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16.4.14

Anicomics 2014

Anicomics 2014
Evento
Depois de ter viajado pelo espaço (vide este blog), foi chegar a casa e dormir um bom sono bem descansado. Porque no dia a seguir... Mais um ano, mais um Anicomics!

Preparar-me para este evento foi difícil e cansativo, durou algumas semanas. No final, acho que valeu a pena. Mas falemos dos dias que se passaram.

As Origens

A aventura do Anicomics começa num Sábado à noite, num bar de bicicletas, quando eu digo ao meu amigo Zé Gato: "Zé, preciso de um cubo. Vamos fazer um cubo." Assim, todos os fins de semana ao longo de várias semanas, dirigi-me à oficina em Almada para fazer o cubo e o painel, para além de comprar materiais para o cubo (como a madeira é cara!) e para o painel. Entretanto, mais pessoas trabalhavam neste projecto: a Twinny fez a edição do vídeo em tempo record, R. ajudou-me a gravar uma música. A todas estas pessoas, e ao meu bicharoco, tenho de agradecer por me terem ajudado a tornar isto realidade. Tudo tinha de correr bem: não as podia desapontar e não podia desapontar a minha família. Porque este skit, onde se investiu tanto esforço, tempo e dinheiro, era muito especial, como verão de seguida.

Chega o dia e transporto todas as tralhas para o carro. Uma tralha ficou esquecida! A máquina fotográfica! Por isso, com muita pena minha (havia cosplays muito giros), não tirei fotos a ninguém. Em compensação, o meu pai deve ter tirado por isso vou colocar o que ele tirou... À minha irmã pequenina! Espero que fique fofinhi. :3 Cheguei logo de manhã cedo, fila gigantica para entrar. Pus-me na fila menor e ganhei uma fitinha catita com um cartão dentro de um plástico, tudo super moderno, até parecia um congresso internacional de médicos veterinários! Com ajuda de um simpático voluntário, homem pujante e forte, consegui carregar toda a minha tralha para o backstage. Seria montada depois.

Achei por bem ir tomar um café a uma esplanada. E é lá que a Ana-san me telefona em pânico. Aliás, em PÂNICO!!!!, porque não tinha computador para o workshop de Japonês que ia dar e se eu teria um. Ora, por acaso eu vivo bem perto de Telheiras e tinha o carro! Mas estava tão bem estacionada que pedi à minha mãe, que andaria pelas compras ou algo do género, para mo trazer. E assim se salvou a situação e assim se passou a manhã.

Encontrei a Hota-chan e acabámos (como sempre) por comer uma pizza de queijo de cabra na utilíssima Telepizza que fica lá perto.

E assim se gastou a hora de almoço.

Posteriormente, fui montar o meu cenário. Devo agradecer a todos os voluntários, que foram os primeiros a oferecer-se para me dar uma ajuda. Certamente que o conseguiria fazer sozinha, mas com ajuda é mais fácil. Assim, ficou o meu painel montado e o cubo todo preparado para entrar.

Vesti-me e fui ter com o meu pai, que veio de propósito de Santarém com a minha pequena irmã macaca para ver o meu skit. Claro que ainda não tinham almoçado. Claro que se atrasaram a almoçar. E é claro que não conseguiram lugar no auditório. Fui saber se os deixavam entrar... "Tivessem chegado mais cedo". É claro. É claro. É claro que o meu pai, que veio de propósito, que pagou bilhete e tudo o mais, que tem idade para ser vosso pai também, quiçá até vosso avô, não aguentou uma hora e meia de pé, foi-se sentar e nesse momento perdeu o meu skit. E é claro que se zangou comigo, com a miúda, com toda a gente e se foi embora todo revoltado. Pois claro.

Mas bem, isso é culpa nossa que somos avariados da caixa dos pirulitos, porque eu avisei explicitamente que para arranjarem lugar tinham de chegar lá pelas 14:30.

Adiante. Até agora este comentário não tem muita piada, mas a verdade é que não aconteceram muitas coisas engraçadas. Fora aquele momento que eu estava sentada na rua sozinha e passou um bebé ao colo da mãe que se pos a apontar aos gritos e apitos, todo contente, e eu lhe disse "alô bebê". É que sabem... Eu estava com os nervos todos nervosos a saltar na ponta de todos os pêlos que despontam de todos os meus sinais! Uma pessoa antes de um skit enerva-se sempre, mas este... Eu não vim ao evento para vir ao evento! Eu vim para fazer isto! E isto tinha de correr bem! Tinha muitos medos. Que o pessoal não batesse palmas. Que o pessoal se risse no final. Que isto, que aquilo, sentia que se qualquer uma destas coisas da minha imaginação acontecesse teria de desistir necessariamente do cosplay, porque deixaria de fazer sentido fazê-lo. Mas nada aconteceu, tudo correu bem.

Mas ainda não falei desse tal skit. O que era afinal?

Umas cores para intervalar

Sabem... Não, não sabem. Não podem saber porque ninguém soube, só as pessoas mais próximas de mim. Mas agora posso falar disso. A verdade é que o meu avô morreu. Era o meu único avô. O da parte da mãe já viajou para algures há muito tempo, era ela pequena. Então era deste avô, o Vô Gedeão, que eu lembrava. Ele era brasileiro, tal como o meu pai e toda a família. E tinha muita, muita idade. Já tinha 99 anos e já estava mais lá do que aqui, mas ia-se aguentando. Mas, como poderão imaginar, no Brasil faz muito calor. E ele não resistiu. Íamos visitá-lo este ano, na festa dos 100 anos, mas afinal já não vamos. Nem sei se algum dia lá voltaremos. Vi este avô muito poucas vezes, mas gostava muito dele, porque ele também gostava muito de mim, até ao final em que ele já não sabia quem era quem e quem era ele.

Por isso, fiz uma homenagem. O cosplay não tem de ser necessariamente fazer uma apresentação de uma personagem. Porque não utilizar uma personagem para passar uma mensagem? Quem melhor que a Meroko, a shinigami das crianças, para falar da morte de uma maneira simples, para crianças, para velhinhos, de uma maneira bonita? E que música melhor do que a Aquarela, que todos os brasileiros conhecem e amam, que eu conheço e amo também? E foi isso.

Normalmente guardaria as explicações para o meu Cosplay Portfolio (sem link porque está em manutenção de momento), mas desta vez vou fazê-las aqui. Ana-san debateu comigo o skit e seus significados e percebi que houve alguns momentos que não ficaram muito claros. Cada objecto e gesto representava um momento da letra da música: a bola amarela era o sol amarelo; a bola azul era um pinguinho de tinta; a parte branca do painel era o muro; a parte espacial do painel era o futuro. Correu bem? Sim, muito. O chapéu caiu-me da cabeça, mas não fez mal porque até calhou numa parte que não tinha muitos gestos, pelo que o pude apanhar e pô-lo de novo.

Mas o final... Eu não estava à espera. Mas quando ouvi "que um dia descolorirá", percebi algo que ainda não me tinha atingido realmente: as pessoas, quando morrem, nunca mais voltam. Nunca mais as voltaremos a ver. Nunca mais vou ver o meu avô. E quando essa realização me caiu em cima, comecei a chorar. A chorar, a chorar, a chorar tudo o que ainda não tinha chorado. Fui para o backstage e chorei mais e mais, fiquei a chorar até que a Ana-san veio ter comigo e me fez rir. Com as lentes rosa (novinhas em folha, perdi as outras que tinha) estava com um ar perfeitamente satânico.

Evidentemente que não passei à final, mas não faz mal. Fiz aquilo que queria e que sentia e acho que o consegui transmitir aos outros. Vieram dizer-me que houve pessoas no público que se comoveram e era este tipo de homenagem que eu queria fazer. Agora quero muito ter o vídeo para poder mandar à minha família no Brasil, e mostrar ao meu pai, que acabou por não ver nada.


Obrigada a todos por me terem acompanhado nesta aventura. Vivam a vossa aquarela antes que ela desapareça, façam-na com as cores mais vivas. Citando Mishima "a vida humana é breve mas eu gostaria de viver para sempre"... Mas não vivemos. Há um limite para todas as coisas vivas. E é muito pouco tempo. Este skit não é só para o meu avô. É para a minha avó do Brasil, para a minha Tia Gabi, para a minha Tia Armanda. É para todos aqueles que vocês, público, perderam num momento ou outro da vida. A vida é tão bonita, a morte não precisa de ser feia... A nossa passagem por aqui é muito curta, por isso vamos tentar aproveitá-la da maneira mais feliz possível. Pode ser? :)

Finalizações Diárias

E tudo termina. Ainda chorosa e ranhosa, fui desmontar todas as coisas, com ajuda da Ana-san e do Pedro-san. Todos juntos no meu carro, vamos pô-lo em casa e comer que nem uns animalejos a um restaurante sino-nipónico na Praça de Espanha. Estava tão cansada, só queria dormir até ao infinito. E foi o que fiz. Pensei "se calhar não vou amanhã" mas depois lembrei-me... "Ainda não comprei os meus souvenires!"

Não cheguei a tirar o cenário e o fato do carro. Vim com isso tudo trabalhar. Arrumo algures durante esta semana. 

De Regresso, mas por pouco tempo 

A minha mãe fez o favor de me deixar em Telheiras desta vez. Demorei-me o quê, uma hora, uma hora e meia? Foi neste dia que acabei por conversar com as pessoas, trocando dedos do pé de conversa aqui e ali, revendo pessoal em geral. Comprei um set de Pins com o tema "Setembro" (o meu mês) à Marta Lebre, velha amiga da escolinha católica (huhu) e um phone-strap em forma de gelado azul. Queria encomendar um desenho, mas não estava com muito tempo, portanto pedi um cartão de visita aos artistas que gostei mais (e que desenhos lindos tinham!). Um deles não tinha... Portanto... Ofereceu-me uma print! Obrigada! =D Ficou meio estropiada no transporte, mas está inteira! Só precisa de ser passada a ferro... Sorry! Mas vou passá-la a ferro. 

 Ó o desenho, assim todo meio amarfanhado. Obrigada por mo darem mas... Eu não conheço Kill la Kill. :v Talvez um dia...

E assim terminou a minha aventura no Anicomics deste ano. 

Espera! Espera aí! Então sua bicha maluca, não estás a ver que ainda não falaste népia do evento pah? 

Sobre o Evento Propriamente Dito 

Ora bem, como poderão ter constatado pelo meu relato anterior, eu estava mais concentrada em limpar a ranheta que me escorria pelo nariz e pelos olhos do que eu ver o que se passava à minha volta. Mas falemos de algumas coisas que pude apreciar:

O Espaço

Continua igual a si próprio, com um bom aproveitamento das salas. No entanto, e isto diz-se todos os anos, começa a ser pequeno demais para o público que atinge. Existiram momentos em que não era de todo possível andar de forma confortável no espaço do evento, pelo que muitas pessoas recorreram ao clássico "ficar na rua". Pessoalmente, devido a isto, houve partes que não vi - nomeadamente a exposição de banda desenhada. Achei excelente ideia o investimento nos ecrãs para que se pudesse ver em directo o que se passava no auditório, mas acredito que beneficiariam de estar em espaços mais largos e com lugar para as pessoas velhas e cansadas se sentarem. Nem que seja no chão. Também seria engraçado ter uma amostra de vídeo do lado de fora do evento, mas isso é apenas uma ideia a considerar.

As Lojas

Como habitualmente, a presença de stands profissionais resume-se à organização do evento. Ora, eu gosto bastante da loja Kingpin. Tem sempre mangas alternativos engraçados e já lá fiz compras muito interessantes. Mas desta vez, o que se terá passado?, nada de obscuro, nada de interesse, tudo coisas longas, populares ou que eu já tenho.... Bem, isso é bom para um primeiro ou segundo visitante... E vende muito! Mas gostaria muito que tivesse havido algo que me chamasse a atenção. Compreendo a posição da organização mas... Gostaria muito? *-* Terei de ir à loja para compensar. 

Em termos de stands não profissionais, achei que estava muito bem composto, com uma variedade interessante. Alguns artistas eram muito, muito bons (aqueles a quem eu pedi o cartão de visita, sobretudo, vou querer encomendar!) e havia coisas muito engraçadas. Vi umas meias Angelic Pretty, mas afinal eram imitação... Mas eu perguntei na mesma só para saber se era possível ver roupa exorbitante num evento. Pelos vistos não neste caso. A sério, perguntei mesmo só para saber. Não me interessa por aí além ter umas meias com veados cor de rosa, não posso levá-las para o trabalho. 

Também achei que estava tudo bastante bem distribuído, se bem que talvez houvesse um ligeiro desiquilíbrio na primeira sala. 

Os Voluntários

Passarei a escrever algo a que chamarei "Ode a Essas Criaturas Maravilhosas"

Oh maravilhosas criaturas
Que me ajudam a montar cenários
Agarram em paus em altura
E enroscam parafusos vários.

Oh lindíssimas criaturas
Que nos acalmam atrás do palco
Sempre prontos com escovas
Laca, redes ou talco

Oh fantásticas criaturas
Que nos ajudam a vestir
Que levam os nossos props
Preparam o que há-de vir

Oh fofinhas criaturas
Que me aturam a chorar
Oferecem copos de água
E lencinhos para assoar

Foram estas criaturas
Que me ajudaram no meu fado
Portanto, será foleiro
Mas o meu muito obrigado

 
De verdade, ajudaram-me imenso e foram o meu colete salva-vidas. Digo colete e não bóia, porque assim ficam mais perto do corazón :) 

Considerações Finais
Gostaria de agradecer a todos os que me ajudaram e apoiaram neste projecto estranhamente emocionante.
E queria emitir um pedido de desculpas oficial a todas estas pessoas:
  • À minha família toda, porque sou uma ranhosa;  
  • Aos voluntários, porque tiveram de me aturar;
  • Ao Homem-Aranha, por ter sido tão antipática quando estava através dele na fila: estava realmente muito nervosa;
  • A todas as pessoas com quem eu mandei vir por me baterem nas asas, realmente não havia muito espaço;
  • Ao grupo de pessoas ao pé das quais murmurei "já foderam esta merda toda": não estava a falar de vocês, estava apenas revoltada por estar a cair uma pena das asas;
  • À APC, por não confiar na cola quente;
  • Ao casal que estava à minha frente na fila para voltar ao palco, por ter suspirado cheia de sentimentos virulentos: é que eu também queria estar em carinhos diversos e tive muita inveja de vós;
  • Ao público, por ter saído assim que anunciaram os vencedores: não estava muito bem;
  • Ao artista que me deu a print, por eu a ter amarfanhado;
  • E a toda a gente a quem fiz mal.
De resto, que posso dizer do evento? Essencialmente, terei de lá voltar para o ano com coisas menos importantes para fazer, porque este ano aproveitei z-e-r-o do que havia. Não vi concurso nenhum, não participei em workshop nenhum (e gostava muito de ter ido ao dos skits), não vi apresentação nenhuma, não joguei RPGs de mesa, apesar do convite que me enviaram... Ainda assim, achei que valeria a pena partilhar a minha experiência.
E agora, passemos ao importante!
Seis Fotos!!!!! =D =D =D
Certamente não se incomodarão de estar uma macaca em todas elas. Espero que até achem fofo! É a minha mini-irmã. :3 Teria todo o gosto em enviar fotos maiores, mas são de telemóvel por isso não crescem muito mais. E teria todo o gosto em ter mais fotos, mas eles só tiraram estas...





 Terminamos com uma foto de um gorila mascarado de coelho e de um animal de espécie a determinar, seu pai. :3
E até à próxima!  

4 comentários:

  1. muito bom como sempre!
    com um toque muito pessoal, e especialmente sentimental neste caso, mas bonito ^^)

    Agora, para quando os comentários aos skits? :D

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    Respostas
    1. Olá! Não sei quando farei comentários a skits, depende se aparecerem na net ou não. Mas, sinceramente, não estou com grande vontade de os procurar, por isso talvez nem comente nem nada. Claro que se alguém quiser saber a minha opinião, pode enviar-me o vídeo que eu a darei com todo o gosto :)

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  2. Se não me engano: http://i2.wp.com/www.acalopsia.com/wp-content/uploads/2014/04/DSC_0766.jpg

    crédito: foto: Maria João Miranda / www.acalopsia.com

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