na língua portuguesa). A arte é fofa, isso sim. Mas de resto...

Pode-se ser fofo quando não se tem densidade emocional e psicológica para suportar o facto de se ser uma personagem numa série de anime? Portanto, pode uma pedra ser fofa? Uma pedra pode ser muito fofa, contando que esteja coradinha. Mas será que é válido que num anime todos os personagens sejam pedras? Seria válido, se as pedras fossem realmente personagens únicas, com uma personalidade de pedra. Todas as personagens aqui existentes são umas massas amorfas às cores que não se distinguem umas das outras por nenhuma razão. Não têm traços específicos, não têm nada de único acerca delas. Nem sequer são seres umanos realistas.

BHistória não existe, não que precisássemos dela para um anime fatia de vida sem início nem conclusão, que passa pelas estações do ano sem que haja qualquer mudança naqueles que nisso intervêm.

A música é diabética ao extremo, ilustrando bem o que se espera disto.

Pena que não seja nada. Não é relaxante, pois apenas me abismei perante a tontice patente em todos os momentos. Não é interessante, pois não tem fala de absolutamente nada. Nem sequer tem uma aura de fascínio pelos momentos tendencialmente surreais que às vezes aparecem. Porque eles não têm qualquer tipo de graça nem nada de diferente que nos faça pensar que é único.

Ao menos não foi doloroso. Viu-se tudo num dia.

Sumomomo Momomo

Sumomomo Momomo
 Inoue Toshiki - TV Asashi
Anime - 22 Episódios + 2 OVA
2006
4 em 10

Existem aquelas ocasiões em que eu digo "há muito tempo que não via algo tão bom!". Agora é caso para dizer: "há muito tempo que não via algo tão mau". Porque, realmente, isto é possivelmente das coisas mais terríveis que tive o prazer de ver. Nem chega ao "tão mau que é bom". É simplesmente tenebroso.

O ambiente é estabelecido logo na primeira frase da OP:

Vamos fazer bebés

E a história, mais ou menos, consiste nuns filhos de uns mafiosos que foram prometidos em casamento um ao outro. O gajo é inteligente (o que só se nota no primeiro episódio, quando explicam que ele é inteligente), a gaja deve ter uma coisa boa qualquer além de ser loli, mas não consegui identificar o quê. Ela quer forrobodó, ele não. Depois aparecem mais duas miúdas, uma loira ainda mais loli e uma menos loli mas muito tímida, que também querem forrobodó. O garanhão da parada, não quer saber, até aos últimos quatro episódios, em que finalmente aparece algo semelhante a uma narrativa.

Para além de uma história, um setting e personagens que já estão em queda no abismo desde a sua conecpção, tudo isto tem uma animação roçando o asqueroso. As cenas cómicas e fatia de vida têm características hermeticamente poligonais, mesmo quando tendencialmente chibosas. As cenas de acção com espadas e coisas do género podem ser resumidas em "imagem parada com meias luas luminosas a passar", o que me parece uma boa metáfora para "estou a matar os meus inimigos". Por alguma razão cada uma destas personagens tem um super poder do coiso e tal manifesto por um animal do zodíaco chinês. Estes, coitadinhos, são do pior CG que alguma vez poderia ter sido inventado, parece aquele CG primordial que se usava há décadas atrás. De certa forma, é uma animação vintage.

Para coroar este espectáculo, temos OPs e EDs histéricas e efeitos sonoros toonicos que em nada contribuem para uma boa apreciação do que se está a passar (mesmo que se passasse alguma coisa de interesse).

Nem posso recomendar para se rirem do mau que isto é, porque não tem graça.

E Deus Criou as Au Pair

E Deus Criou as Au Pair
Pascale Smets e Benedicte Newland
2005
Romance (?)

Há algum tempo que não lia nada do BookCrossing. Este livro tem uma história engraçada: apanhei-o na convenção e depois enviei-o como presente (de uma lotaria, acho). Mas depois fizeram um BookRing e eu inscrevi-me. :)

Pois bem, este livro é para ser cómico e consiste nas trocas de e-mails entre duas irmãs e outros personagens. As irmãs têm cada uma três criancinhas horrorosas e vivem em pontos completamente diferentes do mundo (Canadá e Inglaterra). Partilham as suas aventuras na sua senda de donas de casa que tomam conta das criancinhas. E uma delas, apesar de não fazer mais nada da vida, precisa de ter uma empregada (denominada "au pair", sabe-se lá porquê) para a ajudar a não fazer nada da vida.

Como podem reparar, talvez este livro fosse mais divertido se eu tivesse bebés debaixo dos braços.

Porque realmente, ser mãe a tempo inteiro é complicado, mas estas pessoas parecem não ter qualquer tipo de objectivo na vida, nenhum sonho, nenhum desejo, nada de nada sem ser ter mais bebés.

No entanto, existem alguns momentos muito engraçados. As palavras repetem-se, não está especialmente bem escrito, mas não pude deixar de gargalhar no autocarro quando li a aventura dos furbies.

Não há muito a dizer sobre o livro, pois é tão simples. Apesar de ser uma leitura fácil, pareceu-me que demorei uma eternidade a terminá-lo

Snowpiercer

Snowpiercer
Joon-ho Bong
2013
Filme
6 em 10

Visualizado depois de levar os turistas a passear a Almada. Gostaram pois não tinha turistas e porque os levámos ao tasco mais tascoso de Portugal.

Baseado numa graphic novel francesa, este é um filme passado numa realidade distópica. A humanidade terminou e o mundo enfrenta uma era do gelo. Os únicos sobreviventes são aqueles que conseguiram apanhar o Snowpiercer, um comboio de altíssima tecnologia que dá a volta ao mundo constantemente e que tem um ecossistema próprio. Infelizmente, como em tudo, existe uma grande divisão de classes dentro deste comboio, protagonizada pelas pessoas que vivem nas carruagens traseiras. Estas, lideradas por um jovem cheio de revolta dentro dele, decidem conquistar o comboio e fazer as suas próprias regras. Para isso, são ajudadas por dois coreanos - pai e filha - viciados numa estranha droga chamada Kronol.

O ambiente do filme, o comboio, é muito interessante. Está extremamente detalhado e realmente funciona como realidade alternativa. O que não funciona neste filme é o facto de os personagens interessantes serem todos eliminados da corrida à medida que as cenas de acção decorrem. Estas, apesar de animação compoturizada ser bastante falha, são muito engraçadas em certa medida, mas aterrorizantes se vistas pela perspectiva dos personagens.

Existem personagens muito interessantes, e a história pregressa de todos eles é quase comovente. Nota para  Tilda Swinton que interpreta, possivelmente, a personagem mais fascinante do filme: Mason, o pau mandado das carruagens da frente que decide e faz as vidas das carruagens de trás. Também fiquei surpreendida pela intensidade dos actores coreanos, dado que apenas os tinha visto naquelas novelas horrorsas que todos adoram.

Para apreciar este filme, temos desde logo que admitir que esta realidade existe, apesar de alguns detalhes que poderiam ter sido explicados (por exemplo, porque razão se venderam os bilhetes, como apareceu a era do gelo, por aí em diante). De resto, é um bom filme de acção num ambiente bastante original, pelo que poderá ser um filme interessante para uma noite de mosquitos.

Ninja Scroll

Ninja Scroll
Kawajiri Yoshiaki - Madhouse Studios
Anime - Filme
1993
6 em 10

Nestes dias que passaram tive por cá uns amigos da Holanda, portanto o meu visionamento de objectos foi limitado. Diga-se, entretanto, que gostaram bastante, apesar de acharem que Lisboa está pejada de turistas até à medula. Na primeira noite em que estiveram cá, ao voltarmos para casa o Ni achou que este era um filme bom para ver. Essencialmente um dos dois ou três animes que ele viu e que eu ainda não tinha visto. Blasfêmia!

Nunca tinha visto este filme, porque tinha visto a série e detestado. Mas o filme é bastante diferente. Bastante mais simples também.

No decurso de um dia, um ninja tem de ajudar um velhote a impedir que haja um roubo de uma grande quantidade de ouro. A ajudá-lo está uma rapariga ninja e contra eles estão muitos outros ninjas. O que distingue o filme de outros animes do género é que cada um dos personagens tem um poder específico e especial. Assim, a narrativa resume-se essencialmente a uma sequência de cenas de acção.

Estas, estão animadas de forma extrema, excelente. O ritmo está muito bem concebido, assim como todo o ambiente negativo e historicamente informado que envolve todas as cenas. Ainda assim, a excelência das sequências de acção não é o suficiente para tornar o filme muito memorável.

Em paralelo, existe uma história de amizade e amor, que revela uma personagem feminina bastante bem concebida, com um misto de força e fragilidade emocional que a torna muito interessante. Infelizmente, os outros personagens seriam passíveis de mais desenvolvimento psicológico. A sua ausência torna a narrativa inócua e pouco flexível.

De qualquer forma, foi um filme interessante e posso recomendá-lo a todos os fãs de shounens de batalha que andam por aí. :>

24.10.14

Kashimashi ~Girl meets Girl~

Kashimashi ~Girl meets Girl~
Bandai Visual
Anime - 12 Episódios + 1 OVA
2006
5 em 10

Nesta vida de desocupada os animes vêm-se rápido.

Isto começa de uma maneira estranha, mas poderíamos ter perdoado se o resto do anime se elevasse a um melhor nível de qualidade. Um rapaz vai passear pela montanha e é atingido por uma nave alienígena. Os aliens reconstroem o seu corpo, mas enganam-se e transformam-no numa rapariga. A partir daí, entramos dentro de um triângulo amoros entre meninas.

O primeiro erro de tudo isto é o facto de o rapaz não ter passado por um processo de adaptaçao antes de se habituar ao seu novo corpo e às expectativas relativas a ter um sexo diferente. Este menino era, desde o início, tímido e delicado, certas características tipicamente femininas nos animes. No entanto, a mudança de fazedor de xixi deveria ter tido mais impacto, sendo que teria sido muito mais interessante se houvesse um certo nível de dúvidas e de ansiedade antes de prosseguirmos para a história de amor triangular. Nesta, parece que são as outras raparigas que tomam o lugar de força motriz masculina na relação, enfantizando a falta de lógica na transformação inicial. A história em si, tem pouco de invulgar e de original, sejam rapazes ou raparigas.

Existem momentos emocionantes e de grande beleza, quer em termos de história do momento quer em termos gráficos. No entanto, é superior a falta de imaginação e de graciosidade que têm todos os momentos cómicos que pululam em todas as situações de fatia-de-vida, protagonizadas quer pelos pais do personagem principal, por uma professora histericamente ninfomaníaca ou pelas entidades alienígenas que, por alguma razão muito mal enjorcada, decidem acompanhar a vida e obra da sua criação. Este momentos quebram o ritmo e têm uma animação por demais horrível, assim como efeitos sonoros que - tendo intenção cómica - caem mal nos meus delicados ouvidos.

Meus delicados ouvidos gostaram, no entanto, da música utilizada ao longo dos momentos sérios e da OP e ED. São músicas bastante bonitas e, quando bem aplicadas, trazem um efeito com grande capacidade emotiva.

Na verdade, é o tipo de shoujo ai que poderia ter perfeitamente sobrevivido com personagens de sexos diferentes. Aparenta apostar nas relações femininas pelo simples prazer de romantizar uma situação que nada tem de romântica. Como não exploram os elementos mais interessantes que esta história poderia trazer, simplesmente é falho e, portanto, não o posso recomendar. Dentro do género (que pouco conheço) ou fora dele.

23.10.14

Lupin III

Lupin III
Takahata Isao - Tokyo Movie Shinsha
Anime - 23 Episódios
1971
7 em 10

Depois da minha experiência com Lupin, encontrava-me bastante dividida, sem saber se gostava ou não do franchise e do personagem ou o quê. Afinal, é um personagem tão marcante que me parece importante saber pelo menos o essencial sobre ele. Para isso, porque não pegar na série original? É isso mesmo! Vamos viajar um pouco até ao início dos anos 70 e ver realmente o que se passa aqui. :)

A minha conclusão é que afinal até gosto bastante do Lupin! =D

São vinte e três episódios, cada um com a sua história. O maior ladrão de todos os tempos tem sempre uma coisa nova para roubar, ou alguma alhada da qual se safar e, por isso, nunca nos cansamos. Em cada episódio, Lupin mostra os seus truques fantásticos e dá sempre a volta por cima do malfadado Zenigata, o polícia que nunca o consegue apanhar (definitivamente). O que é muito interessante nestas histórias pequeninas, são os truques todos e toda a vivacidade impressa na resolução de cada caso, para bem ou para o mal. Também é um anime com muitos momentos de acção, desde loucas perseguições de carros (da época!), a perigosos tiroteios e até uma grande quota de explosões!

Isto é conseguido por um conjunto de personagens deliciosas, que nunca deixam de nos surpreender com a sua esperteza e o seu bom humor. Lupin e os seus amigos, todos eles são mestres da vigarice. E para se ser vigarista tem de se ser bastante inteligente! Portanto, é um anime que nunca cansa e que nunca deixa de surpreender. São também personagens muito engraçados, numa certa candura que torna infantil mesmo as situações mais violentas. Isto dá azo a muitos momentos de comédia bem real, se não pelas falas, pelas situações ilógicas, caricatas e desiquilibradas em que os personagens se enfiam.

Considerando que este anime é de 71, uma fase bastante iniciática da animação japonesa, convenhamos que a arte não está nada má. Por um lado, há recurso de métodos que sim, poupam recursos: frames repetidas nos momentos mais inesperados e de maior acção. No entanto, há uma atenção ao detalhe preciosa, sobretudo nos movimentos dos personagens, que se mexem com uma miríade de movimentos articulados que dão um efeito tanto fluído como muito cómico, dependendo do contexto.

Na música, temos algo muito engraçado: há um tema principal, o tema do Lupin (Lupin Lupin), um jazz-rock muito simpático e com muito estilo. Todas as outras músicas são variações sobre este tema, o que por si só ´é muito engraçado, mas também demonstra uma certa capacidade imaginativa.

Portanto, esqueçam os filmes, esqueçam a série da Fujiko. Estes 23 episódios foram mais que saborosos! Para além disso, é representativo da sua época e é vintage, portanto vejam-no imediatamente! :)

21.10.14

A Fúria dos Reis

As Crónicas de Gelo e Fogo - A Fúria dos Reis
George R. R. Martin
1999
Romance Fantástico
 
Parecia que há muito tempo não lia nada, correcto? Aqui está a verdade: andava prisioneira desta aventura de cavaleiros e eteceteras que, no topo das suas oitocentas páginas, nunca mais acabava! Deveras, foi um sofrimento sofrido para ultrapassar este livro!
 
Depois da excitação toda que o primeiro volume me causou. foi com grande ansiedade que segui para o segundo. E foi dos maiores desapontamentos que já vivi na minha vida literária. Bem, também não foram assim tantos...

Este segundo volume segue a história do anteriorl, mas inserindo mais personagens, mais guerras e mais detalhes. O grande problema é que estes detalhes são, no fundo, um chorrilho de banalidades e inutilidades, que em nada acrescentam à história ou à construção do universo fantástico. Porque realmente, não é relevante saber quantos caracóis tinha o cabelo da rainha coiso e tal, nem quantas gárgulas tinha o torreão do castelo. O livro é rico em descrições, mas são descrições inúteis.

Também as descrições das lutas, batalhas e outras coisas de acção aparecem constantemente e não servem para. Para. PARA. NADA! Houve um capítulo em que o famigerado do autor passou cerca de 30 páginas a dizer nomes de navios! Por favor! Por amor de deus!

No fundo, pouco ou nada a história avançou. Bem dizia uma conhecida minha que séries de livros tão longas não podem, não têm a capacidade de ser boas. Pensei que fosse diferente, enfim... Morreram umas quantas pessoas, outras ficaram sem nariz, mas no final está tudo na mesma como a lesma.

Agora vem aí um grande intervalo para outras leituras. Talvez se me esquecer mais ou menos o que se passou a leitura dos outros volumes seja mais refrescante.

Zegapain

Zegapain
Shimoda Masami - Sunrise
Anime - 26 Episódios
2006
6 em 10

Não esperava nada deste anime. Aliás, pela sinopse até esperava pouco. Mas veio a revelar-se uma história muito interessante e complexa, que acho que vale a pena ver.

Kyo é um jovem que gosta de nadar e que está a tentar, por todas as coisas, recuperar o clube de natação da escola. Quando tenta fazer um filme com a sua amiga Kaminagi para o publicitar, vê uma estranha rapariga, muito bonita e mais velha, a dar um belíssimo salto para dentro da piscina. A partir daí, é-nos apresentado outro mundo, outro universo, em que as coisas não são bem como a realidade a que estamos habituados. Nesse universo, Kyo tem de conduzir um robô chamado Zegapain Altair e lutar contra algumas pessoas muito diferentes dos humanos normais, com objectivos diferentes que serão revelados ao longo da série.

A história tem um conceito que parece muito inspirado por filmes ocidentais como o Matrix. Isto é, temos um universo real e um universo falso, em que temos de despertar para podermos viver na realidade. Existem algumas alterações, como o facto deste universo ser baseado na internet e em servers, em que as pessoas vivem como cópias e não como sonho. Na verdade, é uma ideia que está muito bem explorada e esclarecida e que poderia funcionar ainda melhor se estivesse numa escala global e não remetida a uma simples cidade japonesa. Para além disto, há algum ênfase nas relações entre as personagens dos dois universos e das pessoas que vivem entre eles, sobretudo nas relações de amor e amizade.

O ritmo é lento e muito pausado, permitindo-nos pensar com acesso a uma imagética bela, muito relacionada com a água. Esses momentos são, infelizmente, descompensados com uma animação terrível nas cenas de acção. Na realidade, o anime teria beneficiado imenso se tivessem cortado por completo as lutas entre robots e se tivessem dedicado apenas à exploração da realidade e das emoções dos personagens. A verdade é que o design dos robôs é absurdo e a animação, um CG muito sujo misturado com 2D, é escabrosa. Por isto, não posso dar uma nota superior na minha classificação, algo de que gostaria muito.

A música, essa, tem alguns momentos lindíssimos. Tanto a OP como a ED são marcantes e estabelecem desde logo a natureza do anime: é um anime introspectivo e calmo, um anime que deseja falar sobre a vida e não apenas mostrar coisas a lutarem umas contra as outras. Dentro do parênquima, temos uma série de músicas interessantes mas pouco originais, mas sempre bem aplicadas.

Recomendo vivamente esta experiência, pois é algo bastante diferente daquilo que já nos vamos habituando. Achei um anime refrescante, que me deixou sempre com vontade de ver e, por isso, acho que vale a pena experimentar.

Edge of Tomorrow

Edge of Tomorrow
Doug Liman
2014
Filme
5 em 10

Depois de um filme excelente, porque não um filme terrível? Mas não vimos double session ilegal (entrar noutra sala de cinema em vez de sair cá para fora). Simplesmente fomos para casa e pôs-se o filme a sacar.

Começo por dar a informação que descobri há pouco, e que faz todo o sentido: este filme é inspirado numa novel Japonesa, e subsequente manga, chamado "All you need is kill",  de Hiroshi Sakurazaka. Segundo me consta, anda toda a gente meio maluca com este manga, adoram-no. Mas, se for como filme, é caso para dizer "porquê". Mas enfim, voltemos ao filme.

O planeta Terra foi invadido por um grupo de criaturas extremamente difíceis de matar, de nome "mimics". São tipo uns aranhiços gigantes e mal-cheirosos. Quando luta contra um deles, todo azul brilhante e todo catita, este oficial que acidentalmente foi parar ao campo de batalha, ganha o poder de voltar atrás no tempo quando morre. O que significa que ele sabe o que vai acontecer e pode planear o que fazer e vencer a guerra. Depois, conhece uma gaja chamada Rita que é mestre do assassinato de aranhiços fedorentos. E depois o Tom Cruise tem de ir salvar o mundo, que é coisa que nem sempre corre bem (pois o Tom Cruise come placentas, ew)

Em vários momentos eu esperava que o filme fosse numa direcção completamente diferente, muito mais complexa e, consequentemente, mais interessante. Mas a estrutura de shounen mantém-se do início ao fim. Na realidade, eu esperava desde o início que o Tom Cruise falasse com os soldados rasos e fizesse com que estes se organizassem, de preferência numa espécie de revolução. Mas não, sozinho estou, sozinho ficarei, sozinho vencerei as forças do mal. A estrutura do filme é exactamente igual à estrutura do shounen, com certos erros básicos que poderiam ter sido evitados com um melhor conhecimento do género (e não apenas sacar inspiração da novel e fazer o que nos apetece). Por exemplo, o ritmo do filme começa demasiado lento, para depois acelerar e voltar a decrescer, o que faz com que o espectador não consiga fazer uma manutenção da sua expectativa e, por isso, a concentração. A sequência de treino, apesar de importante, pareceu-me demasiado longa e repetitiva. Em vez de um efeito que poderia ser cómico, foi aborrecida. Em compensação, a sequência do planeamento e estratégia foi demasiado apressada, o que não permite uma percepção real o do que realmente se passa.

Apesar de ao longo do filme os personagens irem desenvolvendo as suas capacidades físicas, a estrutura e engenharia da maquinaria não aparenta ser nada realista. Não parece fácil de usar e não tem grande mobilidade. Assim, o design poderia ser melhorado. Em termos de efeitos especiais, é caso para dizer que não é nada de especial. A animação por computador não é realista e as sequências de luta nada de espectacular têm, pois normalmente terminam em morte e, como a morte não é sinal de derrota, isto é inconsequente.

O final é simpático e amoroso, mas a música dos créditos quebra completamente com o ambiente criado ao longo do filme.

Enfim, acho que se fores um rapaz vais curtir totes. Se fores eu, é só mais um.

Gone Girl

Gone Girl
David Fincher
2014
Filme
7 em 10

Vamos ao cinema! Há quanto tempo não vamos ao cinema? Não sei, mas vamos agora. :> Fique a nota da descoberta de que a minha mãe tem um cartão Zon e que isso oferece um bilhete nos cinemas Lusomundo (que já não têm esse nome, não interessa)

Este é um longo filme que trata da situação de uma pessoa desaparecida, com um certo twist muito assustador e perturbador. Não posso falar dele paranão vos estragar o filme, mas aviso já que nem tudo é o que parece.

Desde o início, com uma sequência de imagens do ambiente da cidade, o filme se estabelece como fonte de stress. Tanto para os personagens como para nós, espectadores. Nick Dunne já não gosta da mulher. Ela aborrece-o e ele não a compreende mais. Portanto, no dia de aniversário de casados, ele pondera o que há-de fazer com o seu casamento destroçado. Quando chega a casa, atinge-o a descoberta de que Amy, a sua esposa, desapareceu do mapa. Nesse momento começa uma busca incessante e altamente mediática para a encontrar, intercalada com imagens dos momentos passados que explicam como o casamento - que era tão bom - se veio a tornar desagradável e exasperante. Mas quando começam a acusar Nick de ter assassinado a esposa, tentamos perceber... O que é real? O que não é? E na segunda parte do filme há a luta pela descoberta do que é verdadeiro, em que percebemos pelo caminho a verdadeira dimensão destes personagens.

Apesar de ser um filme de grande duração, mantive-me concentrada do início ao fim, o que não é normal em mim. As pessoas que estavam ao nosso lado desapareceram no intervalo, dizendo que não vinham ao cinema ao Domingo para adormecer. Mas o filme não é nada assim, pois mantém a expectativa até ao final, mesmo depois de a história estar concluida. A conclusão é estranhamente fascinante, pois é o compromisso entre o melhor possível, mas também não podia ser pior.

Gostaria de fazer uma nota para o trabalho de actor, que merece atenção. Ambos os personagens, que têm uma construção muito sólida, são interpretados de forma excelente. A dualidade desespero-loucura, a sociopatia real e falsa, tudo isto não seria possível sem um grande trabalho de actores experientes. No caso de Ben Affleck, ainda bem que lhe deram a oportunidade de escapar das comédias terríveis.

Também as imagens paisagísticas, apesar de simples, são muito interessantes.

Assim, acho que posso recomendar que vejam este filme. Se for no cinema, ainda melhor. :)

16.10.14

Shakugan no Shana

Shakugan no Shana
Watanabe Takashi - J.C. Staff
Anime - 24 + 24 + 24 Episódios + 4 OVA + 1 Special + 1 Filme
2005 - 2012
6 em 10

Aviso: encontro-me de "férias", portanto irei ver mais anime do que o suposto.

Há muito tempo ouvia falar da Shana. Waifu para aqui, waifu para ali, tinha curiosidade em saber quem seria esta criatura que partilha o cognome com a minha mãe. Saquei a primeira coisa que me apareceu e era um batch com todas as coisas enunciadas acima. Ainda faltam alguns elementos, mas - para ser sincera - não me apetece ver mais nada relacionado com isto durante muito tempo, talvez o resto da vida. Este comentário serve para todo este material em geral. Houve uma grande melhoria em todos os aspectos desde a primeira instância até à última, mas alguns pontos mantêm-se.

Para começar, é-nos introduzida uma história extremamente complexa, que envolve seres de outros mundos, organizações subespaciais em conflito umas com as outras e uma série de gente com nomes bizarros, como a Shana dos Olhos Flamejantes e a Pessoa que Sabe todas as Coisas, entre outros. A complexidade da história vai aumentando de forma um pouco confusa, para uma conclusão que, não sendo extremamente clara, é satisfatória e responde a todas as dúvidas. Na verdade, o anime balança entre a típica luta do bem contra o mal e momentos de fatia-de-vida que contribuem para o desenvolvimento das relações entre os personagens. Isto é mais evidente na segunda season, que parece existir como ponto de equilíbrio entre a introdução e a conclusão. Nesta, desenvolve-se uma história em que os papéis dos personagens estão invertidos, o que pode parecer estranho ao início.

Falando nos personagens, não são especialmente fortes ou interessantes. Sobretudo o personagem principal, é muito insonso, mesmo depois de virar a boneca e se passar para o outro lado. Shana, essa sim, aparenta ser bom material para waifu, não só devidoàs suas características físicas, mas também ao seu poder inicial (os olhos flamejantes). Talvez seja a única personagem a sofrer um desenvolvimento com carácter de interesse, pois existe um crescimento e materialização de sentimentos. É uma personagem que, apesar do poder físico, aparenta ter algumas fraquezas emocionais, que são ultrapassadas ao longo das seasons com recurso a muita descoberta interior. Nesse aspecto, é uma personagem interessante.

A arte começa por ser terrível, absolutamente horrorosa, sem atenção ao detalhe, com cores deslavadas e sequências de animação atrozes. À medida que o tempo passa, aparece uma produção mais cuidada, sendo a terceira season rica em grandes momentos de animação, com lutas muito brilhantes e extremamente bem coreografadas.

MMusicalmente, temos muito pouca variedade em termos de género, sendo todas as OPs e EDs aquele pop-rock no feminino pouco inspirado a que os meados dos 00s nos habituaram. Na primeira season há momentos de silência exagerados, colmatados à medida que o tempo passa com alguns instrumentais que, apesar de vulgares, calham bem dentro da sequência das lutas.

Concluo com o facto de que, realmente, compreendo porque esta série é tão amada. Apareceu na televisão americana e poderá ter sido o anime introdutório para muitas pessoas que hoje se orgulham de ser ota-cus. A personagem é forte e carismática e a história tem os seus detalhes que poderão captar a atenção. Não me cativou, mas não é nada de mau.

13.10.14

O Labirinto do Fauno

O Labirinto do Fauno
Guillermo del Toro
2006
Filme
8 em 10

Enquanto estava toda a gente no Iberanime a apanhar chuva, estava eu com o Pi numa casinha geminada no meio de uma floresta de eucaliptos a ouvir a chuva. E a ver este filme. E a beber uma mini garrafinha de vinho absolutamente delicioso da região desta floresta de eucaliptos, que é Pegões.

Para começar, não esperava um filme em espanhol. Ainda menos um filme passado durante a sangrenta guerra civil espanhola. Uma menina é levada para uma aldeia onde um grupo de militares luta contra guerrilheiros. A sua mãe está grávida e elas vão ter com o pai da criança, o maligno e sádico Capitão.

Perante os horrores da guerra e todas as divisões emocionais que a moça tem em relação à mãe, ao seu novo pai e às pessoas que vivem nesta casa, Ofelia refugia-se num mundo fantástico, que poderá ser tão inventado como real, que tem como base um misterioso labirinto em ruínas. Ela encontra um Fauno que lhe diz que ela é uma princesa de um reino de imortalidade. Para poder voltar para ele, terá de cumprir três tarefas.

Mas a vida real não lhe permite cumprir as tarefas. Entre a guerra, a fragilidade da mãe e a antipatia do Capitão, ela acaba envolvida numa luta que não é a sua, tentando fazer o seu melhor e revelando-se incapaz perante a realidade crua de todos estes adultos que já não se permitem acreditar em nada de bom. Os dois temas do filme entrecruzam-se de uma forma brilhante, levando a uma conclusão trágica, comovente, mas ainda assim com um pouco de esperança no futuro e em todas as coisas positivas em que nos abrigamos. No fundo, o filme dá a vitória não aos franquistas nem aos revolucionários, o filme dá a vitória às coisas boas, à inocência e à imaginação.

O universo fantástico é recriado de forma muito realista, com recurso a muito material oriundo do folclore europeu e, sobretudo, do folclore ibérico. Também a imaginação do realizador (também argumentista) é merecida de nota. A caracterização dos espaços, das criaturas, dos monstros, tudo é feito com cuidado e está aqui um excelente trabalho.

Uma nota para o tema musical que dá a tonalidade ao filme e, sobretudo, ao final. Até agora estou com ele na mente.

E assim se passou (com mais uns episódios de Space Dandy, que estamos a ver ao nosso ritmo) o fim de semana em que eu utilizei o prémio literário que ganhei no Natal passado. Foi uma chuva muito agradável.

8.10.14

Batman: Gotham Knight

Batman: Gotham Knight
Vários - Vários
Anime OVA - 6 Episódios
2008
7 em 10

Foi-me recomendado há muito, muito tempo, pelo Pi. :) Ele gosta do Batima.

Trata-se de um conjunto de animações experimentais, feitas por vários estúdios, nomeadamente: Bee Train, Production I. G., Madhouse Studios e Studio 4ºC. Todas elas se centram à volta do Batman, animando diversas histórias, com vilões diversos, e experiências mais íntimas que este personagem histórico e marcante vive ao longo da sua vida como protector da cidade de Gotham. É uma série de animações muito interessante, mesmo para quem sabe pouco ou nada sobre o Batman, que é o meu caso. Como são apenas seis, passo a enumerá-las:

Have I got a Story for You
Sem dúvida o que tem a animação mais divertida, com uma fluidez e rapidez de movimentos de fazer inveja a muito anime. Vários miúdos encontram-se e contam as histórias do seu encontro com o misterioso Batman. Em nenhuma delas ele é igual, numa voa, noutra transforma-se em sombras, chega até a ser um robot! É uma históriazinha um pouco surreal e infantil, que no final traz um grande sorriso.
Crossfire
Explora o lado policial do mithos do personagem. Acompanhamos dois polícias que debatem o significado da sua função, numa cidade assolada por gangsters e protegida por essa misteriosa figura de morcego. Demonstra a faceta protectora do personagem, numa cena recheada de acção.
Field Test
Falamos do arsenal de armas mirabolantes do nosso homem morcego. Desta vez inventam para ele um "afastador de metais", uma espécie de colete anti-bala que as repele. Esta história não é especialmente interessante, apesar da animação belíssima. Fica marcada por terem transformado o Bruce Wayne num bishounen, o que é uma experiência ligeiramente perturbadora.

In Darkness
Esta trata-se de uma aventura praticamente copiada dos livros aos quadradinhos, embora resumida. Batman procura os raptores de um certo cardeal benfeitor, vendo-se metido numa grande batalha dentro dos esgotos. Os vilões estão muito bem concebidos e são assustadores, sendo que as lutas estão resolvidas com mestria e inteligência, demonstrando o melhor da personagem.

Working Through Pain
Esta foi a minha preferida, pelo seu carácter filosófico e intimista. Bruce Wayne viaja até à Índia para o ensinarem a lidar com a dor. E na verdade ensinam. Mas será que isso é suficiente? É um episódio que dá que pensar.
Deadshot
Uma boa animação, mas talvez a história menos interessante. Trata-se de uma luta contra um mercenário que tem daquelas armas à distância, que está de olho no Tenente Gordon. Batman protege-o.
Verdadeiramente, uma experiência interessante. Todos juntos, os episódios fazem pouco mais de uma hora. Força!

Mobile Suit Gundam Unicorn

Mobile Suit Gundam Unicorn
Furuhashi Kazuhiro - Sunrise
Anime OVA - 7 Episódios
2010
7 em 10

Como saberão, sou grande fã dos Gandamus. Posso orgulhar-me de ter visto (quase) todos. Faltava este, que era importante. Passado algum tempo depois da última instância do universo de United Century (UC), há um revivalismo de conceitos e de factos exemplares que tornam este conjunto de filmes um gosto de se ver. Porque isto não é um OVA normal: são sete episódios com uma hora cada um, exceptuando o último que acrescenta mais trinta minutos.

A história é conclusiva no que respeita a UC: um jovem é confrontado com um Gundam especial, um super-robot activado pelas suas capacidades de Newtype. Entre querelas entre a Federation e Zeon, descobrimos o segredo da misteriosa "Caixa de Laplace", que detém um poder imparável que poderá tanto dar a vitória a um dos lados, como destruí-los ou mesmo unificá-los. No que respeita ao conceito, está aceitável, embora o facto de termos alterado o Gundam original para um robot super poderoso com uma certa dose de poderes mágicos (e muito glitter) seja um pouco perturbador. Na verdade, a minha classificação não foi mais alta precisamente por causa desta alteração, que me pareceu pouco natural pelas memórias que tinha dos factos anteriores.

O que gostei mais foi sem dúvida o revisitar de personagens. Temos o Char, agora chamado de Full Frontal, com todo o seu charme a pulsar. Apesar do penteado estranho que lhe deram. Temos a princesa Mineva e temos Purus mais crescidas, fazendo-nos crer que afinal o ZZ não foi esquecido. Até temos o Bright Noa, que fica giríssimo com este design modernizado. No respeitante aos novos elementos do conjunto, temos um grupo de personagens interessante, apaixonado e com uma densidade bastante apetitosa. Rapidamente nos identificamos com eles e com os seus dilemas, que não são nada pequenos. Na verdade são bastante puros e respeitam muito todos os conceitos do UC original.

Desta vez não há grande ênfase no aspecto da guerra e do flagelo que simboliza, ao contrário dos OVAs antigos passados nesta timeline. Apesar de Unicorn aparecer como conclusão, acho que teria sido mais digno se tivessem tocado nesses aspectos, que sempre foram importantes para o universo Gandámico.

A arte está soberba. Os designs têm o estilo do Tomino, mas estão modernizados, o que dá um efeito muito giro. E as sequências de animação são do mais bonito que existe, com coreografias bem desenhadas, cores vívidas e efeitos explosivos espectaculares. Ainda assim, não se compreende como pode haver fogo no espaço, onde não há oxigénio (mas isso é defeito de todas as óperas espaciais).

No sonoro, temos uma grande variedade. Os efeitos sonoros combinam bem, embora nem sempre as músicas do parênquima me tenham parecido as mais adequadas para cada situação. Em cada episódio temos uma ED diferente, sendo que muitas delas fazem lembrar o pop vintage do UC original.

De uma forma ou de outra, com defeitos ou sem eles, foi uma conclusão bastante aceitável para um dos momentos mais significativos da história do anime. E lembrem-se: Gundam ainda vive e - se tudo correr bem - ainda viverá por muito tempo! 

Sieg Zeon!

7.10.14

Morrissey

Morrissey
Concerto
Quando este concerto foi anunciado, toda a gente ficou extremamente excitada. Mas eu não conhecia nada do artista, portanto pensei que não iria ao concerto. Entretanto, fui ouvindo histórias... Ai que o homem cancela os concertos do nada, ai que ele é uma diva malcriada, ai! E eu pensei... O homem já não é novo... Se calhar nunca mais volta a Portugal. É uma oportunidade única de ver um tipo que marcou a história da música com os Smiths... Portanto, porque não? E lá fui eu comprar o bilhete. Na compra, disseram-nos que estavam a vender muito bem. Portanto sentimo.nos aliviados quando ainda havia bilhetes para nós.

Entretanto comecei a ouvir Smiths. E adorei. A sério. Do fundo do coração. Já vos disse que estou numa dieta musical homeopática de Gackt e Smiths? Pois, foi assim que eu gostei deles. Portanto tinha esperança que o senhor tocasse uma ou outra dos Smiths, para além da carreira a solo dele, que não tive tempo de passar a conhecer bem. Ainda assim, gosto de ir aos concertos experimentar e depois decidir se quero conhecer ou não. No caso, quero conhecer, portanto vou sacar um ou outro album. :)

Encontro-me com o namoradim, doravante conhecido como Pi, e buscamos um lugar para eu me alimentar. Eu tenho de estar bem alimentada, se não faleço: falecer durante o concerto seria bastante desagradável para todos. Acabei por comer muito rápido uns falaféis e ainda mais rápido bebemos uma garrafinha de Simão branco, a nossa nova descoberta. Diga-se de passagem, é genial. Depois, mostramos os nossos bilhetes e entramos. Na fila para a casa de banho informam todas as gaijas que têm de fechar o sanitário, mas todas ignoram o jovem. Passam-nos para a mão propaganda terrorista da defesa dos animais, que eu não leio até ao fim porque não estou para aturar gente parva. Mas as imagens eram giras. Foi o Zé Gato (que havíamos encontrado antes, ainda na rua) que guardou os folhetos.

Ao entrar, para a parte de baixo do Coliseu, passamos pelas pessoas. Não estão muitas, está-se bem, está-se à larga. Entretanto encontramos mais pessoas, mas ficámos separados por um trio de cotas que formou uma barreira de cotovelos para impedir a nossa passagem. Está um calor humano que é completamente desumano. Casacos fora, mangas para cima, mas suo que nem um animal sudoríparo.

Abaixam-se as luzes e aparece aquilo que seria uma banda de abertura. Isto é, seria se o Morrissey não fosse impossível de se aturar. Em vez disso, vemos videoclips, vídeos de concertos do antigamente, vídeos do youtube em geral, mas bastante alternativos. E assim se mantém durante uns vinte minutos. Pelo meio mais propaganda dos animais, desta vez anti-tourada. Com a imagem final penso "agora é que ele nos mandou à merda e não há concerto!"

Mas houve.

Talvez seja por só comer raízes, mas o homem está bem conservado. E, o mais importante, a voz continua igual. Agora, o meu problema: eu não conhecia as músicas. Portanto estava ali mais numa de observadora. E gostei bastante. Na verdade, as músicas são todas muito iguais a si próprias, mas têm uma certa identidade que - embora possa ser, por vezes, repetitiva - torna o artista único. Os ritmos são semelhantes ao que eu conhecia dos Smiths, uma tonalidade alegre e colorida, mas uma temática entristecida e quase irónica. Em termos musicais, este é o tipo de música que gosto. E lá estava eu toda contente, sempre à espera de ouvir uma dos Smiths, quando ele toca uma dos Smiths.

E não podia ter escolhido música pior.

A sério. Quem é que se lembra de tocar uma música como Meat is Murder num concerto? Para mais, com ainda mais propaganda horripilante? Vídeos de produção intensiva que não são reais! Aquilo não é a realidade! Fuck you! Eu sou veterinária, eu sei a realidade! Para mim custa-me, custa-me mesmo muito, ver animais a sofrer e a morrer. E comecei a sentir os meus faláfeis a subir à garganta. Enterrei-me no Pi à espera que acabasse e a olhar para as pessoas, que estavam todas fascinadas a ver o horribilis. E quando acabou, não me podia sentir pior. Sentia-me com o estômago todo necrosado prestes a saltar cá para fora. E o calor não ajudava.

Mas resisti e fiquei e vi o encore.

E o tipo... Este Morrissey... Ele canta bem e as músicas são boas, mas ele parecia não estar a gostar de nós nem de de cantar nem de nada. Agradecia dizendo "gracias", para nossa grande revolta, apesar de se ter corrigido uma ou duas vezes. Enfim, há artistas que é melhor não conhecer a pessoa e ouvir apenas a música. :3

Saímos a correr, pois eu necessitava com urgência de um (ou dois, ou sete) golo de água. Na saída vi uma pessoa conhecida. E estávamos todos cá fora a comentar o concerto quando aparecem dois tipos aos pulos a bater num outro tipo. Corri a esconder-me, não fossem eles achar que também me deviam partir o nariz, e atrás de mim estava um fulano todo colorido com uma cadeira aos gritos "são os fascistas! São os nazis!" Fiquei um bocado assustada, tanto que nem sequer me despedi convenientemente das pessoas. :( Sorry...

Bem, contas feitas, foi um concerto bastante positivo. Gostei da música, apesar de não ter gostado dos efeitos visuais. Agora vou sacar uns albuns essenciais, mais um best of ou outro e conhecer melhor o que o tipo canta. Mas enquanto ouvir a música vou fazer questão de estar a comer uma belíssima sande de peito de perú fumado. Nham nham.

Fica aqui um vídeo do concerto gravado pelo Zé Gato :) Ficse, non? =D

3.10.14

Angel Beats!

Angel Beats!
Kishi Seiji - Aniplex
Anime - 13 Episódios + 2 OVA
2010
6 em 10

Já tinha ouvido falar muito deste anime, quer nos círculos anímicos quer nos círculos cosplayicos. Assim, tinha uma certa curiosidade em saber sobre o que tratava. Não tinha ideia e, logo ao minuto quatro do primeiro episódio, considerei que estava sobrevalorizada. Vejamos.

O nosso personagem principal acorda no meio de uma guerra. Descobre que se encontra em estado falecido e que aquilo é uma espécie de purgatório para jovens que não conseguiram aceitar a vida que viveram ou a forma que morreram. No entanto, há um grupo de revoltados contra as forças divinas que vive em guerra com um certo anjo. São todos alunos desta escola, povoada de NPCs (Non Playing Characters). O conceito é muito interessante, mas logo desde a origem que tem uma falha: isto passa-se numa escola. É motivação para se fazerem univormes e saias esvoaçantes, mas não faz sentido e torna tudo muito infantil.

à medida que a série decorre, alguns personagens vão encontrando a iluminação e passando para um estado superior. Isto dá azo a momentos de alguma beleza emocional, mas apenas porque fornecem flashbacks da vida passada que, esses, não são passados numa escola. De resto, os personagens movem-se com uma atidude de quem não quer saber, motivando-se a criar momentos supostamente cómicos que não têm graça nenhuma. O personagem principal auto-encarrega-se de salvar as pobres almas e daí nasce uma conclusão satisfatória, mas muito infantil. Misturar escolas com armas de fogo e machados de guerra nunca dá um resultado muito positivo.

A arte tem os seus momentos bons, mas na sua maior parte é terrível. Se em algumas lutas temos momentos fluídos que são interessantes, em muitas outras ocasiões do dia a dia há um exagero na mobilidade dos personagens que não liga bem com a acção representada.

Em compensação, e daí o saldo positivo na avaliação final, a música é extraordinária. Existe uma banda sonora com muita variedade e muitas peças lindíssimas, nomeadamente a ED. Todas as músicas estão muito bem aplicadas e apenas contribuem para aquecer o coração naqueles momentos chave.

Fiquei sem perceber porque as pessoas gostaram tanto desta série, mas ao menos fiquei a saber sobre ela. Agora adeus, que amanhã é dia de trabalho!