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30.12.13

Hal

Hal
Makihara Youtarou - Production I.G.
Anime - Filme
2013
6 em 10

Esta noite tive tempo para um filme. Fui à minha infinita lista de downloads e escolhi um aleatoriamente. Este foi a vítima.

Um filme que surpreende, mas sobre o qual não deixo de ter uma opinião neutra. Existe um casal, Hal e Kurumi. Hal morre num acidente de avião e, para curar a depressão de Kurumi, um robot é enviado para o substituir. Assim o filme fala do redescobrir do amor, através de um detalhe muito bonito e romântico: mensagens em cubos de rubik. Há uma grande reviravolta, muito surpreendente, no final, que vem a provar o meu ponto de vista do filme falar sobre o perdão e sobre a descoberta do que pode melhorar numa relação. Mas não o vou contar, porque se não o souberem é muito mais interessante. :)

No entanto, o filme tem muitas coisas que se sobrepõem e que acabam por retirar o foco. Além do mais, sente-se a necessidade de uma explicação mais detalhada sobre o trabalho da tecnologia neste universo e da relação humano-robótica. Esta poderia ter sido melhor explorada, o que tornaria o filme em algo mais virado para a ficção-científica e menos para o romance. Por isso, por um lado, até foi bom que deixassem os dados tecnológicos sossegados, pois assim puderam dedicar-se mais à relação Hal-Kurumi.

A arte é moderna e está cuidada, mas não é nada de extraordinário. O CG está bem integrado e mal se nota e há um uso interessante, se bem que não espectacular, da luz e da cor.

Musicalmente, o anime é fraco. A música final não traz nada de novo e as do parênquima são bastante vulgares, apesar de apropriadas.

Mas como o filme só tem uma hora, acho que não se perde nada em vê-lo. O conceito está interessante. Um filme bom para se ver encostado ao aquecedor, enquanto nos esforçamos por pensar que é Verão.

Uma cana de pesca para o meu avô

Uma cana de pesca para o meu avô
Gao Xingjian
1986 - 1990
Contos

Livro apanhado na Convenção do BookCrossing e a ser enviado ao amigo vegetal do BookCrossing a propósito da troca de Natal (enviei uma trilogia. Acertei tão bem nos gostos do jovem que ele já tinha a trilogia ;___; )

Esta é uma colectânea de contos de um prémio Nobel Chinês que eu não conhecia. Fiquei com muita vontade de ler outras obras dele, porque estes contos são encantadores e souberam a pouco.

É uma prosa leve mas profunda, ornamentada mas sem cair no exagero e no ridículo. São contos que falam de pequenas imagens do dia a dia, um acidente, uma cãibra, um parque, uma praia, mas de forma tão vívida que nos encontramos nos personagens criados pelo autor e nos sentimos realmente nesse parque, nessa praia. São textos difíceis, complexos dentro da sua simplicidade, mas que transmitem com precisão cirúrgica um conjunto de sentimentos que só podem ser experimentados perante as situações de cada conto. Situações essas que não precisamos de ter vivido para as compreendermos: estão de tal forma escritas que é fácil para nós imaginarmo-nos como a pessoa daquele momento.

O meu conto preferido foi aquele que deu o título à colectânea, "Uma cana de pesca para o meu avô". Fala de um homem que, em sonhos ou na realidade (fica ao nosso critério) revisita a terra da sua infância para a encontrar tão diferente. Assim, acaba por comparar as suas experiências da infância e as palavras do seu avô, à sua própria aprendizagem enquanto adulto. É um conto muito profundo e esclarecedor da natureza humana, apesar de ser extremamente simples.

Também gostei muito de "Num parque", porque me identifiquei com a figura da rapariga que espera (apesar de as minhas esperas valerem sempre a pena). Também porque o parque estava de tal forma descrito, que pude ver na minha mente até as variações de luz.

Espero ter a oportunidade de voltar a ler algo deste autor, porque este livro foi muito apreciado. Esperemos que o senhor do reino vegetal a quem está destinado também o aprecie!

Edit: Estive a investigar a estante BookCrossing do destinatário e ele já teve este livro, já o libertou, já foi apanhado, etc. Bolas, terá de ser outro. ._.

29.12.13

White Album 2

White Album 2
Ando Masaomi - Satelight
Anime - 13 Episódios
2013
6 em 10

E aqui fica o último anime a terminar na Season de Outono. Sem dúvida o melhor, apesar de o ter classificado com uma nota mediana.

Quem acompanha este espaço, deverá ter visto a minha opinião dividida em relação ao White Album (Primeira Season e Segunda Season). Assim, estava em dúvidas sobre se veria este ou não. Quando me disseram que o único ponto em comum é o facto de se passarem na mesma cidade, decidi-me pela positiva. E gostei bastante, por isso ainda bem!

Fala de um triângulo amoroso entre os membros do Clube de Música Ligeira (uma banda, portanto). Primeiro conhecem-se, formam o grupo e depois há amor pelo ar. O bom desta história é que, apesar de se passar na escola secundária, tem um forte realismo. O detalhe dado às relações entre os personagens é muito humano e a sinceridade dos seus actos e sentimentos acaba por dar ao anime uma tonalidade um pouco diferente do habitual. As personagens são, portanto, pessoas como eu e vós: a história apoia-se neles e o resultado está muito bem conseguido.

Outro ponto forte é a música. É um anime muito musical, muito mais do que o primeiro White Album. Existem alguns temas que piscam o olho ao original e que são recorrentes, mas não cansam. Depois, há uma banda sonora instrumental muito bonita, que me recorda os shoujos do antigamente. Com uma personagem pianista, muitas vezes ouvimos peças, originais e clássicas, que me pareceram sempre apropriadas à situação e bem interpretadas.

No entanto, o anime peca pela animação. Não é que esteja mal feita, mas é muito parca. A história não potencia grandes momentos de acção em que se possa demonstrar a técnica da animação, mas mesmo assim poderia ser melhor. Daí a nota mediana.

Um bom anime. Se tiver de recomendar um anime desta season que passou, seria este.

Granta Portugal 2 - Poder

Granta Portugal 2 -Poder
Vários
2013
Revista
 
Mais uma vez, assim que saiu a nova Granta fui logo comprá-la assim que consegui. Desta vez o tema era "Poder". Como vimos anteriormente, esta é uma revista literária que publica inéditos Portugueses e alguns contos já publicados na Granta original. Questionava-me sobre que tipo de história poderia ser concebida a partir do tema "Poder". A ler a revista, cheguei à conclusão de que não é um tema assim tão complicado. Já tenho ideia sobre a história que vou escrever sobre isto (coloquei a mim mesma o desafio de escrever uma história com o tema da revista sempre que ela sair). Enfim, existem dois temas essenciais: a acção do poder político e a acção do poder individual.
 
Desta vez houve alguns contos que gostei bastante.
 
"O bom déspota" é o relato de um presidente de um país Africano, que temos por Angola, e a maneira como ele impõe o seu poder. Mas o que gostei foi do toque pessoal dado à narrativa, que revela que mesmo uma pessoa tão poderosa tem os seus medos e inseguranças.
 
"É Perigoso ser Feliz Duas Vezes", uma história Portuguesa passada em Cuba. É muito divertida por causa da visão da autora sobre os acontecimentos, que apesar de aterrorizantes estão tratados com um certo humor que se aceita a si próprio. Também está estruturada de uma forma muito interessante, pois não é linear.
 
"O Verão Depois da Guerra" é um conto Japonês. Conta sobre a influência do avô na vida do personagem, com um toque do pós-guerra. O mais bonito são as imagens delicadas e fotográficas que nos são oferecidas. No entanto, achei que a tradução poderia ser mais cuidada, pois não se adequa aos conceitos Japoneses que conheço tão bem (por excesso de animus).
 
Finalmente, achei muito interessante a partilha de correspondência entre Jorge de Sena e Carlos Drummond de Andrade. Apesar de não conhecer o primeiro, conheço alguma da obra do segundo e gosto muito. É sempre giro ver as palavras entre dois amigos, sobretudo quando são escritores.
 
Estou neste momento a contemplar assinar a revista... Gosto muito!

25.12.13

Coppelion

Coppelion
Suzuki Shingo - Starchild Records
Anime - 13 Episódios
2013
6 em 10

Era o anime para o qual tinha mais expectativas, de todos os da season de Outono. Veio a revelar-se um desapontamento.

A cidade de Tóquio foi destruída num desastre nuclear. Devido a este tema delicado, a série chegou a ser adiada aquando o desastre de Fukushima, sendo que passou agora. Ninguém pode viver nesta cidade se não estiver protegido por fatos especiais. Excepto os Coppelion, humanos geneticamente modificados para sobreviverem aos ares nucleares. Acompanhamos um grupo de três moças que, na sua farda de colégio Coppelion, procuram pessoas normais que ainda possam estar perdidas na cidade.

Isto era ao início. O início prometia. Antes de mais, os cenários eram qualquer coisa de maravilhoso e lindo. Imensamente detalhados e numa perspectiva pós-apocalíptica original, em que o mundo urbano foi dominado por plantas. No entanto, as personagens não se integravam com este cenário de traços delicados: as suas linhas limítrofes eram muito grossas, estavam a "bold". De certa forma, isto dava uma estética única à série e, por isso não me importei. Mas à medida que foi progredindo, os traços dos cenários foram perdendo a supremacia e as personagens passaram a ser o elemento mais importante. Também passaram a ser desenhadas de forma mais fina e, assim, a distinção boneco-fundo passou a ficar muito difusa. Isto não foi uma vantagem, porque apenas nos fez reparar nos defeitos da animação, em vez de chamar a atenção para as partes boas, que eram as referentes à estrutura cénica.

O mesmo se passou com a história. Ao início, era uma viagem melancólica de três raparigas, encontrando pessoas diferentes com histórias de vida diferentes. Mas há um momento de viragem em que, de episódico, o anime passa a ter uma história concreta, que é a de salvar um grupo de pessoas que inclui uma grávida. Enquanto fogem de duas Coppelion malucas e de uma organização que quer matar toda a gente. As razões por detrás destas atitudes está mal concebida, é demasiado fácil e, no caso da organização, está mal explicada.

A isto se adicione uma mudança profunda na personalidade das personagens. Estavam bem estabelecidas, na realidade bem estabelecidas demais. O grupo era a Sensível, a Fixe e a Infantil. À medida que a série progride, as suas características acabam por se misturar. O resultado é muito choro, muitas lágrimas, muito ranho, muitos gritos. A qualquer momento, elas podem começar a chorar e a gritar. Sem razão para além de "esta situação com estas pessoas que não conhecemos é muito muito triste".

Assim, a nota que lhe dou, a minha média, só pode existir devido ao brilhantismo da arte no início da série. Se recomendasse, recomendaria apenas os três primeiros episódios. Tudo o resto, não vale a pena. Este podia ter sido o melhor anime da season, mas....

Nota: o que aconteceu ao cão?

Nota 2: Feliz Dia! :)

A Gaiola Dourada

A Gaiola Dourada
Ruben Alves
2013
Filme
6 em 10

O filme que mais Portugueses viram em 2013 foi o filme que vi na noite de Natal, enquanto esperávamos pelos presentes. Estava à espera de me rir muito mais, mas nem foi mau de todo. Mas as expectativas estavam demasiado altas...

Pois bem, este filme fala de uma família de portugueses emigrados em França, uma porteira e um pedreiro e seus filhos. Claramente inspirado por factos da vida real, apresenta os problemas dos emigrantes em França com uma dose de humor e leveza. Retrata os Portugueses como pessoas trabalhadoras que sonham com o seu país mas que se dedicam ao local onde estão de corpo e alma. Também fala da inadaptação da geração seguinte, que se sente dividida entre duas culturas e não sabe muito bem para qual se deve virar.

O melhor do filme são aqueles momentos que só os Portugueses conseguem compreender, como as músicas de fundo, a culinária ou o fascínio pelo futebol. Mas tudo tem uma aura novelística que acaba por ser um pouco superficial.

Os actores mais velhos estão bastante bem, o que é mais um aprova de que a experiência conta. Os mais novos, pouco fazem e acabam por ter reacções muito exageradas que são pouco realistas no contexto do filme.

Mas foi uma boa fita para ver na noite de ontem, porque contas feitas... É bem divertido!


Miss Monochrome

Miss Monochrome
Iwasaki Yoshiyaki - TV Tokyo
Anime - 13 Episódios
2013
6 em 10

Não estava para ver este anime quando saiu, mas convenceram-me dizendo que só tinha três minutos por episódio. O que é verdade: três minutos num episódio e um minuto de ED.

Isto é quase um anime promocional da personagem de uma cantora, Horie Yui, que canta com a sua voz em autotune. Neste anime acompanhamos as aventuras de um adroid monocromático, Miss Monochrome, na sua luta para se tornar um aidoru.

É um anime muito simples, cujo ponto forte é o humor das situações da vida deste android que, não compreendendo a vida humana, faz coisas um pouco desviadas da norma e que acabam por ser muito engraçadas. Acompanhada do seu Manager e de Ruu-chan (um circulozinho robótico) ela vive muitas aventuras plenas de graça.

O anime é muito musical e a voz em autotune da personagem dá mais humor a todas as coisas. Em termos de animação, não acontecem muitas coisas, se bem que a coreografia da ED é muito interessante e - diria eu, que não sei dançar - feita para ser reproduzida.

Um animezinho que pode ser visto a qualquer altura e num instante.

24.12.13

Nisemonogatari

Nisemonogatari
Shinboy Akiyuki - Shaft
Anime - 11 Episódios
2012
7 em 10

A noite já se iniciou e já é altura de deixar a bonecada para ir conviver com as pessoas. Antes de fechar a loja, aqui fica mais um comento de mais um anime. Este foi visto a propósito da personagem Kaiki, que estava para votação no clube. Abstive-me porque o anime não tinha informação suficiente sobre ele.

Como referido anteriormente, deteste com todas as forças Bakemonogatari. Decidi dar uma oportunidade a Nekomonogatari e não desgostei. Por isso, ainda com um certo pé atrás, fui ver Nisemonogatari. E gostei bastante!

Após os primeiros episódios em que nos são (re)apresentadas as personagens da primeira instância desta série, o anime foca-se nas duas irmãs de Araragi, Tsukihi e Karen. São vítimas (de certa forma, como verão na série) de fenómenos sobrenaturais que apenas o seu irmão mais velho pode resolver. Tanto a história como as personagens são inócuas, mas não foi por isso que gostei da série.

Se ao início toda a arte me parecia pretensiosa, desta vez olhei para ela sob outra perspectiva. E foi a minha parte preferida. Os cenários são dotados de uma grande dose de surrealismo, sendo os espaços referenciados como elemento importante da história, de forma simbólica. Infelizmente existe algum CG desadequado, mas perante tanta mistura de cores e - sobretudo - o uso do branco, quase nem se dá por ele. A animação também está bastante boa, sobretudo no que respeita aos movimentos dos personagens. Estes primam sobretudo por serem um remate visual ao diálogo, elemento no qual a série se baseia. O diálogo não tem qualquer fundo filosófico nem é útil em nenhum aspecto, mas está lá e toda a Monogatari é feita dele.

O que mais me impressionou foi a carga sensual dada a todas as cenas. Sendo que não são sexuais de nenhuma forma, são subtilmente eróticas e carregadas de um simbolismo que poderá passar desapercebido ao olho menos atento. Isto é, estas cenas - todas elas - são uma metáfora para uma realidade que é comum ao harem normal. Mas da maneira como estão feitas, isto passa de um harem normal para uma festa visual em que não é necessária a existência de cuequinhas. Aliás, esses momentos que normalmente são de comédia, em Nisemonogatari são da maior seriedade possível e tão intensos que uma pessoa é incapaz de se rir.

Fiquei feliz por ter dado outra oportunidade a este conjunto de séries. Agora é altura de fechar a lojinha e ir celebrar o Inverno. :)

Walkure Romanze

Walkure Romanze
Yamamoto Yuusuke - Lantis
Anime - 12 Episódios
2013
4 em 10

Como está a ser interessante esta véspera de Natal, a chuva está cada vez mais agressiva e nunca mais é hora de comer os trinta sonhos que a minha avó encomendou.

Levanta-se, portanto, a questão: porque é que eu me pus a ver este anime? Porque sou estúpida, é essa a resposta. Quando olhei para a sinopse e para o design das personagens, a minha ideia foi "isto é tão parecido com Utena!" e pensei "se é parecido com Utena deve ser Utena!". E eu adoro Utena. Mas não podia ser nada de mais diferente. Fica a lição: nunca começar a ver animes da nova season sem antes ver os PVs. Estou, neste momento, à espera dos PVs dos animes que penso em seguir na season de Inverno.

Esta coisa, este coiso - não há outro termo para o definir - é um harem ecchi sobre cavalaria. Lembram-se dos tempos do Rei Artur em que pessoas com grandes paus iam em direcção umas das outras em cima de cavalos? É isso. É um desporto muito antigo, cujo nome desconheço. Eles chamam-lhe "jousting". Em Português deve ter outro nome, suponho. Se é que semelhante coisa se fazia em Portugal nos tempos da cavalaria. Enfim, como anime de desporto, a ideia até está bastante boa. É muito original. O que é verdadeiramente terrível é a execução.

Sendo um anime harem ecchi, o que mais há, por todo o lado, frequentemente e exageradamente, são maminhas e rabiosques, com muita lingerie mal desenhada. Isto seria aceitável se as possuidoras de tais atributos fossem mais para além deles. Todas as personagens e todas as situações parecem existir em função de se mostrar os momentos de estranheza do personagem principal, que se vê frequentemente confrontado com gajas desnudas. Presonagem principal, esse, que está completamente em branco. Apesar de ter uma variação do personagem principal de harem ecchi normal: ele até é uma pessoa com confiança. Não é um miúdo falhado. Mas essa diferença mal se nota devido às situações em que se encontra.

A arte é qualquer coisa de muito horrível. Iniciemos pelos designs das personagens. Com toda a naturalidade, é suposto mostrarem os seus atributos anatómicos. Mas não faz sentido, sentido prático quero dizer, que as armaduras tenham maminhas e que não tenham protecção para o rabo. Em vez disso são cuecas ou saias. Mas a desgraça não se limita a isto. O CG. Os cavalos, as batalhas de "jousting", são todas feitas num CG pavoroso, sem solidez, sem fluidez e sem anatomia.

A música mal se nota, se bem que podemos ouvir uma tonalidade um pouco épica que se adequa à história e à "época". A "época" está entre aspas porque aqui não há época histórica nenhuma, mas podemos inferir pelo desporto retratado que seria alguma coisa de medieval.

Fica a lição, para todo o sempre. Ver sempre PVs antes de escolher o anime da season.

Kyoukai no Kanata

Kyoukai no Kanata
Ishidate Taichi - Kyoto Animation
Anime - 12 Episódios
2013
6 em 10

Véspera de Natal. Na sala, estão a ver a Cinderela. Eu por aqui, a tentar actualizar-me com os animes semanais. Alguns já acabaram, como é o caso. Outros ainda vão a meio. Creio, neste momento, que nunca me conseguirei actualizar. É demais. O trabalho não mo permite. Se eu ao menos pudesse ver anime no trabalho... Mas não posso, não convém. Até ler é só à hora de almoço. Mas vamos, neste dia de Inverno, tentar por algumas coisas em dia. E quando digo Inverno, é mesmo. Na rua chove torrencialmente, com um vento que já me virou um guarda-chuva e estores perdidos a voar pela estrada fora. Não desgosto.

Mas de que se trata este anime, então? É o mais recente da Kyoani, estúdio que tenho tentado acompanhar apesar de me falhar muitas vezes. Muitas outras, acerta na mouche. Esta foi uma das que falhou.

O início da história tinha uma premissa simples e atractiva: uma rapariguita de óculos tem poderes sobrenaturais para caçar uns monstros. Encontra um rapazito que é imortal. A partir daí desenvolve-se uma história que, pelo que (não) percebi, tinha muito pouco de pés e cabeça. A história desenvolve-se de forma regular até a um final de deus ex machina absolutamente desnecessário, com apocalipse pelo meio, como não podia deixar de ser. As personagens... A verdade é que não se podia pedir muito deles. Temos o moe e o anti-moe, sendo que a génese dos personagens se parece basear unicamente nesse preceito. Não desenvolvem de forma original, apesar de serem coerentes. Na verdade, o desenvolvimento das suas relações cai dentro do universo do cliché muito rapidamente. Aliado à história sem rumo, que se esforça por misturar seriedade com comédia sem o conseguir, o resultado é uma amalgama sem qualquer tipo de objectivo. O anime podia ser uma de várias coisas, mas tenta ser todas ao mesmo tempo e o resultado é a falha.

Para compensar isto, temos uma animação soberba, a que o estúdio já nos habituou. Esta história tem alguns momentos de maior acção e lutas, com armas e sem elas, que estão lindamente animadas, com uma fluidez impressionante e um excelente uso da cor e do brilho. Daí eu poder, com todo o gosto, dar-lhe uma nota mediana. Por mais estranha que seja a história, a animação compensa tudo.

A música pareceu-me reciclada de outros animes, apesar de estar bem inserida dentro das situações.

No geral, um anime que foi um desapontamento. Para vermos animação muito bonita, temos outros da Kyoani que poderemos ver e apreciar melhor.

22.12.13

Rebeldes

Rebeldes
Anna Godbersen
2007
Romance

(Só encontrei a capa da edição brasileira, em que o livro se chama "Luxo", de acordo com o título original, e não "Rebeldes", de acordo com a ideia senil de um qualquer tradutor)

Recebi este livro a propósito de um BookRing do Dia dos Namorados. Veio com uma caixinha de chocolates que instigou uma dose pequenina e saudável de ciúmes e muitos coraçõezinhos de cartolina vermelha. Roubei um para o oferecer, mas são tantos que acho que não faz mal. Ao ler a sinopse não me senti minimamente motivada: "(...)destinada a um público juvenil e eminentemente feminino." Não tem muito a ver com as minhas preferências. Mas já que aqui estava, li-o. E li-o de uma ponta à outra sem tempo para pausas!

Este livro fala dos poliedros amorosos na alta sociedade de uma Nova Iorque do século XIX. Muitos vestidos, pessoas muito ricas, casamentos por interesse, o amor e os desamores... Muitas formas geométricas no que respeita a relações. Os personagens estão bem estabelecidos, mas poderiam ser um pouco mais fortes na sua génese. Isto é, cada um é um elemento definido na trama, mas a sua descrição limita-se a alguns traços que, sendo fortes, não são o suficiente para dar um fundo de verdade a estas pessoas.

As descrições são parcas, o que neste tipo de livro torna as coisas um pouco complicadas. Pessoalmente, não tenho bem a noção de como era a moda americana do século XIX. Portanto quando me dizem "um vestido com cauda de peixe às bolinhas amarelas" eu não o consigo visualizar.

A história é muito romântica, perfeita para o tema dos Namorados. Este livro é uma série e, quando estava a meio, pensava "isto é demasiado fútil para me interessar", mas a verdade é que termina em tal precipício que fiquei com vontade de ler o resto!

Hidamari Sketch x Honeycomb

Hidamari Sketch x Honeycomb
Shinbou Akiyuki - Aniplex
Anime - 12 Episódios
2012
6 em 10
 
Tinha este anime para ver para o clube e, pela primeira vez em muito tempo, fiz uma coisa raríssima e muito errada: saltei seasons. Passei da primeira season (podem ler o comentário aqui) para a última e mais recente sem ver a multitude de coisas que havia pelo meio. No entanto, não se apresentaram dificuldades e creio que esta season pode ser vista individualmente, pois a conexão com as anteriores passa apenas pelas personagens.

Ora bem, como podem ver pelo comentário apresentado, detestei a primeira season. Por isso estava à espera de detestar esta também. Admito o meu erro. Honeycomb tem tudo para ser perfeito. Simplesmente não é. Falta-lhe a magia, falta-lhe um bocadinho assim, um danoninho. Vejamos.

A arte é muito suave e existe um uso bastante interessante de padrões muito simples, em tudo semelhantes aos screentones usados no manga. Estes padrões aliados ao uso da cor trazem um efeito diferente e, ao mesmo tempo, calmante. A arte estabelece o teor da série: é uma série para nos sentirmos bem e passar algumas horas sem pensar em nada. No entanto, isto não é suportado pelas personagens, quer em design quer em termos emocionais.

É certo que, desde a primeira season, cresceram e - por isso - demonstram atitudes mais próprias de um ser humano. Estão menos infantis e deparam-se com problemas um pouco mais complexos do que "ter de acordar cedo de manhã". Ainda assim, não são o tipo de personagem que tenha dentro de si várias matizes e profundidade. Continuam, pois, recortadas de cartão, se bem que desta vez não diria uma caixa do chocapic mas sim uma caixa um pouco mais densa, como por exemplo a de uma máquina de lavar roupa. Não são ajudadas em nada pelas vozes, as actrizes não fazem de todo um bom trabalho e o casting não parece apropriado: as vozes não correspondem ao design dos personagens, de forma alguma.

Ainda assim, a música está equivalente à arte. Se a música tivesse uma cor, seria a tonalidade pastel presente por toda a série.

Assim, é um anime agradável e relaxante - quando conseguimos ignorar as limitações das personagens e da fatia-de-vida delas. Talvez o problema seja meu por não achar graça a isto e, por isso, não me manifesto. Não recomendaria, mas também não diria para evitar.


19.12.13

Um Vinho Atordoante

Um Vinho Atordoante
Kate Charles
1991
Romance Policial

Um livro que recebi numa troca do BookCrossing (a de Samhain ou quiçá a de colecções, não sei porque vieram os dois juntos :p)

Não esperava muito dele, para dizer a verdade. Começa logo por "um mistério clerical". O que vem a ser isto? O único mistério clerical que havia lido até agora tinha sido "O Nome da Rosa", do Umberto Eco, que - devida à minha parca idade na altura - detestei. Achei que também ia detestar este. Mas em vez de se passar em deprimentes e escuros claustros de uma qualquer catedral num ido século, passa-se no agora (anos 90, há vinte anos portanto) e numa sorridente Londres de Verão.

Tudo começa quando um padre anglicano recebe uma carta com chantagem. Recordemos que os padres anglicanos são diferentes dos nossos e podem casar-se e ter filhos e tudo o mais. Mas neste caso, o padre Gabriel teve alguns casos na juventude com outros homens, o que é coisa um pouco vedada aos padres. Ele chama o seu antigo amigo e amante David para o ajudar a descobrir quem o está a ameaçar, de forma a parar isso. E assim desenvolve-se uma aventura muito engraçada.

Não há cenas de acção nem grandes perseguições e não temos um detective. Apenas uma pessoa a tentar juntar as peças do puzzle no seio de uma comunidade muito religiosa e muito característica. Ao início foi difícil memorizar todos os personagens, mas eles acabam por ganhar vida e tornam-se únicos à medida que a história se desenrola. A expressão dos sentimentos de David é bastante bonita, se bem que eu acho que se poderia ter dado mais ênfase às dúvidas da descoberta da identidade do personagem.

O livro é bastante rico em detalhes da vida normal, o que comem, o que fazem, mas eu acho isso um pouco desnecessário, sobretudo quando é inconsequente.

No final, acabei por gostar porque não se descobre quem é o culpado até ao final. Eu tive várias teorias e todas elas saíram frustradas até aos últimos capítulos em que eu pensei "se calhar, espera lá, mas isto não faz sentido, mas se calhar..." e acabou mesmo por ser assim. Pling, ainda não perdi o meu dedinho para desvendar policiais. :)

Não tenho a certeza do que vou fazer a este livro. Gostei bastante dele e tenho uma certa pena de o libertar ao vento. Mas talvez seja mesmo isso o que eu faça, mas desta vez num sítio onde possa ser encontrado por um bom dono.

16.12.13

Siege

Siege
Simon Kernick
2012
Romance Policial
Este livro foi pescado na Convenção do BookCrossing. Como me disseram "há um filme", achei por bem lê-lo logo, não fosse apanhar o filme algures. Mas vejo que o filme com este título deve ter sido baseado num livro diferente, porque este foi escrito no ano passado e isso não dá tempo para fazer filmes (acho eu).

Eu não sabia o que significava a palavra "Siege". Pensei que essa palavra significasse uma entidade superior e, baseada na capa com pessoas a correr (não reparei que algumas tinham armas), pensei que isto era um livro sobre zombies. Rapidamente percebi que não. "Siege" significa "Cerco" o que, neste contexto, significa "pessoas sequestradas dentro de um edifício".

E assim o livro conta a história de um grupo terrorista, auxiliado por um tipo muito mau, que sequestra um hotel. Dentro desse hotel estão uma manager que se vai casar, uma família Americana, um senhor que se vai matar porque tem cancro e um assassino com uma faca. Entre todos, acabam por se safar. Morre imensa gente, mas acabam por se safar.

Este livro é a descrição exacta de um filme de acção série B, dos piorzinhos que possa existir. Não é por ser em forma de livro que fica muito melhor. Lê-se rápido, lê-se bem, tem os capítulos muito pequeninos e numa viagem de comboio lá foram as quase quinhentas páginas. Mas não é o tipo de livro que eu recomendaria, nem o tipo de livro que eu leria na eventualidade de eu escolher livros para ler (em vez de ler o primeiro que aparece)

No entanto, creio que talvez seja mais divertido ver este filme em modo livro e não em modo visual.

O Progresso do Amor

O Progresso do Amor
 Alice Munro
1986
Contos

Gosto muito de ler os Nóbeis. Ou Nobeles, conforme preferirem. Assim, quando soube da notícia de que esta autora o tinha ganho, fui de imediato comprar um livro dela. Na Bertrand não tinham. Na Fnac tinham dois. Eu compro os meus livros numa destas duas lojas porque tenho descontos com os cartões: sugiro que as livrarias pequenas o façam, já que os livros andam extremamente caros. Enfim, tendo isto em conta, dos dois livros que lá estavam, escolhi o mais barato.

Confesso que não sei muito bem o que pensar da autora depois de ter lido esta colectânea de contos. É uma contadora de histórias notável, mas terei de ler mais das suas obras para poder avaliá-la. De alguma maneira, senti que lhe faltava o génio que habitualmente encontro nos vencedores deste prémio.

São contos. Eu adoro contos. Gosto de lê-los e escrevê-los. No entanto, eles pareceram-me mais como o descrever de uma imagem, de um quadro, de um passado, do que uma história propriamente dita. A maioria dos contos não têm conclusão e deixam-nos com vontade de saber o que é que - afinal - se vai passar com estas pessoas. Normalmente cada conto fala-nos de uma personagem e depois dá-nos a conhecer a sua família, para trás ou para a frente. É comum a história mudar de perspectiva em algum lugar, mas isto está feito de forma tão subtil que só damos por isso depois de tudo ter terminado.

É um estilo hiper-realista, com descrições que - não sendo extensas - são exactas e focadas. Conseguimos depreender com muita facilidade o que é que a autora está a ver e o que é os personagens estão a sentir. Não estou muito habituada a este tipo de descrição: talvez seja uma característica única da autora, o que é bastante bom.

No geral, gostei bastante. Vou oferecer um outro livro da autora ao meu pai no Natal e ele vai-mo emprestar. Portanto, não será a última vez que irão ouvir falar desta senhora. :)

8.12.13

2001: Odisseia no Espaço

2001: Odisseia no Espaço
Stanley Kubrick
1968
Filme
10/10

Creio que nos quase três anos que compreendem este blog nunca dei a nota perfeita a um filme, manga, anime, o que quer que fosse. Esta é a primeira vez. Bem vindos.

Fui ver este filme ao cinema, nas Sessões Clássicas do El Corte Inglés. Sem dúvida um filme que ganha por ser visto no grande ecrã. Com Kubrick vamos viajar até ao espaço, no ano 2001 de uma era longínqua. O filme está dividido em três partes mais uma e, assim, falarei delas individualmente. Tentarei analisar o que se passa, mas confesso que a minha opinião está limitada. Porque eu não percebi bem o que se passou. Duvido que alguém o consiga fazer e, segundo li, o objectivo dos autores era precisamente que as pessoas saíssem da sala com muitas ideias a borbulhar na mente. Objectivo conseguido.

Tudo começa com uma visão da Lua, Terra e Sol, ordenados numa simbologia que pode representar o infinito. Adornada essa imagem com a música mais famosa do filme, "Assim Falava Zaratustra"de Strauss, podemos imaginar desde já a viagem épica que se prepara para se desenrolar diante dos nossos olhos.

Na primeira parte falamos da origem do Homem. Num lugar inóspito, talvez Africano, um grupo de humanos primordiais luta pela vida. Partilham o espaço com tapires e leopardos, vivendo muitos perigos no dia a dia, lutando pelos recursos essenciais. Estes homens do passado parecem-se muito com chimpanzés. Mas não são: são um grupo de pessoas com uma maquilhagem perfeita e fatos peludos que, numa coreografia selvática, reproduzem os movimentos selvagens daqueles que ainda não aprenderam a andar com duas patas. Um dia, acordam perante um estranho objecto. Um monolito negro, um paralelepípedo que apareceu à sua frente. Tocam-lhe e a partir daí descobrem aquilo que irá definir a humanidade: a capacidade de usar objectos como forma de destruição. Pareceu-me, então, que o Monolito (com maiúscula, porque ele é importante) deu ao Homem a capacidade de matar, a capacidade de destruir. Se isso nesta fase é uma ferramenta para a sobrevivência, será que se tornará em algo mais no futuro? O filme não volta a tocar este assunto de forma evidente, mas parece-me que a influência deste primeiro Monolito é fulcral para o que se passa no resto da história.

A segunda parte é já num futuro distante. Eles dizem "2001", o novo século, o novo milénio... Na altura em que o filme foi feito, isto é longínquo. Daí se poderem imaginar todas as coisas que vamos ver. Uma arrebatadora cena espacial em que vemos a viagem para a estação e para a Lua, ao som do Danúbio Azul, introduz esta secção. Começamos então a reparar nos efeitos especiais, de um avanço surpreendente para a época, com reprodução fiel de máquinas do imaginário da ficção científica nas suas melhores proporções e imagens paisagísticas do espaço. Nenhum som se ouve, apenas a música. Cada objecto é tratado com o máximo detalhe, a forma de andar dentro das naves sem gravidade, a maneira como se vai à casa de banho (com um livro de instruções), a funcionalidade da maquinaria... E tudo isto é normal para as pessoas que vivem neste filme. Uma viagem ao espaço é algo corriqueiro, como demonstrado pelo telefonema (com cartões de telefone!) feito para casa, para a terra. Ficamos a saber que algo estranho apareceu na Lua. Pois é. É outro Monolito. Aparenta ter sido enterrado propositadamente há quatro milhões de anos ali.

E passamos, dentro da mesma parte, para uma viagem a Júpiter. Como viremos a saber depois, o Monolito enviou para lá um sinal, por isso temos de lá ir para ver o que se passa. Será vida inteligente fora da Terra? Mais uma vez, os efeitos especiais são um primor. Impressionou-me sobretudo a cena em que Dave, o nosso astronauta, faz jogging a toda a volta da sua nave espacial. A toda a volta, virado de cabeça para baixo. Sei que isto em 2013 deve ser a coisa mais simples de se fazer no cinema. Mas nesta altura não havia computadores para nos ajudarem. Surpreendente. Fascinante. 

Esta nave espacial é conduzida por um super-computador de última geração: HAL 9000. Ele não passa de um olho vermelho omnipresente, uma luzinha como tantas, e de uma voz extremamente calma. No entanto, ele tem inteligência. Apesar de ser uma máquina, aparenta ter sentimentos humanos. Dave e Hal debatem diversos assuntos, até ao momento em que algo de errado se passa e o computador tem de ser desligado. Enceta-se então uma luta de homem vs máquina. Mas uma luta de um teor diferente. Neste filme não há um único momento de "acção", como gostam de lhes chamar, nenhuma luta épica corpo-a-corpo, nenhuma arma. É uma luta psicológica. Mas como travar uma luta psicológica contra algo que nem sequer é suposto ter emoções. É este debate, será que a máquina um dia ultrapassará o homem, que Kubrick quis demonstrar, com resultados impressionantes. Será que um dia a máquina será tão inteligente como o humano? Será que estamos a criar emoções artificialmente a ponto de um dia elas nos poderem dominar? Estas questões já foram abordadas numa série de filmes mas, mais uma vez, relembremos a altura em que isto foi feito: era uma questão relevante, com o desenvolvimento da tecnologia. E continua a ser, cada vez mais, porque se já temos concertos da Hatsune Miku o que faltará para criarmos o HAL 9000 e ele nos tentar destruir?

Dave, o astronauta, termina sozinho no caminho até Júpiter. Não faltava muito para lá chegar, mas agora ele está completamente só. Para Júpiter e para Além Disso é a terceira parte do filme. E é uma verdadeira festa visual. Vale a pena tomar uns psicotrópicos só para ver esta cena final, pois tudo o que vimos até agora vira-se e deixa de ser verdade. Ou ainda é mais verdade, tudo depende da perspectiva. Em Júpiter, Dave encontra Monolitos, uma data deles. E eu acho (eu acho) que ele entra dentro de um. Lá dentro observamos uma cena extremamente bizarra, o nosso herói a envelhecer sem sequer dar por isso, a envelhecer e a morrer, observado pelo Monolito. Nessa intensa viagem, a minha conclusão é que ele morreu e renasceu como o primeiro Monolito que foi parar à Terra, o que os macacos viram. O que me leva a concluir que tudo é um ciclo e que são os homens do futuro a ensinar os do passado, repetitivamente, até não precisarmos mais da acção do Monolito.

Agora, é ele uma entidade extra-terrestre? Eu creio que não. Acredito que ele não é um elemento físico, que existe, mas sim uma representação da evolução do ser humano, não uma força exterior mas sim algo que vem de dentro. Pois a mudança terá de vir de dentro.

Este filme é o epítomo dos efeitos especiais. Da banda sonora. Da realização. Cheio de detalhes deliciosos, tenebrosos, é um filme que enerva, que assusta, que perturba. Que faz pensar. Sem nunca mostrar sangue, lutas, todas essas coisas que povoam os filmes de agora. Um conjunto de cenas abismais, o épico discreto, o épico que o é sem o tentar. 

Foi a minha primeira nota perfeita desde que tenho o blog e sim, vale a pena. Vejam-no assim que tiverem a oportunidade. Aproveitem o facto de estar no cinema. É uma viagem ao espaço que não tem retorno. Ninguém fica a mesma pessoa depois de fazer a Odisseia no Espaço.

5.12.13

Estou-me nas Tintas para os Homens Bonitos

Estou-me nas Tintas para os Homens Bonitos
Tina Grube
1996
Romance

Participei em duas trocas no BookCrossing, uma de colecções (colecciono lápis pequeninos, afiados até ao fim) e uma de Samhain (o ano novo pagão). Calhou que a mesma pessoa ficou comigo para as duas trocas e recebi dois livros dela. Uma foi este. Não estava minimamente motivada para o ler, não sou fã da literatura cor-de-rosa e da leitura básica. Mas até foi divertido, apesar de péssimo.

O livro não tem qualquer tipo de conteúdo. Aparenta ser uma sequela de qualquer coisa com homens e chocolate, mas não é preciso lê-la para captar a essência da coisa (que é muito pouca). Linda é uma mulher de negócios. Acompanhamos o seu relacionamento à distância, a sua mudança de emprego, as suas viagens de mulher de negócios e os homens que a tentam seduzir em tais viagens, para detrimento do seu relacionamento à distância. Mas ela está-se a cagar nas tintas e acaba tudo em bem.

O problema chave do livro é que Linda é uma personagem completamente vazia. No anime dizemos que são cortados da caixa dos cereais. Esta personagem é cortada de uma caixa de Fitness. Sem esse tipo de suporte, a história não consegue ser relevante e é impossível identificar-nos com ela, apesar de eu ter tudo para me identificar com ela.

Ainda assim é um aleitura engraçada, mais não seja porque é passada num tempo em que há computadores mas não há telemóveis nem internet. Em que há União Europeia mas não há Euro e é preciso passaporte para viajar entre países membros. As referências são alemãs, por isso impossíveis de apanhar, mas também aparentam estar desactualizadas. Por isso é giro ver como se fazia a vida no trabalho sem ter estas coisas que, hoje em dia, parecem ser essenciais.

Vou libertá-lo, ou numa troca ou num sítio qualquer. Talvez venha a divertir outra pessoa.

2.12.13

Demência

Demência
Célia Correia Loureiro
2011
Romance

Esta é uma nova autora, que estava alinhavada para ir à convenção do BookCrossing e depois não pôde. Ainda assim, aproveitei a oportunidade de ler um livro dela. Sem dúvida um livro interessante.

Fala sobre diversas coisas, nomeadamente: o alzheimer; a violência doméstica; o isolamento nas aldeias de Portugal. E para falar disso existem diversos personagens. São interessantes, vivos, com um passado muito presente, por vezes até limitativo nas opções que fazem durante a narrativa. Esta poderia ser mais polida. Existem muitos flashbacks, tanto assinalados com a data como aleatórios no meio do texto, que são um pouco confusos e me parecem ligeiramente desnecessários. Por exemplo, acho que a narração dos episódios de violência da parte de Fernando poderia ter sido mais resumida, apesar de trazer mais horror à realidade de Letícia. Da mesma forma, não achei necessária a descrição da infância de Olímpia.

O livro está bem escrito, mas aparenta não ter sofrido qualquer tipo de revisão editorial. Existem alguns erros de lógica e de descrição. Uma pessoa que conheço no BookCrossing referiu alguns, mas o que me fez mais impressão foi o Pulitzer. É só para autores de língua inglesa, por isso Sebastião não o poderia ter ganho... A descrição dos momentos também é um pouco exagerada. Não precisamos de saber com exactidão a posição da cabeça das pessoas.

Ainda assim, uma leitura muito interessante, devido aos temas actuais que são discutidos. Sem dúvida uma autora para experimentar de novo.

Nota: quando levei o livro para o Porto, ele estragou-se. ;_; Rasgou-se uma pontinha do lado esquerdo, junto à lombada. Que triste que fiquei...... ;____________;

Assalto ao Metro 123

Assalto ao Metro 123
Tony Scott
Filme
2009
5 em 10
Quando acordei, estava a dar isto. Será que teria sido melhor ter ficado a dormir?

Portanto, John Travolta e um grupo de pessoas que não interessa (spoiler: morrem todos) sequestra uma carruagem do metro. Denzel Washington, funcionário do metro, torna-se no negociador encarregado de salvar a carruagem do metro.

E é só isto. O filme resume-se a conversas de alto teor filosófico (ou se calhar não) entre raptor e negociador, passando depois para uma cena de perseguição que envolve um metro, helicópteros e carros, mais uma conversa de alto teor filosófico e acaba tudo em bem.

Um filme que nem os actores conseguem salvar, porque realmente eles não têm grande papel para fazer.

Tem todos os elementos para algo terrível, todos os estereótipos foleiros americanos... Teria sido melhor ter ficado a dormir.

Os Acompanhantes

Os Acompanhantes
Shari Springer Berman e Robert Pulcini
Filme
2010
5 em 10

Passei o Domingo todo no sofá da sala, de ressaca doente, com uma mantinha por cima, a comer scones e a beber chá, vendo os filmes que estavam a passar nos canais de cinema. Este foi o primeiro, terrível.

Conta a história de um jovem que quer ser um cavalheiro, apesar de também querer ser uma traveca, e do seu colega de apartamento, um dramaturgo que também é acompanhante de idosas viúvas muito ricas. É suposto ser uma comédia, mas falta-lhe a energia e o momentum, acabando por ser um filme que roça o péssimo.

Antes de mais, é difícil compreender a época em que o filme se passa. Se por um lado têm telemóveis, por outro lado as roupas e os carros não correspondem a nada que se assemelhe aos anos 00. Depois, o argumento parece perder-se em diversos conceitos, não se sabendo muito bem que história é que desejam contar. Querem contar sobre as travecas? Sobre as amigas da natureza? Sobre os gigolos? A história está completamente perdida.

Fica na memória o personagem do dramaturgo, que tem o seu interesse - apesar de a interpretação não ser nada de especial. São as manias deste personagem e a sua capacidade manipulativa que têm interesse, sendo que tudo o resto é difuso.

Depois adormeci.